quarta-feira, 26 de março de 2014

Mercadores de Átimos de Tempo


   Por Eduardo Guerini   

   Com sua clepsidra política, contando
 os segundos que serão importantes
 para a campanha eleitoral no rádio
 e televisão, e, como políticos se transformam em mercadores de átimos. 

   Os fundamentalistas, pragmáticos e oportunistas da classe política brasileira, notadamente, os nossos atuais mandatários - em todos os níveis, do Planalto Central a planície das unidades federativas, se movimentam nos corredores palacianos para definir o enredo da campanha eleitoral em concurso.
   Desde o período da transição democrática, o processo eleitoral se inicia com as conversas entre lideranças partidárias e militantes, com maior ou menor grau de adesão, dado que a maioria das legendas partidárias mantém um padrão coronelista e clientelista em suas hostes político-partidárias.
   Não sejamos tolos, o pluripartidarismo brasileiro é um peça teatral, as grandes agremiações mantem uma maioria congressual, e, capilarização política, impedindo a participação das agremiações nanicas – as siglas de fachada e de aluguel. O que determina a força partidária é o seu fundo partidário aliado à plêiade de cargos comissionados a serem rateados pelos oportunistas de plantão.
   Nesta condição, a peça teatral se transforma em ópera bufa e dissonante - os exemplos pipocam em todos os cantos da gestão pública brasileira –de ministros mumificados nas relações institucionais, desviantes nas suas tarefas, a secretários de fantasia, sem formação ou critério estabelecido – basta uma ficha abonada.
   Para o cidadão, suspeito de uma representação efetiva, indignado com a condição existencial pela qualidade dos serviços ofertados pela classe política, os manifestos foram um momento de vazão a sua incapacidade de participar cotidianamente da “mesa farta do poder”. Eis o que imageticamente aparece aquele sujeito que assiste a campanha em curso pelo rádio e televisão, muitas vezes, pensando e lendo colunas políticas de jornalismo “chapa-branca”. Afinal, o jornalismo político que se preza, não critica, nem adula – narra e descreve.
   Na atual conjuntura política brasileira, os partidos – à esquerda ou à direita, e, ao centro, em síntese – todos, perderam a capacidade de dialogar com a sociedade, com os cidadãos, e, trataram de representar seus próprios interesses, desenvolvendo um “cretinismo político”, como Marx tão bem definiu em suas obras. Porém, o cretinismo político foi condimentando pelo cinismo das aparições nos programas midiáticos – todos elaborados pelos magos marqueteiros - que tratam de vender aquilo que nunca teremos – uma classe política menos pragmática e oportunista.
   No balanço inicial de campanhas eleitorais em ebulição, as disputas e fracionamentos de alianças que nos governam , demonstram uma vez mais que, o problema central são átimos de tempo para garantir uma aparição fulgurante, e, noutra ponta, encher as burras pela sangria dos cofres públicos. Alguém tem dúvida que a máquina irá funcionar a todo vapor???

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