sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Lula se perdeu


   Por Laercio Duarte

   Falando sério, Lula não precisava nada disso.
   O que levaria um imigrante nordestino ex faminto, que conseguiu chegar à Presidência da República, a desejar ter um triplex no Guarujá, um endereço típico da classe média paulistana babaca, que a turma do PT tanto odeia? (Não é doutora Marilena Chauí?).
   Lula não precisaria de imóvel nenhum. Nem para morar.
   As palestras internacionais que ele disse que fazia, na real poderiam ser muito interessantes, contando a história de um migrante faminto que se tornou metalúrgico, presidente de partido e, depois, Presidente da República no Brasil, uma das dez maiores economias do mundo. Poderia realmente faturar ainda mais prestígio, como faz o nosso Guga tenista ou o Oscar do basquete, que não se retiram e não se rendem nunca.
   Lula já tem as aposentadorias (incluindo a "bolsa ditadura"), as quais, se somadas à sua pensão vitalícia de ex presidente, dá para passar cada ano em um país diferente. E qual o país que não receberia um personagem como Lula? Até a Coréia do Norte, se ele quisesse. Mas, poderia ir para Cuba, um dos lugares mais aprazíveis do planeta, onde ele é até amigo dos donos.
   No Brasil, ele poderia escolher o Estado que melhor lhe agradasse, para passar uns tempos, seja no litoral, no planalto ou nas montanhas. Na Amazônia, assim como nos pampas, ele seria sempre uma atração à parte.
   Deveria ter se desvinculado da figura de presidente de honra do PT, e fazer como os presidentes aposentados dos Estados Unidos, que não interferem mais nas políticas partidárias. Deveria se portar como um personagem altivo e altaneiro, independente e autônomo, que desse conselhos a todos, independente de visão ideológica e partidária. Seria um tio Pepe Mujica, aquele uruguaio tupamaro que não tem nada pra contar de novo, mas faz tanto sucesso, mesmo vindo de um país insignificante no contexto internacional.
   Lula não precisaria mesmo passar por essa.
   O que o teria levado a ser tão imbecil ?, para usar a palavra com a qual ele ofendeu seu companheiro de partido, o senador Delcidio Amaral, que foi preso de forma algo grotesca para um homem de seu calibre.
   Eu creio que Lula sucumbiu principalmente a duas coisas, contra as quais apenas o desenvolvimento espiritual de um homem o faz confrontar-se, de forma bem sucedida:
   1) A necessidade de suprir uma carência insaciável de aconchego, diante de uma história de vida atribulada e sofrida internamente;
   2) A ambição egoica pelo poder, custe o que custar, refletindo o sentimento de vingança diante de um suposto mundo opressor.


Comentário: 
 Bravo...A citação referente a Dra. Marilena Chauí, é lapidar!
Ela odeia a classe média, disse em palestra na presença do Lula, que a aplaudiu...
Como pode a Marilena (um nome de classe média - poderia ser SUSAN, HELEN OU HELGA) SUPORTAR A DONA MARISA, EMPERIQUITADA, BOTOXIZADA, CHANNELIZADA, VITTONIZADA) CALÇANDO AQUELES SAPATOS DE SOLA VERMELHA (louboutin) no melhor estilo da classe média ascendente...???
Este é o PT que mudaria o Brasil. Para pior?

Att, Ana Maria Brega, da Globo.

Pobretariado Endividado com a corda do FGTS no Pescoço


    Por Eduardo Guerini

Na falta de uma projeto de desenvolvimento com crescimento econômico e distribuição de renda, os trabalhadores continuarão reféns da pindaíba provocada por juros escorchantes,
desemprego crescente, queda no poder aquisitivo e na renda. Diante da fraqueza institucional
do governo Dilma, o crepúsculo do petismo,
a perda dos direitos é inexorável.

   A divulgação de mais um dado negativo na flutuação do emprego formal no Brasil, no período de janeiro à dezembro de 2015, desmascarou o estelionato eleitoral do Governo Dilma Rousseff. O fechamento totalizou mais de 1,5 milhão de vagas no exército de trabalhadores (-3,74%), com fechamento majoritário na Indústria (-608.878), Construção Civil (-416.959), Serviços (-276.054), Comércio (-218.650), com saldo positivo na Agropecuária de apenas 9.821 postos de trabalho.

   A debilidade político-institucional derivada do estelionato eleitoral, a conversão do programa neo-desenvolvimentista com farto endividamento público e crédito fácil, proporcionou pífios resultados no crescimento econômico, com projeção dos agentes econômicos que traduz o grau de estagnação no intervalo entre -3,5% a 4% no ano de 2015. Ainda que, todos os relatórios do Banco Central, dos agentes econômicos e organismos multilaterais apontavam para o desastre produzido pela lógica do petismo em suas políticas anticíclicas, resultantes de um keynesianismo bastardo que aprofundou a crise brasileira em patamares jamais vistos nas últimas décadas.

   No ramerrão do ajuste fiscal proposto no segundo mandato de Dilma Rousseff, o cadáver insepulto do lulopetismo consumou a oferta de contas vinculadas dos trabalhadores para nova farra do sistema financeiro nacional, com ganhos sugestivos diante de outros setores da economia nacional.

   A tentativa de formação de uma agenda positiva foi encarada como mais um ensaio de marketing eleitoreiro para mostrar a modesta ação governamental diante da “crise de confiança” no cenário de incertezas que se alastraram para além de 2017. O troféu oferecido pela degenerada e corrompida aliança governamental foi novamente um corolário de reformas que retiram os minguados direitos dos trabalhadores, como por exemplo, a famigerada Reforma da Previdência – aumentando a idade mínima.

   No cerimonial da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), composto por 92 personalidades de amplos setores sociais, inclusive sindicalistas, o Ministro da Fazenda hipotecou a segurança financeira para os Bancos continuarem usurpando o carcomido saldo dos trabalhadores no FGTS, supostamente para destravar o crédito e ativar a demanda. O risível desta pantomima é que um banqueiro foi o orador de todas as personalidades, resumindo a situação catastrófica que todos sentem na conjuntura atual: “Na recessão todo mundo perde” !!!

   Neste enredo pré-carnavalesco que oficializou o holocausto dos direitos da classe trabalhadora e do FGTS para especulação financeira sem fim, nenhum sindicalista teve a ousadia de levantar “braço forte e dar um brado retumbante”.

   Para o movimento sindical restará um fio de esperança quando o “pobretariado superendividado” e desempregado levantar-se e exigir uma “pá de cal” para enterrar traidores, acovardados e acumpliciados no insepulto cadáver do lulopetismo.


Comentário:
Não há como não lembrar do livro 'A Revolução dos Bichos' de George Orwell. Aliás toda a vida política e econômica da América Latina parece ter sido mesmo copiada de tal livro. Poderíamos ter sido ao menos um pouco mais originais. A presunção da superioridade de uns poucos para legitimar o poder, aliada à crença inocente de todos os demais. Promessas, reafirmações; promessas, reafirmações e uma fazenda de bichos que querem ter algo no que acreditar. Uma fantástica fábula onde a vida é idealizada em ilusões vendidas pelo poder que, por ser poder, nada pode ter em comum com os comuns. Qual é a novidade?

Como acreditar é legitimar, de forma lenta e muito consistente o Brasil volta a mostrar o que realmente é e sempre foi, uma nação onde perpetuamente poucos devem muito para muitos. Mas os muitos, sempre enfraquecidos por bobagens ideológicas dizeres teóricos, acreditam e assim, legitimam tudo.


Andre d'Aquino

Michel Temer usa FIESC com álibi para mascarar reunião político partidária

Malandragem do vice...
   O jornalista Moacir Pereira publica em sua coluna de hoje a decepção dos empresariado catarinense com a visita do vice-presidente Michel Temer. "Dirigentes do sistema Fiesc atenderam o convite do presidente Glauco Côrte e percorreram outros 400 quilômetros do Vale do Rio do Peixe para ouvirem Michel Temer", escreve Moacir.

  Temer que viajou em avião oficial da vice-presidência da República, com  o dinheiro do povo, na verdade veio em missão exclusivamente político partidária.

   A visita à Fiesc, serviu apenas como biombo para justificar o seu encontro com próceres do PMDB onde fez campanha pela sua reeleição à presidência nacional do partido.

   A FIESC foi usada pelo vice-presidente da República!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

..atravessado como lagarto na carretera

   Estive hoje no shopping Iguatemy, lugar onde raramente vou. Entrei na garagem e como o primeiro piso estava lotado, toquei para o segundo.
    Dei uma volta no estacionamento em busca de vaga quando fui interrompido por uma "cabine dupla" parada perpendicularmente no corredor. Achei que havia alguém dentro e que estava manobrando. Logo me dei conta que o "auto" estava vazio. Estacionado no meio da pista!!!!
    Pensei na hora: mais atravessado que lagarto na carretera! Expressão muito comum lá pelas bandas da fronteira.
    Desci para conferir e realmente o gaudério havia estacionado a caminhonete no meio da pista de rolamento. Achei muito engraçado e fui conferir a placa para ver de onde era.
    - Deve ser de fora, turista de longe. Na sua cidade não deve haver shopping...pensei!
    Putz, quando conferi a placa e vi o nome da cidade fiquei de cara!
    O "auto" era de Quaraí, a minha cidade lá da fronteira com o Uruguai.
    Muita coincidência!

No FB do Cao Hering...


 Montagem enviada pelo Sergio Rubim, para que Blumenau nunca mais esqueça este "episódio" e estes nomes.

Olívio foi até a Costa da Lagoa...

Olívio pensativo, na Costa
   Tomei uma barca pra Costa da Lagoa dia desses...
   Sol, vento agradável do quadrante norte, fui visitar meus primos, os primatas de lá.
   Somos uma família grande espalhada por toda a Ilha de Santa Catarina.
   Fazia tempo que não visitava nossa floresta de origem. 
   Muita coisa mudou. Mais barcas, mais turistas e restaurantes. Mais lixo e preços subindo. Uma meia dúzia de cervejas e um prato de comida na base de R$ 135 reais. Sem os pastéis e a caipirinha que correm por fora.
   Bananas? Necas de "piti biriba". Escasseiam as bananeiras.
   A floresta homogênea de pinus illiottii vai se alastrando pelo Morro do Bornhausen, diz o barqueiro e aponta na direção. Os pássaros, disse ele, trouxeram a espécie do Rio Vermelho e plantaram no lado da Costa.
   Alguns milionários constroem suas mansões. Uma, em andamento, tem uma sala só para estocar vinhos, disse ele encantado.
   Mal sabe que macaco não toma vinho... Nós primatas, só bebemos da cevada agora misturada ao milho, pra ficar mais amarela, a cerveja.
   Dizem que na Reserva Florestal da Epagri, onde estão cortando alguns pinus para dar espaço à mata nativa e atlântica, surgirá um grande condomínio. Pode isto?
Helicópteros descem e sobem, com engenheiros e empresários para estudar a região e suas possibilidades.
   O Rio Vermelho é a última área extensa e livre para novos empreendimentos imobiliários. Será que vão conseguir comprar as terras do Estado ?
   Meus parentes estão assustados...
   Sem bananeiras, sem florestas nativas, com mais gente e mais confusão.
   A Prefeitura Municipal nada fiscaliza, nada faz...
   Os pontos de embarque/desembarque das barcas precisam de manutenção e sinalização.
   Sobre o esgoto gerado, pouco se sabe... Presumem tratado.   Será?
   É, ainda, um lugar maravilhoso...
   Até quando minha família não sabe.
   Eu volto pro sul da Ilha. Pra Costa de Dentro e região.
   Tá mais tranquilo por lá...
Porto de embarque para a Costa da Lagoa, no Rio Vermelho
 

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A classe operária vai ao paraíso...fiscal

Depois de confirmar que ele é dono de um tríplex reformado e mobiliado pela OAS, empreiteira punida no escândalo do petrolão, promotores enquadram o ex-presidente numa das modalidades clássicas do crime de lavagem de dinheiro

   Por Sérgio Rubim  
   O título acima não é lá muito original. Na verdade é o nome do filme do italiano, Elio Petri - A Classe Operária Vai ao Paraíso, de 1971 - que mostra o processo de conscientização política do operário Lulu Massa, após perder um dedo na máquina.

   O filme fez muito sucesso no Brasil, no período da ditadura militar. O pessoal desquerda popularizou o filme, passando insistentemente em cineclubes e circuitos alternativos de cinema. Faziam o contraponto à pelegada que controlava os sindicatos e apoiava os militares.

   Mas as semelhanças de Lulu Massa (interpretado pelo engajado Gian Maria Volanté), com o ex-presidente Lula da Silva, também operário de fábrica e que perdeu um dedo na máquina, ficam por aí. Lulu não chegou ao Paraíso e Lula ultrapassou o Paraíso sonhado pelo operário do filme.

   Na manhã desta terça-feira (27), a Polícia Federal brasileira bateu no triplex de luxo, que seria de Lula, no último andar do Condomínio Solaris, um prédio construido com dinheiro de propina da Petrobrás e que serviria para lavar dinheiro em paraísos fiscais.

   O Solaris, que fica de frente para a badalada praia do Guarujá, SP, foi o único empreendimento do Bancoop - Cooperativa do Sindicatos dos Bancários de SP, dirigida pela PT - que foi finalizado. A cooperativa faliu, lesando milhares de famílias, e depois em uma associação com o empreiteira OAS, investigada pela Operação Lava Jato, finalizaram o Condomínio de luxo Solaris, onde só tem apartamento os integrantes do "núcleo duro" do PT. Lula ficou com o triplex com elevador privativo e vista para o Atlântico, pertinho do céu.


Ministério público vai denunciar Lula por ocultação de propriedade
    
  Por: Robson Bonin
  Um truque recorrente na carreira política do ex­-presidente Lula é reescrever a história de modo a exaltar feitos pessoais e varrer pecados para debaixo do tapete. Mas os fatos são teimosos. Quando se pensa que estão enterrados para sempre, eles voltam a andar sobre a terra como zumbis de filmes de terror. O mensalão, no plano mestre de Lula, deixaria de existir se fosse negado três vezes todas as noites antes de o galo cantar. O petrolão, monumental esquema de roubalheira na Petrobras idealizado, organizado e consumado em seu governo - e, segundo testemunhas, com reuniões no próprio gabinete presidencial -, entraria para a história como mais um ardil dos setores conservadores da sociedade para impedir o avanço dos defensores dos pobres.   Nem o mais cego dos militantes do PT ainda acredita nessas patacoadas que afrontam os fatos. Sim, os fatos, sempre eles. O tríplex de Lula no Guarujá é outro desses fatos que o ex-presidente esperava ver se dissipar no meio do redemoinho. Mas o tríplex está lá com seu elevador privativo e linda vista para o Atlântico, e vai continuar. De nada adiantou a pregação de Lula, na semana passada, para seu coro de blogueiros chapa-­branca muito bem remunerados com o dinheiro escasso e suado do pobre povo brasileiro: "Não tem uma viva alma mais honesta do que eu. Pode ter igual, mas eu duvido". Pode até ser que a alma não veja o que o corpo faz e se entretenha no engano, mas a opinião pública há muito tempo não se ilude mais com essas mandingas autolaudatórias de Lula. 

   Leia reportagem completa. Beba na fonte.

Comentário:
99% dos marxistas não leram Marx nem quase nada. Deste percentual, 99% leram de orelhada A HISTÓRIA DA RIQUEZA DO HOMEM, manual de materialismo histórico "prescrito" em 10 de cada 9 curso de humanas, uma espécie de resumão acadêmico escrito por Leo Huberman destinado a adolescentes pueris ensinados por professores baldios de boas idéias. E agora se descobriu de quem era a RIQUEZA do título e que o HOMEM tinha um dedo a menos...e um triplex nas Astúrias, no Guaruja.
Paulão

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

A arte de prever uma tragédia anunciada

   Por Laercio Duarte 
   Caro Canga,
Teu amigo Giron teve um debate excelente contigo, onde fica claro que os simpatizantes do governo se recusam a enxergar o óbvio, respaldados numa tradição esquerdista que eu sempre achei idiota, qual seja, aconteça o que acontecer, a razão estará sempre "do nosso lado". Lembro-me de uma greve trágica na Eletrosul, onde perdemos tudo. Na saída negociada, com vários demitidos e desconto dos dias parados, sem qualquer conquista, o dirigente sindical Delman Ferreira saiu-se com esta: "conquistamos um comando unitário nacional dos eletricitários federais". É mole...?

   Em cima do tema, vai este texto para o Blog:  
   Os governistas e seus simpatizantes não abrem mão do auto elogio. Consideram os governos dos últimos 3 mandatos como bem sucedidos, pois "tiraram 30 milhões de brasileiros da miséria", como costuma proclamar o profeta Lula e seus admiradores no mundo todo. 
   Auto crítica? Nenhuma. As dificuldades atuais são passageiras e "nunca antes neste país" se administrou tão bem. Se alguém ousa fazer reparos, ainda que bem fundamentados, trata-se de uma atitude golpista ou, no mínimo, comprometida com a oposição exercida pelos tucanos do PSDB. Como se a aliança de governo do PT fosse melhor do que aquela montada por FHC. Na verdade, ambas são "sujas" e focadas prioritariamente na pilhagem do Estado brasileiro, em benefício da claque governante.
   Evidentemente, algo de bom foi feito nestes 13 anos de PT e seus aliados. Na minha opinião, o melhor foi a abordagem da política econômica a partir da geração de um mercado interno, nos primeiros anos dos governos Lula, quando Antonio Palocci era o ministro da Fazenda. Ele aproveitou o melhor dos anos FHC, mas descartou sua estratégia de arrocho salarial e contenção da inflação pela queda da demanda por consumo. Além disso, aproveitou o bom momento da economia asiática e incentivou as exportações de commodities, reduzindo a zero os impostos da exportação. Mas, não fez o dever de casa, como os chineses estão fazendo agora.
   Mantiveram o Real super valorizado, o que incentivava as importações. Isso foi fatal para a indústria brasileira, pois o país passou a importar de tudo, compensando a balança comercial com a boa sorte nas commodities. Desde camisetas até trens, tudo passou a vir de fora. O aumento da renda dos trabalhadores e o financiamento a longo prazo garantiam o consumo das famílias. O Brasil viveu uma década de euforia e os brasileiros, que não são muito chegados em acompanhar a política e as gestões públicas, não viram o que estava acontecendo: o "toma lá, dá cá" na montagem do governo, a falta de critérios de mais longo prazo para montagem da política econômica, a corrupção crescente nas estatais e no governo, etc.
   Agora que a mágica acabou, Lula, a Presidente Dilma e os líderes aliados ficam batendo cabeça e tentando sobreviver. Como acumularam gordura e desmontaram a oposição política, que é praticamente inexistente, as tentativas de impeachment (inapropriadamente chamadas de Golpe) não encontraram eco na sociedade, ao contrário do que aconteceu com Collor de Mello, ele próprio um dos figurões atualmente cooptados pelo PT.
   O quinto ano do governo Dilma foi trágico e nos restam ainda mais três anos pela frente. Não é possível prever muita coisa, mas, uma certeza é barbada: A ECONOMIA VAI PIORAR."

IMPUNIDADE PARA OS PODEROSOS?

Por Emanuel Medeiros Vieira

“Ao trabalho, doutores. Aí estão as provas. Foram obtidas legalmente. Refutem-nas. Não desperdicem seu tempo tentando retocar a radiografia. Cuidem dos pacientes, que o caso é grave”. 

(Sérgio Moro, juiz federal do Paraná que comanda a Operação Lava Jato, ao responder, num despacho, aos advogados que defendem os réus do caso e mandaram publicar manifesto criticando a condução do caso pelo magistrado.)  
Raymundo Faoro, em sua seminal obra, “Os Donos do Poder”, entre outros temas, abordou com intensa profundidade, o nosso o patrimonialismo .
   A carta dos advogados das bancas mais ricas e poderosas do país contra a operação Lava Jato, enquadra-se em muito do que Faoro escreveu.
   Um inocente pobre e negro, preso sem provas, mereceria tal missiva? Nunca!
   Quando os advogados mais ricos, com as bancas mais poderosas do país, reúnem-se para redigir tal epístola – cuja retórica não convence os homens lúcidos e de boa vontade – é PORQUE FOI QUEBRADA A ESPINHA DORSAL DA IMPUNIDADE, que sempre prosperou no nosso país.

   O resto é mera retórica.

   E, sem ofensas; quem está pagando os advogados de gente tão poderosa – saqueadores da Petrobrás e de tantos sonhos de justiça?
   Não será o dinheiro do povo brasileiro?
   A Petrobrás – perdoem a platitude – PERTENCE AO POVO BRASILEIRO.
   Lênin dizia não confiar em advogados. “Advogados? Nem os do Partido” (Comunista), dizia.
   Eu não. Além de amigos, sem soberba, tenho na minha família advogados probos, de alto nível e muito dignos: advogados atuantes, juízes, promotores, desembargadores etc.
   A luta é duríssima. Tudo farão para desqualificar as acusações – recheadas de robustas provas. Os advogados falam em “tortura”. Eles não sabem o que é isso.
   Tortura ocorreu na Operação Bandeirantes (OBAN), talvez maior sucursal do inferno que já houve no Brasil. Estive lá.
   E quem pode testemunhar (porque também sofreu na carne) as torturas infligidas a quem passou por lá é um cidadão de nome Carlos Araújo, ex-marido da presidente Dilma, com quem estive naquele inferno.
   Choques elétricos em todas as partes do corpo, “cadeira-do-dragão”, bofetadas, “telefones” etc. – o horror em estado puro.
   Os réus da Lava Jato estão tendo ampla defesa. O discurso obscurantista, de privilegiar os maiores, não engana ninguém. E desqualificar os que pensam diferente, é mero lugar-comum de gente com escassos argumentos.

   É que eles não sabem o que foi a OBAN ou DOPS.

   Esperamos que, um dia, não seja mais preciso uma Lava Jato para ajudar a purificar o país.
   Quem andou pelo sertão nordestino, como eu, sabe que esse saque (pirataria) é uma bofetada brutal nos direitos da maioria do povo brasileiro –, os despossuídos, os humilhados, os ofendidos, os roubados todos os dias.

   Quero avisar que não recebi dinheiro da CIA... E que meu coração continua no mesmo lugar.

   Ah, Luiz Travassos, ah, Honestino Guimarães, ah, Chico Pinto, ah, Anísio Teixeira, ah, Milton Santos, ah, Carlos Marighela e tantos outros.
   Jogaram no lixo os sonhos de muitas gerações.
   Que fique claro: a História não absolverá essa gente*

*Adendo: Lula diz que não há ninguém no Brasil mais honesto do que ele.
   Estou pensando em escrever uma carta para o magnânimo Papa Francisco, propondo a canonização do ex-presidente.


domingo, 24 de janeiro de 2016

Carta ao Dado Cherem no Tribunal de Contas – TCE.

   Caro Dado Cherem,
   Domingo sempre é dia bom para reflexão. Leio os jornais da semana, atrasado, em razão do sol forte e da maravilha das águas de Janeiro/2016, especialmente as daqui do sul.
   O Moacir Pereira não informaria bobagem. Ele até já foi membro da Augusta Casa. Escreve ele, no DC, página 10, edição de 22/01/16, uma notinha: TRIBUNAL DE CONTAS.
   Diz que o tal acordo, agora costumeiro nas nossas instituições, de rachar o mandato da presidência da Corte de Contas, não vingará porque tu aguardas uma decisão da Justiça Estadual sobre tua repentina posse no cargo de conselheiro.
   Fazes bem, seria constrangedor assumir tal posição sub judice.
   Dá uma olhada no corredor onde estão os retratos pintados dos antigos presidentes. Olha só a envergadura moral e intelectual de alguns, especialmente os mais antigos.
   Olha só o esforço do Juiz Moro, lá de Curitiba, para prender, com robustas provas, a canalha que saqueava a República. Vai me dizer que tu não ficas orgulhoso de ter um brasileiro deste naipe. Olha um novo Brasil nascendo pelas mãos do pessoal da nossa geração.
   Jovens promotores, advogados, policiais federais, juízes... Todos na luta democrática e consolidando a República. Às vezes, até a imprensa...
   Dado, sei que a situação pode apertar às vezes. Aperta para todo mundo. Mas, não precisa ir logo para o Tribunal de Contas, como conselheiro.
   Faz o concurso que está em aberto para auditor externo de contas. Eu o farei, mesmo sem estudar. E se passarmos, juntos, poderemos comemorar este Brasil que prevíamos lá no Canto Grande na casa do Ike Gevaerd, quando nós te ajudávamos nas dificuldades momentâneas da vida. Lá nos idos de 1999.
   Pede um cargo em comissão ao Julio. Ele é boa praça, não te negará.
   Tu podes dizer que as regras do jogo são assim mesmo, que a política é deste jeito e que não tem jeito.
   Mas, não é bem assim não. Olha o Colombo, não o Cristovão, mas o Raimundo. Foram para a Europa, ele e o major Luiz, de férias, para conhecer o funcionamento dos trens rápidos. Ele fará a nossa Ferrovia do Frango, logo em seguida.
   Olha o prefeito Souza Junior e a “dura” que ele está dando na CASAN por causa dos lançamentos de dejetos e excrementos nos nossos cursos d’água.
   Olha a EMBRATUR aplaudindo a obra emergencial, de um dia, que tapou com um caminhão de areia da praia a boca do Rio do Brás, em Canasvieiras.
Vai me dizer que tu não acreditas neles?
O Colombo, inclusive, já foi presidente da CASAN quando tu estavas do lado de lá, na política. Quando o Jaison Barreto te ajudava em Balneário Camboriú.
   Rapaz, o Brasil não aceita mais muita lambança... A coisa tá mudando... Devagar, mas está mudando. E nós temos o dever moral de ajudar. Mesmo na dificuldade pessoal, temos que ajudar.
   Dado, por último, um pedido: Renuncia.
Não constrange, mais ainda, o pessoal da Casa das Contas.
   Como é que tu podes julgar sub judice, rapaz?
   Tu és um bom dentista, volta para a profissão, como fez o Eduardo Pinho Moreira quando ficou sem mandato político.
   Te mira nos exemplos, nos exemplos das mulheres de Atenas...
   Mulheres de fibra e talento.
   Abs, Marcos Bayer

.                                               (em 24/01/2016). 

Da série: Brutalidades Urbanas

...quando avistou o monstrengo de concreto, pensou: ...este mundo está virado

...e um dia dia, tudo será como no começo: ...um mato, só que de concreto
Esqueleto de concreto e aço com 35 andares no bairro Ponta Aguda, Blumenau
...arte duvidosa

Do Dario de Almeida Prado Jr.:
Canguita. Transcrevo a letra de uma canção da dupla Piazzola/H.Ferrer:
Las Ciudades - Astor Piazzolla

Recitado: Y entonces fue que dijimos, señor, dános la gracia de
levantar ciudades iguales a los arboles, que llegan a estar maduros
antes de quedarse secos...Génesis, Capítulo 1972, versiculo primero
del futuro testamento.


Ciudades, fundadas para odiar
Ciudades, tan altas, ¿para qué?
Ciudades, cada vez de pie
Ciudades, al polvo volverán
Ciudades, fundadas para odiar
Ciudades, tan altas, ¿para qué?
Ciudades, cada vez de pie
Ciudades, al polvo volverán
Si aquí la estrella no se ve jamás
y aquí la tierra y sierra y sol se van
y reinará la soledad total
Que escrita fue la destrucción final
Ciudades, fundadas para odiar
Ciudades, tan altas, ¿para qué?
Ciudades, cada vez de pie
Ciudades, al polvo volverán
Qué lindo será reconstruir
Querido, besáme hasta engendrar un hijo
Con vuelo de albañil en paz
Qué lindo me nacé una ciudad
Qué calle me sangra por los pies
Qué fuente parió mi corazón con fe?
Y en cada charco habrá un pichón de mar
Y en cada fragua un inventor de sol
Y en cada puerta la inscripción astral
Y en cada triste un aprendiz de Dios
Ciudades, ciudades ¿qué seran?
Ciudades, sentí su anunciación
Ciudades ya empiezo a construir
Ciudades, del polvo volverán...
Ciudades, ciudades ¿qué serán?
Ciudades, sentí su anunciación
Ciudades ya empiezo a construir
Ciudades, del polvo volverán..

sábado, 23 de janeiro de 2016

Hotel de vice-consul italiano joga esgôto na praia de Cachoeira do Bom Jesus

Hotel Marateia Mare de propriedade do Vice-Cônsul Honorário da Itália, Attílio Colitti, localizado no Norte da Ilha descartava esgoto in natura diretamente na praia. Poluía a água em que seus hóspedes se banham
Hotel Maratea Mare oferecia praia com coliformes fecais aos seus hóspedes
    Uma saída irregular de esgoto foi lacrada pela equipe da Secretaria Municipal de Habitação e Saneamento Ambiental, Vigilância Sanitária e do Programa Floripa Se Liga na Rede na Cachoeira do Bom Jesus, no Norte da Ilha, na manhã desta sexta-feira (22). 
   O hotel, localizado na avenida Luiz Boiteux Piazza, descartava esgoto de um chuveiro, um prefeitobanheiro e um quiosque direto na praia. Outros 22 quartos estavam ligados corretamente à rede de esgoto. O proprietário do imóvel foi autuado pela Vigilância Ambiental e será multado. A saída de esgoto que estava ligada diretamente à praia foi lacrada e a situação será monitorada para garantir que o proprietário corrija o problema.

Opa! Prefeito Cezar Junior ameaça romper contrato com a Casan
   O prefeito Cesar Souza Junior pode romper o contrato de concessão do serviço de esgoto à Casan, caso a empresa não tome medidas satisfatórias e efetivas “no sentido de interromper por completo qualquer lançamento de esgoto coletado na rede pluvial, praias ou rios”.
Notificação dando prazo de cinco dias para a apresentação de “Plano de Ação e cronograma detalhado para solução definitiva nos pontos ainda considerados impróprios em regiões com rede de esgoto” foi encaminhada nesta sexta-feira (22).
“O serviço de esgoto é um serviço concedido pela Prefeitura e a Prefeitura vai, sim, exercer seu poder de fiscalizar. Não vamos mais tolerar um sistema funcionando com o grau de deficiência que observamos neste verão. É um serviço delegado e a Prefeitura vai cobrar que seja oferecido um serviço correto e direito, coisa que claramente não estamos observando”, disse o prefeito.
“Não há mais condições de ter tolerância, tanto com o mau funcionamento da rede da Casan ou com quem insiste em jogar esgoto no mar, tendo 100% de rede”, completou Cesar Souza Junior.

Comentário:
Canga,
Este senhor, o cônsul honorário, parece que foi casado com a cantora Márcia Mel. Talvez ainda seja o esposo dela.
Ele foi genro do Luiz Henrique da Silveira. Se não estou enganado.
O casamento com a senhora Márcia Mel foi na Itália, com a presença do então governador LHS.
Será que ele sabia que o seu genro seria um poluidor da Natureza de SC ?
Tu achas que ele entregaria a filha a um tipo destes ?
Logo ele, o Luiz Henrique, um amante da Natureza.
Verifica bem os fatos...

Um abraço do teu leitor assíduo, Marcos Bayer.

  
Anônimo disse...
Canga, Cabe impeachment para os dois: prefeito e governador.
abs, Sobral Pinto.
 

Carlos disse...
Canga,
Faça o favor de prosseguir na elucidação:
http://wh3.com.br/noticia/16026/luiz-henrique-da-silveira-casa-a-filha-amanha-na-italia.html
abs, Ítalo Trento.

Fernando disse...
Tá pq é cônsul e foi agregado do LHS não faz coisa errada? LHS fez 36 CAGADAS chamadas de SDR's.
camila disse...
Mais, que filho da mãe!!!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Mariana 2015 e Johnstown 1889

   O desastre ocorrido em Mariana, MG, em novembro passado, ainda não teve encerrado o ciclo de danos humanos, ambientais, sociais e econômicos. Em termos penais, também está no início de seus resultados. Responsabilidades estão ainda sendo objeto de denúncias e controvérsias.

   Sabe-se, porém, que é o maior do gênero ocorrido em nosso País e aponta para o “grave risco” de ser replicado em alguma das outras mais de 200 barragens ditas vulneráveis, associadas a atividades de extração de minérios em Minas Gerais.

   Esse doloroso episódio evoca um desastre de maiores proporções ocorrido em 1889, que 
destruiu a cidade de Johnstown, na Pensilvânia, nos Estados Unidos. Morreram 2.209 pessoas numa cidade que tinha 30.000 habitantes.

   Dois aspectos desse desastre merecem nossa reflexão. O primeiro envolve os processos judiciais que buscaram, sem sucesso, responsabilizar dois magnatas (considerados “titãs”) do espantoso crescimento econômico dos EAU em fins do século XIX, começo do século XX. O segundo aspecto decorre da análise do ocorrido com dois personagens que foram alvo da mídia e da opinião pública estadunidense: Henry Frick e Andrew Carnegie. Frick jamais se libertou da condenação pela opinião pública, tendo sido estigmatizado pela expressão “Homem mais odiado do país”! Carnegie, mesmo sem ter sido tão dramaticamente anatematizado, converteu-se num praticante do que podemos chamar de “atleta do remorso”. Além de ter doado milhões para a reconstrução da cidade afetada, passou a distribuir dinheiro, transformando-se num filantropo extraordinário, a ponto de ser o autor da seguinte frase: “O homem que morre milionário é um desonrado”. A “cereja no bolo” de suas ações foi ter agraciado Nova Iorque com o famoso “Carnegie Hall”, idealizado por sua esposa como forma de “fazer as pazes” com uma elite cultural que nutria ressentimentos contra esse “barão ladrão”, cuja impiedade só fora suplantada pelo insuperável Henry Frick.

   Em plena semana em que os modernos filantropos se reúnem em Davos (vale a pena ler o livro de Andy Robinson, “Um Repórter na Montanha Mágica – Como a Elite de Davos afundou o Mundo”), podemos rezar – nós e o Papa Francisco - para que responsabilidades apuradas e remorsos assumidos contribuam para que o 1% que detém 99% da riqueza do mundo se mova no sentido de acudir as mazelas que a construção de sua prosperidade ajudou a agravar. 


Esperidião Amin, 21/01/2016

IURD faz rapinagem no povo chileno com permissão do governo

 
O bispo Edir Macedo durante a inauguração do Templo de Salomão, em São Paulo (Foto: Demétrio Koch)
Pare de sofrer: os segredos da Igreja Universal no Chile

O site de jornalismo investigativo Ciper acompanhou durante um mês como a igreja brasileira oferece milagres em troca de dinheiro em seus templos chilenos, negócio que ninguém fiscaliza no país

por CIPER-Chile | 19 de janeiro de 2016

    Por Rodrigo Soberanes
     Em 13 de dezembro terminou a campanha de arrecadação de recursos que a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) faz entre seus fiéis com a promessa de que, se fizerem sacrifícios, superarão a miséria e multiplicarão seus bens. Nesse dia, o bispo Couto viajou para a Fogueira Santa, em Israel, com os pedidos dos doadores. O fundador da Iurd, Edir Macedo, um dos homens mais ricos do mundo, segundo a revista Forbes, construiu um império milionário no Brasil

   Na tela gigante, uma mulher brasileira conta que vendeu todos os móveis de sua casa. Como a quantia que obteve não era suficiente, recolheu latas de alumínio nas ruas para juntar US$ 3 mil e entregá-los em “sacrifício” a Deus. Quando chega ao fim o testemunho em forma de vídeo, as luzes do templo acendem e iluminam os rostos de cerca de 400 pessoas dispostas a buscar o próprio milagre.

   É 22 de novembro em Santiago, domingo, o dia mais importante das celebrações da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), mais conhecida como Pare de Sufrir, o nome de seu famoso programa de televisão. Do lado de fora do templo, na rua Nataniel Cox nº 59, ao lado da grande bandeira chilena da Plaza de la Ciudadania, no centro da capital chilena, o domingo transcorre calmamente. Do lado de dentro, explode a euforia coletiva de quem esperou uma semana inteira para escutar o bispo brasileiro Francisco Couto explicar seus métodos para alcançar Deus – e os muitos milagres que Ele pode realizar por pessoas que enfrentam problemas financeiros ou de outra sorte.

   A Iurd – cujo fundador, Edir Macedo Bezerra, 70 anos, multimilionário, foi acusado e absolvido por lavagem de dinheiro no Brasil – está em plena expansão no Chile, com o investimento de mais de US$ 6 milhões na construção de sua nova catedral e a compra de mais espaços na televisão e no rádio.

   Em questão de dias, este teatro de fachada descolorida, localizado no primeiro andar de um edifício na rua Nataniel Cox, será coisa do passado para a Iurd. O piso pegajoso e as poltronas de madeira serão substituídos, em cerca de dois meses, por um templo moderno, com capacidade para mais de 2 mil pessoas. A Iurd está também em busca de aumentar o alcance de seu programa Pare de Sufrir, transmitido atualmente pelo Telecanal. Recentemente, tentaram, sem sucesso, comprar um espaço no canal Televisión Nacional. Segundo fontes da rede estatal consultadas pelo Ciper, a venda de programas publicitários não se ajusta às políticas do canal.








Máquina de dinheiro O maquinário para obter recursos trabalha rapidamente. Veja-se a chamada “Campanha de Israel”, de dezembro, na qual pedem aos fiéis que “voluntariamente” façam o “sacrifício de suas vidas” em troca do milagre que se traduzirá em dinheiro. Um sacrifício em que se incita os fiéis a vender tudo o que têm para entregar o dinheiro à igreja. Sem contar a ninguém, porque é um trato entre “você e Deus”.

   A fórmula faz parte da chamada teologia da prosperidade e consiste, conforme observou o Ciper, em oferecer bem-estar econômico a troco de sacrifícios a Deus, também mensurados em dinheiro. A estratégia funciona tão bem que a Iurd está presente em 200 países. Edir Macedo aparece desde 2013 na lista da revista Forbes como dono de uma fortuna de US$ 1,1 bilhão e é considerado pela publicação como um dos líderes religiosos mais ricos do mundo. 

   Leia a reportagem completa na Pública.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Caçadas, mordidas e brutalidades

   Leopoldo, esse era o nome dele. Torto, cego do olho direito, era marido da Maria Pitiça. Moravam no Passo do Leão, às margens do Rio Quaraí, fronteira com o Uruguai, perto de Uruguaiana (RS), quase desembocando no Rio Uruguai, na tríplice fronteira.
   Meu avô, Rodolfo Rubim, tinha um grande armazém aí. O lugar era de trânsito intenso de mercadorias para o Uruguai. Fumo de rolo, feijão, cachaça, erva mate e tudo o mais que era barato no Brasil.
   Leopoldo era "padrinho" do meu pai, Waldemar, gurizote arteiro como todo o guri de campanha. Várias vezes se safou de apanhar do vovô Rodolfo, o "velho", pelas mãos do Leopoldo e da Maria Pitiça, que segundo a mãe que a conheceu, era um amor de pessoa. Pequena e ligeira. A mãe e o pai moraram no Passo do Leão, em uma pequena casa de madeira onde, atrás, corria um riacho sobre uma grande laje de pedra: - Um sonho, Sergio Antonio, ainda me repetiu há poucos dias, a mãe.
   Bem, feitas as apresentações, conto tudo isso porque hoje caminhando pela Av. Beira Rio, em Blumenau, me deparei com uma quantidade de capinchos e capivaras com seus filhotes. Fiquei impressionado com a  mansidão dos bichos. Estava acostumado a persegui-los na mata, em silêncio, buscando pegadas e esterco novo. Bicho arredio, não foram poucas as vezes que escaparam de mim submergindo no rio. Cacei bastante, quando guri, nos matos do Rio Arapey, no Uruguai.

   Bem, o Leopoldo, padrinho do pai, era caçador de capincho. Na verdade caçava para tirar o couro, que depois de curtido era vendido em Uruguaiana. Vivia disso!
   O pai, depois de certa idade, começou a acompanhar o Leopoldo nas caçadas que duravam dias. Saiam pelo Rio Quaraí até a foz quando entravam no grande Rio Uruguai e aí desciam em um pequeno barco com  motor de pôpa, que chamava de chalana, costeando o mato em direção à Ilha Brasileira.
    O pai sempre contava uma história que eu achava incrível. O Leopoldo tinha um "mosquetão" do exército adaptado para  calibre .44. De dentro da chalana, ao avistar um capincho, na margem, em terra, dava o tiro - geralmente certeiro - e imediatamente se jogava no rio amarrado pela corrente à meia espalda, para pegar o animal antes que afundasse.
   Depois, era corear o bicho e estaquear o couro ao sol e assim continuavam a descer o Rio Uruguai repetindo essa prática. Do animal morto, além do couro tiravam um naco de carne que colocavam em uma lata de banha, do próprio capincho, e se alimentavam daquilo nos dias seguintes.
   Quando chegavam a um número que o Leopoldo achava suficiente, retornavam margeando o rio e recolhendo os couros curtidos ao sol.
   Certa vez, Leopoldo atirou em um grande capincho, que ao sentir o balaço se jogou no rio e foi imediatamente seguido pelo caçador amarrado na corrente. O tiro não havia sido aquele certeiro, atrás da paleta, no coração. Ao pegar o bicho pela pata, o animal se deu volta e atracou os dentes na perna do Leopoldo.
   Contava o pai que primeiro viu o sangue brotando da água e depois, o Leopoldo gritando e puxando o capincho com o seu braço curto, forte como um tronco.
   O pai rumou a toda a velocidade para a cidade enquanto Leopoldo colocava sal grosso e banha na carne aberta da perna.
   Um aventura!


TEMPESTADE



O Menino e a Tempestade

Por Emanuel Medeiros Vieira

Naquela noite tão ancestral
o  menino e seu beliche,
vento sem nome,
e a tempestade varria tudo.
Era o tempo?
A infância?
São os sonhos que se foram com ela?
Ou a restauração purificada de todas as utopias?

A tempestade ainda varre o menino – no coração.
Está ali, e ela não desiste. Nem ele (o menino e a tempestade).
O que é o tempo?
O que é a vida?
Pensando naquela tempestade imemorial, a vida foi (re) descoberta.
Ela cai para sempre: é o teu tempo.
Sim: ela ainda salva uma utopia – esperança
Ela passa por tudo – provisória sim,
Mas está presa no teu coração – sempre.

O menino, o beliche – chuva e tempestade:
Lá no fundo, ela é a tua vida – menino.
(Salvador, janeiro de 2016)