segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Agente causador ou vítima?


   Por Armando José d’Acampora*

   Causa surpresa a extensa cobertura da mídia relacionada ao óbito de um cinegrafista, inicialmente imputada a truculência da Polícia. Desta vez, e certamente em muitas outras, a Polícia não foi a vilã que a mídia tenta revelar.
   Outro espanto, é que o cinegrafista não portava nenhuma proteção para documentar uma agitação social, sequer uma máscara contra gases, nenhum capacete. Só portava seu instrumento de trabalho: a câmera. Onde estão os protecionistas dos trabalhadores num flagrante desses, que se vê todos os dias nos jornais da mídia?
   É lógico que ele, o cinegrafista, tenha família e que a mesma esteja, lamentavelmente, a sofrer pela ação inconsequente dos rebeldes ativistas, devidamente orientados para a ação e portando artefatos explosivos doados sei lá por quem, para instalar e manter a desordem e o quebra-quebra.
   Também faz parte da mesma lógica, que apareça um ou mais advogados para defender os ativistas, de maneira gratuita, realizando o início da sua caminhada para a vida eterna, pois certamente acreditam que exista o céu, e lá querem chegar, na sua vida seguinte.
   O que me chama mais a atenção é que morrem no Brasil mais pessoas que no terrorismo do Iraque, por exemplo, vítimas da violência urbana que nos cerca. Muitos são mortos por portarem inocentemente um relógio do Paraguai ou um par de tênis da mesma origem. Sem falar nas vítimas dos acidentes de trânsito.
   Quando a Polícia realiza seu trabalho de repressão aos atos infames, aparecem advogados, políticos a procura de visibilização na mídia, ONGs, CNBB, OAB, Direitos Humanos e uma gama de outras instituições exigindo que as autoridades cumpram todos os direitos constitucionais dos acusados, como conforto nas instalações das instituições prisionais, boa comida, visita íntima, banho de sol, trabalho fora da cadeia, e assim por diante, dando a impressão de que os infratores é que são as vítimas do mal feito e não os seus autores. Serão eles, os infratores, portadores de maior direito à cidadania que as vítimas?
   E as verdadeiras vítimas? Aquelas que foram roubadas, que sofreram a violência dos vândalos ou mesmo dos pequenos marginais, alguns com uma folha corrida tão extensa que a própria Polícia já os conhece de longa data.
   Na era da informática, onde tudo é sabido ou visto virtualmente, onde o cidadão de bem é vigiado 24 horas por dia, num estado de vigilia virtual por câmeras instaladas em todos os vãos e desvãos do caminhar da sociedade, não é possivel acreditar que as Polícias não se comuniquem umas com as outras, ou que o banco de dados que uma possui, não consegue ser lido pela outra, pois os sistemas não se comunicam entre si. Não há troca de informações. Não há integração entre os sistemas de informação do país. Bastava se comunicar com o banco de dados da Receita Federal, a qual não deixa passar nenhum dos sonegadores de imposto sobre o salário, ou do Banco Central, quando o indivíduo movimenta sua conta bancária.
   Esta falta de comunicação voluntária entre as instituições favorece, e em muito, ao meliante, que consegue carteira de identidade de morto em um estado, e um passaporte para o mesmo morto em outro, saindo livremente do país. Aliás, o morto até votou nas últimas eleições.
   Se somos assim perseguidos pela captação de imagens, porque não atender as verdadeiras vítimas que estas imagens mostram? Porque tratar o marginal como se ele não tivesse sido retirado da sociedade por alguma falta grave? A impressão que fica, é que cadeia para infrator é prêmio, e não castigo.

* Médico, Cirurgião, Professor Universitário

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