terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A sorte de pegar uma Hepatite C

   Sempre fui de ver o lado positivo das coisas. O mais bonito, o melhor. Ficar produzindo energia negativa, acumulando rancores, ódios, medos e outros maus sentimentos só nos detonam, nos colocam para baixo.
   Como diz o meu amigo Padilha, o mundo é mental! Se pensas positivamente terás resultados positivos! O contrário...é o contrário!
   Quando parei de beber, me preparando para iniciar o tratamento de combate ao Flavivírus, levantei o assunto com todos os amigos. Queria ouvir opiniões sobre a doença, sobre o tratamento e principalmente como eles encaravam uma enfermidade que ainda hoje, enfrenta muito preconceito social.
   Pesquisas revelam que um grande percentual de pessoas não conseguem matar o vírus porque sofrem preconceito, escondem a doença, se sentem discriminados, acabam ficando deprimidos e consequentemente com as defesas baixas. O organismo não reage aos medicamentos e aí...é "caixão pro Billy".
  Hapatite C mata mais que Aids. Aliás, Aids não mata mais, Hepatite C, mata! Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 3% da população, ou seja, mais de 170 milhões de indivíduos estão infectados pelo vírus da hepatite C. No Brasil, mais de 3 milhões de pessoas seriam portadores da doença. É silenciosa, assintomática e quando se manifesta já desenvolveu cirrose ou câncer no fígado.
   
   Bem, falava que sou de tirar leite de pedra quando se trata de ver algo de bom em uma tragédia. E aí está um exemplo. Com toda esta reviravolta que a minha vida deu em função da doença acabei descobrindo muitas coisas que não via antes. Amigos amigos, filhos maravilhosos, a presença constante da minha neta Luisa, uma companheira fantástica, cuidadosa, atenciosa, não moralista, perseverante e, principalmente, tolerante, pois também não sou dos mais fracos!
   Se nada disso houvesse acontecido, não teria descoberto esta vida que tenho agora. Não estaria me sentindo seguro, amado e forte por saber que não estou sozinho na parada.    Quando o meu amigo Dario de almeida Prado Jr., do alto da sua rica experiência no tratamento vitorioso de um câncer, me falou que seria uma ótima fase para refletir sobre a minha vida, eu, provavelmente já irritado com a abstinência da bebida, tomei a declaração do Dario como algo muito "cristão", como se eu tivesse que refletir sobre as cagadas que fiz na vida e todo aquele papo moralista de culpas e perdões que os pobres de espírito adotam quando levam uma ré.  
   Nada disso! Agora entendo o refletir do Dario. Sem dúvida alguma que com uma total mudança de hábitos e comportamentos, um mundo diferente seria percebido pelos meus olhos e mente. E esse mundo é maravilhoso! Estou loco para curti-lo com uma tonturinha nas idéias. Deve ser mais maravilhoso ainda!
   O resultado disso tudo, de eu ter assumido publicamente a minha batalha contra a doença, abriu, no meu universo, uma via láctea de pessoas interagindo comigo, dizendo o que pensam, o que pensam de mim e como me vêem. E no momento que se revela este novo mundo, esta descoberta, mais uma vez eu tenho que me reinventar. 
   E me reinvento! 
   Sou outro, sou melhor!

Abaixo manifestações de amigos no FB:



3 comentários:

  1. Querido amigo, Sergio "Canga" Rubim. Que maravilha o resultado de teu exame. Desde o início de tua batalha contra o flavírus, tive absoluta certeza de que o bicho não seria páreo para você. "Somos o resultado do que pensamos, sentimos e fazemos". Você fez a coisa certa, enfrentou a situação com coragem, determinação e, acima de tudo", acreditando que poderia vencer, e venceu. Morte ao bicho e vida aos que tem prazer em viver. Abrs

    Luiz Carlos Padilha

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  2. Sergio, uma vez postei aqui um pouco da minha opinião e o que me aconteceu. Mais um adendo:também fiz o mesmo que você: falei na repartição, para os familiares, colegas e até para o papagaio da vizinha. Para todos! E desde o começo mentalizei: os medicamentos não vão me derrubar! Pois foram 48 semanas de tratamento e não faltei uma única vez ao trabalho. Negativei. Semana passada fiz o coleta de sangue para o segundo exame quantitativo. Sei que vai estar zerado. Vou pegar o resultado amanhã. E EU acostumei a não beber e daí perdi a vontade. Aproveitei e deixei de fumar (nada contra quem quiser continuar). Com 56 anos incompletos, dá tempo de fazer uma coisinhas ainda.
    É isso aí: a vida tem outro lado. Vc está prenhe de razão! Continue contando mais um pouco da "saga", "colega". Até!

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  3. Vida longa pra ti, Canga. Leva a Luisa para " descansar" e aproveita para passear por esse novo caminho da vida velha. Viva Cote d' azur. Vida longa com prazer.. Abs. Beaco.

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