segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

QUE FAZER?



por Emanuel Medeiros Vieira
para Gerônimo Wanderley Machado

Não é por acaso que a história do capitalismo tenha relação direta com a história do declínio da subjetividade, do fim do autoconhecimento, da mercantilização da biografia, do crescimento da indústria de celebridades e das vedetes
                                          (Márcia Tiburi)

   Aproveito uma obra de Lênin para intitular o texto abaixo..
Não, não vim para falar de materialismo histórico..
   Queria meditar um pouco sobre o “mal estar da civilização”, agora me aproveitando-me de um título de Freud.
   Sem nostalgia, em uma certa época – que vivi intensamente (por exemplo, a década de 60) –, a gente tinha ilusões, utopias, esperanças.
   Havia a sensação “inter-subjetiva" (não só individual) de termos um horizonte político.
   A tragédia brasileira é não ter nenhuma perspectiva. Pessimismo? Não creio.
   É pela defesa da vida – acreditem – que escrevo esse texto.
   A gente internalizava tais perspectivas – mesmo sob o tacão de uma ditadura militar, mesmo sofrendo a violência da tortura, do exílio, de mil processos etc.
   Percebe-se uma espécie de fascistização do mundo – não falo só da corrupção que degrada, que tira as esperanças e que enoja.
   É o crescimento da extrema-direita, sem falar nos Estados Unidos.
   Apesar das toneladas de papel que já foram escritos sobre Trump, queria meditar rapidamente sobre sua ascensão. Não apenas dizer que ele canalizou as frustrações de uma classe média branca e empobrecida – nos EUA.
   Philip Roth escreveu sobre o atual presidente dos EUA: “Donald Trump é ignorante sobre governo, história, ciência, filosofia, arte, incapaz de expressar ou reconhecer sutileza ou nuance, destituído de toda decência e detentor de um vocabulário de 77 palavras” (...).
   Houve uma época em que ser atacado com tanta violência por um dos mais importantes escritores americanos do seu tempo (Phiilp Roth), “representaria uma dor de cabeça séria para o presidente dos EUA”, como observou Sérgio Rodrigues.
   Hoje, suas palavras caem no vazio, ficaram no "sopão  frio de uma cultura em que deixamos de dar bola para o que pensam os escritores”.
   É um tempo de trevas, mas não para desistências.
   Precisamos fazer o que for possível para recuperar o HUMANO, A ESPERANÇA.
   Como? Caminhando. Como já disse alguém, as estradas foram feitas para serem  trilhadas.
“Aqueles que não caminham por medo de cometer um erro cometem o mais grave deles” (Papa Francisco  –Homilia, “Domus Sanctae Marthae”, 8 de maio de 2013)
(Salvador, fevereiro de 2017)

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