quarta-feira, 10 de abril de 2013

BMW, Busscar - noticiosas especulações da produção automobilística em Santa Catarina


   Por Eduardo Guerini

   Em seu retiro límbico, criando os pangarés para os barnabés provincianos que se vangloriam de trocar 5000 postos de trabalho de empresa nacional contra 1.500 empregos de corporação transnacional...


   Na comemoração do auspicioso mês de abril de 2013 na província catarinense, com a presença de inúmeras personalidades governamentais de todas as esferas, marcaram presença todos os envolvidos em nova especulação para o lançamento da “pedra fundamental” de nova planta automobilística na cidade de Araquari (SC), na região metropolitana de Joinville , nordeste catarinense. 
   A terra do trabalho, sede de empreendedores criativos e dinâmicos, inserida no padrão automotivo implementado pelo governo lulo-petista como salvação de um plano de desenvolvimento vinculado ao incentivado consumo interno via concessão de crédito para indivíduos, famílias e empresas (estrangeiras como prioridade nacional), sem dinamização das bases produtivas articuladas à dinâmica da economia nacional foram efusivamente saudados na cerimônia de assinatura do contrato de instalação da fábrica da empresa estrangeira.
   Com enfoque mais apurado, a adesão da BMW , tem um conteúdo simbólico importante para a Manchester catarinense, encontrar um novo modelo de desenvolvimento para a combalida indústria metal-mecânica local. Com toda a sorte de incentivos , doação de terrenos, acrescidos de um benefício de reversão de impostos transformados em crédito em favor da montadora, qualquer alma benevolente estaria satisfeita com o pacote distributivo em favor da empresa alemã. Os benefícios gerados segundo especulações é da ordem de 1.400 diretos, mais alguns empregos indiretos – em torno de 6.000 , sendo bastante otimista.
   Contudo, a história se encarrega de dar força para os vitoriosos, relegando aos derrotados, um olímpico esquecimento diante de toda a mobilização de trabalhadores e classe empresarial para manter uma empresa nascida em terras catarinas – a BUSSCAR Ônibus S.A.
   Uma empresa tipicamente catarinense, originária de descendentes suecos, iniciando suas operações como simples marcenaria, fábrica de aberturas, posteriormente, carrocerias de caminhões. A ascendente situação iniciada em 1946 progrediu para montagem de uma jardineira (em chassi Chevrolet), transformando-a posteriormente, na importante empresa de produção e montagem de ônibus: meio de transporte para maioria da população brasileira.
   Em 1990, a Busscar ganhou reconhecimento no mercado brasileiro e internacional, desenvolvendo tecnologia própria na concepção e fabricação de soluções para este “meio de transporte coletivo” elemento importante para a crise da mobilidade urbana nas engarrafadas cidades brasileiras e catarinenses. 
   Um dado importante, a BUSSCAR empregou em sua época dourada – 5.000 trabalhadores diretos, que produziam tecnologia própria , um escândalo para nossos governantes domesticados pela lógica globalizada. As sucessivas tentativas de recuperação judicial, para reescalonamento de uma dívida de R$ 870 milhões, foram rejeitadas pelos bancos credores (privados e oficiais), resultando no fechamento daquele símbolo da pujança empreendedora catarinense.
   A cerimoniosa ostentação de nosso espetacular cinismo governamental uniu governistas de todas as plumagens para a foto póstera , demonstrando novamente que diante da vontade política, toda a máquina estatal dá fluidez aos desejosos interesses privados, para construir e destruir empreendimentos. A opção para produção automobilística do carro dos sonhos de nossa elite provinciana e colonizada traduz de forma cabal qual a opção preferencial dos gestores em torno da solução dos problemas do transporte nas cidades: ao invés da necessidade coletiva , o privilégio para a mobilidade individual e de luxo.
   Em síntese , melhor sofrer no engarrafamento dentro de uma BMW , gerando parcos empregos para os catarinas eufóricos da elite funcional do sistema , do que produzir ônibus com tecnologia nacional de uma empresa local para massa de trabalhadores espremidos na marca rejeitada pelo sonho inadiável de nosso operosos governantes.No ímpeto de pegar atalhos nas cidades engarrafadas, com veículos de marcas globais, tomei uma decisão minimalista inadiável, providenciei o aluguel de um terreno para criar pangarés crioulos que poderão ser usados com maestria na próxima eleição. Em breve mandarei um plano de investimentos para os bancos públicos com intuito de angariar alguns níqueis para montar pastagens na linha de produção de pangarés que serão utilizados pelos barnabés cosmopolitas.

2 comentários:

  1. Muito sensacionalismo para dizer o obvio.O governo errou em ignorar e não priorizar a BUSCAR, entretanto, a vinda da BMW trara benefícios sim para nosso povo. Acredito que o erro não se encontre pressente apenas na "canetada" de nosso "espetaculoso" e "genialíssimo" governador e sim esteja presente no mais profundo amago de nosso sistema educacional que ineficiente nos empurra cada vez mais para uma sociedade de "status", consumo e ilusório "Glamour".

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