segunda-feira, 31 de março de 2014

Mandato tampão


   Em tempo de reforma ministerial, obra de um governo em crise institucional, política, econômica e social. Nossa silenciada governanta do Planalto Central , inexperiente na gestão institucional , desalojou dos cargos políticos todas as mulheres - paradoxal para as feministas , nomeando políticos-homens. 
   Sabemos que a questão de gênero - com a devida participação feminina em cargos significativos e representativos da república foi uma marca distintiva da era dilmista. Porém, nosso honorável ex-Presidente é pragmático e astuto - tratou de impor a substituição para estabelecer a ordem das alianças no "presidencialismo de cooptação" , obra "sui generis" do lulo-petismo em tempos de crise. 
   O desalojamento da ministra , da Secretaria das Relações Institucionais, e, por tabela, o rebaixamento no status ministerial , é o primeiro caso de criação de mandato-tampão para uma vaga no TCU - Tribunal de Constas da União, espaço institucional que deveria ser preenchido por servidores de carreira, e, replicado no âmbito estadual - se repete corriqueiramente a bolsa de apostas para uma indicação com grande valor para aposentadoria de figuras políticas carcomidas pela prática condenada e condenável de suas ações. 
   Eis o enredo da excrescência política que um partido político que outrora pregava ética produziu. A polivalência de políticos é assustadora - de professora-sindicalista à especialista em pesca, relações institucionais e direitos humanos . Realmente , a licenciatura em Física é uma graduação perfeita para os políticos que almejam frequentar o poder!!!
(Eduardo Guerini)
Leia também:

A cotação da fé anda em baixa...


    Leio nas páginas do DC que o Prefeito João Amin(PP) entregou ao Provedor da Irmandade do Senhor dos Passos, Luiz Mário Machado, doação de R$ 50.000,00 para a realização da Procissão do Senhor dos Passos, a mais popular e antiga manifestação religiosa e cultural de Santa Catarina. Deu, também, apoio ao enquadramento da celebração como patrimônio cultural da cidade.
   Se comparadas as doações de dinheiro público para eventos privados podemos deduzir que a fé anda em baixa no conceito dos dirigentes do nosso estado e município. 

Clique nos links e compare:


Queima de fogos e shows do Reveillon (RBS) 2013: 
Prefeitura de Florianópolis repassa R$ 4.645.000,00 para o Grupo RBS e, em 2014, adita o contrato em 19.913886% repassando mais R$ 925.000,00.



















...é, realmente a cotação da fé anda em baixa.

domingo, 30 de março de 2014

Como acabar com uma Feira do Livro

Cena do filme Fahreneit 451 
   Por Luiz Carlos Amorim*
   Semana passada tive o desprazer de ver, no Jornal do Almoço, matéria sobre a Feira Catarinense do Livro, realizada em Florianópolis há 3 anos: há a possibilidade de que a feira não aconteça este ano, porque o espaço onde as feiras do livro – Feira Catarinense do Livro e a tradicional Feira do Livro de Florianópolis - têm sido realizadas, nos últimos anos, não pode mais ser cedido pela prefeitura da capital, conforme a Superintendência do IPHAN em Santa Catarina.
   A desculpa é que a feirinha de hortifrúti, que é realizada ao lado do mercado, não pode ser retirada dali por 9 dias. Também porque o Iphan proibiu, a partir de 2012, que fossem realizados eventos de comercialização de produtos na frente do prédio da Alfândega, porque ela é considerada patrimônio histórico do Estado. Ora, a feirinha já se deslocou, em outras épocas, para vários lugares, além da praça do chafariz em frente à Alfândega -,inclusive aquele espaço em frente ao terminal Florianópolis, que poderia ser usado de novo, porque é um espaço morto. Mas há outros espaços. Já a feira do livro precisa de um espaço como o Largo da Alfândega, que fica bem dentro do fluxo de público, entre o centro da capital e os terminais de ônibus. E incentivar a leitura é tudo o que precisamos, atualmente.
   É bom não esquecer que as Feiras do Livro de Florianópolis – duas por ano - são realizadas no Largo da Alfândega há 13 anos. E, segundo a Câmara Catarinense do Livro, realizadora das feiras do livro, “O IPHAN não autorizou a ocupação do espaço, por solicitação da SESP - Secretaria de Serviços Público de Florianópolis.” Isso é muito grave.
   No final do ano passado, a feira já sofreu restrições, teve que ser reduzida à metade, mas ficou lá, no espaço de sempre, lado a lado com os feirantes de hortifrúti. Está faltando boa vontade do poder público, e não é de agora. O desmonte da feira do livro já vem de muito antes da proibição do Iphan.
   Já faz uns bons anos que a feira é simplesmente um local para venda de livros, sem nenhuma outra atração, sem nem espaço, mais, para os escritores da terra. Simplesmente porque não há apoio nem do município, nem do Estado, nem da União. Outras feiras pelo Estado, como a de Joinville e de Jaraguá do Sul, entre outras, tem crescido espetacularmente, enquanto que as de Floripa só tem diminuído.
   Escrevi artigo sobre a falta de apoio da feira do livro da capital quando da edição do final do ano passado e um dos parágrafos finais era o seguinte: “A Feira do Livro de Florianópolis vem diminuindo a cada ano, por falta de apoio tanto do Estado quanto do município. O evento vem sofrendo um processo de esvaziamento e, a continuar assim, no próximo ano não teremos feira do livro na capital.” Infelizmente, parece que o que disse está se cumprindo.
   Espero que a Prefeitura da Capital e o Estado lutem e intercedam junto ao Iphan para que a cultura catarinense pare de ser tão desprezada, não fique mais no abandono em que se encontra até aqui. É preciso que a Câmara Catarinense do Livro conte, como já disse, com o apoio do município, do Estado, da União e da iniciativa privada para que possa realizar uma feira do livro à altura de uma capital. Com grandes nomes da literatura e da arte. É preciso que o poder público dê mais valor à cultura.

   *Sobre o autor: Luiz Carlos Amorim é Coordenador do Grupo Literário A ILHA em SC, com 33 anos de atividades e editor das Edições A ILHA, que publicam as revistas Suplemento LIterário A ILHA e Mirandum (Confraria de Quintana), além de mais de 50 livros.
Foi eleito a Personalidade Literária de 2011 pela Academia Catarinense de Letras e Artes e ocupa a cadeira 19 da Academia Sul Brasileira de Letras. Foi o representante de Santa Catarina no Salão Internacional do Livro de Genebra, com o lançamento de 3 obras suas, participação na antologia Varal do Brasil e com a divulgação de escritores que não puderam ir, com a revista Suplemento literário A ILHA.
   Editor de conteúdo do portal PROSA, POESIA & CIA. e autor de 29 livros de crônicas, contos e poemas, três deles publicados no exterior. Colaborador de revistas e jornais no Brasil e exterior – tem trabalhos publicados na Índia, Rússia, Grécia, Estados Unidos, Portugal, Espanha, Cuba, Argentina, Uruguai, Inglaterra, Espanha, Itália, Cabo Verde e outros, e obras traduzidas para o inglês, espanhol, bengalês, grego, russo, italiano -, além de colaborar com vários portais de informação e cultura na Internet, como Rio Total, Telescópio, Cronópios, Alla de Cuervo, Usina de Letras, etc.
   Leia o blog Crônica do Dia.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Manifesto de Resistência Do Coletivo Marxconheiro

   Pô Cara, pô companheiro, 
   Nosso presente Manifesto serve, assim, pô... à condenação da truculenta ação policial, caracterizada pela racialização, higienização e ataque homofóbico  à comunidade LGSBTRWZFDY, à nossa célula ufisquiana marxconheira e ao nosso  irrestrito respeito aos democráticos protocolos bolivarianos que asseguram a liberdade de expressão dos que concordam com a gente. 
   Pô cara... também contra as cotas.
   O livre território planetário constitucionalmente assegurado por nossos estatutos, não pode ser invadido pelas forças conservadoras e retrógadas, a serviço do capitalismo internacional, subordinados à ordem mundial teuto-maçônica-winsconsiana e às empreiteiras ligadas ao poder constituído, nefasto aos interesses dos coletivos de alguma forma representados pelo Protocolo Anarquista Paris-Texas. 
      Pelo vôo da Águia Albanesa!
      Pela mujicação da UFSC!
      Pela Sicília Livre!
      Pela Criméria Russa
      e pelo correio chega mais devagar!

  BOTAFOGO e BOMSUCESSO!
    Valdi (El Tigre) Wenders

Porcos, maconha, arruaça na UFSC e o jornalismo da RBS

                                                                                                   Foto de Marco Santiago
O perigoso professor Paulo Pinheiro Machado sendo contido pelas forças de segurança
   Estava eu abrindo os trabalhos em uma casa de jogos clandestina na manhã de ontem quando escutei o nosso "quiridu" jornalista Mário Mota anunciar que entrevistaria o professor Paulo Pinheiro Machado, da UFSC.

   Bem, o Mário todos conhecemos. Jornalista com vários anos de janela, apresentador do programa Notícias da Manhã na rádio CBN Diário, e do Jornal do Almoço na RBS TV, empresas do Grupo RBS.

   Paulo Pinheiro Machado é graduado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestre e doutor em História pela Universidade Estadual de Campinas, pós-doutorado pela Universidade Federal Fluminense e pela Universitat Autonoma de Barcelona. 
Atualmente dirige o Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC. Publicou um livro definitivo sobre a Guerra do Contestado além de ser um ser humano extremamente doce, educado e com o defeito de falar  verdade.
   
   O professor acabou virando personagem de destaque ao tentar intermediar o violento conflito entre estudantes e professores contra a tropa de choque da PM dirigida pela Polícia Federal dentro do campus universitário.

   Não vou aqui entrar em detalhes sobre quem teria razão ou não no conflito. Não defendo os estudantes que estavam "apertando um", nem "porco" da Federal. Mesmo porque na minha escala de preferencias de drogas a maconha vem em último lugar. É emburrecedora! O que gostaria de comentar foi a hilária entrevista que o Mário Mota fez com o Professo Paulo Pinheiro Machado.

   O anúncio do nome do professor Paulo me chamou a atenção por a CBN Diário estar, surprendentemente, fazendo jornalismo. Olha o "outro lado" aí geeeente! 

   Ledo engano!

   Pois foi exatamente o defeito, de falar a verdade, do professor Paulo que estragou toda a carne que era para a linguiça.  Logo no início da entrevista o professor Paulo começou a relatar a sua versão dos fatos e, numa rápida digressão, comentou a edição de imagens que a RBS mostrou na TV sobre o "Levante do Bosque", nome estóico que alguns estudantes deram para a arruaça entre mascarados armados e estudantes acontecida na UFSC.

   Para Paulo Pinheiro Machado a manipulação de imagens feita pela RBS, mostrando primeiro os carros da polícia virados pelos estudantes e depois o início do conflito, invertendo intencionalmente a cronologia dos fatos, foi extremamente negativa para a imagem de estudantes e professores envolvidos no imbróglio.

   Pronto! Bastou essa denúncia sobre o péssimo jornalismo praticado pelo Grupo RBS para que o Mário Mota interrompesse, em voz alta, disputando a "latinha" com o professor Paulo e impedisse o andamento da entrevista.

   Falavam os dois ao mesmo tempo e, aquele que foi chamado para colocar a sua versão dos fatos ficou impedido de falar. A coisa foi hilária! O jornalista Mário Mota surtou e não parou mais de falar interrompendo o professor o tempo todo. Parecia temeroso com o que poderia acontecer depois daquela entrevista. Apresentadores de programas ao vivo correm esse risco. Abrem as portas da casa para alguém que vem criticar a própria empresa. Isso, não raras vezes, acaba em demissão!

   Vou telefonar para o professor Paulo, ainda hoje, para saber a sua versão dos fatos. Pela CBN Diário foi impossível saber!

   Lamentável esse tal de jornalismo...





quarta-feira, 26 de março de 2014

O Levante do Bosque

SCGás: ex-diretor continua com bens bloqueados


 
   O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) recorreu e conseguiu manter o bloqueio dos bens do ex-Diretor Técnico da SCGás, Walter Fernando Piazza Júnior, até que seja julgada a admissibilidade do recurso ministerial que contesta a decisão que extinguiu o processo de primeiro grau e liberou os bens do réu. A decisão favorável decorreu do entendimento de que o Ministério Público do Trabalho não tem atribuição para ajuizar ação civil pública na justiça estadual.
   Originalmente ajuizada na Justiça Federal pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), a ação civil pública questiona a contratação de servidores sem concurso público pela SCGás. O Juiz Federal entendeu ser incompetente para o feito e declinou da competência à justiça estadual. Assumindo a ação, o Juízo de primeiro grau recebeu a inicial, decretou a indisponibilidade dos bens dos diretores da empresa e de outros envolvidos e determinou a notificação dos réus.
   Após sucessivos recursos no Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), Piazza Júnior obteve decisão favorável em agravo regimental, que determinou o arquivamento da ação de primeiro grau e a liberação dos bens dos envolvidos. O TJSC entende que o MPT é parte ilegítima para ajuizar ação civil pública na justiça estadual e que não é possível a ratificação do feito pelo MPSC.
   Inconformado com essadecisão, o MPSC impetrou recurso especial para que ele seja julgado pelo Superior Tribunal de Justiça. No entanto, o recurso deve antes ser admitido pelo TJSC, fato ainda não ocorrido. Além disso, o MPSC ajuizou medida cautelar requerendo que o recurso especial tenha efeito suspensivo - ou seja, que a decisão que arquivou a ação não se efetive até que o recurso do MPSC tenha a admissibilidade julgada - e que até lá permaneçam indisponíveis os bens dos réus. A medida cautelar obteve decisão favorável da 2ª Vice-Presidência do TJSC e ainda é passível de recurso.

Mercadores de Átimos de Tempo


   Por Eduardo Guerini   

   Com sua clepsidra política, contando
 os segundos que serão importantes
 para a campanha eleitoral no rádio
 e televisão, e, como políticos se transformam em mercadores de átimos. 

   Os fundamentalistas, pragmáticos e oportunistas da classe política brasileira, notadamente, os nossos atuais mandatários - em todos os níveis, do Planalto Central a planície das unidades federativas, se movimentam nos corredores palacianos para definir o enredo da campanha eleitoral em concurso.
   Desde o período da transição democrática, o processo eleitoral se inicia com as conversas entre lideranças partidárias e militantes, com maior ou menor grau de adesão, dado que a maioria das legendas partidárias mantém um padrão coronelista e clientelista em suas hostes político-partidárias.
   Não sejamos tolos, o pluripartidarismo brasileiro é um peça teatral, as grandes agremiações mantem uma maioria congressual, e, capilarização política, impedindo a participação das agremiações nanicas – as siglas de fachada e de aluguel. O que determina a força partidária é o seu fundo partidário aliado à plêiade de cargos comissionados a serem rateados pelos oportunistas de plantão.
   Nesta condição, a peça teatral se transforma em ópera bufa e dissonante - os exemplos pipocam em todos os cantos da gestão pública brasileira –de ministros mumificados nas relações institucionais, desviantes nas suas tarefas, a secretários de fantasia, sem formação ou critério estabelecido – basta uma ficha abonada.
   Para o cidadão, suspeito de uma representação efetiva, indignado com a condição existencial pela qualidade dos serviços ofertados pela classe política, os manifestos foram um momento de vazão a sua incapacidade de participar cotidianamente da “mesa farta do poder”. Eis o que imageticamente aparece aquele sujeito que assiste a campanha em curso pelo rádio e televisão, muitas vezes, pensando e lendo colunas políticas de jornalismo “chapa-branca”. Afinal, o jornalismo político que se preza, não critica, nem adula – narra e descreve.
   Na atual conjuntura política brasileira, os partidos – à esquerda ou à direita, e, ao centro, em síntese – todos, perderam a capacidade de dialogar com a sociedade, com os cidadãos, e, trataram de representar seus próprios interesses, desenvolvendo um “cretinismo político”, como Marx tão bem definiu em suas obras. Porém, o cretinismo político foi condimentando pelo cinismo das aparições nos programas midiáticos – todos elaborados pelos magos marqueteiros - que tratam de vender aquilo que nunca teremos – uma classe política menos pragmática e oportunista.
   No balanço inicial de campanhas eleitorais em ebulição, as disputas e fracionamentos de alianças que nos governam , demonstram uma vez mais que, o problema central são átimos de tempo para garantir uma aparição fulgurante, e, noutra ponta, encher as burras pela sangria dos cofres públicos. Alguém tem dúvida que a máquina irá funcionar a todo vapor???

terça-feira, 25 de março de 2014

Prefeito Soiza viaja para aprender...


   O prefeito Soiza, não se sabe com qual comitiva nem agenda, viajou para Bogotá na Colombia. Na verdade, o destino Bogotá é apenas uma cortina de fumaça branca para proteger o objetivo final da viagem. Soiza vai até Cochabamba, na Bolívia, onde terá aulas com o grande Xamã Picu Luiu para fortalecer suas cochas.
   Depois do aumento do IPTU, do Plano Diretor e de outras providências tomadas nas cochas, verificou-se que elas são bambas. Na Bolívia, Soiza comprará uma frota de ônibus (500 unidades) para melhorar a mobilidade urbana na Ilha. O modelo escolhido deverá ser o PI-FOU 356 M, da foto.

segunda-feira, 24 de março de 2014

PLEBISCITO JÁ!


   Por Márcio Dison*
   Recuso-me a escrever o nome da cidade em que moro. Quando preencho um documento abrevio para Fpolis. Houve época em que escrevia Nossa Senhora do Desterro. E ultimamente passei a adotar Ilha de Santa Catarina. Porque homenagear o tirano Floriano Peixoto é o mesmo que adotar oficialmente o título de pato da Ilha dos Patos.

   Não se trata de aceitar a história, como quer o brilhante colunista Sérgio da Costa Ramos. É com os erros históricos que aprendemos a pensar com clareza o futuro. Não consigo me conformar que o nome da Capital do Estado tenha vínculo direto com o massacre de Anhatomirim. O número de mortes causado pelo advento do federalismo pode chegar a 185, alguns muito ilustres ilhéus, outros nem tanto.

   Não se trata de discutir monarquia ou presidencialismo. Estamos falando de mortos sem julgamento por ordem de Floriano. Telegrama de 8 de maio de 1894 diz textualmente: “Marechal Floriano – Rio – Romualdo, Caldeira, Freitas e outros, fuzilados segundo vossas ordens. Antônio Moreira César. A autenticidade do telegrama é contestada mas não existe rua Antônio Moreira César em Floripa. Há um distrito em Pindamonhangaba(SP),onde nasceu. Na Campanha de Canudos, na Bahia, prendeu até padres e acabou morto 12 horas após levar um balaço no abdome, em 1897.

   Por ordem de Floriano Peixoto, militares e civis eram sumariamente presos e fuzilados, outros enforcados num velho pé de araçá na parte sudeste de Anhatomirim. Entre os mortos após a assinatura da ata de rendição ao Governo Provisório consta um herói da Guerra do Paraguai, o Barão de Batovi. A lista oficial de mortos tem 43 nomes. Não importam os números. Há que se discutir as mortes, questionar a homenagem e realizar plebiscito pela mudança do nome da cidade.

   Para resgatar a memória dos assassinados. Não estamos todos a rever democraticamente os atos horrendos da ditadura militar? Por que não podemos recordar e redimir questões mais antigas?

   Um plebiscito para decidir a questão pode ser organizado rapidamente pelos mestres em Informática do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina ainda para o pleito deste ano.

   No momento em que comemoramos os 288 anos da Ilha de Santa Catarina, nada mais justo que toquemos numa ferida ainda aberta em centenas – senão milhares - de corações e mentes que entendem que a história é invariavelmente escrita pelos poderosos, com tinta cor de sangue. Mas nunca é tarde para reparar o que a subserviência construiu ou deixou se perpetuar.

*Jornalista

domingo, 23 de março de 2014

A importância do episódio Titon - LOBBY


    Por Jaison Barreto

    Não cabe a mim julgar o episódio lamentável envolvendo o nome ilustre do Deputado Estadual Romildo Titon, Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina.
   O que se espera é que o Ministério Público e a Justiça do Estado, concedendo amplo direito de defesa ao acusado, julgue a verdade dos fatos. É o que se deseja.
   Dimensão maior, importância na sua significação teria, se elevássemos o nível da preocupação para um problema que afeta a política brasileira no seu conjunto.
   Uma colocação do Deputado no seu discurso na Assembleia Legislativa chamou a atenção: Quais de vocês não intermediou tais preocupações?
   No mundo civilizado e por isso democrático, o lobby já tem regras e definições claras e definidas com crachá e tudo, mesmo se tratando de um assunto com áreas realmente cinzentas de interpretação.
   Lobista é lobista, parlamentar é parlamentar.
   Os alemães, os franceses, os ingleses, os americanos sabem defini-los, o povo também.
   No Brasil a coisa é diferente. Os ladrões do orçamento, os destinadores de verbas públicas, os traficantes de influência são os verdadeiros responsáveis pelo descrédito dos nossos representantes políticos, seja nas Câmaras de Vereadores, Assembleias Legislativas, Câmara dos Deputados e Senado Federal.
   É isso que temos que discutir.
   Existem projetos na Câmara dos Deputados e no Senado definindo ou regulamentando esses assuntos, bloqueados pelos espertalhões.
   É incompatível que alguém se eleja para Deputado Federal ou Senador por exemplo, com mandato de quatro ou oito anos no legislativo e que só o exerça nas horas vagas e de acordo com seus próprios interesses, agindo com “hibridismo”, duplicidade, no Poder Executivo, onde se amamentam, se desenvolvem, constroem sustentação e prestígio no usufruto do dinheiro público.
   Os exemplos estão aí na cara de todo mundo e os nomes vocês conhecem.
   Salvo melhor juízo, isso não merece respeito. Alguns agem assim por desavisados, mas a maioria é por desavergonhados que são. Constroem seu prestígio político, suas pretensas lideranças nessa atividade malandra, impressionista, misturando o interesse público com o privado.
   Esta definição de postura não pode ser uma decisão pessoal de quem quer que seja. Cabe ao “Estado” defini-las em seus exatos termos. A roubalheira no Brasil tem muito a ver com isso, inclusive com o descrédito da classe política, representação popular.
   Que os honestos não se ofendam, mas que os malandros saibam que a população irá puni-los.
   Pensemos nisso.
   Saudações Democráticas.

sábado, 22 de março de 2014

Saint Horácio's Day

Neste sábado tem festa em memória a Horácio Braun em Blumenau21 de março de 2014

   Me dói não ter conhecido pessoalmente a figura do Horácio Braun. Nesta segunda-feira, dia 24, serão lembrados os sete anos da morte desse boêmio criativo, jornalista, humorista, chargista, cronista, publicitário, músico e agitador cultural. E para um cara que em uma vez resolveu fazer o Réveillon no mês de julho por que “o ano estava muito chato”, não é com luto que essa data será marcada. (Do Vinícios Batista no Contracapa))
Esse santinho todo boêmio tem que guardar na carteira.

   Outro boêmio da cidade, Fábio Wollstein, do Butiquin Wollstein, criou uma bela homenagem. Pra deixar a tradição irlandesa do Saint Patrick’s Day de lado um pouco, ele criou o Saint Horácio’s Day. A festa em homenagem ao Horácio rola neste sábado à noite com a banda The Zorden, lá no aconchegante espaço do Butiquin Wollstein, na Rua Floriano Peixoto, no Centro de Blumenau.
   Na época dos cinco anos da morte de Horácio, o Santa relembrou algumas das pérolas dele publicadas no jornal.

Confira e divirta-se:
“Hoje só chego amanhã”.

“Pensando bem… A gente até poderia gostar mais das segundas-feiras se elas começassem na terça, como na Câmara Federal e no Senado, né não? “

“Escuta aqui ô… Metido como sou ( se não fosse assim, eu seria de proveta!), porém sem querer fazer fuxico, fofoca ou mexerico, mas tem uma coisa que eu admiro muito nos homens: as suas mulheres!

Leias mais sobre "o pensamento Horaciano". Beba na fonte.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Florianópolis 288 anos

Fatia do Bolo
                                                                                                                                                                 Márcio Dison

quinta-feira, 20 de março de 2014

Um governo de factóides

   Como diria o tio Bruda, "o Raimundo não muda nem o sotaque nem o semblante, tá sempre igual". Com a cara de bonachão do interior, Raimundo Colombo é incapaz de negar qualquer pedido. Mesmo que não cumpra e mais tarde, quando cobrado, até diga que não se lembra de ter prometido alguma coisa. Prometer e não cumprir se tornou a marca do governo de Raimundo Colombo. 
   "O dinheiro tá na conta!", esse é o mantra repetido pelo governador diariamente e já virou slogan do seu governo.
   Aliás, esta tem sido a marca de todos os governos, municipais, estaduais e federal. Com investimento de bilhões em propaganda, os governantes mentem, enganam, prometem e nada cumprem, mas veiculam em rádio, tv e jornais números mirabolantes de obras e pesquisas que somente eles tem acesso. Por aqui, em SC, se inagura até ordem de serviço. 
   As explicações e a ira do governador Raimundo Colombo sobre o não cumprimento dos contratos por parte da empreiteira Espaço Aberto na (eterna) restauração da Ponte Hercílio Luz mostram um político humilhado, cansado e hesitante. 
   Desde a sua posse em 01 de janeiro de 2011, o governador Raimundo tem primado por fabricar factoides, por mais absurdos que possam ser. Fala, promete, se compromete, estabelece datas e não cumpre nada. 
   Fica tudo no "éter" do rádio e fazendo a festa de empreiteiras como a Espaço Aberto, queridinha do governo e (i)responsável por obras importantes como a duplicação da SC-401, da odovia que dará acesso ao novo terminal do aeroporo Hercílio Luz, duplicação da SC-403 (Ingleses) e da recuperação da ponte Hercílio Luz, entre outras.. 

OS FACTÓIDES DO GOVERNADOR RAIMUNDO COLOMBO


LIGAÇÃO ILHA CONTINENTE – 4ª PONTE

Veja a "super produção" da ponte que estava prometida para 2014



BR-470 - promessa feita em janeiro de 2011.

PENITENCIÁRIA de Fpolis: Promessa feita em 27/06/²¹¹

VOLTA AOS QUARTÉIS: promessa feita em 12/01/2011

ECONOMIA DE R$ 1 BILHÃO: promessa em 03/01/2011

MUTIRÃO DA CIRURGIA: promessa em 26/06/2011
EMPRESA ALEMÃ EM LAGES - em 16/05/2011






















AEROPORTO DE JAGUARUNA - promessa de 2011



ASFALTO NA COXILHA RICA - maio de 2013

























CENTRO DE TRIAGEM SÃO LUCAS - Janeiro de 2011





















REVERSÃO DA MERENDA ESCOLAR - em 23/07/2011.






















quarta-feira, 19 de março de 2014

Luiz Henrique Born Hunter


  Um grupo de amigos, de diversas tendências e preferências, comentava na Kibelândia sobre a entrevista do ex- governador e atual senador Luiz Henrique, apresentada na TV COM, com o jornalista Cacau Menezes.
   Aos 74 anos ele deu uma “aula” de política apesar da memória cansada. Primeiro disse que sempre foi amigo do Bornhausen, quando na verdade é amigo do governador que é o empregado da família de alemães do Vale do Rio Itajaí.
    Depois disse que foi eleito governador graças aos erros de seu adversário e a um plano de descentralização do governo. Disse que as secretarias regionais são a certeza de que o governo está ao lado do cidadão.
   Esqueceu-se de lembrar que Raimundo Colombo as chamava de “cabides de empregos”, as tais SDRs.
   Risonho disse que assistiu recentemente ao tenor italiano Andrea Boccelli e que lamenta que não tenha havido a apresentação em Florianópolis por picuinhas políticas.
   Disse ainda que o PMDB deve apoiar a reeleição de Colombo porque o PMDB não tem um candidato para vencer as eleições de 2014. Com esta afirmação desclassificou seus companheiros e colocou-se como o único capaz.
   Admitiu não ter conseguido retirar a penitenciaria da Trindade e não ter conseguido o gabarito de doze andares para a construção do Centro Administrativo ao lado das instalações do BESC, na SC 401.
   Lamentou os atrasos na reforma da ponte Hercílio Luz e nada falo sobre o metrô de superfície. Disse que o Cesar Souza Jr. vai amadurecer.
   Finalmente, admitiu cumprir seu ultimo mandato quando irá ler e escrever em sua casa em Joinville.
   Disse que a aritmética política não depende dos números, mas da coerência e da postura em relação aos aliados. E exemplificou dizendo que Jaison Barreto e Esperidião Amin, depois de uma disputa ferrenha em 1982, perderam a eleição para Edson Andrino na capital.    Esqueceu-se de comparar o perfil do candidato da AST com o perfil do candidato do PMDB.
   Assim como se esqueceu de dizer que sendo adversário da família Bornhausen, nela buscou apoio para governar, para se reeleger governador e para formar a tríplice aliança.
   Algumas considerações: Luiz Henrique tem memória eletiva, elegendo como verdadeira qualquer situação que lhe seja favorável. Reescreve a história de acordo com sua vontade. É possível que antes de abandonar a vida pública troque de sobrenome para fundar sua dinastia.

terça-feira, 11 de março de 2014

Da lata...lembram?

Houve uma vez um verão muito louco…
Um mergulho de Claudio Manoel no inacreditável caso do navio gringo que despejou toneladas de maconha no litoral brasileiro nos anos 80

   Se você nunca ouviu falar, certamente não era nascido na época. Um caso fantástico, muito doido, completamente improvável. Tem dezenas de versões e invenções, mas, acredite, aconteceu. É tão implausível e fascinante que me atraiu para mergulhar fundo nele, com a intenção de, se tudo der certo, levá-lo às telas em breve, num documentário que pretendo dirigir (junto com meus parceiros Micael Langer e Calvito Leal), aproveitando o embalo da experiência bem-sucedida do nosso Simonal — Ninguém Sabe o Duro Que Dei.

   O “Verão da Lata” começou num belo dia de setembro de 1987, portanto ainda na primavera, quando as primeiras delas começaram a aparecer. Logo quando foram achadas e abertas, a notícia se espalhou como fumaça. Latas e latas de maconha, centenas, milhares, surgiram do nada numa grande faixa de nosso litoral. Dezenas de policiais e incontáveis “interessados” se mobilizaram. As latas foram capturadas por repressores e consumidores e todos os lados trataram de espalhar sua fama. A “marofa” que surgiu repentinamente em nossas praias era de um teor bastante alto de THC. Ou seja, além de aparecer em grande quantidade, devidamente enlatada e do nada, a danada não era só da boa — era da ótima! Quando tudo passou, sobrou a lembrança daquilo que ficou conhecido como o Verão da Lata. Depois que tudo passou, nada tinha passado. As latas tinham virado gíria, música, moda. Tinham virado lenda.

   Tudo tem início quando o navio Solana Star, vindo de Singapura ao Brasil com um carregamento de mais de 20 toneladas de maconha acondicionadas em milhares de latas, ao perceber que estava sendo perseguido pela polícia, descarrega sua preciosa carga no mar, abarrotando nosso litoral com a mercadoria (principalmente a costa do Rio de Janeiro, mas atingindo também Espírito Santo, São Paulo e, “dizem”, até Santa Catarina). As latas não paravam de surgir em vários lugares e de produzir manchetes. No início, a ordem das autoridades era apreender a mercadoria e, depois, remetê-la para a Polícia Federal. Mas a quantidade era tanta que foi dada a ordem de incinerar as latas nos locais onde fossem apreendidas. A polícia apertava o cerco e acendia na hora.

   A tripulação do navio conseguiu fugir, sobrando apenas para pagar o pato o cozinheiro do navio, o americano Stephen Skelton. Julgado e condenado a 20 anos por sua participação no “narcotráfico internacional”, o cozinheiro foi conhecer as delícias do Presídio Ary Franco, onde ficou preso por pouco mais de um ano, sendo libertado após um segundo julgamento, que anulou o primeiro. O Solana Star acabou sendo leiloado e transformado no atuneiro Tunamar. Em sua primeira viagem com a nova identidade e função, naufragou perto de Arraial do Cabo, distrito de Cabo Frio, no litoral fluminense. Maldição de Jah?

   
    Leia matéria completa. Beba na fonte.

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CARTA ABERTA AOS MILITANTES


Por Janer Cristaldo

   Mais irritante que o intelectual, só mesmo o intelectual militante. Seja de esquerda, seja de direita, se é que estas palavras ainda têm algum sentido. Por intelectual militante entendo aqueles salvadores de pátria, que lutam para salvar o que pode ser salvo do Brasil. Ora, direis, nada mais nobre do que salvar a pátria. Até pode ser. Mas fazer disso um ofício ou profissão de fé é vigarice.
   Estes vigaristas pululam nestes dias de Internet. Inundam as ditas redes sociais denunciando a corrupção, xingando o PT e os petistas, fazendo da desestatização um mantra, pregando o liberalismo e citando Von Mises e Ayn Rand. Não que haja algo reprovável nestas bandeiras ou no culto a profetas do óbvio. Acontece que o militante se esgota no militar, e se sente um herói incompreendido em seu desejo de um mundo melhor. Sim, eu já fui militante do mundo melhor. Aconteceu nos breves dias em que era católico e pertenci inicialmente à JEC e depois à JUC.
   Por um mundo melhor – este era nosso lema. Nos reuníamos em congressos pelo país afora e voltávamos inflamados, cheios de um entusiasmo sagrado, dispostos a transformar o homem e o mundo. No fundo, estávamos sendo manipulados por padres e marxistas, que faziam do ativismo intelectual uma profissão.
   Eu era dos mais fogosos. Aos quinze, dezesseis anos, era bom de verbo e conquistava platéias. Certa vez, quando nos despedíamos em um congresso em São Paulo, todos cheios de fogo e dispostos a incendiar as cidades para as quais voltávamos, quais um Paulo após a queda do cavalo na estrada de Damasco, uma freirinha abraçou-me chorando: com mil homens como você, salvávamos o mundo.
   Que homens? Que homem? Que mundo? Eu era um adolescente fanatizado, que sequer ganhava a própria vida e a única coisa que sabia fazer bem era falar. Não, não me arrependo nem me envergonho daqueles dias. Eu vivia circunstâncias pelas quais devia passar, para chegar um dia ao entendimento. Não demorou muito para descrer de tudo aquilo em que acreditava e me senti ridículo até o âmago.
   Ainda bem que vivi bem cedo esse ridículo. Aos vinte, não mais militava e tratava de cuidar de meu jardim. Eram dias em que a adultez costumava chegar em seu devido tempo. Hoje vemos barbados, de trinta e mais anos, agindo como adolescentes entusiasmados com a descoberta de um brinquedinho excitante.

O poeta cedo soube disso:

O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.


   Derrotismo? Nada disso. Apenas a consciência de que falar e apenas falar não leva a nada. Quem salva o Brasil – ou qualquer país – é aquele anônimo cidadão que faz seu humilde – ou não tão humilde – trabalho, sem palavras nem intenções grandiloqüentes, mas tratando de fazê-lo da melhor maneira possível. É o padeiro que distribui o pão nosso de cada dia, o garçom que nos serve, o taxista ou motorista que nos conduz. Ou o professor que se sente bem educando, consciente de que está semeando o futuro, o engenheiro que constrói prédios e pontes, consciente de que constrói a cidade humana, o médico que faz o que pode para devolver moribundos à vida, o enfermeiro que dá continuidade à ação do médico.
   Desde jovem, fui tomado por um vício que hoje considero um tanto perverso, o culto aos escritores e artistas. Quando publiquei meus primeiros rabiscos, em uma entrevista, respondi a uma jornalista, com a arrogância típica dos jovens: - Escrevo para expulsar meus demônios. Durante semanas, repousei contente sobre o efeito daquela frase.
   Que demônios? Eu certamente havia lido o chavão em algum lugar e o repetia como se tivesse descoberto a América. Eu escrevia movido pelo motivo que move todos que escrevem, a vaidade. Durante muito tempo, acreditei que nos escritores residia a salvação do mundo. Provavelmente influenciado por Sábato, que sempre defendeu uma espécie de clericatura da literatura. Hoje, me sinto mais inclinado a conviver com engenheiros, médicos, cientistas e técnicos. E, que me perdoem os amigos escritores que ainda conservo, me sinto um pouco mal junto a escritores.
   A verdade é que escritor – hoje no Brasil – é um sofisticado esmoler de favores do erário, um penetra sedento no banquete dos bem aquinhoados. Quando fazia Filosofia, lembro-me que tínhamos profundo desprezo pelos estudantes de engenharia. Nós é que entendíamos o mundo, os candidatos a engenheiro não passavam de mercenários interessados no vil metal e nos confortos burgueses. Uma menina da Filosofia que fosse aos bailes da Engenharia era vista como uma piranha. Na verdade, a moça já descobrira que com os salvadores do mundo não tinha um futuro brilhante.
   Não, não estou traindo a grande arte ou a grande literatura. Entre meus heróis ainda estão Cervantes, Swift, Schliemann, Orwell, Pessoa, Hernández, Mozart, Bizet, Verdi. Mas a vida ensinou-me a admirar aqueles seres que, muitas vezes sem grandes conhecimentos de arte, constroem o mundo em que vivemos. Há moleques na Internet se julgando heróis porque combatem – julgam combater – a corrupção. Como se para combatê-la bastasse dizer: abaixo a corrupção, morte aos corruptos. Em entrevista que devo publicar em breve, eu respondia a um desses jovens salvadores da pátria: - Não simpatizo nada com esses protestos em redes sociais e muitos blogs contra a corrupção. De modo geral, é coisa de militante de sofá.
   Corrupção não é coisa que possa ser combatida – nem mesmo denunciada – por cândidas almas indignadas. Que tem a dizer sobre o Maluf um pobre diabo indignado, se nem a máquina da Justiça consegue colocá-lo atrás das grades? A maior parte dos protestos contra a corrupção que se vê por aí é coisa de bobalhões que se pretendem heróis. Um cidadão comum pouco ou nada pode fazer para combater a corrupção. Poderá fazer algo se estiver muito próximo do esquema corrupto e puder denunciá-lo com provas e documentos.
   Corrupção não é, em princípio, coisa para cidadão comum. É caso para a justiça, para a polícia, para peritos, para jornalismo altamente especializado. Os crimes de lavagem de dinheiro são sofisticados e combatê-los exige uma máquina muito cara e investigadores treinados. A Receita Federal tem enviado auditores fiscais para treinamento nos Estados Unidos. Isto é: se corrupção não é para qualquer um, combatê-la muito menos.
   Há quem me julgue um batalhador das boas causas, alguém que luta por um país melhor. Equívoco. Não luto por nada. Apenas constato e me divirto constatando. Jamais direi: abaixo a corrupção. Isto é bandeira dos militantes do óbvio. Mas me diverte, isto sim, desvelar os baixos instintos que se escondem atrás de causas pretensamente nobres. Escrevo para divertir-me, não para construir mundos melhores. Deixo esta bandeira para os militantes de sofá. Por hoje é só.

segunda-feira, 10 de março de 2014

O roto falando do descozido

Foto: Kleber Steinbach
   Na semana passada o assunto "recuperação da Ponte Hercílio Luz", dominou a agenda da mídia local. Primeiro foi o governador Raimundo Colombo a despejar a sua "santa ira" contra a empreiteira Espaço Aberto pelos recorrentes atrasos e muitos aditivo$ nas obras do nosso cartão postal.
   Raimundo não mediu indignação: ameaçou rompimento de contrato com a Espaço Aberto e contratação de outra empresa com dispensa de licitação por emergência (ilegal).
   
   Tudo espuma! Faz de conta! Balela!

   Logo em seguida foi a vez do empresário Paulo Almeida, proprietário da empreiteira mais querida do PMDB que domina a cena de obras em Santa Catarina desde o primeiro governo de Luiz Henrique da Silveira.
   Paulo Almeida está na dele. Não cumpre o cronograma mas recebe aditivos constantemente. Apresentou um novo cronograma de obras e a promessa de que até 31 de dezembro de 2014 estaremos passeando de automóvel por cima da ponte Hercílio Luz. 
   Tá bom!

   Por último, para completar a peça teatral "governo/empreiteira/obras e muito dinheiro", entra em cena o Tribunal de (faz) Contas do Estado de Santa Catarina.
   Em entrevista ao programa Notícias da Manhã na rádio CBN Diário, o presidente do TCSC, Salomão Ribas Jr., elencou uma série de ilegalidades cometidas pela empreiteira Espaço Aberto. Salomão cobrou do governo do estado pela demora em tomar uma atitude sobre o atraso das obras e sem qualquer aplicação da multa prevista no contrato da empreiteira com o governo.

   Bonito seu Salomão! Pimenta nos olhos dos outros é refresco!

   A Espaço Aberto é a mesma empreiteira que construiu o Palácio de Cristal, nova sede do TC hoje presidido por Salomão Ribas. A nababesca obra que começou em 2008, com custo inicial de R$ 19,2 milhões só foi finalizada quatro anos depois, após dois anos de atraso e 12 aditivos contratuais que elevaram o custo final para R$ 22, 9 milhões, sem qualquer atitude do TC em multar a empresa.

   Casa de ferreiro espeto de pau!

sábado, 8 de março de 2014

Consulta ao jurista italiano Cesare Beccaria

   Um grupo de deputados estaduais, convencido da inocência do deputado Romildo Titon, remeteu para Itália toda documentação relativa à licitação fraudulenta dos poços artesianos no sub-solo catarinense.
   Cesare Beccaria é um renomado jurista italiano, autor do livro Dos Delitos e das Penas, consultor da União Europeia para crimes de colarinho branco e analista financeiro de bancos sediados em Londres e Nova York. É muito amigo de Salvatore Cacciola que hoje é residente em Jurerê Internacional.
   Beccaria aprendeu um pouco de português com seu tio avô Fellippo Beccaria, amigo de Pedro Álvares Cabral, um proeminente navegador português.
   Beccaria, depois de acurada analise dos documentos fez algumas considerações para o Cangablog, com exclusividade.
- Rubim, senti una cosa: Si il diputado Titon é inocente, per che contratou um penalista brasiliano? Per che non contratou um tributarista, considerando che la quantia della gravazione sono solo 20.000 reali?
- Per che non contratou um ingineiro della aqua per averiguare il poço?
- Outra cosa sintomática é la “exceção de competência” levantada por ele, quando il poço sono nelo sub-solo dello stato catarinense.
- Por ultimo el agravo regimentale che será examinado in questo mesi de março, é inutile. Regimento é procedimento, solo procedimento.
   In Italia che um provérbio che dice : Macaco Vecchio no deve potare la mano dentro della cumbuca. 

quarta-feira, 5 de março de 2014

Com mais uma derrota na Justiça só resta a renúncia ao deputado Romildo Titon

Pego em escutas telefônicas em investigação de desvio de mais de meio milhão de reais, Romildo Titon do PMDB, foi afastado da presidência da Alesc. O seu partido esperneou, cometeu algumas "atrocidades" jurídicas na tentativa de livrar o deputado e hoje, 5 de março, sofreu mais uma derrota  no Tribunal de Justiça. Só resta ao deputado pedir a renúncia do cargo de presidente da Assembléia.

   Com a decisão, esta tarde, do Tribunal de Justiça de SC de rejeitar o pedido de transferência da investigação sobre o envolvimento do presidente da Assembléia Legislativa, Romildo Titon (PMDB), para a esfera federal, só resta ao deputado o pedido de renúncia da Casa Legislativa.
   Flagrado pela polícia em escutas telefônicas quando investigava fraudes em licitações de construção de poços artesianos na chamada Operação Fundo do Poço, Romildo Titon foi afastado da presidencia da Alesc no dia 26 de fevereiro, logo após ter tomado posse.
   A cúpula do PMDB imediatamente se mobilizou em defesa do envolvido na roubalheira desfiando um rosário de elogios e o currículo de político honesto e de sucesso com "muitos serviços prestados a sociedade catarinense", sei...sei...
   Abaixo o senador Luiz Henrique da Silveira atestando a honestidade de Titon e dizendo-se confiante de que a Justiça fará justiça. Bola fora!
    A Justiça fez o seu trabalho: justiça!

terça-feira, 4 de março de 2014

No ralo e no fundo do poço...

   Por Eduardo Guerini

Puxando a corda do balde no poço do tesouro  estadual,  seco de recursos para educação, saúde e segurança, porém, cheio de desvios e maracutaias  palacianas para satisfazer a sede de políticos e gestores corruptos.

   Noutro tempo,  partidos, militantes e cidadãos comuns ergueram a bandeira da “Ética na Política”, em todas as partes da federação. A famosa transição democrática, o desejo de um projeto de nação, com governos e governantes menos obscuros, guiavam a sanha por transparência  e satisfação das necessidades essenciais de uma população pauperizada e marginalizada.
   O legado  das décadas de luta pela democracia  e ampliada cidadania, demonstrou ser um caminho tortuoso, carregado de obstáculos e privações que apontam para uma elevada insatisfação de parcela cada vez mais ampla da sociedade.  Os partidos que outrora  estavam ligados aos movimentos sociais na base societal,  tomaram postos  nas esferas municipais, estaduais e federais. O ápice foi à chegada do Partido dos Trabalhadores (PT) ao poder, com o apoio do PMDB,  partido  com ampla capilaridade municipal.
   Em Santa Catarina,  a federação decantada com um “modelo econômico” equilibrado, de gente trabalhadora, famílias se alternam no poder estadual, com variantes entre situacionistas e oposicionistas. A presença de sobrenomes costumeiros no comando, vez ou outra, é alternada por um “capataz” ou “laranja” na condução da máquina governamental.
   O Poder Legislativo catarinense, casa de representantes de mandato popular, se transformou em casa de subserviência rotineira, depois do reinado  de um governante  descentralizador. Na alternância rotineira de eleitos e suplentes – para satisfazer os desejos das bases partidárias, na sucessão de presidentes da Casa, que são agraciados com “mandatos temporários” no Poder Executivo, na raquítica e ocasional oposição que silencia diante de descalabros corporativos, tais como:  funcionários fantasmas, inválidos de festim aposentados, loteamento de cargos em comissão e rapinagem salariais de toda ordem dos funcionários de gabinetes de todos os partidos, etc.
   Na sucessão de fatos que são denunciados por órgãos externos de maneira pálida e sem contundência, afinal, o Tribunal de Contas de Santa Catarina, é uma casa de repouso de políticos em final de carreira, o Ministério Público está enredado na genealogia do poder oligarca que se sucede na província, e,  o próprio judiciário catarinense se submete sazonalmente aos interesses palacianos do governante incumbente de plantão.
   O afastamento do Presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina,  indiciado em  escandalosa rede de superfaturamento e subtração de recursos públicos – fonte inesgotável de financiamento de campanhas eleitorais, nada mais é que o sintoma grave que se observa no cenário nacional - a degeneração e corrupção em todos os grotões do Brasil.
   O caso catarinense resulta de uma equação perigosa e nefasta – oportunistas e interesseiros de ocasião fazem do Estado seu balcão de negócios. Noutro lado, pragmáticos  e corporativos  traçam estratégias de se perpetuar no poder utilizando todos os mecanismos necessários para usar o aparato estatal – nomeando, contratando ou subornando. Todos unidos em torno da corrupção e pilhagem do erário público.
   Na  trágica combinação da governabilidade com cooptação, a ética se esvai ralo abaixo, as esperanças são esquecidas no fundo do poço. Que tenhamos uma “MUDANÇA” na festejada alternância democrática, uma  oposição mais consistente e menos acanhada. SANTA CATARINA  e o BRASIL merecem mais!!!