sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Carnaval e as Máscaras da Hipocrisia Nacional

Por Eduardo Guerini
Embriagado de tanto samba-enredo de exaltação.
Com sua fantasia de classe média decadente
ajustando o modelito para  a crise que atinge
todos na republiqueta bruzundanga.

   O carnaval embriaga todos com suas alegorias e fantasias. Na sua origem, era um festa de máscaras em que nobres que adoravam a diversão para não se confundir com o “povão” utilizavam de tal artifício. Na tradição cristã, o carnaval marcava o período que antecedia a quaresma – dando “adeus à carne”, inaugurava um período de  jejum e privações para conversão pascal. 

   Na republiqueta tupiniquim,  os bruzundangas  transformaram a festa  de carnaval em acontecimento popular, com blocos de foliões desfilando nas ruas, ora organizados, noutra vez desorganizados – designados como “blocos de sujos”, onde homens e mulheres promovem a transgressão de identidades de gênero e normas geralmente aceitas pela sociedade.
   
   Na atualidade, a transformação de um festejo popular em negócio promotor do turismo em cidades e regiões, a mídia – principalmente televisiva, se apropriou de imagens , massificando e ordenando ligas e escolas de samba em “mercadoria imagética”, exaltando a capacidade do “morro e suas comunidades” em produzir uma festa de “primeiro-mundo”.

   Com o auxílio e patrocínio direto e indireto do poder público, cidades se destacam na produção “hollywoodiana”, com sambas-enredo exaltando regiões e personagens da história brasileira e mundial. Nesse festejo pagão,  a conciliação entre “pobres e ricos”, resulta da embriaguez momentânea e desnudamento de corpos nas passarelas, avenidas, ruas e praças.

   Neste momento de crise fiscal, com falta de recursos para serviços essenciais à população que festeja nas ruas,  autoridades desfilam no abre-alas do oportunismo político  e  cai a máscara da hipocrisia cívica, todos acumpliciados pela distribuição de verbas sem controle social ,  terão  uma longa “quaresma” tributária , resultante dos pacotaços que foram lançados no lombo da população brasileira, do Planalto Central  à Planície dos Estados e Munícipios.

   Assistimos embriagados,  a decadência da republiqueta corrompida, sambando e cantando “...tanto riso, oh quanta alegria . Mais de mil palhaços no salão...”. 

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