segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O tamanho da bolha

    Na Avenida Othon Gama D’Eça é possível quantificar o tamanho da bolha imobiliária
instalada na cidade de Florianópolis. Uma vaga de garagem, em construção, custa R$ 100 mil reais. Caminhando em direção ao centro, três quadras adiante, outra vaga com as mesmas dimensões e em prédio pronto, custa R$ 60 mil. Portanto, 40 % é o valor que gira dentro da bolha. Todos os imóveis da Ilha, salvo raras exceções, estão artificialmente cotados em até 40 pontos percentuais para cima.

     Primeiro porque houve uma circulação maior de dinheiro na economia brasileira nos últimos 15 anos. Depois porque Florianópolis virou moda. Sua natureza, a razoável concentração populacional, o encanto dos nativos, as praias, as pessoas, a segurança e a tranquilidade. Estas características já não existiam em outros centros urbanos.

    Vendeu-se este quadro, mas não se falou da moldura. As caras novas começaram a chegar. Umas vinham para estudar e ficavam. Fato que ocorre desde as primeiras formaturas da Universidade Federal de Santa Catarina. Depois os políticos com mandato estadual que não voltaram às suas origens. Novas empresas públicas e privadas. A expansão natural do funcionalismo estatal, aí incluída a magistratura e o ministério público, cuja linha de chegada é a capital. Turistas que vieram e pelo encantamento resolveram ficar.

    Finalmente, o dinheiro ganho na corrupção governamental adquiriu propriedades imóveis aqui na terra de sol e mar.

    Algumas construtoras oferecem 20% de desconto no pagamento à vista. Se oferecem é porque admitem esta “gordura”. Os outros 20% estão contidos na barganha final. 

    Afora os problemas que a cidade enfrenta, como a criminalidade, o congestionamento, a poluição e o abuso nos preços em geral - e estes já são suficientes - temos também a questão imobiliária.

    Os salários recebidos na cidade não são suficientes para a sustentação dos preços praticados pelo setor. Existem muitas unidades habitacionais recém-construídas e encalhadas pelas praias. Muitos imóveis à venda por toda a Ilha.

    Alguma arrumação está por acontecer. Ainda não sabemos como será. Mas, ela virá.

Comentário: Este seu post sobre a bolha imobiliária tocou num ponto bem importante da cidade. No mês passado eu e meu marido começamos a procurar um apartamento na ilha. Moramos no Continente. Não queremos nos mudar. Mas gostaríamos de ter um refúgio na ilha (vai que a quarta ponte não sai, o túnel tb não, o transporte marítimo tb não, o metrô, e a coisa fica impossível neh???). Começamos a procurar pelo Itacorubi e Parque São Jorge, e já desistimos quando vimos os preços. Apartamentos de R$ 500 mil pra cima. Em um determinado condomínio de 180 apartamentos, com o mais barato custando R$ 425 mil, só restavam 8 (oito) para venda. De onde que este povo está tirando tanto dinheiro??? Fiquei passada!!! Os preços estão crescendo 15% ao ano. No estreito tb está uma coisa de maluco. Depois da beira mar continental, ninguém mais segura a ganância das construtoras. elas vão engolindo os terrenos e as casa antigas. Cada dia uma nova emoção!!!
 

L.A. deixou um novo comentário sobre a sua postagem "O tamanho da bolha": Canga, Sabemos que a Ilha da Magia , consegue a mágica proeza de produzir sua autofágica destruição ambiental e social. Primeiro, as construções foram arquitetadas para área central - via alargamento artificial , pela construção de avenidas que foram afastando o mar das pessoas. Tal procedimento , para qualquer urbanista formado com o minimo de conhecimento , é apenas um forma de criar "reservas de valorização urbana" artificial. Em seguida, a especulação nas praias do norte e do sul - com a criação ilusória de uma falsa idéia que estamos - ora em Ibiza, ora na Miami ou Cancun brasileira. Esta Ilha é sem nunca ter sido, uma capital planejada para receber um contingente humano acima de sua "capacidade de suporte", o que qualquer ambientalista menos radical sabe o que produzirá - resíduos e destrução do ecossistema. Não bastasse toda esta ação orquestrada, a mídia dominante - que elegeu uma praia como sendo majestosa para as canalhices de uma classe emergente endinheirada para lavagem do seu dinheiro - vide a poluição deixada a cada semana ou festa realizada nos clubes que tomaram conta da Praia de Jurere Internacional, temos ainda, a ação de políticos sem qualquer "senso republicano" - que soa um palavrão nos tempos atuais, que agem deliberadamente para usurpar a paisagem natural, as praias, os mangues, os morros e toda área de preservação possível, contrariando qualquer lógica racional minimanente tolerável. A campanha dos "do contra" venceu com larga vantagem , políticos corruptos, empresários sem qualquer cálculo implicito na sua atividade - seja do ramo hotelereiro ou na prestação de serviços de qualidade para o turista, associados a colunistas da mídia que se locupletavam com o discurso de modernidade periférica e deslumbramento de "status posicional", transformando a "farsa em tradédia". Este misto de inescrupolosos empresários e políticos, resultaram na Ilha do realismo fantástico futurista. Tomaremos banho em um mar de lama e dejetos, beberemos água tóxica , em avenidas petrificadas pelos arranhas céus que projetaram sua sombria umidade e mofo. Não bastasse todo este cenário, as praias estarão loteadas por "beach clubs", eivados de corruptos , lavando seu dinheiro regado com muito espumante para delirio dos colunistas sociais mórbidos e imbecilizados. No final, tomados pela próxima "maré alta", transformarão as belas praias em um muro de pedras com a batida lodosa de uma água putrefata de anos de festa e fantasia. Saudemos o ano que chega para uma orgia provinciana em prol do progresso que nos levará ao abismo. Espocando "veuve clicquot", queimando o dinheiro do tráfico de influência , brindando com políticos canalhas e empresários sem freios, na mão direita ou esquerda, as lamúrias não tardarão a chegar neste pequeno "pedacinho de terra" perdido no mar.... 

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