quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Para a Santa Ceia

   Por Marcos Bayer

   Aparentemente foi um ótimo resultado para a cidade de Joinville. Udo Dohler é empresário consolidado na cidade, tem representatividade diplomática em relação aos alemães, ainda que honorária e abraça causas comunitárias. Para Santa Catarina, um péssimo resultado. Luiz Henrique fortalece sua tese de tríplice aliança, com uma pequena modificação: a inclusão do PT.
   Colombo, o governador, assistiu a apuração dos votos na casa de Jorge Bornhausen.
A ministra Ideli Salvati está desesperada por um mandato. Preferencialmente senatorial.
Udo Dohler é o novo dizem os comentaristas políticos catarinenses.
   Se o novo tem setenta anos, nunca foi político, é apoiado por LHS e disputa a primeira
eleição, já vitoriosa, eu me pergunto: o que é o velho?
   Assim, meus caros e baratos eleitores, em 2014, parece que teremos o PT da Dilma/Ideli, o PMDB do LHS/Udo/Eduardo Pinho/Paulo Afonso e o PSD de JKB/Colombo/César Souza, todos juntos e uníssonos em busca do poder.
   A política agora é isto: business. A democracia é uma festa de adesão. O Dário Berger dançou porque estava “comendo” além da cota.
   LHS queria duas pernas: uma na Capital e outra na Manchester. E aí, também não podia.    Era muita coisa dentro do acordão. Este é o sentido da frase de Colombo: “Procurei ser discreto”. Ou seja, cada um fica com sua fatia... Os marketeiros são os novos atores.    Ganham fortunas de aproximadamente R$ 25 milhões num governo vencedor, sendo que 30% podem ser considerados lucro líquido.
   Dizem como pentear os cabelos, quando sorrir ou chorar, e qual a cor da camisa dos candidatos. Sempre encontram uma mulher pobre que chora ou um velho que se emociona. Dizem que mostrar a verdade é baixaria. E dizem até quem deve ou não
aparecer nos vídeos que vão ao ar. Os candidatos só têm pré - nome: César, Gean, Ângela, Udo, Elizeu ou Napoleão. Em 2014 vamos ver na TV, no mesmo programa, a Ideli do PT dizer: “A Dilma merece nosso voto”, o LHS do PMDB dirá: “Dilma e Ideli, duas guerreiras fundamentais”, o Colombo, governador do PSD, dirá: “As pessoas em primeiro lugar”, começando pelo LHS, pelo Eduardo Pinho Moreira, pela Ideli e pela Dilma.
   O Paulo Bauer do PSDB, senador, deverá estar ao lado do Aécio Neves. Isolado?
   O casal Amin ainda não se sabe para onde irá.
   O Paulo Maluf está fechado com o Lula e a Dilma.
   Será a campanha do povo contra a classe política.
   O Jorge Bornhausen assistirá pela TV e pensará: Deu certo, estamos de novo no poder... Municipal, Estadual e Federal...

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Tio Bruda e o êxodo dos Berger


- Alô, tio Canga?

- Oi, tio Bruda. Estava estranhando o seu desaparecimento. Mas que novidade o tio Bruda tem pra gente daqui da capital?

- Tio Canga de Deus! Tamo tudo apavorado com a corrida serra acima, tio Canga!

- Como assim, tio Bruda, que corrida é essa ???!!!

- Tio Canga, a derrota dos Berge, em São José e na capital mudou até coisa muito antiga que se dizia aí em Florianópolis. Dois tatú não fazem casa em um só buraco. Dá briga!

- Mas que coisa antiga é essa, tio Bruda?

- Tio Canga, aí em Florianópolis, quando se perde uma eleição se diz que "a barca vai sair lotadita". É coisa antiga da manezada. E não é que agora a coisa mudou?!

- Como assim, tio Bruda, mudou o quê, véio??!!!!

- Agora tão falando por toda a Ilha que saiu a barca e entrou a caravana! E o que é pior, tio Canga, caravana serra acima, tão garrando o caminho das tropas!!!

- Tio Bruda, não estou entendendo nada!

- Acontece que em vez de barca, os Berge tão puxando uma caravana pelo caminho das tropas. Serra acima. Vem tudo aculherado que nem teta de porca!

- Ah! agora comecei a entender! Mas que tanta gente é essa, tio Bruda?

- Tio Canga de Deus, é muita gente que eles vem arrastando serra acima e largando pelo caminho. Prá não me atrapalhá, vamo começar pela geografia!

- Mas isso que o senhor tá fazendo é uma profunda análise pós eleitoral, coisa que nenhum cientista político fez por aqui, ainda, tio Bruda!

- Tio Canga, vamo puxar pelas idéia junto! Essa debandada, capitaneada pela gente do PMDB. Envolve muita gente! Só dos empregados da Casvig, da prefeitura de São José, da Palhoça e Florianópolis, que tavam mamando nas têtas das prefeituras, passam dos 3 mil! 

- Ah! O senhor tá falando dos cargos de confiança que os Berger empregaram nas prefeituras, né?

- Não esqueça do Ronério, né, tio Canga? Dessa gente do PMDB, ali também o empreguismo é grande! Mas essa comitiva que tá subindo a serra tá nos preocupando. A gente pensou que tava livre dessa gente e agora tão tudo voltando de mala e cuia!

- Mas é tanta gente assim, tio Bruda?

- Olha, tio Canga, eles foram surrados aí embaixo, levaram uma tunda de laço, e tão se recolhendo prás casas. Tem muita gente que tá perdendo o emprego, tá subindo a serra pra ocupar as terras que os Berge compraram do Geraldo, da Coxilha Rica. Tão tudo no nome do tal de Juquinha, aquele dos laranjais, tio Canga!

- Mas isso é coisa séria, tio Bruda! Um séquito tão grande assim até parece aqueles êxodos bíblicos.

- É coisa séria, tio Canga. Essa batida em retirada vai passar para a história como "a fuga dos Berger"! Começa eles largando o Ronério ali por Alfredo Wagner, a primeira parada! Já os pé grande dos Berge ficam por Bom Retiro mesmo, que é a cidade deles. Foram prá Florianópolis buscá lã, e voltaram tosquiados!

 - É coisa grande mesmo...

- Mas, tio Canga, como é que vão acomodá essa gente toda? Tem que distribuir pelos campos. O bicho nunca é maior que a toca, né, tio Canga?

- Esse véio sabe tudo, é muito engraçado!

- Tio Canga, como a viagem de volta é longa e de subida, eles tão voltando tudo naquele passito de quem não qué peidá! Tranquilito no más!

- Mas e os outros vão para onde, tio Bruda?

- Bem, aí tem aquelas terras que os Berge compraram com as economias deles, ali em Painel e na Coxilha Rica. Diz que tem um pessoal da Casvig que tá querendo ocupá essas terras aqui na serra. 

- Mas o senhor acha que eles sairam mal daqui, tio Bruda?

- Mas olha tio Canga, ovelha não é prá mato. Se deram muito mal na política, deram com os beiços na torneira. Mas na área dos pila, mal não vão ficá! Tem o dinheiro da árvore de Natal, tem o do cantor ceguinho que eles enganaram, tem muito dinheiro guardado por aí. Eles são loucos mas não são bôbos, tio Canga! Fizeram um belo pé de meia com os tansos aí de baixo...

- É...esses nunca ficam mal, tio Bruda!

- São igual a traíra, tio Canga, quando não tem o que comer comem os parente!!!!

- Tú...tú...tú...caiu a linha!

Eleição na capital

Uma possível visão do resultado desta Eleição em Florianópolis
   

   Por Armando José d’Acampora*

   Penso cá com meus botões, o que poderia significar essa expressão de votos na 
Eleição em Florianópolis, respeitando :
   - 20 % de abstenção
   - 8% de votos nulos
   - 2 % de votos em branco
   
   A abstenção, num alto percentual de 20 %, do meu ponto de vista, significa o total desinteresse pelos rumos da cidade, pois seriam suficientes para mudar o placar eleitoral, seja para um lado, seja para o outro.

   Provavelmente, são as mesmas pessoas que não vão às reuniões de condomínio, deixando que outros decidam por elas. Certamente o que for decidido não irá me alterar em nada meu modo de vida, pensam. É decisão estritamente pessoal.

   Creio que isso, no fundo, seja a reflexão da falta do hábito de exercer seu direito do voto, mostrando quem e o que quer ou quem não quer como seu mandatário durante os próximos quatro anos.

   Portanto, não vão poder botar a boca no trombone se as coisas não andarem na cidade, como esperariam ou queriam ou ainda como gostariam.

   Quem se abstém, aceita o resultado da votação e não tem mais o direito de se manifestar contra ou a favor, pois poderia ter contribuído para que aquilo fosse diferente, para aquilo que se chama democracia.

   Os nulos, que não podem ser desprezados nos seus 8 %, são pessoas cuja personalidade não conseguiu encontrar em nenhum dos candidatos nada que pudesse tornar a candidatura identificável consigo mesmo, portanto, é um voto consciente. Como quem diz: nenhum dos candidatos me atrai, de maneira que prefiro anular meu voto.

   Os votos em branco, são daqueles que realmente não conseguiram optar entre um e outro, ou ainda um fato pode ser consignado: o candidato escolhido não passou para o segundo turno, e ele resolve não votar em nenhum dos outros. Este mesmo argumento, serve para os votos nulos.

   A chamada renovação, é da esperança, de que esse povo se sinta menos cansado do que já está ai. Não há situação melhor do que a alternância de poder.

   Portanto, parabéns aos eleitos e o meu desejo é que a nova Administração do Município tenha sucesso nessa empreitada, para o bem da cidade.

   Naturalmente, este é o meu ponto de vista.

* Médico, Cirurgião, Professor Universitário

domingo, 28 de outubro de 2012

Mostarda, alfajores e hepatite C

Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. (Sun Tzu)
   Agora só faltam 5 meses! 
   Com esta constatação "positiva" enfrentei minha quarta injeção de Interferon, uma das armas que disponho para enfrentar o "flavivírus", vírus da Hepatite C. O tratamento será de 6 meses. Quando pensei que "só" faltam cinco meses, agora, lembrei do cara que despencava do 20º andar de um prédio e ao passar pelo 5º pensou: - até aqui vai tudo bem!
   É uma luta de vida e morte, realmente. Quando digo isso, não estou propagandeando a minha capacidade de enfrentar situações adversas nem a exibir coragem. Apenas tento relatar o dia a dia de uma luta contra a morte, como uma forma de enfrentar esse vírus letal.

   HEPATITE C MATA! 

   Saber que tenho circulando pelo meu sangue um vírus que se multiplica rápida e constantemente atacando o meu fígado, necrosando-o até levá-lo à cirrose e ao câncer, não é uma boa coisa. Ficar inerte a isso também não! É necessário reagir, não só com os remédios mas com atitudes de enfrentamento e combate. Acredito que o primeiro passo para o enfrentamento seja o conhecimento da doença. Me preparei para isso. Busquei na literatura médica todas as informações sobre o meu inimigo e quais as melhores formas de combatê-lo. Me imagino preparado!
   
   O embate
   O conhecimento do inimigo, o uso das armas corretas para combatê-lo e manter a "moral da tropa" elevada, são condições fundamentais para se vencer a batalha. A questão de manter a moral elevada, não sucumbir aos ataques e aos efeitos colaterais dos remédio é uma coisa complicada.
   Os remédios - Interferon Peguilado e Ribavirina - são fortes e produzem efeitos colaterais também fortes no organismo. O medo dos efeitos colaterais, principalmente do Interferon, é um dos grandes problemas para pacientes que vão iniciar o tratamento.
   O medo é uma arma a favor da doença. Outro problema é o enfrentamento público de se assumir a doença. A carga de preconceitos em relação à Hepatite C se assemelha à da Aids. Esconder que se é portador do Flavivírus não ajuda em nada no tratamento.
   A Aids ainda é a doença que mais preocupa quando se fala em doenças sexualmente transmissíveis. Mas a Hepatite C deveria receber uma atenção especial neste momento. É epidemia mundial. 
   Estudos feitos nos Estados Unidos comprovam que a Hepatite C mata mais que a Aids hoje em dia. No mundo, morre uma pessoa a cada 30 segundos, infectada com Hepatite C. 

  Fechando o mês 
  Bem, o fechamento de um mês de tratamento foi comemorado com alfajores Havana e mostarda de Dijon. É...a mistura parece esquisitam mas foram regalitos que trouxe de Buenos Aires para presentear a meninas da equipe de enfermeiras, ténicas em enfermagem, farmacêutica, estagiaria e médica, que me trata no hospital Nereu Ramos.
   Vou até lá uma vez por semana para tomar o Interferon, a Ribavirina tomo diariamente em casa. O ambiente do ambulatório é extremamente agradável, por incrível que isso possa parecer. Hospital, a princípio, não deveria ser uma coisa agradável.
   A equipe que me atende é composta de pessoas atenciosas, simpáticas e me tratam com carinho, longe da frieza técnica que caracteriza os atendimentos da saúde em todo o país.

   Só bronquite
   Hospital é lugar de problemas. Doenças, acidentes e dores. No geral, o humor de pacientes hospitalares não é dos melhores, na verdade é dos piores!
   Nesta última ida ao ambulatório presenciei uma cena interessante. Quando cheguei na sala de espera o stress já corria solto. Um senhor, magro, alto, em tratamento também, falava alterado, reclamava de confusão de datas e injeções e dirigia suas grosserias para a enfermeira chefe. A profissional tentava acalmá-lo e tirar suas dúvidas a respeito de algum procedimento mal compreendido. 
   Difícil para aquarius
   Comecei a observar as atitudes da pessoa e percebi que estava entupido de química e eram os remédios que estavam ali se manifestando. Assisti ao Interferon se apresentando na sua melhor perfomance. Um horror!
   Cada vez mais irritado, o paciente impaciente, distribuia impropérios, agora, para toda a equipe de atendentes. Percebi a importância de se saber que, principalmente, o Interferon, nos deixa irritados, exacerbados e com baixa tolerância. Sem dúvida que muita coisa também vai do temperamento de cada pessoa. Se já é estressado, provavelmente terá esse defeito ampliado. Mas não se conhecer e muito menos os efeitos colaterias do remédio, nos leva a sucumbir à química. 
   Uma roubada!
   Diante do show acabei me envolvendo emocionalmente na história. Tomei partido a favor da equipe agredida, comecei a achar que o paciente já estava passando dos limites e, liberando minha parc ela de irritação proveniente do Interferon pensei:
    
   - Um cara desses, ou tu dá um tapa ou tu perdoa!

   Resolvi perdoar! Agora só faltam 5 meses!

Unknown deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Mostarda, alfajores e Hepatite C":  Vai ser fácil, Sergio. Só o começinho é chato. E se dê por feliz! Acabei um tratamento destes em agôsto com duração de um ano! Um ano em razão do genótipo do meu vírus ser do tipo 1. Mas negativei! É. Mas acabraram-se as cervejinhas do final da tarde, após o expediente, etc. E por outro lado, para mim foi ótimo. Como parei de beber, aproveitei e parei de fumar também, (risos). É mais fácil, já que não há a dependência cruzada. Com 55 anos, ainda dá tempo para muita coisa. Forte abraço e bem vindo "nova casa"!

Escândalo Bocelli: Sua Excelência o Fato


Parafrazeando Ulisses Guimarães, o modelo de político perseguido até em sonhos pelo senador Luiz Henrique da Silveira, apresentamos nesta reportagem os fatos, sem boatos, sobre o famoso escândalo que envolveu o governo do estado de Santa Catarina, a Prefeitura Municipal de Florianópolis, o tenor italiano, Andrea Bocelli e o desparecimento de milhões de reais dos cofres públicos

    O afair Bocelli foi um golpe planejado por um grupo de políticos catarinenses e tem como ingredientes o desaparecimento de somas milionárias de dinheiro público, histórias mal contadas, e repercussão internacional. Foi trazido à público em 28 de agosto de 2009. Nesta data, o Diário Oficial de Florianópolis publicou a dispensa de licitação para contratação da empresa Beyondpar (RJ), por R$ 3 milhões, para produzir o show do tenor italiano, Andrea Bocelli. Bocelli se apresentaria no denominado NATAL DOS SONHOS, a grande festa de final de ano patrocinada pelo Governo do Estado e Prefeitura Municipal.
    A idéia do mega-evento surge no segundo mandato do governador Luiz Henrique da Silveira, em pleno surto de megalomania, onde tudo que planejava para SC, e propagandeava na mídia, era sempre o maior e o melhor. Tudo de "primeiro mundo" e "intercontinental", como costumavam alardear seus acólitos da República de Joinville.
 

   A gênese
   Tudo começou numa bela tarde de outono, no requintado gabinete do governador Luiz Henrique da Silveira. Segundo transcrição no voto da relatora do processo (TCE-06/00654848), Sabrina Nunes Locken, estavam no gabinete de LHS, Dário Berger, Gilmar Knaesel, Walter Galina, Mário Cavallazzi, dois representantes da empresa carioca Beyondcomm e Cleverson Siewert, secretário da Fazenda do Estado.
   Ali, em clima festivo, se discutia a magnitude da moderna árvore de Natal de leds, que seria plantada na Av. Beira Mar Norte, para adornar o que Luiz Henrique batizou de o Natal dos Sonhos!
   Embriagado com tanta modernidade e beleza, Luiz Henrique, em um lampejo de lucidez, comenta: "a árvore ficaria de fato maravilhosa, ainda mais, se o maestro Andrea Bocelli pudesse cantar ao pé da monumental árvore" (sic). A idéia foi recebida com entusiasmo por todos os integrantes da fatídica reunião.
    Luiz Henrique, poderoso, imediatamente dispara um telefonema internacional para a Sra. Milena Perini, amiga de Andrea Bocelli e pessoa de sua relação social em Joinville, ora morando na Europa.
    Dona Mileni fez a ponte e colocou o maestro italiano em contato pessoal com o governador. Segundo relatos de participantes do convescote, Luiz Henrique, naquele momento, elevou o ego às nuvens numa pirotecnia exibicionista em frente aos embasbacados mortais municipais.
    Andre Bocelli sucumbiu frente ao maravilhoso relato da bela árvore que adornaria seu grande show, e disse a LHS: "se a árvore é tão grandiosa e bonita assim, vou fazer o show". (Tadinho!)
    Pronto, estava criado o ambiente que redundaria no retumbante fracasso. O Natal, que seria dos Sonhos, virou o Natal do Pesadelo. 


   Começa a armação
   Luiz Henrique conseguiu vender idéia do mega-show para o prefeito Dário Berger que engoliu a bolinha de polenta com anzol e tudo. Havia a promessa de que o estado repassaria, ao município, os recursos necessários 
 para o evento.
   Sem tempo a perder, imediatamente à proposta de Luiz Henrique, o secretário de Turismo do Município, Mário Cavallazzi, encaminha ofício ao secretário estadual de Turismo, Gilmar Knaesel, dia 31 de agosto de 2009, informando o cronograma de desembolso, previamente acertado entre Luiz Henrique da Silveira e a empresa Beyondpar, do Rio de Janeiro.
   Este documento é a primeira prova da série de ilegalidade que serão cometidas daqui em diante. Em primeiro lugar o dinheiro foi pedido com cronograma ¨acertado¨ entre LHS e os cariocas, sem nem um arremedo de projeto elaborado.
 
   Diante do papel de padaria pedindo os R$ 3 milhões, Luiz Henrique informa que para a liberação do "tutu", deveria ter uma contra partida social.
   Como o leitor pode ver, a compensação social oferecida por Mário Cavallazzi, e aceita por Luiz Henrique, se não é um deboche, é uma peça de alto valor científico. Ficou conhecida com a Contrapartida Social do Criolo Doido!
   Mário Cavallazzi que não é homem de se apertar por pouca coisa, no mesmo dia (31/8) elabora essa pérola abaixo: 



"Pela primeira vez na história, as festividades de fim de ano vão se integrar ao esforço mundial de redução de emissão de gases poluentes que contribuem para o efeito estufa no planeta. O município vai levantar o volume de poluição ambiental gerada pelo espetáculo para compensar a liberação de gás carbônico com o plantio de árvores em áreas degradadas".

    Entra o alcaide
    No dia 3 de setembro o prefeito Dário Berger dá andamento ao plano na área financeira. Tinham pressa. Solicita o Banco do Brasil a abertura de uma conta corrente específica que irá receber e movimentar os milhões que viriam dos cofres do Estado.
   No ofício encaminhado ao BB, Dário Berger imprime suas digitais como participante do esquema. Informa que a conta será movimentada conjuntamente entre ele e o Secretário de Finanças e Planejamento do Município, Augusto Cézar Hinckel.

    O repasse 
    A execução do plano corria a contento. Cada integrante do grupo fazia a sua parte. Pedido feito, conta aberta, só faltava o repasse do dinheiro combinado com o governador Luiz Henrique da Silveira.
   Em 21 de setembro de 2009, o governador Luiz Henrique dá o "de acordo", autorizando o pagamento de R$ 3 milhões para execução do Natal do Sonhos, por ele planejado e batizado.
    O documento assinado por Luiz Henrique é totalmente ilegal. O governador não cumpriu o Art. 38 do Decreto 1.291, assinado por ele mesmo, que regulamenta a concessão de financiamento de projetos.
   Imediatamente pós a autorização do governador LHS, em 24 de setembro, é assinado o contrato de apoio fianceiro, nº 12.513/2009-0, entre o Estado de SC e o município de Florianópolis para execução do Show Internacional Maestro Andrea Bocelli no valor de R$ 3 milhões.


   Passo seguinte, o prefeito Dário Berger, via Secretaria Municipal de Turismo, firma o contrato com a empresa carioca Beyondpar para a realização do Natal dos Sonhos. O plano se desenvolvia a contento. Tudo azeitado e dentro dos "providenciamentos". Agora estava na hora de "repassar" os R$ 2,5milhões.

   O primeiro pagamento (R$ 200 mil), já foi feito ilegalmente, a título de antecipação, em 29 de setembro de 2009. O segundo pagamento (R$ 800 mil) em 29 de outubro e o terceiro (R$ 1,5 mil) em 19 de novembro.

   Tudo isso foi feito atraves de ordens bancárias, assinadas por Dário Elias Berger e Augusto Cesar Hinkel. Dário chancelava com essas assinaturas a sua participação efetiva no negócio.
    Agora chegava a hora de anunciar publicamente, para os contribuintes que entravam com a grana, o maior evento da história da capital catarinense.
    Em seu site oficial, o governador manda publicar matéria anunciando o show para um milhão de pessoa na capital. 




¨É um espetáculo para dar mais brilho à nossa luz de Florianópolis, e vai certamente atrair a atenção da mídia internacional, contribuindo para trazer mais e mais turistas do mundo todo¨. (Luiz Henrique)

“Andrea Bocelli fará show gratuito para um milhão de pessoas
em dezembro na Capital
      Florianópolis (1/10/2009) - Com o apoio do Governo do Estado, através de recursos dos fundos estaduais de Cultura e Turismo, a Prefeitura de Florianópolis realizará no dia 28 de dezembro, na Avenida Beira-mar Norte, um show do tenor italiano Andrea Bocelli. O cantor terá acompanhamento de um coral de 60 vozes e orquestra sinfônica formada por músicos de Santa Catarina. 
   O show será gratuito à população e a expectativa dos organizadores é reunir em torno de um milhão de pessoas para a apresentação única do cantor. A confirmação da vinda de Andrea Bocelli foi feita na tarde desta quinta-feira (1º/10) pelo governador Luiz Henrique em companhia de diversas autoridades. “Neste ano, o Natal Luz de Florianópolis terá uma luz mais reluzente”, anunciou o governador.
   “É um espetáculo para dar mais brilho à nossa luz de Florianópolis, e vai certamente atrair a atenção da mídia internacional, contribuindo para trazer mais e mais turistas do mundo todo para o nosso Estado”, enfatizou Luiz Henrique. O governador ressaltou também que Bocelli virá da Itália para fazer este único show no Brasil. O secretário de Turismo da Capital, Mário Cavallazzi, chegou nesta quinta-feira do exterior, onde assinou em Londres o contrato para a única apresentação do cantor na América Latina.
    Segundo o governador, o cachê do músico italiano é de 800 mil euros. “É um grande investimento. É um espetáculo de graça para o povo e não há dinheiro que pague. Nós só pudemos fazer este investimento porque temos um fundo cultural e um fundo de turismo”, disse o governador, destacando que o espetáculo será importante para Santa Catarina e para o País, pois acredita que atrairá pessoas do país inteiro e dos países do Mercosul para acompanhar a atração para o Natal de Florianópolis.
   O espetáculo do cantor a ser apresentado na capital catarinense será chamado “Andrea Bocelli – My Christmas”, e será apresentado junto à àrvore de Natal a ser montada pela Prefeitura como parte da decoração natalina de Florianópolis. O secretário de Turismo da Capital destacou que houve uma intensa negociação para trazer o músico a Florianópolis, e agradeceu o empenho e a sensibilidade cultural do governador Luiz Henrique para concretizá-la com sucesso.
   Segundo Cavallazzi, a apresentação faz parte de uma estratégia global para a divulgação da Capital como destino turístico. O secretário de Desenvolvimento Regional da Grande Florianópolis, Valter José Gallina, observou que Santa Catarina é o único Estado que conta com um fundo estadual de turismo e de cultura. “Essa política vem contribuindo para as sucessivas escolhas do nosso Estado como principal destino turístico do País”, destacou.
   Bocelli é  um clássico crusador e tenor de Ópera e gravou quatro óperas completas (La bohème, Il trovatore, Werther e Tosca), além de vários álbuns clássicos e populares. Entre as autoridades que acompanharam o anúncio feito pelo governador estavam o secretário de Cultura, Esporte e Turismo, Gilmar Knaesel; o secretário de Desenvolvimento Regional da Grande Florianópolis, Valter José Gallina; o secretário- executivo de Articulação Internacional, Vinícius Lummertz; além do secretário municipal de assuntos internacionais, Rubens Bita Pereira. (do site oficial da Secretaria de Estado de Comunicação)


   Estoura o escândalo
   A cidade que dormia embalada pelos sonhos megalômanos de Luiz Henrique e Dário Berger, acorda no dia 28 de dezembro envolvida numa grande polêmica. A notícia do cancelamento do mega-show de Andrea Bocelli, na Av. Beiramar, entristeceu a cidade e deixou no ar uma sensação de enganação. 
   Estava estabelecido mais um escândalo entre tantos outros que marcaram as administrações estadual e municipal do PMDB. A suspeita contratação, os valores milionários envolvidos, a total falta de garantias e os pagamentos antecipados encejaram ações populares e civil pública, na justiça e no Tribunal de Contas do Estado. Todas estas ações já resultaram na indisponibilidade dos bens de Dário Berger, Mário Cavallazzi e outros integrantes do grupo.

   A mentira de Gean
   Apesar de todas estas evidências do crime, o então prefeito em exercício, Gean Loureiro, expede uma declaração afirmando que os R$ 2,5 milhões do Funturismo foram aplicados no Projeto Show Internacional Maestro Andrea Bocelli.


   Dário entrega os parceiros
   Percebendo o tamanho da encrenca em que havia se metido, o prefeito Dário Berger, sem constrangimento algum, começa um processo de delação contra os parceiros de crime. Protocola na justiça uma Ação Ordinária de Reparação de Dano, causada por ato ilícito, cumulada com pedido de tutela antecipada de insdisponibilidade de bens, contra os co-partícipes: A Empresa Beyondpar, Mário Cavallazzi e outros.
   Nesta peça jurídica, Dário reconhece que houve crime, mas tira o seu da reta e coloca no dos parceiros. 


O que restou à população de Florianópolis foi a pergunta:

ONDE ESTÁ O DINHEIRO DÁRIO BERGER???!!! 

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Retratos do Comércio

Clóvis Bastos Pereira, Borracheiro, Lages, Dezembro de 2011
No dia do comerciário, fotógrafo produzirá imagens analógicas com poses de trabalhadores de Florianópolis

   O fotógrafo Álvaro de Azevedo Diaz escolheu o dia do comerciário – terça-feira, 30 de outubro – para produzir, em Florianópolis, imagens para seu projeto Retratos do Comércio, já realizado em oito cidades de Santa Catarina.
   Com câmera analógica de médio formato – uma Rolleiflex 3.5F, de 1965 –, o fotógrafo percorrerá lugares tradicionais, como o Mercado Público, o Estreito e a Rua Conselheiro Mafra, e os novos pontos do comércio de rua, como na Lagoa da Conceição, em busca de poses de trabalhadores em seus ofícios.
   Cada personagem será fotografado apenas uma vez. Os filmes serão revelados, escaneados em alta resolução e terão as melhores imagens reunidas em uma exposição, que acontece de 19 a 30 de novembro, no hall do Teatro do SESC Prainha.
   O fotógrafo percorre as ruas centrais de cada cidade durante um único dia, em busca de retratos que representem a diversidade do comércio contemporâneo, que transita entre a tradição e a inovação. Ele aborda os personagens em seus locais de trabalho, explica a natureza e os objetivos do projeto, e aguarda a pose. “Ao contrário da abordagem furtiva e espontânea que hoje se tornou protocolar na fotografia”, observa, “a pose propõe o oposto: é necessária uma interação e um diálogo prévio com a pessoa fotografada.”     Em Retratos do Comércio, a escolha de um equipamento antigo e analógico é justificada pelo ritmo lento que esse tipo de câmera impõe ao fotógrafo, contribuindo para a construção da pose. “Na pose, a autoria da foto é partilhada entre o retratista e o retratado, um ritual da fotografia já quase esquecido. Abre-se a oportunidade para o fotografado construir a imagem que quer de si para os outros'”, ressalta. (Cibele Godoy)

Da revista Waves

Ramiro Rubim "rasgando" no Campeche
Primavera florida no Sul
   Por Douglas Cominski 
   Na última semana, entrei em contato com o surfista Ícaro Ronchi enquanto ele vinha com Felipe Cesarano em direção ao Sul de Florianópolis (SC). 
   Partimos em busca das ondas e encontramos uma bancada em boas condições. Logo chegaram Fábio Gouveia e seu filho Igor.
   Pela manhã não havia vento, apenas uma brisa de terral de vez em quando. Nas séries as ondas chegavam a 1 metro e a formação estava muito boa.
   Os surfistas Marlon Klein e Ramiro Rubim também estavam por lá e deram um show de surf. Confira na galeria acima.
   Para saber mais sobre o trabalho do fotógrafo, acesse o site Shot Spot Brasil. Douglas Cominski conta com o apoio daTide Rise.

Bora lá...

LesPaul Corvette In Concert
 Confraria do Chopp, Lagoa da Conceição - 28/10/2012 - Domingo 19 horas

Escândalo Bocelli: Sua Excelência o Fato

Parafrazeando Ulisses Guimarães, o modelo de político perseguido até em sonhos pelo senador Luiz Henrique da Silveira, apresentamos nesta reportagem os fatos, sem boatos, sobre o famoso escândalo que envolveu o governo do estado de Santa Catarina, a Prefeitura Municipal de Florianópolis, o tenor italiano, Andrea Bocelli e o desparecimento de milhões de reais dos cofres públicos

    O afair Bocelli foi um golpe planejado por um grupo de políticos catarinenses e tem como ingredientes o desaparecimento de somas milionárias de dinheiro público, histórias mal contadas, e repercussão internacional. Foi trazido à público em 28 de agosto de 2009. Nesta data, o Diário Oficial de Florianópolis publicou a dispensa de licitação para contratação da empresa Beyondpar (RJ), por R$ 3 milhões, para produzir o show do tenor italiano, Andrea Bocelli. Bocelli se apresentaria no denominado NATAL DOS SONHOS, a grande festa de final de ano patrocinada pelo Governo do Estado e Prefeitura Municipal.
    A idéia do mega-evento surge no segundo mandato do governador Luiz Henrique da Silveira, em pleno surto de megalomania, onde tudo que planejava para SC, e propagandeava na mídia, era sempre o maior e o melhor. Tudo de "primeiro mundo" e "intercontinental", como costumavam alardear seus acólitos da República de Joinville.
 

   A gênese
   Tudo começou numa bela tarde de outono, no requintado gabinete do governador Luiz Henrique da Silveira. Segundo transcrição no voto da relatora do processo (TCE-06/00654848), Sabrina Nunes Locken, estavam no gabinete de LHS, Dário Berger, Gilmar Knaesel, Walter Galina, Mário Cavallazzi, dois representantes da empresa carioca Beyondcomm e Cleverson Siewert, secretário da Fazenda do Estado.
   Ali, em clima festivo, se discutia a magnitude da moderna árvore de Natal de leds, que seria plantada na Av. Beira Mar Norte, para adornar o que Luiz Henrique batizou de o Natal dos Sonhos!
   Embriagado com tanta modernidade e beleza, Luiz Henrique, em um lampejo de lucidez, comenta: "a árvore ficaria de fato maravilhosa, ainda mais, se o maestro Andrea Bocelli pudesse cantar ao pé da monumental árvore" (sic). A idéia foi recebida com entusiasmo por todos os integrantes da fatídica reunião.
    Luiz Henrique, poderoso, imediatamente dispara um telefonema internacional para a Sra. Milena Perini, amiga de Andrea Bocelli e pessoa de sua relação social em Joinville, ora morando na Europa.
    Dona Mileni fez a ponte e colocou o maestro italiano em contato pessoal com o governador. Segundo relatos de participantes do convescote, Luiz Henrique, naquele momento, elevou o ego às nuvens numa pirotecnia exibicionista em frente aos embasbacados mortais municipais.
    Andre Bocelli sucumbiu frente ao maravilhoso relato da bela árvore que adornaria seu grande show, e disse a LHS: "se a árvore é tão grandiosa e bonita assim, vou fazer o show". (Tadinho!)
    Pronto, estava criado o ambiente que redundaria no retumbante fracasso. O Natal, que seria dos Sonhos, virou o Natal do Pesadelo. 



   Começa a armação
   Luiz Henrique conseguiu vender idéia do mega-show para o prefeito Dário Berger que engoliu a bolinha de polenta com anzol e tudo. Havia a promessa de que o estado repassaria, ao município, os recursos necessários 
 para o evento.
   Sem tempo a perder, imediatamente à proposta de Luiz Henrique, o secretário de Turismo do Município, Mário Cavallazzi, encaminha ofício ao secretário estadual de Turismo, Gilmar Knaesel, dia 31 de agosto de 2009, informando o cronograma de desembolso, previamente acertado entre Luiz Henrique da Silveira e a empresa Beyondpar, do Rio de Janeiro.
   Este documento é a primeira prova da série de ilegalidade que serão cometidas daqui em diante. Em primeiro lugar o dinheiro foi pedido com cronograma ¨acertado¨ entre LHS e os cariocas, sem nem um arremedo de projeto elaborado.

   Diante do papel de padaria pedindo os R$ 3 milhões, Luiz Henrique informa que para a liberação do "tutu", deveria ter uma contra partida social.
   Como o leitor pode ver, a compensação social oferecida por Mário Cavallazzi, e aceita por Luiz Henrique, se não é um deboche, é uma peça de alto valor científico. Ficou conhecida com a Contrapartida Social do Criolo Doido!
   Mário Cavallazzi que não é homem de se apertar por pouca coisa, no mesmo dia (31/8) elabora essa pérola abaixo:




"Pela primeira vez na história, as festividades de fim de ano vão se integrar ao esforço mundial de redução de emissão de gases poluentes que contribuem para o efeito estufa no planeta. O município vai levantar o volume de poluição ambiental gerada pelo espetáculo para compensar a liberação de gás carbônico com o plantio de árvores em áreas degradadas".

    Entra o alcaide
    No dia 3 de setembro o prefeito Dário Berger dá andamento ao plano na área financeira. Tinham pressa. Solicita o Banco do Brasil a abertura de uma conta corrente específica que irá receber e movimentar os milhões que viriam dos cofres do Estado.
   No ofício encaminhado ao BB, Dário Berger imprime suas digitais como participante do esquema. Informa que a conta será movimentada conjuntamente entre ele e o Secretário de Finanças e Planejamento do Município, Augusto Cézar Hinckel.

    O repasse
    A execução do plano corria a contento. Cada integrante do grupo fazia a sua parte. Pedido feito, conta aberta, só faltava o repasse do dinheiro combinado com o governador Luiz Henrique da Silveira.
   Em 21 de setembro de 2009, o governador Luiz Henrique dá o "de acordo", autorizando o pagamento de R$ 3 milhões para execução do Natal do Sonhos, por ele planejado e batizado.
    O documento assinado por Luiz Henrique é totalmente ilegal. O governador não cumpriu o Art. 38 do Decreto 1.291, assinado por ele mesmo, que regulamenta a concessão de financiamento de projetos.
   Imediatamente pós a autorização do governador LHS, em 24 de setembro, é assinado o contrato de apoio fianceiro, nº 12.513/2009-0, entre o Estado de SC e o município de Florianópolis para execução do Show Internacional Maestro Andrea Bocelli no valor de R$ 3 milhões.


   Passo seguinte, o prefeito Dário Berger, via Secretaria Municipal de Turismo, firma o contrato com a empresa carioca Beyondpar para a realização do Natal dos Sonhos. O plano se desenvolvia a contento. Tudo azeitado e dentro dos "providenciamentos". Agora estava na hora de "repassar" os R$ 2,5milhões.

   O primeiro pagamento (R$ 200 mil), já foi feito ilegalmente, a título de antecipação, em 29 de setembro de 2009. O segundo pagamento (R$ 800 mil) em 29 de outubro e o terceiro (R$ 1,5 mil) em 19 de novembro.

   Tudo isso foi feito atraves de ordens bancárias, assinadas por Dário Elias Berger e Augusto Cesar Hinkel. Dário chancelava com essas assinaturas a sua participação efetiva no negócio.
    Agora chegava a hora de anunciar publicamente, para os contribuintes que entravam com a grana, o maior evento da história da capital catarinense.
    Em seu site oficial, o governador manda publicar matéria anunciando o show para um milhão de pessoa na capital. 




¨É um espetáculo para dar mais brilho à nossa luz de Florianópolis, e vai certamente atrair a atenção da mídia internacional, contribuindo para trazer mais e mais turistas do mundo todo¨. (Luiz Henrique)

“Andrea Bocelli fará show gratuito para um milhão de pessoas
em dezembro na Capital
      Florianópolis (1/10/2009) - Com o apoio do Governo do Estado, através de recursos dos fundos estaduais de Cultura e Turismo, a Prefeitura de Florianópolis realizará no dia 28 de dezembro, na Avenida Beira-mar Norte, um show do tenor italiano Andrea Bocelli. O cantor terá acompanhamento de um coral de 60 vozes e orquestra sinfônica formada por músicos de Santa Catarina. 
   O show será gratuito à população e a expectativa dos organizadores é reunir em torno de um milhão de pessoas para a apresentação única do cantor. A confirmação da vinda de Andrea Bocelli foi feita na tarde desta quinta-feira (1º/10) pelo governador Luiz Henrique em companhia de diversas autoridades. “Neste ano, o Natal Luz de Florianópolis terá uma luz mais reluzente”, anunciou o governador.
   “É um espetáculo para dar mais brilho à nossa luz de Florianópolis, e vai certamente atrair a atenção da mídia internacional, contribuindo para trazer mais e mais turistas do mundo todo para o nosso Estado”, enfatizou Luiz Henrique. O governador ressaltou também que Bocelli virá da Itália para fazer este único show no Brasil. O secretário de Turismo da Capital, Mário Cavallazzi, chegou nesta quinta-feira do exterior, onde assinou em Londres o contrato para a única apresentação do cantor na América Latina.
    Segundo o governador, o cachê do músico italiano é de 800 mil euros. “É um grande investimento. É um espetáculo de graça para o povo e não há dinheiro que pague. Nós só pudemos fazer este investimento porque temos um fundo cultural e um fundo de turismo”, disse o governador, destacando que o espetáculo será importante para Santa Catarina e para o País, pois acredita que atrairá pessoas do país inteiro e dos países do Mercosul para acompanhar a atração para o Natal de Florianópolis.
   O espetáculo do cantor a ser apresentado na capital catarinense será chamado “Andrea Bocelli – My Christmas”, e será apresentado junto à àrvore de Natal a ser montada pela Prefeitura como parte da decoração natalina de Florianópolis. O secretário de Turismo da Capital destacou que houve uma intensa negociação para trazer o músico a Florianópolis, e agradeceu o empenho e a sensibilidade cultural do governador Luiz Henrique para concretizá-la com sucesso.
   Segundo Cavallazzi, a apresentação faz parte de uma estratégia global para a divulgação da Capital como destino turístico. O secretário de Desenvolvimento Regional da Grande Florianópolis, Valter José Gallina, observou que Santa Catarina é o único Estado que conta com um fundo estadual de turismo e de cultura. “Essa política vem contribuindo para as sucessivas escolhas do nosso Estado como principal destino turístico do País”, destacou.
   Bocelli é  um clássico crusador e tenor de Ópera e gravou quatro óperas completas (La bohème, Il trovatore, Werther e Tosca), além de vários álbuns clássicos e populares. Entre as autoridades que acompanharam o anúncio feito pelo governador estavam o secretário de Cultura, Esporte e Turismo, Gilmar Knaesel; o secretário de Desenvolvimento Regional da Grande Florianópolis, Valter José Gallina; o secretário- executivo de Articulação Internacional, Vinícius Lummertz; além do secretário municipal de assuntos internacionais, Rubens Bita Pereira. (do site oficial da Secretaria de Estado de Comunicação)


   Estoura o escândalo
   A cidade que dormia embalada pelos sonhos megalômanos de Luiz Henrique e Dário Berger, acorda no dia 28 de dezembro envolvida numa grande polêmica. A notícia do cancelamento do mega-show de Andrea Bocelli, na Av. Beiramar, entristeceu a cidade e deixou no ar uma sensação de enganação. 
   Estava estabelecido mais um escândalo entre tantos outros que marcaram as administrações estadual e municipal do PMDB. A suspeita contratação, os valores milionários envolvidos, a total falta de garantias e os pagamentos antecipados encejaram ações populares e civil pública, na justiça e no Tribunal de Contas do Estado. Todas estas ações já resultaram na indisponibilidade dos bens de Dário Berger, Mário Cavallazzi e outros integrantes do grupo.

   A mentira de Gean
   Apesar de todas estas evidências do crime, o então prefeito em exercício, Gean Loureiro, expede uma declaração afirmando que os R$ 2,5 milhões do Funturismo foram aplicados no Projeto Show Internacional Maestro Andrea Bocelli.


   Dário entrega os parceiros
   Percebendo o tamanho da encrenca em que havia se metido, o prefeito Dário Berger, sem constrangimento algum, começa um processo de delação contra os parceiros de crime. Protocola na justiça uma Ação Ordinária de Reparação de Dano, causada por ato ilícito, cumulada com pedido de tutela antecipada de insdisponibilidade de bens, contra os co-partícipes: A Empresa Beyondpar, Mário Cavallazzi e outros.
   Nesta peça jurídica, Dário reconhece que houve crime, mas tira o seu da reta e coloca no dos parceiros. 




O que restou à população de Florianópolis foi a pergunta:

ONDE ESTÁ O DINHEIRO DÁRIO BERGER???!!! 

Comissionados em campanha

      Reta final da campanha eleitoral todos lutam usando as armas que têm. No final da tarde de ontem todos os comissionados da prefeitura receberam a informação de que estão liberados do trabalho hoje, sexta-feira. Mas do trabalho nos órgãos públicos municipais, fique bem entendidos. Isso porque todos os quase 700 funcionários comissionados foram convocados para irem às ruas pedir votos para o candidato de Dário Berger.

   Migração
   O inchaço da máquina pública municipal é uma das características dos governos Berger. Além das empresas do império da família (holding Orsegrups) que vivem basicamente de dinheiro público - faturam cerca de R 100 milhões por ano, apenas com o governo do estado - colocam seus cabos eleitorais como empregados do estado e do município.
   São comissionados que pouco aparecem em seus empregos e nada produzem para a sociedade. Na verdade, são grupamentos políticos nômades que flanam ao sabor o vento político entre São José e Florianópolis.
   Agora, corridos de São José - o irmão de Dário, Djalma Berger, perdeu a eleição por mais de 30 mil votos - se voltam todos para a capital. Comissionados da prefeitura de São José, atravessam a ponte e se aboletam em Florianópolis em campanha pelo candidato de Dário Berger, Gean Loureiro. Esperam vencer as eleições e assim garantir seu empregos fantasmas perdidos em São José. Seriam cerca de 700 comissionados que migrariam do município vizinho para Florianópolis.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Uma bela cidade!


Complicada! Principalmente porque aqui fazemos política com o coração, com o fígado, com tudo, menos com a cabeça!

   Essa foi a primeira frase que Eduardo, um argentino obeso de 38 anos, me disse quando arrancamos do aeroporto de Ezeiza rumo ao centro de Buenos Aires. Respondia minha pergunta sobre a situação política e econômica do seu país.
   Terça-feira ensolarada, depois de uma semana de chuvas fortes, Buenos Aires crescia e se aproximava linda a medida que avançávamos em direção a calle 25 de maio, perto do Obelisco, o coração porteño.
   O trajeto, sem tranqueiras, é feito em torno de 35 minutos. Tempo suficiente para uma aula de política, economia e atualidade sobre a vida de Maradona e outros ídolos  argentinos.
   Eduardo, quando soube que eu era periodista e estava na cidade para fazer uma reportagem, foi tornando suas análises cada vez mais complexas e intermináveis acompanhadas de gestos afáveis porém contundentes, próprios dos gordos educados. 

- Ninguém mais quer trabalhar! A bolsa família criou uma legião de vagabundos que vivem do salário do governo.

   Ouvi isso várias vezes nas poucas horas que fiquei na cidade. Todos os motoristas de táxi foram taxativos neste particular. O kirchnerismo criou um legião de seguidores miseráveis, fanatizados, sustentados por programas sociais.
   Associam Cristina Kirchner e sua política econômica a Cháves, da Venezuela, realçando sempre que a Venezuela tem petróleo e a Argentina não. 
Florida com Córdoba 7 da manhã
   A questão do câmbio é outro assunto tratado por todos nas ruas de capital argentina. Em uma banca de revistas, coberta de publicações com Evita e Peron estampadas nas capas, além de cartazes com desenhos de cortes de carnes argentinas e outros ensinando a fazer um bom "mate" argentino, o revisteiro me diz que o país não tem plano econômico.

- Cristina vai tomando medidas econômicas baseada no empirismo e em tudo segue a política do Cháves. Persegue a imprensa, está expulsando o capital extrangeiro e aprisionado os poucos dólares que ainda entram no país.

   Todos entendem de tudo e discutem apaixonadamente nas ruas, nos cafés e nos bares da cidade. Com o câmbio proibido - apenas o banco estatal pode fazê-lo a $4.71 pesos por dólar - o revisteiro me avisa, enquanto me faz um câmbio clandestino:

- Não troque muitos dólares. Troque apenas o que acha que vai precisar, pois senão, depois, não conseguirá trocar os pesos que sobrarem. Ninguém pegará seus pesos de volta.

   Buenos Aires é uma cidade fantástica. Gosto sempre de voltar, mesmo que por algumas horas. Ando por suas ruas. Respiro seu ar cosmopolita de cidade européia. Olho as vitrines, entro na Galeria Pacífico, caminho pela Calle Florida e simulo situação de câmbio só para ver o ar assustado dos operadores do câmbio negro dizer que está "sujo". 
   Dou um pulo rápido até a peatonal de Reconquista para constatar, com tristeza, que o meu bar, o Walker, foi fechado há alguns meses. Não encontrei meu amigo Valter, o garçon, que no 17 de junho do ano passado, meu aniversário, serviu para a Gisa um saboroso bife de chorizo acompanhado de papas fritas e arroz.
   O Black & Withe, casa de prazeres, quase na esquina com a Avenida Córdoba, continua firme. Paro, olho para dentro e, no meio da luz azulada que pisca ao ritmo de uma música eletrônica, vejo várias chicas conversando e dançando com os clientes. Parecem alheias às preocupações políticas manifestadas pelos taximetristas, como meu pai chamava os motoristas de táxi. Afinal, cobram por metro percorrido!
   Desta vez não entro, me limito a ficar na frente conversando um pouco com Marcelo, uma espécie de porteiro formal que convida os turistas para entrar e conhecer a casa, além de prestar outros serviços de natureza informal. Nos conhecemos de tempos. Já esteve em Florianópolis algumas vezes. Agora acha que vai demorar a voltar. O Brasil ficou caro, me diz.
   Nos despedimos com um abraço. Desço a Córdoba, entro na 25 de maio à direita, desço à esquerda para atravessar a Leandro Além até chegar na Eduardo Madero. Tinha um jantar de negócios marcado no restaurante Puerto Cristal. 
   A caminhada foi saudável e me abriu o apetite. O restaurante é fino e com um excelente serviço. O menú é composto de quatro livros grosso com fotos e descrição dos prato que são sugeridos pelo simpático maitre. Somente o menú de vinhos tem 730 rótulos. A carne argentina, como sempre, um show!
   Foi um jantar sem vinho, sem álcool. Meu interlocutor não bebia por princípios. Eu por obrigação! Comemos, tomamos água, pedimos postre e, após algumas horas de boa e produtiva conversa, tomamos um café expresso e nos despedimos. Sai do restaurante e caminhei despreocupado pela beira do dique, passei pela Fragata Sarmiento e fui até a Puente de La Mujer. Gosto de admirar essa obra de arte do mestre Santiago Calatrava. 
Peguei um táxi e fui praticar o meu esporte preferido: jogar no cassino. Fiquei algumas horas entre as mesas e máquinas e quando me dei conta havia gasto todos os pesos argentinos que tinha no bolso.
   Como voltar ao hotel de táxi? Ninguém aceita real nem dólar. Estão proibidos. O banco dentro do cassino já estava fechado para câmbio. Ao ver um casal de brasileiros saindo do cassino em direção aos táxis, perguntei se me trocavam 50 reais por pesos argentino, o necessário para um táxi até o hotel. A senhora, muito simpática, me falou que não teria problema algum. - Imagine se não ajudaria um brasileiro, disse!
   Perguntou de onde eu era e falei que de Florianópolis. Ela deu um grito e disse: - Que mundo pequeno esse, somos de Canasvieiras!
   São proprietários de uma imobiliária na entrada do balneário. Vou visitá-los qualquer dia desses.
   No caminho de volta, mais uma conversa animada sobre política com o motorista. Retornei ao hotel e dormi tranquilo. Acordei cedo, tomei um belo café e me despedi da cidade com um gosto de quero mais. 
   Voltarei!