quinta-feira, 18 de junho de 2015

Kit revolução cubana!

Camilo e Fidel...
   Já vai longe o tempo em que La Revolución era o farol a guiar nossos anseios de criar uma sociedade justa, igualitária e honesta. 

   A derrubada do ditador cubano, Fulgêncio Batista, pelos "românticos" jovens barbudos de Sierra Maestra (Fidel, Chê, Camilo Cienfuegos...) foi um dos acontecimentos mais fantásticos que grande parte da minha geração curtiu. E vejam que fomos uma geração privilegiada, tivemos Beatles, queda do muro de Berlim, surgimento da internet, homem na lua e muitas outras grandes transformações sociais e tecnológicas que mil anos não viram.

   Ainda bem jovem, tive a minha formação política dentro de casa. Meu pai, Getulista de origem e, mais tarde, Brizolista rachado, me levava à comícios e reuniões do antigo PTB onde conheci personagens interessantes, falantes, com atitudes, políticos matreiros e jovens açodados, já conhecedores de ideologias.

   O complemento veio com a convivência de amigos uruguaios que logo entraram de corpo e alma na luta contra a ditadura militar e acabaram militando no Movimento de Libertação Nacional Tupamaros (MLN-T). O estudo do marxismo veio como uma coisa natural. Com toda a literatura de esquerda proibida no Uruguay, comecei a contrabandear livros de Artigas para Quaraí, para preservá-los. Acredito que passei, pelo rio Quaraí, uma coleção inteira de livros de filosofia da editora Pueblos Unidos, impressos em Buenos Aires, que ía do Capital, ao 18 Brumário, de Luis Bonaparte, além dos grandes filósofos anarquistas, com quem logo me identifiquei.

   Derrubar os "gorilas" no Brasil seria, para nós, como varrer Fulgêncio e sua quadrilha de porcos chauvinistas, de Cuba! Militei muitos anos no Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. O meu negócio eram as fronteiras. Sempre às voltas com militantes clandestinos, fugas, esconde-esconde, contatos, pontos e tudo o mais que era necessário para burlar as ditaduras fascistas que tomaram conta do "Cone Sul". 
   Faríamos La Revolucion!
 
De volta para o futuro...
 Bem...não fizemos. 

   A idéia, com o tempo, se mostrou falha. A revolução cubana não libertou ninguém de ninguém. A revolução que seria para libertar, virou prisão. Prisão física e espiritual, intelectual. Pensamento único sustentado por forte repressão.Não interessam as justificativas. Explicação se dá para o leiteiro...amanhã de manhã!

   Os "fulgêncios" de hoje, mantém um povo pobre, miserável, aprisionado dentro de uma ilha que prometia ser o paraíso terrestre do proletariado. A tão idolatrada classe social, o proletariado, hoje nem existe mais em Cuba. Infelizmente sobrou o substrato da categoria: o lúmpen proletariado. 

   Isso é triste! É difícil aceitar derrotas, reconhecer que estávamos errados e mudar. É uma transição dolorida, mas preserva uma coisa que nós, desquerda, sempre buscamos e idolatramos como a base da nossa ideologia: a honestidade!

   Escrevi tudo misso, para dizer que, ontem, na comemoração do meu aniversário, ganhei do meu filho, Jerônimo Rubim, recém chegado de "Sierra Maestra", um Kit Revolução Cubana! 

   Uma garrafa de Ron, "Santiago de Cuba", charutos Cohiba, um exemplar do Granma, jornal oficial do Partido Comunista, e o boné com a estrela vermelha e a bandeira cubana! 

   Senti saudades da luta! (passou logo)


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