quinta-feira, 21 de março de 2013

Passaralho no DC

Do Célio Klein, demitido esta semana do Diario Catarinese:

ABRE ASPAS

   ACABOU!!! 
   Hoje, depois de mais de 25 anos de RBS, fui demitido da empresa. Se, por um lado, é um momento de alegria, de júbilo, por ter sido aceito o pedido que fiz para ser mandado embora (mesmo que por conveniência de quem o fez, como a justificar a ação), por outro, é de profundo pesar pela situação que me levou a formular tão drástica solicitação – é muito grave e difícil não se ver outra saída que não a de abrir mão do trabalho do qual se gosta e ao qual se dedicou a maior parte da vida.
    E é esta mesma postura crítica que me levou à situação extrema de pedir para ser desligado e que marcou minha atuação profissional nesses anos todos que me leva a fazer algumas considerações sobre o ambiente insalubre que tomou conta da redação do Diário Catarinense – mais do que em qualquer época em um quarto de século nos últimos meses.
   Inúmeras gestões se sucederam à frente do DC (redação). A cada editor-chefe – agora diretor – que assumiu seguiram-se momentos de tensão e, às vezes, ruptura, naturais no início de um novo trabalho, de um modo diferente de ver e conduzir as coisas. Até aí, tudo aceitável e dentro do esperado. Mas como o ser humano é imperfeito e o apelo para satisfazer o ego é imenso, muitos que detêm o poder ultrapassam, algumas vezes, o limite e agem com prepotência, idiotia – os sem-poder, como eu, também não estão livres. Tudo dentro da normalidade, desde que seja exceção. Mas quando vira regra, como agora, é abuso.
   Aí está a grande diferença desta para administrações pretéritas: a prepotência tornou-se sistêmica, a opressão é o modus operandi. E se em situações um pouco mais estressantes vividas anteriormente se chegou a cogitar solução como a de agora – sair ou ser “saído” da empresa –, o trabalho (não o cargo) sempre garantiu a permanência, sempre foi um refúgio. Agora, no entanto, esta tábua de salvação não mais existe, pois a tirania, a opressão, age justamente aí: não deixa espaço para ninguém, para nenhuma ação e forma de pensamento que não a do tirano. Sem ter o que fazer, a não ser dizer amém, por que continuar? Como continuar?
   Se alguém, como bom jornalista, contra-argumentar, levantando a hipótese de que talvez eu tenha uma visão equivocada, seja algo pessoal ou, quem sabe, que o modo de agir que eu esteja condenando seja o meu próprio, lembro que não estou só, que a lista dos que capitularam (foram demitidos, foram compelidos a pedir demissão e aceitaram qualquer emprego fora para se livrar ou mesmo resolveram ir para outro veículo dentro da RBS) fala por si – fala, não, grita. Aí vai uma parte do “obituário”: Guarany Pacheco, Eduardo Kormives, Roberto Azevedo, Márcia Feijó, Renê Müller, Mariju de Lima, Simone Kafruni, Tar císio Poglia, Marcelo Oliveira, Gisiela Klein, Marcelo Becker, Ângela Muniz, Natália Viana, Larissa Guerra, Valéria Rivoire, Fernando Ferrary, Celso Bevilacqua – sem esquecer da Ceoli e da Jussara, da secretaria de redação, substituídas por um time de futsal de terceira divisão. Não lembro de todos os nomes, não citei os que foram para outros cantos da RBS e nem, é claro, os muitos outros que seguem no baile por absoluta falta de opção.
   Em resumo:
- Em uma empresa de comunicação, questionar, alimento do jornalismo, não é permitido.
- Em uma empresa de comunicação que tem a educação como bandeira, que implica justamente pensar de forma autônoma, pensar não é permitido.
- Em uma empresa de comunicação que exalta a democracia, vende a diversidade de opiniões, a participação dos leitores como case de ação, de sucesso, divergir não é permitido.

   Por fim, entendo que atualmente, na redação do DC, somente há lugar para a frustração ou para quem se dispõe, por afinidade, disposição ou interesse, a ser um “clone” do chefe da vez. Portanto, não há lugar para jornalistas no que verdadeiramente esta palavra, esta profissão significa – talvez haja lugar para marqueteiros, especialização da casa nos tempos mais recentes.
   Lamento muito que o modo de pensar e agir de um só se sobreponha ao de tantos outros por força única e exclusivamente de um cargo ao qual, ao que parece, foi guindado erroneamente, sem de fato ser merecedor, o que não é tão incomum assim no meio jornalístico e dentro da RBS.
Chega!!!

Célio Klein

9 comentários:

  1. E então, ...... Não disse nada... Nem ao menos um "lead zinho" ???
    Muito blá blá e nhém nhém nhém. Afinal, pediram para que pedisse o penico e ele pediu? Chuta o pau da barraca meu colega! Copolla

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  2. A mesma história, todo morto é bão. Porque o só agora o digníssimo e consciente jornalista lança uma pazada de merda no ventilador? Felizmente eu e os outros 49 leitores do Canga já sabíamos da RBS, aquela que dá com a mão esquerda mas tira, duas vezes, com a direita. Uma praga simbionte com governos, não importa a bandeira. Operam bem o toma-lá-da-cá e enchem a guaiaca com o dim dim de quem ainda paga imposto em SC.

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  3. Desculpa, mas ficou 25 anos naquela baba e tá reclamando só agora??? E ainda publicamente? Conheci dezenas que saíram depois de meses, assim que puderam ganhar meio de vida...até preferiram mudar de profissão do que ficar "chapa-branca" ou abobado. E não viram como grande coisa cair fora...parece óbvio pra qualquer um que não seja estagiário recém formado e desempregado que essa mídia aí não permite jornalismo sério.

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  4. O jornalismo convencional se tornou insosso e inútil há tempos... Dá pena e desgosto ler um jornal como esse, e pensar que é o principal de SC... Qualquer outro emprego (ou uma ocupação autônoma) é melhor que aguentar tanta frustração e vazio, caro colega. Ainda bem que o mundo é muito maior que a redação do DC. Boa sorte! Vida nova!

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  5. bla bla bla wiscas sachê, bla bla bla, demissão, bla bla bla...

    E aih? conteúdo mesmo zero. Talvez, nesse caso, seja por isso a demissão...

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  6. Chamar o DC de jornal é brincadeira de mau gosto. Jornaleco de terceira.Aguentaste demais.
    Vá em frente e boa sorte.

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  7. Tanso. Sem justa causa daria quase um milhão pra recomeçar mto bem a vida tocando o sonhado botequinho em Cidreira ou Xangrilá. Gal Das Ostras, Gaudério aculturado vivendo em Laguna.

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  8. É verdade. Ainda mais que a Justiça do Trabalho sabe que o grupo de m.... é useiro e vezeiro em burlar a legislação trabalhista. No passado, abusava até de meninos vendendo o jornal "embrulha peixe" no semáforo.

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  9. Me formei em redator auxiliar no IEE em 1982, fiz estágios em alguns jornais de pequeno porte. Ainda jovem analisei a profissão e resolvi estudar para concurso público, passei em 83 e acabei de me aposentar. E depois de um depoimento desses acredito que fiz o correto.

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