quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Morreu de pleonasmo...


por Neno Moura*

(Para Paulo Leminski)
Um amigo meu era por demais superlativo
Superdotado, sabia de tudo
Soprava respostas de questões gramaticais
A pessoas sem conteúdo
Contudo, não cabia em si de tanto estudo
Ficava mudo diante da beleza de uma sentença
Pedia atenção na mesa do bar e dava discurso
Subia no banco e destilava oratória às ninfetas
Qual paraninfo em formatura de turma de Letras
De tanto sublinhar frases em livros ficou maluco
Teve que ir fazer análise sintática
Desenvolveu uma doença reincidente no pâncreas
Ou no sistema linfático
Um bicho geográfico grifou todo o seu corpo
E ficou de cama sofrendo espasmos
Morreu de pleonasmo


*Neno Moura é esse guri bonito e alegre da foto acima. Músico festejado no meio, agora também brinca com as letras. Cronista de alto calibre.

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