terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

O Bloco do Júlio

 por Fátima Forthuna

   Rufam os tambores. Tamboretes e baquetas encontram tons e notas musicais. Trompetes, clarinetas, saxofones e oboés alinhados.
   O Clube Blondin está lotado em Laguna. Terra de Anita Garibaldi, o único herói da História de Santa Catarina.
   Entra em cena Tim Maia, a voz mais soul do Brasil.
   Ouvido absoluto, Tim Maia é o Brasil. Em todos os sentidos.   Genial e atrasado.
   Maestro Pitanga dispara com a Banda Vitória Régia, VALE TUDO, na voz do gênio carioca.
   A primeira ala é das mulheres. A deputada Paulinha vem fantasiada de EVA. Antes de comer a maçã sugerida pela serpente. Nua e coberta de serpentina. A galera delira.
   Depois vem a deputada ADA e uma colega do PT carregando o estandarte: A LUTA CONTINUA. Ela usa esta bandeira desde 1946 quando estudava no Colégio das Freiras, como interna. A galera aplaude e pergunta pelo Delúbio. E elas respondem: - Só ares. Só ares.
 
   Surge a ala do meio. Júlio e Moisés abraçados. Ambos de tanga e camiseta regata bordadas com lantejoulas.
   É o time do 55. No jogo do bicho é o grupo do gato.
   Vem o Eduardo, diretores da CELESC e da Monreal.
   Vem muita gente fina.
   A platéia surta.
   Vereadores da Laguna ficam alerta.
 
   No BLOCO DO JÚLIO todos ganham um KIT ALEGRIA.
- Mochila com etiqueta da ALESC
- Dois tubos de lança perfume argentina (Universitário)
- Mil reais em notas de 100
- Uma garrafa de whiskey Jonnhy Walker
- Um envelope de Engov
- Cinco tubos de Epocler
- Cigarros Ministe
- Uma garrafinha de água mineral
- Batom e blush
- Um HABEAS FOLIA, em branco,  assinado pelo ministro Gregório Lima Mendes (basta preencher o nome) e um Manual da Publicidade da Augusta Casa.
 
   Deputado Romildo veio fantasiado de poço artesiano. Padre Baldissera acompanhou Donald Trump já livre do impeachment. Melânia, a esposa, vem fantasiada de Tratado de Tordesilhas. Metade portuguesa, metade espanhola. Meio bigode, portanto.
   Deputado Vampiro só desfila a noite. Depois das 20.30 horas, quando o Júlio se recolhe.
   Sargento Lima vem de general da banda. 
   Deputado Cobalchini não veio. Mudou de ideia.
   Deputado Naatz veio fantasiado de VADEMECUM.
   Deputado Kennedy veio de Torquemada e carregava uma caixa de fósforos no bolso. 
   Outros deputados formaram a ala DATA VENIA.
 
   Houve transmissão direta pelas TVs com patrocínio da ALESC.
   A ala mais aplaudida foi a Turma do Impeachment. Vieram fantasiados de invisíveis. Só se via uma tira de esparadrapo a 1,60m do chão. Eram 11 tiras brancas. A galera urrava!!!
   Moisés sorria, pulava e entregava beijos para o público.
Muita gente se jogou no canal da Laguna para ser resgatada por ele. Muitos se afogaram. Ele dizia: - Primeiro minha pele. E Trump ajudava: - Yes, First your skin.
 
   Clóvis Bornay fechou o desfile abraçado no prefeito e disse:
 - Ano prrróximo eu volto...


domingo, 14 de fevereiro de 2021

Grande Baile Municipal

 
por Fátima Forthuna

   Sirenes ligadas, giroflex iluminados, pipoqueiros, amendoim caramelizado, vendedores de água mineral gelada.
  A Avenida Hercílio Luz estava interditada desde o Tribunal de Contas até o Oscar Palace Hotel.
   Só passavam os convidados do Baile Municipal.
   O Clube Doze estava lotado. Mais de cinco mil pessoas.   Homens de black tie ou summer jacket. Mulheres de vestidos longos e multicolorido.
   Algumas de mini saia.
   Carlos Muller veio de Blumenau, Celso Pamplona, Moacir Benvenutti e Zury Machado cobrindo a festa para os jornais da Capital. A TV Cultura com Fenelon Damiani e Marisa Ramos.
O speaker anuncia Emilinha Borba, Neide Maria Rosa e a Nega Tide.
   Aplausos, gritos, sorrisos e muita animação. Os garçons servindo whiskey e baldes de gelo. Para as senhoras Guaraná Antártica e uma pingada de vodka.   
  E lança perfume para todos.
Confete, serpentina e música maestro.

   Mamãe eu quero, mamãe eu quero, mamãe eu quero mamar...

   Os deputados riam e pediam a chupeta.

   O maestro toca: "Eu não posso ficar mais um minuto sem você, sinto muito amor, mas não pode ser... Moro em Jaçanã, se eu perder este trem que sai agora às 12 horas... Só amanhã de manhã".

Senhoras e senhores vamos apreciar as fantasias.

Categoria Originalidade:

O Canguru Pererê
O Pescador de Miraguaia
O Vendedor de Rosca
As Tainhas Afogadas
O Linguado de Óculos
A Mobilidade Urbana

Em seguida são chamadas as fantasias de luxo:

As chagas do Corona vírus
Pétalas das Rosas das Chuvas de Janeiro
O Sol do Egito nas Areias de Canasvieiras
A Grande Potência do Oriente
As Guerras Púnicas e a Degola de Aníbal
Os Viadutos de Duas Mãos e Três Pistas da Ilha
O Petróleo na Lagoa da Conceição

E o maestro toca: "Olha a cabeleira do Zezé, será?"

   Clóvis Bornay é o convidado de honra do júri.
Jornalista Pear Tree, cantora Bidú Saião, Márcia de Windsor, costureiro Lenzi, Seixas Neto, Constanza Pascolato, Elizabeth Taylor e seu sobrinho James. Frank Sinatra e Jane Fonda.

   Entra a Philarmonica Desterrense e a platéia delira.

   O desfile transcorre com muita alegria, expectativa e admiração.
   Finalmente o vencedor da categoria luxo:
"A Grande Potência do Oriente".

   Repórter da TV Cultura pergunta ao vencedor:
- uma alusão à Maçonaria?

- Não, responde o premiado.
- É homenagem à China, este povo maravilhoso.
   A repórter diz: - O povo dos respiradores?

   - Sim, minha filha. Nós compramos bilhões por ano na secretaria da saúde. E vocês ficam enchendo o saco por causa de uma merreca de R$ 33 milhões?
- Já foram ver quanto gastam na ALESC com combustível e diárias? E, ainda, a publicidade?
- Já foram ver os jornalistas pendurados na folha do Tribunal de Contas?
- Será que vocês não podem esquecer deste probleminha?
Eu fui enganado pelo Douglas. Ele foi enganado pela Fátima. Ela foi enganada pela Júlia. Foi uma cadeia de enganação.

 
- E por que pagaram, perguntou a repórter:
Ele disse: - Porque alguém perde, mas alguém sempre ganha.
E encerrou a entrevista.

Clóvis Bornay chocado disse ao Júri: - Que horror!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

O Bloco do Galo que bota ovo e choca!

por Fátima Forthuna

Có có có ró có e o galo tem saudade da galinha carijó.

    As pressões eram insuportáveis. O comércio de diversão, hotéis, restaurantes e muito mais.
   Mosche, o governador, resolveu liberar mais um bloco. Financiados pelo agro- negócio, o AGRO é tudo, ou quase tudo em Santa Catarina.

O Bloco do Galo que bota ovo e choca! 

   Trata-se de um galo do meio oeste catarinense que espantosamente bota ovo.
   E choca!!!

Mosche subiu no caminhão do som, pegou o microfone e lascou: 

- Meu governo vai entregar ovos para todos os catarinenses. A Epagri já cadastrou os endereços. Todas as manhãs haverá um ovo na porta de cada um. No meu governo o galo vai trabalhar. Vou acabar com esta mamata de só namorar as galinhas e cantar no alvorecer. No meu governo o galo botará ovos, vai choca-los e cuidará dos pintos até que fiquem frangos. E além de cantar na madrugada, vai cantar de hora em hora para orientar a população.

 - O galo terá a função de relógio orgânico no meu governo.
Não terei pena dos cidadãos. Vou distribuir as penas dos galos e galinhas abatidos para que todos possam fazer um cocar.
 

- Quero um governo de caciques. Chega de índios na administração. Só permitirei o Índio Condá.

- Vou transformar SC numa fritada. O galo bota e choca e eu entrego. A única coisa que não vou poder entregar são os respiradores da China. Paciência!
   E a galera cantava: Có có có ri có, o galo tem saudade da galinha carijó...

 Finalizou afirmando: 

- Nós já produzimos peito de Chester e agora faremos Sandwich de Peito de Galo.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Um livro contra as fake news

por Carlos Nina*

   Em 2020, pela Editora JusPodium (Salvador,BA), o juiz estadual do Maranhão, Paulo Roberto Brasil Teles de Menezes, publicou um livro que, como informa no Prefácio Francisco Balaguer Callejón (Catedrádico de Direito Constitucional da Universidade de Granada), “é uma versão desenvolvida e ampliada da dissertação de mestrado” apresentada por Menezes perante a banca presidida por Callejón e que “obteve o conceito máximo por decisão unânime da comissão examinadora”, no Curso de Mestrado Oficial em Direitos Fundamentais em Perspectiva Nacional, Supranacional e Global, da Universidade de Granada

    O título do livro manteve o da dissertação: Fake News: modernidade, metodologia e regulação.

    A abordagem do Autor tem um referencial eminentemente constitucional. Sua preocupação: a democracia. Nem por isso deixa de analisar o fenômeno em si, fazendo-o notadamente no segundo capítulo de seu livro, quando responde às questões sobre o que são, como são, modalidades, formas e finalidades.

    No capítulo seguinte sua análise volta-se para o conflito fake news e liberdade de expressão. Entra, então, na polêmica que o mundo vivencia, desdobrando esse embate abordando a liberdade de informar e ser informado, a liberdade e a vigilância da internet, censura pública, estatal e privada, regulação e intervenção do Estado no espaço cibernético, a importância das instituições e da sociedade civil.

    Paulo Brasil Menezes enfrentou com inequívoca segurança um tema difícil, infinito (teórica e matematicamente mesmo), apresentando um resultado relevante não só para quem quer estudar ou conhecer o que são e avaliar as consequências das fake news, mas para quem quer conhecer a realidade em que vivemos hoje, ao que estão sujeitas as pessoas de bem, que passam pela vida sem saber que estão sendo manipuladas, usadas, vigiadas.

    É inevitável ler esse livro de PBM (ele lançou outro, Diálogos Judiciais entre Cortes Constitucionais, pela Lumen Juris, Rio, 2020), sem trazer à mente, ao longo de toda a leitura, as câmeras do Grande Irmão com as quais George Orwell prenunciaria, com um livro escrito antes de 1949, ano de sua publicação, o célebre Nineteen Eighty-Four, publicado no Brasil sob o título 1984.

    Nesse livro, Goerge Orvell (fake news de seu nome verdadeiro, Eric Arthur Blair) trata também sobre a liberdade e a vigilância estatal, que acabou se consolidando, tanto que já não se discute se estamos ou não sendo espionados, mas quem está fazendo isso e quanto invasiva tem sido essa vigilância, pois é ampla, total e descontrolada.

    Apesar do alerta de Orwell, há 70 anos, e até de Bill Gattes, Nathan Myhrvold e Peter Rinearson, em The Road Ahead, publicado nos Estados Unidos em 1995 (traduzido no Brasil para A Estrada do Futuro), só em 23 de abril de 2014 o Brasil teve sua lei (12.965) tratando de um marco civil da internet. Norma essa alterada pela Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, que dispunha sobre a proteção de dados pessoais e foi alterada pela Lei 13.853, de 8 de julho de 2019, tratando sobre a proteção de dados pessoais e a criação de uma Autoridade Nacional de Proteção de Dados. Há pendente, no Congresso Nacional, o Projeto de Lei 2630/2020, de autoria do Senador Alessandro Vieira, que institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet. Antes de encerrar seu livro, Paulo Menezes analisa esse PL, que é um dentre dezenas de outros que tratam das notícias fraudulentas. E o faz com a inteligência, o bom senso e o equilíbrio com que desenvolveu sua dissertação.

    As fake news, porém, como as entendo, ganharam apenas um novo nome, sofisticado como gostam os intelectuais, contra os quais Orwell se insurge no seu terceiro romance (1984 foi o sexto e último), publicado no Brasil sob o título Mantenha o sistema (São Paulo, Hemus), conclamando para um lugar “lá embaixo”, onde “você não tinha contato nem com o dinheiro, nem com a cultura. Nenhum cliente, do tipo intelectual, para quem você tivesse de bancar o intelectual.”

    Paulo Menezes sabe disso: “A disseminação de fake news, por certo, não é uma atividade exclusiva dos tempos modernos, tampouco é privilégio da sociedade contemporânea. (…) As fake news já despontam de ‘outros carnavais’”, (…) já vem ocorrendo desde os tempos das civilizações antigas …”, afirma (p.49). O privilégio do ineditismo pertence à serpente, que enganou Eva, no Paraíso.

   A própria Constituição tem suas fake news. Tanto que o presidente José Sarney sentenciou que aquela Carta tornaria o Brasil ingovernável.

    As FN, portanto, não foram criadas pela web. Nela apenas ganharam mais velocidade e puderam ser utilizadas de forma mais eficaz, para a desinformação.

    É contra isso a bela dissertação de Paulo Brasil Menezes. É contra a propaganda do Big Brother que a mídia poderosa propaga, para desinformar a população, instigar o ódio, deteriorar os valores da decência e da moralidade, da honestidade e da responsabilidade, proclamando como o Grande Irmão: Guerra é Paz. Liberdade é Escravidão. Ignorância é Força.

    Sua esperança, com certeza, está nos versos de Mary Ann Pietzker publicados em 1872 e com os quais o Autor abre seu livro, citando-a na sua Introdução (p. 39) e nas Considerações Finais (p. 287), acreditando que as pessoas, antes de falar, devem fazer-se as seguintes perguntas: É verdadeiro? É necessário? É gentil?

    Mas o ser humano (para evitar o patrulhamento de gênero) é bom e a sociedade é que o corrompe, como disse Rousseau, ou é o lobo de seu semelhante, como preferiu Hobbes?

*Advogado e jornalista. Ex-Promotor de Justiça. Juiz de Direito aposentado.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Bloco do Siri Gay

        por Fátima Forthuna
 
   Saiu, finalmente saiu!
 
   Depois de muita negociação entre o governo estadual, a prefeitura, a Igreja, a ALESC e a comunidade alegre, decidiram pelo sim.
   Sim, irão para fora!
   Ninguém aguenta mais o calor, a Pandemia e o armário fechado.
   E como não tem vacina, o negócio é usar a seringa com lança perfume para picar.
   O Bloco do Siri Gay, saiu em Jurerê Internacional, para arregimentar os turistas ricos e do jet set. Os de jet sky também.
   O governador foi vestido de bombeiro para prestigiar a comunidade. Ele está vivendo uma fase de lua de mel com a sociedade e com os políticos.
   Vários membros do governo e políticos participaram da festa.
   Todos de máscaras, estilos variados, como o Fantasma da Ópera até o lenço de John Wayne, um ícone da facção YMCA.
   O governador foi muito aplaudido pela comunidade e mais ainda pela confraria.
   De tanga e camiseta regata, o governador gritava: - He Man! He Man!
   E a galera delirava.
   Perguntado sobre a atitude imprevista e improvável, ele disse: - Rasga coração!
   E cantarolava EU TÔ QUE TÔ da Simone.
   A galera urrava. Bandeiras do Arco Íris, potes de ouro, batom e serpentina.
   Perguntado sobre os gastos com o bloco, ele disse: 
- Sei lá. O publicitário disse que garante a despesa. E o Tribunal de Contas fica de fora.
   Como Jurerê Internacional é ponto de encontro de gente fina, subitamente aparecem o Raimundo, o Gelson, o Paulo e o Júlio.
   Aí foi aqueeela confraternização! Abraços e sorrisos e gritos de vitória: 
   Hurra, hurra, hurra!
   Nós somos a rádio patrulha
 
   Ao cair da tarde, exaustos, bandeiras tremulando, muita folia, foram todos para a Boite Milk Shake.
   Lá dentro, acomodados no Camarote VIP Banana Split, beberam e comemoravam. 
   O bombeiro gritava:
 - Que coisa linda. Que experiência maravilhosa!
Entregamos ao povo um pouco de alegria!



sábado, 6 de fevereiro de 2021

 Urgente: Cangablog obtém informações confidenciais.

 

por Fátima Forthuna*

   Recebi o diálogo criptografado da reunião do alto comando do governo estadual.
   Leiam as opiniões:
Secretário da Administração
- Governador vamos ter Carnaval? Preciso de orientação para o funcionalismo.

Mosche: - Sim, teremos apenas dois eventos com força total.

Secretário do Desenvolvimento Economico:
- O senhor pode dar detalhes para nossa preparação?

Mosche: - Sim. Mas, apenas os tópicos.

- E quais são?  perguntou o Chefe de Detran

- Teremos um Baile a Fantasias na capital com transmissão via TV para todo o Brasil pelas emissoras abertas.

- E o outro evento? perguntou o Tenente Lasca.

Mosche: - Será o Carnaval de Rua, numa cidade do sul catarinense, com os blocos de sujo.

- E o senhor participará? perguntou o secretário da saúde preocupado com o Corona vírus.
 
Mosche: - Sim. Decididamente sim. Tanto do Baile de Fantasias, como do bloco de rua.

- E já mandei fazer meus trajes de folia

*Repórter especial da Rede Global por 15 anos em Moscow.