quarta-feira, 26 de abril de 2017

Cidadão flagra caminhão da prefeitura fazendo "carreto" particular.



CLIQUE NA IMAGEM
   
   Fato acontecido hoje (26) a tarde no Campeche. Caminhão da Secretária da Saúde fazendo entrega de janelas e portões em residência particular. 
   O combustível do caminhão, o deslocamento, o salário do motorista e o desgaste do veículo é pago pela população que paga impostos compulsórios e não tem retorno em atendimento de saúde.

Enquanto isso...

   Sala de nebulização e aplicação de medicamentos da UPA do Rio Tavares com ar condicionado vazando água dentro. Prefeitura não está fazendo manutenção dos equipamentos.


Comentário
Paulo Arenhart disse...
O que ninguém mostrou e me contaram é q ontem de noite um outro caminhão particular foi na mesma casa e retirou todo o material deixado lá!
Por que será? será que este material (aberturas de alumínio) eram pagamentos de propinas?
Por que retiraram? Foi para onde?
Quem produziu as janelas e portas?
Caso muito nebuloso!

Cyber Monstrum Mundi

por Marcos Bayer

   Se o latim estiver correto, estou falando de um Monstro Cibernético Mundial.
   Monstro pela forma, cibernético pela tecnologia e mundial pelo tamanho.
   Falam de uma intensa e rápida mudança nos hábitos de comunicação e trabalho da humanidade. Falam da aplicação da cibernética em todos os níveis de produção. Desde o controle do plantio das sementes de soja até o acompanhamento da cotação das ações nas bolsas de valores.
   Falam das redes sociais, dos blogs, dos jornais eletrônicos e das amizades virtuais. A tecnologia ocupa espaços que eram nossos, dos humanos.
   Algumas profissões desaparecem ou pelo menos diminuem. Quando vejo um carteiro uniformizado pergunto-me o que ele entregará em mais alguns anos?
   As relações humanas são mais rápidas e, presumo, mais estéreis. Ou pelo menos mais superficiais.
   Estatísticas mostram que aumentam de doenças neurológicas, entre elas a ansiedade e a depressão.  Aumentam as taxas de suicídio entre os jovens. O mundo está mais competitivo. O mercado está presente em toda a programação das televisões, entre os segmentos de qualquer programa, na Internet, nos e-mails e nas redes sociais. Nas revistas impressas e nos jornais que ainda circulam sob a forma física, também.
   As pessoas alimentam-se mais rápido e já não conversam à mesa, pois suas pequenas máquinas de comunicação não permitem interação humana. As digitais têm a preferência. Todos querem mostrar quase tudo. Ninguém explica mais nada.
   Até os professores, nossos melhores interlocutores, estão falando cada vez mais à distância.
   Estamos, todos, submetidos ao sistema. Não sei qual é o sistema, mas é um sistema que quando “cai”, paralisa quase todas as nossas atividades.
   Não sei para qual mundo estamos caminhando. Não tenho nem ideia, para ser sincero.
   Criamos um mundo virtual porque não conseguimos resolver as questões do mundo material. Entre elas a fome, o emprego, a saúde, a educação e a segurança.
   Festejamos o UBER que é a maior frota de táxi sem que nenhum veículo pertença ao dono da ideia criadora.
   Da mesma forma com a hospedagem pelo sistema Airbnb. Um hotel com filiais espalhadas pelo planeta.
A política perde espaço para as corporações nacionais ou transnacionais. Os governos são geridos por elas. Vejam o que acontece hoje no Brasil.
   No mundo corporativo não existem pessoas, apenas números e consumidores.
   Todas as empresas querem clientes e por isto inventam necessidades para produzirem, venderem e sobreviverem. O mundo globalizado é um mercado insone.
   Somos mais felizes? Temos mais amigos? Com quem interagimos?
   Máquinas já interagem com máquinas. Códigos e senhas orientam nossas vidas.
   Para onde caminhamos?
   Para uma nova ordem mundial baseada na artificialidade?
   Se nós vivemos no mundo físico – químico – biológico, e vivemos, não é nele que temos que interagir?


terça-feira, 25 de abril de 2017

DESCANSA EM PAZ, JERRY ADRIANI!



por Emanuel Medeiros Vieira

Ouvindo a “Oração de São Francisco”, com Fagner, e “Mi Viejo”, com Piero

Segmentos da minha geração (falo da que viveu os anos de chumbo), que combateu a ditadura militar, amavam e escutavam (ou melhor, amam e ainda escutam) Geraldo Vandré (1935), cujo versos condoreiros  correspondiam às nossas lutas e aos nossos sonhos.
   Ainda hoje, acho que ele está para a nossa música, como Castro Alves está para a poesia brasileira.
   E pelo maniqueísmo imposto pela ditadura (ou por falta de lucidez mesmo), deixamos de lado outros gêneros musicais – queríamos apenas as “músicas de protesto”.
(E claro, os  mestres dos mestres: Beethoven, Mozart e Bach.)
 As outras eram “alienadas”, como se dizia naqueles tempos de tanta utopia.

   Deixamos de lado – por radicalismo, por raiva da ditadura, ou por falta de percepção histórica – outros gêneros.
   E também a chamada “Jovem Guarda”, com Erasmo Carlos (1941), Vanderléa (1946), Erasmo Carlos (1941), Roberto Carlos (1941), Martinha (1949), e também outros cantores como Waldick Soriano (1933-2008) – a respeito de quem, Patrícia Pillar (1964) dirigiu um belo filme –, Wando (1945-2012), Altemar Dutra (1940-1983) e outros.
Foi uma injustiça. Com a morte, vitimado pelo câncer, de Jerry Adriani (1947-2017), queria escrever essas modestas palavras.
    De gratidão, por teres alegrado tantos corações, caro Jerry Adriani, como os outros citados.
Tudo isso, revela que a gente pode e dever amar vários gêneros musicais.
   Uma vez, dois queridos amigos discutiam severamente a respeito da validade da chamada música popular e da erudita.
   Cada um defendia a sua preferência.
   E na hora entendi, por todo o sempre, que poderíamos amar e reverenciar Mozart, como Cartola. Tal aprendizado ficou no meu coração.
   E queria te dizer: muito obrigado, Jerry Adriani! Descansa em paz!*
(Peço que a revisão dos meus conceitos seja feita por duas pessoas de outra geração: mais que sobrinhos, são grandes amigos, e que conhecem e amam a música profundamente (e incluo também  outro sobrinho por afinidade: Júlio César Vieira da Silva, Paulo L. Vieira e Nicolau Varela.)
*Queria relembrar três nomes, que engrandeceram as artes cênicas e o humanismo no Brasil, e que também morreram (muito cedo– mostrando que a vida não é justa, é claro...) de câncer: Flávio Rangel, aos 58 anos; (Oduvaldo Vianna Filho), aos 38, e Paulo Pontes, aos 36.
(Salvador, abril de 2017)

Varal da Trajano

   
   Recebi do amigo Milton Ostetto
   Dia 29/04 estaremos comemorando dois anos de vida do Varal da Trajano com a exposição Olhares de Floripa...

   Gostariamos de agradecer imensamente a todos os fotógrafos que expuseram. Foram aproximadamente 500 fotografias expostas ao ar livre sobre os mais variados temas.
 

   Um agradecimento especial também a todos os fotografos que ja se inscreveram para as próximas edições do Varal da Trajano, que para a nossa felicidade, a agenda esta preenchida até outubro de 2019.
 

   Um agradecimento muito pra la de especial a MULTICOR (Endrigo Righeto, Alexandre Freitas e a Iva) que desde o primeiro "respiro" do varal entrou de corpo e alma neste projeto.
    
   Muitas muitas muitas pessoas nos ajudaram a transformar este sonho em realidade. A elas um grande beijo e um muito obrigado por acreditarem que "é possível".

domingo, 23 de abril de 2017

...porque hoje é dia de Jorge

Morre o roqueiro da Jovem Guarda

   Jerry Adriani, o nome roqueiro da Jovem Guarda, morreu no início da tarde deste domingo, 23, às 15h30, no Rio de Janeiro. Ele tinha 70 anos e enfrentava um câncer. 
   O sangue rock and roll de Jerry Adriani possuía um comprometimento maior com a gênese do estilo do que algumas de suas próprias canções demonstraram. Reconhecê lo por apenas Doce Doce Amor ou Tarde Demais é conhecê-lo pela metade, reduzir sua importância. 
   Leia mais sobre o Jerry neste artigo do Julio Maria. Beba na fonte.

   Eu era fã do Jerry, no nosso tempo. Outro dia encontrei um amigo, também fã do roqueiro, que me relatou um encontro com o ídolo e que rendeu este post no cangablog, publicado em novembro de 2016:

O Gato e o Jerry. Os fãs são eternos!!!
Ser fã é uma coisa engraçada. Na juventude é comum sermos fã de artistas e cantores. Ser fã é admirar, amar alguém incondicionalmente.
    Com o tempo, aquela dedicação de expressar, expressivamente, a admiração por uma pessoa se transfere para um cantinho agradável da lembrança e, acredito, com mais tempo, fica somente uma vaga lembrança.
    Será?
    Pois semana passada o meu amigo estava a caminho de Teresina, onde daria uma palestra em uma universidade privada. De repente recebi um aviso de whats no telefone.
    Era ele.
    - Adivinha quem eu encontrei, agora mesmo, no aeroporto do Rio, e que embarcava no mesmo vôo para Teresina?
    - Quem? perguntei intrigado.
    - O Jerry Adriani!!!! Apertei a mão dele e disse que sou fã, e sou mesmo...das antigas! Ele é simpaticão!

    Percebi que amigo estava emocionado. Era fã!
    Logo emendou...
-"Procure olvidar...tudo que lhe fiz..."  - Lembra dessa?
    Parei o carro no acostamento e ri muito! Contive a emoção...e continuei o "diálogo".

- Ele me disse para procurá-lo no Facebook, não como Jerry...como Jair Souza...com z...confirmou...virou amigo da antiga...kkkkkkk

    Estava sendo demais para mim. Comecei a entrar na situação e imaginar o "momento" que o amigo estava vivendo. Daí perguntei:
    - Tá, mas onde exatamente foi o encontro?

    A resposta foi fantástica!
    - Foi na fila Preferencial...para idosos...kkkkkkkk

    Os fãs são eternos!
 

sábado, 22 de abril de 2017

Alarmismo e Terrorismo nas Reformas do Governo Temer

por Eduardo Guerini
“A hipocrisia é a arte de amordaçar a dignidade; ela faz emudecer os escrúpulos nos homens incapazes de resistir à tentação do mal. É o guano que fecunda temperamentos vulgares, permitindo-lhes prosperar na mentira (...)”
(A moral do Tartufo. In: O homem medíocre. José Ingenieros, 2012)
   
Na semana seguinte a “Delação do Fim do Mundo”, o governo Michel Temer e sua base parlamentar continuam tentando impor um pacote de reformas que destroem o sistema de seguridade social no Brasil. A casta política corrompido, degenerada e cheia de privilégios produz uma abissal rejeição diante de seu comportamento nada republicano. Os pacotes apresentados pelo Ministério da Fazenda e Planejamento atendem os interesses de um mercado financeiro ávido pela abertura de um novo flanco para o setor de previdência privada.

   Enquanto o ritmo de delações se espraia produzindo uma indignação generalizada diante da desfaçatez da classe política envolvida até o pescoço, a mãe de todas as reformas – a Reforma Política é tratada de maneira sorrateira e silenciosa. Em cada nova revelação, é inegável a necessidade de construir uma agenda em prol do crescimento, da distribuição de renda e retomada do controle parlamentar pelos brasileiros, rompendo a relação viciada e visceral estabelecida pela dependência das grandes corporações nacionais e do sistema financeiro.

   Os partidos políticos insulados nos projetos de poder, se submeteram ao jogo da venda de apoios em prol de interesses particularistas, rompendo o preceito constitucional de representação para o “interesse nacional” ou “interesse público”. O governo Temer está à deriva, atingindo no processo de delações que envolvem os principais ministros que articulam as reformas que subtraem direitos dos trabalhadores. A ausência de um “projeto de Nação” inclusivo, que amplia a cidadania, é referenda pelas sucessivas cifras alarmistas que aterrorizam os trabalhadores, as trabalhadoras – o cidadão honesto que honra seus compromissos com dignidade.

   O ataque ao movimento sindical, não poupando sequer as fontes de custeio estabelecidas pela “contribuição sindical”, traduz o “terrorismo político” de um governo corrompido. Numa clara tentativa de circunscrever o movimento sindical por meio da chantagem, o relator da Reforma Trabalhista simplesmente não atende as demandas dos representantes legítimos dos trabalhadores. É o desmantelamento o modelo de solidariedade social moderno, o contrato de trabalho que garante emprego. A flexibilização, a precarização via terceirização não se traduzirá em novos postos de trabalhos, será o “dowsizing” numa economia em que 2/3 dos trabalhadores sequer conhecem o que é formalidade ou direitos sociais inscritos na Constituição de 1988.

   No caso da Reforma da Previdência, o alarmismo produzido no gabinete do Ministro da Fazenda é resultado e uma expectativa vendida ao mercado, que não se realiza a contento no esteio das delações cotidianas, traduzindo uma superação de interesses contrariados. A economia que se pretende para a próxima década, algo em torno de R$ 800 bilhões, poderia ser alcançada em decisão audaciosa do COPOM, reduzindo a “Taxa SELIC” em apenas alguns pontos percentuais. O Brasil continua ter a mais alta taxa de juros reais no mundo.

   A equipe econômica de Michel Temer vocifera contra os opositores, bradando que os juros subirão e que o Brasil não crescerá se não fizer as Reformas, principalmente, a Previdenciária e Trabalhista. Nada de pensar sobre a Reforma Tributária, e, chamar a responsabilidade o sistema financeiro que drena recursos do orçamento para pagamento da dívida pública, algo em torno de R$ 500 bilhões a cada ano fiscal.

   Neste enredo fatídico, alarmista e aterrorizante, nada melhor que a frieza dos relatórios de perspectivas para economia brasileira, produzidos pelo FMI – Fundo Monetário Nacional, prevendo um crescimento pífio em 2017 – apenas 0,2% do PIB, e, 1,7% em 2018. (sic!!)

   Assim, temos um governo de corruptos, alarmistas e mentirosos, que aterrorizam uma geração de trabalhadores honestos que vivem sob a insígnia do desemprego, ou, relações trabalhistas precárias com salários indignos. Um triste legado para uma Nação que sonha ser potência!!


quarta-feira, 19 de abril de 2017

Estratégia quero-quero


   O governador Raimundo Colombo surpreendeu a imprensa local quando foi dar uma entrevista coletiva em Brasília para desmentir as acusações de delatores da Odebrecht.
   Escolado homem do planalto serrano, atento aos hábitos de animais e aves do campo, Colombo simplesmente aplicou a estratégia dissimulatória do quero-quero: canta sempre para o lado contrário do ninho.

Geração perdida


por Emanuel Medeiros Vieira

Para os pais que lutam para que seus filhos escapem da dependência das drogas ilícitas (ou não)
  
O grande Leon Tolstoi – um dos maiores escritores de todos os tempos – já dizia (e já se tornou um lugar-comum a citação) que para conheceres o mundo, conhece antes a tua aldeia.
  Vivendo, nos últimos anos, entre Brasília (não a do Poder, dos verdes, dos pássaros, das flores, dos criadores, dos amigos – aliás, a maioria dos patifes chega lá terça e volta na quinta-feira) e Salvador, onde tenho passado os últimos meses, sinto que é preciso falar dos “lugares”.
   A vida é um assunto local, já dizia Chaplin...
   Então, falarei de um doloroso drama, inferno mesmo, que não é só da primeira capital do Brasil, mas de quase todo o país (e mundo).
   O folclore mercantilizado, desta cidade só fala dos cantores, das festas, da “alegria eterna” (puro estereótipo). É que não conhecem a cidade na qual não transitam turistas apressados e deslumbrados.
   Quero falar (não é uma tese) do problema dos dependentes de drogas ilícitas. (Fala aqui alguém que quer compreender, não um juiz.)
   Assunto doloroso e difícil, mas do qual não quero fugir.
   Chamou-me atenção uma matéria bem recente do “Correio da Bahia”, de autoria de Thaís Borges e Hilza Cordeiro.
   Uma das frases mais vistas quando é lido um jornal informa: “Adolescente morreu em confronto com a polícia”.
Causa principal, quase sempre: envolvimento com o tráfico de drogas.
   Diz um senhor: “Infelizmente, a morte dele era algo que a gente previa”, admitiu o pai de Valney do Rosário Pereira, 17 anos, morto numa operação policial no perigoso e populoso bairro de Engenho Velho de Brotas (não esqueçam: Salvador é a terceira capital do país em número de habitantes).
   É mais uma morte para a estatística. O pai do rapaz não está sozinho.
   Há quase uma fatalidade, mesmo quando a polícia chega logo atirando. São bairros de pretos e pobres, praticamente abandonados pelo Estado. Ganham pouco (se trabalham), desemprego enorme, conduções infamantes, em que nada funciona. Nada de novo escrevo, eu sei .
   E muitas vezes há confrontos mesmo. A visão, creio, não pode ser maniqueísta.
   Polícia má, traficante bonzinho. Nada disso. Há os dois lados, e muito mais..
   RESUMINDO: APREENSÕES DE ADOLESCENTES POR TRÁFICO SOBEM 1700 POR CENTO EM 11 ANOS, NA CAPITAL BAIANA.
  “Eles começam como usuários de drogas, daí partem para outras atividades". A maioria faz parte de facções, informa uma delegada.
   Nos bairros periféricos, a influência é ainda maior das facções, por causa (é claro) da vulnerabilidade social.
   Um defensor público diz que o jovem sente necessidade de reafirmar a sua identidade num grupo.
   Ele acrescenta: “Os adolescentes são a ponta desse sistema e é essa ponta que o aparato policial reprime primeiro”.
   Famílias desfeitas, falta de proteção, violência doméstica, pais inexistentes, falta de limites – tudo isso são causas.
   Reconheço: não tenho certezas. Só dúvidas. Talvez não haja maior flagelo como esse – só a guerra.
   Quem tem de lidar com um dependente em casa (conheço famílias) sabe disso: é um inferno diário, e até o amor mais desmedido não oferece resultados.
   Com tudo isso, ainda enfrentamos, no país, uma crise ética sem precedentes, e um mundo armado, violento e perigoso.
Mesmo que não sejamos uma ilha, como dizia o grande poeta John Donne, não está fácil.

(Perdoem: queria ter respostas, mas não tenho. Só  palavras. Mas lembro do mestre Machado de Assis: alguma coisa escapa ao naufrágio das ilusões).
(Salvador, abril de 2017)

terça-feira, 18 de abril de 2017

Máquina de dinheiro...


   Uma concessionária da Prefeitura, que explora terreno público - no centro, em frente ao Mercado - cobra R$ 4,90 por 4 minutos de estacionamento. Sem tolerância de 10 ou 15 minutos, normal nesses casos.
   Talvez essa máquina de fazer dinheiro explique o pagamento de aluguéis milionários por parte de administradores da cidade. 
   O "assalto" foi contra o amigo Fernando Damásio, editor e colunista do Bom Dia Floripa.

...sobre extravagâncias do primeiro casal de Florianópolis

Kim Kardashian. Inspiração?
   De repente, em Florianópolis, podemos reescrever a expressão popular clichê da seguinte maneira - por cima de um homem e de toda população existe uma "grande" mulher grande. Ambiguidades a parte, justificativas no mínimo desastrosas causaram questionamentos acalorados sobre a aquisição da bela moradia do "recatado" casal de autoridades da capital na última semana. Em linguagem tanto hostil quanto enraivecida, a população conheceu a nobre procedência antes escondida dos atuais representantes do povo. 
   
   Triste saber que expressões tão discriminatórias tenham ilustrado a coluna mais lida do estado num ato de mais profunda exacerbação da vaidade humana.  "Golpe do baú"; "nasci em berço de ouro"; "meia mostrenga" "morava numa mansão de 5 mil metros quadrados que foi sede da casa cor"; "luxo na praia de Ipanema"; estudei nos melhores colégios"..."irmãos ricos". E, por aí vai.

   Não, não são expressões do reality show protagonizado por Kim Kardashian - menos ainda, postagem recente da rica (rica mesmo) blogueira Lalá Rudge; é simplesmente a retórica da atual primeira dama de Florianópolis.
   
   Os bonecos de luxo, ainda desdenham o brinquedo de 8 milhões de reais que compõe o novo arranjo familiar nos últimos 120 dias. Velhos ricos de novos hábitos? 
 
   O que esperar dos senhores estudiosos nos melhores colégios a utilizar expressões tão infelizes quanto gramaticalmente incorretas? Será que tamanha riqueza animosamente ressaltada nos coloca à mercê do crivo de vossas altezas como se fôssemos idiotas iletrados, sem eira, sem beira, e sem pai? 
 
   O que pensa parte da população nascida em "berço de latão"? Que estudou em escola pública? Que não tem irmãos que estudam no exterior? Que precisam trabalhar, se qualificar (graduação e pós, mestrado, doutorado...) por desconhecerem culturalmente a prática do golpe do baú?
 
   Um grito de bravo aos pais que em simplicidade ensinam aos filhos diferenciar preço de valor. 
 
   Enquanto isso, assiste-se a nobreza insigne dramatizar uma adaptação ao romance de Anton Tcheckhov: A dama (e o plebeu) do(s) (pobres) cachorrinho(s).

segunda-feira, 17 de abril de 2017

MPSC vai investigar Doreni Caramori Jr.

EXTRA! MP-SC INSTAURA INQUÉRITO PARA INVESTIGAR PAPEL DE CARAMORI JR. NO ANIVERSÁRIO DA CIDADE
   Na sessão de hoje da Câmara Municipal, o vereador Prof. Lino Peres revelou em primeira mão a informação de que o Ministério Público de SC já instaurou inquérito para investigar as suspeitas de corrupção no envolvimento do empresário e ex-secretário-executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Florianópolis, Doreni Caramori Jr., com a festa de aniversário da cidade. “Tal ação do Ministério Público demonstra a importância da denúncia anônima e a necessidade de continuidade da CPI aqui na Câmara”, destacou Lino em Plenário. 
   A atitude unilateral do presidente da Câmara municipal de Florianópolis, Guilherme Pereira – que, inclusive, assinou o documento -, de arquivar a CPI, mesmo com o parecer favorável da Procuradoria da Casa, foi bastante criticada durante a sessão de hoje. A Bancada da Oposição argumentou que, além da assinatura de 15 vereadores pela abertura da Comissão, há materialidade suficiente para a continuidade da investigação. A investigação das acusações levantadas pela denúncia que chegou à Câmara é essencial, já que evidenciam a conflituosa relação público-privada que está sendo construída nessa gestão.
   No dia 5 de abril, o MP-SC enviou ao prefeito Gean Loureiro um ofício com diversos questionamentos sobre o acúmulo de função de Caramori Jr. como secretário e empresário, e também seu envolvimento na negociação entre a Prefeitura e a AMBEV, que pagou cerca de R$ 400 mil Reais para a realização do aniversário da cidade deste ano.   Caramori alega que a festa foi um evento privado. A Promotora Juliana Padrão Serra, autora do inquérito, estabeleceu o prazo de dez dias corridos para a resposta do prefeito – o ofício foi enviado no dia 5 de abril, mas a Prefeitura ainda não acusou o recebimento.

Execrado por se sujar por pouco...idiota...


    Na pequena Santa Gertrudes, cidade com 25 mil habitante no interior de São Paulo, a Odebrecht fez um "investimento" nos candidatos a prefeito na eleição de 2012. Como não existe almoço grátis, tinha interesse em manter a concessão de água e esgoto.
    O trio, o prefeito Rogério Pascon (PTB), o ex-prefeito Valtimir Ribeirão (PMDB) e Lazaro Noé da Silva, o Gino da Farmácia (PPS), que disputou as eleições municipais, apareceu na delação de Guilherme Pamplona Paschoal, executivo da empreiteira Odebrecht, segundo a revista Veja.
 

   De acordo com a delação de Paschoal, a eleição de Santa Gertrudes teria custado à empresa não mais que 180 mil reais em caixa 2. R$120 mil reais teriam ido para o candidato favorito nas pesquisas, Ribeirão (que perdeu); Pascon, o atual prefeito (reeleito), teria ficado com 50 mil reais; e ao azarão da disputa, Gino da Farmácia, teriam sobrado 10 mil reais.
 

   No domingo de Páscoa, apenas Gino da Farmácia não estava na cidade. Embora tenha aparecido relacionado ao menor valor de propina, Gino tem atraído as maiores críticas. “Como foi se sujar por 10 mil reais? Todo mundo aí na política levando milhões! Por 300 milhões de reais até eu me corrompia”, disse a dona de casa Fabiana Costa, de 36 anos.

Esse é o povo...

Florianópolis se destaca na LavaJato

   Não vai acabar bem
   Deve acabar em escândalo a licitação na Embratur para contratar por R$ 9 milhões uma agência de comunicação digital. O dono da Talk, empresa vencedora, é Luiz Alberto Ferla, velho amigo e conterrâneo de Florianópolis de Vinicius Lummertz, presidente da Embratur. 

Uma questão de cultura

por Carlos Nina*
 
O que o País está vivendo é fruto da educação que temos.
Um dos delatores da Operação Lava-Jato, que está expondo um esquema fantástico de corrupção, foi explícito: é cultural.
PC Farias, famoso tesoureiro da campanha do ex-Presidente Fernando Collor, ouvido em CPI no Congresso Nacional, já fizera a revelação daquilo que todos sabiam – e continuam sabendo: negar a corrupção no processo eleitoral é hipocrisia.
Outro dos delatores da mesma Operação Lava-Jato confirmou serenamente essa afirmação - que ninguém se atreveu a negar, por ser tão óbvia -, apesar do discurso de todos, que transforma a Justiça Eleitoral em cúmplice. Respondem, sempre, em uníssono, partidos e candidatos, eleitos ou não:
- Todas as doações recebidas foram lícitas e aprovadas pela Justiça Eleitoral.
Chegamos, assim, a uma situação em que não sobra ninguém. Cada esperança se transforma em desilusão.
São todos honestíssimos. Um mais do que outro. Como se pudesse haver gradação de honestidade. Até agora há apenas um que admite não ser o mais e proclama: Só Cristo foi mais honesto do que eu!
Na verdade, são todos inocentes, porque as delações não provam nada e, mais do que honestos, a maioria deles é muito mesmo é esperta e dos bilhões desviados dos cofres públicos só voltarão alguns milhões - bagatela diante do tamanho do rombo causado no dinheiro suado pago pelos brasileiros através de encargos de toda natureza.
Lembra-me uma ponderação feita por meu irmão, Carlos Alberto, também advogado, sobre as polêmicas em torno da situação nacional. Ex-Gerente de várias agências da Caixa Econômica Federal, da qual foi ex-Superintendente  no Maranhão e no Piauí, administrador exemplar, com a visão de sua experiência, observou que,  além do prejuízo causado pelos desvios das verbas, há outro de igual monta,  que é o decorrente da própria gestão pública. Não há a mínima preocupação em gerir as instituições públicas de modo a fazer com que seus recursos sejam aplicados da melhor forma. Descaso, incompetência e má-fé levaram e continuam levando instituições e serviços públicos ao caos.
Sucateados, perdendo servidores qualificados e empanturrados com apadrinhados incompetentes, mal educados e corruptores vorazes, os serviços públicos estão em rota de autodestruição. A engrenagem da corrupção que todos sabiam existir está revelada friamente e não há nenhuma perspectiva de que seja extinta ou de que, mesmo atingida pelas operações que têm levado colarinhos brancos para atrás das grades, não estará presente nas próximas eleições, nem esteja extinta em todos os escalões, níveis e esferas de poder.
São bodes expiatórios consumidos em sacrifício para sobrevivência dos mais espertos e da própria engrenagem. Mas mesmo os condenados não são jogados nas celas comuns onde culpados e inocentes, investigados e denunciados, suspeitos e condenados cumprem indistintamente a mesma pena da confinação em espaços onde não há o mínimo de higiene para o animal mais imundo.
Ah! Mas eles merecem. São criminosos,  ainda que alguns sejam apenas suspeitos.
E esses que usam cargos públicos para desviar em benefício próprio recursos que a população paga para ter boas escolas, hospitais, saneamento básico, água e esgoto encanados, ruas e estradas pavimentadas, por que têm o beneplácito dos justiceiros?
Quanto tempo durará esse estertor? O País conseguirá sobreviver até as próximas eleições? Para eleger quem? Os mesmos? Sem caixa dois, não dá.
Por isso a defesa de um dos investigados é simplória: todo mundo faz isso, há muito tempo!
Como são as raposas que estão tomando conta do galinheiro, não será surpresa se os crimes “necessários” às eleições e reeleições deixarem o rol da legislação penal, violando o conceito de direito e de justiça.
Também não será surpresa se a população brasileira, que vem pagando o alto custo do sacrifício, perdendo seus empregos, sendo barrada nas portas dos hospitais, sem segurança para andar nas ruas ou simplesmente sentar à porta de suas casas, for levada a usar o direito que lhes confere a Declaração Universal dos Direitos do Homem, em seu preâmbulo: “é essencial a proteção dos direitos do Homem através de um regime de direito, para que o Homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão.”
Ou, o que será pior, a excrescência da mentira e do cinismo usar esse viés para tentar levar o País a refazer a história soviética do início do século passado.
O País está nas mãos de todos nós.
 
*Advogado. Ex-Promotor de Justiça e Magistrado aposentado.