sábado, 18 de junho de 2011

La Grand Citè

Por Marcos Bayer

    O artigo do jornalista Paulo Markun, publicado do DC de sábado, 18 de Junho, remete a algumas considerações. Florianópolis era realmente uma cidade muito boa para se viver. Não havia guetos, existia interação entre as várias famílias da classe média local, cujos pontos de encontro, eram os dois clubes centrais: Lira e o Doze.

    Havia boa educação escolar nos colégios Catarinense e no Coração de Jesus. Esportes em geral e a descoberta do mar, depois do remo, no início dos anos 70 do século passado. O Surf começa a transformar a cidade. Foi uma janela para o mundo. Mais do que o aeroporto, a prancha.

    Faltava atividade cultural, embora um notório grupo de escritores, pintores e poetas mantivesse a sustentação da palavra cultura. A cardiologia já estava instalada na cidade graças, entre outros, ao Dr. Isaac Lobato. Veio o governo Colombo Salles e junto, outra ponte.

    O esgoto produzido na cidade era lançado ao mar. Os que podiam iam ao Rio e São Paulo para o teatro, às compras e aos shows. Lembro quando se começou a falar em saneamento ambiental na Universidade Federal, aos alunos era dado ver, os dejetos do reitor, flutuarem pelo canal em direção ao mangue.

    E assim foi. Os proprietários vendiam suas casas em troca de três ou quatros apartamentos. Nunca contei, mas imagino que 80% dos prédios sejam denominados Maison. Maison Blanche, Maison de Fleurs, Maison Noir e dá-lhe Maison.

    Não se sabe ao certo onde vai parar toda esta carga francesa florianopolitana.

    Então, passado o grand ballet cosmopolita, chegaram os dynamic rich. Assim, outro surto arquitetônico. Resorts, shoppings, pet place, show room, meeting point, self service, beach club e membership. Vieram até os: “put your hands up and give me your money”.

    Florianópolis cresceu, criou casca, aparência, mise en scène.

    Mas, no básico, como esgoto, trânsito e cultura; ainda estamos na fase do vigário italiano: meno male.

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