terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Parabéns a todos !

  por Marcos Bayer

     Primeiro à Câmara de Vereadores da Capital pela sábia decisão de negar ao brasileiro Gilberto Gil o título de cidadão honorário. Depois do Pelé, Gil é o negro mais importante da História do Brasil.

   Cantor, compositor, poeta, vereador, ministro de Estado, criador da Tropicália junto com Caetano Veloso e outros baianos de primeira linha.
   Quantos florianopolitanos foram embalados pelo discurso poético político musical deste negro, digno representante de uma das raças formadoras da etnia nacional.
   Gilberto Gil é um Orixá vivo.
   Um gênio que só não é compreendido por cabeças de palha, analfabetos políticos e hipócritas de ocasião. Ao invés dos gabaritos das praias da Ilha, deveriam saber do gabarito deste filho da Bahia.
   Queriam saber quais serviços Gil prestou à cidade.
Calceteiro das ruas não foi. Carteiro tampouco. Motorista de ônibus ou enfermeiro também não.
   Gil está para o Brasil como os Beatles estão para o mundo.
Gil acalentou o sonho de muita gente. Alegrou muitos corações. Inclusive aqui na cidade.
 
   E ao Tribunal Especial de Julgamento só podemos desejar Feliz Natal e próspero Ano Novo.
   Esperando que o adiar não signifique esquecer. Afinal, depois do estardalhaço feito na CPI da ALESC, inclusive pelo deputado requerente do adiamento da votação do pedido de Impeachment previsto para 14 de dezembro e prontamente atendido, não queremos imaginar que a amnésia venha se somar à pandemia.
 

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

AO TRIBUNAL ESPECIAL DE JULGAMENTO

  por Marcos Bayer

   Este artigo é uma homenagem ao Presidente Itamar Franco, sucessor de Fernando Collor em razão da renúncia diante do pedido de impeachment em 1992.

   Itamar Franco foi um político correto.

   Marcado está para o dia 14 de Dezembro próximo, a apreciação de mais um pedido de impeachment do governador Moisés da Silva

   Desta vez serão apreciados alguns itens relativos aos gastos realizados ou pretendidos durante a pandemia do Coronavírus.

   Esta será uma oportunidade para banir da vida pública pessoas de discurso fácil sem qualquer compromisso com o interesse público.

   Não vou falar dos detalhes da operação de R$ 33 milhões de reais pagos antecipadamente por respiradores chineses que não chegaram ao Ocidente.

   Nem do hospital de campanha de R$ 76 milhões pretendido em Itajaí. Nem das bandalheiras nos portos de Santa Catarina, agora investigadas pelas autoridades competentes.

   Nem de uma verba publicitária de R$ 2,5 milhões paga a uma agência de publicidade para ensinar ao cidadão como conviver com a pandemia, quando todas as estações de rádio e televisão falam em lavar as mãos e usar máscaras, mantendo um distanciamento mínimo de dois metros, uns dos outros.

   Nem falarei das festas no palácio residencial para comemorar o isolamento governamental. Nem da boçalidade ou da presunção cega incomum aos sábios.

   O Tribunal Especial de Julgamento representa o povo catarinense. São cinco parlamentares e cinco juízes de segundo grau.

   Escrevo como representado. Peço que lembrem das verbas publicitárias fáceis que irrigam a formação da chamada informação livre e independente dos órgãos de comunicação e seus porta-vozes. De uma meia dúzia de publicitários que vive nababescamente do fruto dos tributos dos catarinenses. E que ainda zombam de todos nas festas divulgadas nos meios sociais. Como se não bastassem os fundos partidários, regiamente pagos aos partidos políticos, ainda fazem a festa da propaganda vendendo candidaturas como se fossem marcas de sabonete.

   Onde está a ética da vida pública? Onde estão os homens de Estado? Onde foi parar a decência.

   Lembro do Senador José Paulo Bisol, um dos membros da CPI que levou Fernando Collor ao beco sem saída.

   Dizia ele: Há uma ética da obediência e uma ética do dever, como ensinou Goethe

   Na ética da obediência, o pai diz ao filho para não nadar em determinado rio, sob pena de afogamento, em razão da forte correnteza.

Na ética do dever, o filho desobedecendo ao pai, joga-se nas águas do mesmo rio para salvar a vida de seu amigo, já próximo da morte pela fúria das águas.

   Este conflito ético alguns deputados deverão viver. Obedecer ao acordo do golpe ou desobedecer e salvar Santa Catarina.

   Temos uma oportunidade única para mostrar que Santa Catarina é um Estado de gente digna e não uma esbórnia como querem fazer.




segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Genial! O relato mais fantástico que li sobre O GOL de Maradona!

 10.6 segundos

de Hernán Casciari

   Se llama Alí Bin Nasser y, mientras los otros corren, él camina despacio. Tiene cuarenta y dos años y está avergonzado: sabe que nunca más será llamado a arbitrar un partido oficial entre naciones.

   También sabe que si, doce años antes, cuando se lesionó en la liga tunecina, le hubieran dicho que estaría en un Mundial, no lo habría creído. Tampoco la tarde en que se convirtió en juez: en Túnez no es necesario, para acceder al puesto, más que tener el mismo número de piernas que de pulmones.

   Cuando dirigió su primer partido descubrió que sería un árbitro correcto. Fue más que eso: logró ser el primer juez de fútbol al que reconocían por las calles de la ciudad. Lo convocaron para las eliminatorias africanas de 1984 y su juicio resultó tan eficaz que, un año más tarde, fue llamado a dirigir un Mundial.

   En México le pedían autógrafos, se sacaban fotos con él y dormía en el hotel más lujoso. Había arbitrado con éxito el Polonia-Portugal de la primera fase, y vigilado la línea izquierda en un Dinamarca-España en donde los daneses jugaron todo el segundo tiempo al achique; él no se equivocó ni una sola vez al levantar el banderín.

   Cuando los organizadores le informaron que dirigiría un choque de cuartos —nunca un juez tunecino había llegado tan lejos—, Alí llamó a su casa desde el hotel, con cobro revertido, se lo contó a su padre y los dos lloraron.

   Esa noche durmió con sofocones y soñó dos veces con el ridículo. En el primer sueño se torcía el tobillo y tenía que ser sustituido por el cuarto árbitro; en el sueño, el cuarto árbitro era su madre. En el segundo sueño saltaba al campo un espontáneo, le bajaba los pantalones y él quedaba con los genitales al aire frente a las televisiones del mundo.

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sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Da série perguntar não ofende:

Será que com a ida do chefe de gabinete do deputado Júlio Garcia para a Secretaria da Casa Civil do governo de Carlos Moisés outro aliado de primeira hora do deputado, Nelson Castello Branco Nappi Júnior, voltará para o cargo de secretário-adjunto de Administração?

As laranjas eram podres

 por Marcos Bayer


   A Constituição Estadual:
Art. 196. Aos Procuradores dos Poderes do Estado e aos delegados de polícia é assegurado o tratamento isonômico previsto no art. 26, §§ 1º e 2º, aplicando-se-lhes o disposto no art. 100, I a III.

   Este artigo é uma homenagem ao Professor de Direito Constitucional na UFSC, Márcio Collaço. Ao Dr. Sobral Pinto e ao Dr. Afonso Arinos de Mello Franco.
   Todos os três, cada um à sua maneira, ensinam que a Lei Constitucional é sagrada.
   Um certo cidadão catarinense, parece que advogado público, resolveu protocolar na ALESC, pedido de impeachment contra o governador por cumprimento ao dispositivo constitucional.
Argumentou que ele cometera crime por executar o que a Lei determina.
   No dia de Santa Catarina, 25 de Novembro, o TJSC disse que cumprir a Constituição não é crime. Ainda bem.
   O engraçado é que o presidente da ALESC, Júlio Garcia, recebeu o pedido do tal advogado público, submeteu à análise da sua douta consultoria jurídica e chegaram a conclusão de que obedecer a Constituição é crime.
   Pois bem, mais de 75% dos senhores deputados acataram a tese. Com fúria beirando ao fanatismo, votaram: Afastem o governador. No primeiro escrutínio do Tribunal de Julgamento, o placar foi 6 x 4 pelo afastamento do governante. No segundo escrutínio, por 6 x 3 votos Moisés foi absolvido.
   Tivesse vocação para o poder, subiria na absolvição, empunharia a espada de oficial e iria governar.
   Mas, não sabe o que é governar e nem apetite tem para tanto. Tanto é que após aposentadoria de comandante, foi secretariar um vereador do sul, depois conhecido por Esmeraldino, o portuário.
   De tanto falar em entregas, acabou entregando o governo a seus algozes.
   Lá em Tijucas, aprendemos desde meninos, que a entrega é feita pelo leiteiro, pelo padeiro e pelo carteiro. E que quem é governo, governa.
   Moisés recebeu do povo catarinense o poder para quebrar uma estrutura de poder viciada e prejudicial ao interesse público. Mas, como todo boçal suburbano não entendeu a mensagem. Preferiu a cerveja artesanal, a viola e a vergonha a que foi submetido.
   Moisés retorna ao poder, até que se decida sobre o segundo pedido de impeachment. Aquele dos respiradores chineses pagos antecipadamente no valor de RS 33 milhões.

   Moisés, como se diz entre os que conhecem a doma de cavalos, foi cabresteado pelo PSD e outras forças políticas.
Está pronto para ser montado. Será uma marionete com empáfia e pseudo sapiência. Vai passar dois anos "entregando" não sabemos o que, ainda. Chegou como o Cavaleiro do Santo Graal e agora é o ajudante do vigário.
   Quanto aos deputados, voláteis como o gás metano, salvo exceções, recomenda-se ler e estudar a Constituição.
   Vamos agora para o próximo pedido de impeachment. E, depois, ainda temos um terceiro pedido de impeachment, fruto da CPI dos respiradores chineses pagos antecipadamente.
   Se não me engano a Augusta Casa tem uma escola de formação para qualificar seus funcionários.
   Seria o caso de abrir uma classe extra para os senhores deputados, nas matérias ÉTICA e CONSTITUCIONALIDADE.
   Aprender nunca é demais.
   Aos membros do Judiciário catarinense, membros do Tribunal de Julgamento, presidido pelo Dr. Roesler, parabéns pelo preparo intelectual e acuidade.

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Ali babá e os seus babões

por Marcos Bayer

  É uma releitura do clássico persa, parte do imaginário humano, durante séculos.
   Este artigo é uma homenagem a um descendente de italianos, de segunda geração, como muitos que fizeram a história de Santa Catarina.
   Filho de Joaçaba, advogado, vereador, quatro mandatos estaduais, deputado e presidente da ALESC, presidente do Tribunal de Contas, Consultor Chefe do Estado e professor.
   Nelson Pedrini foi político numa época em que a Política era praticada com mais hombridade. Mais preparo e mais cultura.
   Os atuais deputados estaduais, em número superior a 75% da composição da Augusta Casa, já votaram pela admissibilidade de dois pedidos de impeachment, contra o governador e um contra a vice governadora.
   Deste ela já se livrou..
   Ele aguarda o desfecho afastado e ela está no exercício do cargo.
   Isto todos sabem.
   O que não sabem, é que aquela vontade esmagadora em derrubar o governador está empalidecendo.
   Surgem rumores de que os chefes do executivo e do legislativo aventam um acordo.
   Rumores, são rumores.
   Podemos e devemos, com muita atenção, acompanhar o andamento dos processos na ALESC.
   O golpe inicial já foi debelado. Mas, as areias do deserto ainda podem ofuscar a visão de alguns.
   E o tilintar das moedas de ouro do mercador de Bagdá pode provocar sorrisos escusos protegidos pelas noites cintilantes dos céus das Arábias.
   O fascínio pelo poder e pela fortuna fácil são tentações previstas no Al Corão.
   Cabe à imprensa catarinense, sempre aprimorada por estímulos misteriosos, funcionar de forma impermeável às regras do Bazar.
 
   Salam salamaleiko salam.


terça-feira, 17 de novembro de 2020

Os últimos dias de Gilberto Dimenstein. Forte. Comovente!

A descoberta do dengo

O comovente livro em que Gilberto Dimenstein e Anna Penido registraram as últimas semanas de vida do jornalista (FSP)
 
   O “caranguejo que me comia por dentro” — como Gilberto Dimenstein chamava o câncer que surgiu em seu pâncreas e, em meses, foi alongando as garras até atingir o fígado e os pulmões do jornalista — estava sem controle. Haviam se passado seis meses de tratamentos agressivos, quando o médico anunciou para ele e Anna, sua mulher, que nada havia adiantado.

   Chegando da consulta, ela decidiu ligar para o médico. Queria fazer perguntas que não teve coragem de fazer na frente do marido. Gilberto não quis ouvir a conversa e foi para a edícula, um refúgio em meio ao enorme jardim da casa em que moravam. Anna ouviu do especialista a palavra que ninguém enfiado nos círculos infernais do câncer quer ouvir: “terminal”.

   Também jornalista, baiana dedicada à educação e às causas sociais, ela caminhou até a edícula e disse ao marido que só contaria o que ele quisesse saber. “Gil quis assistir um filme, comigo ao lado. Colocou Jojo Rabbit (uma sátira à Alemanha de Hitler) pra rodar. Ele adorava ver filme em que os nazistas se ferram. Quando acabamos, contei tudo pra ele”, me disse ela, em uma de nossas conversas pelo telefone, quando saía às pressas de uma loja. Tinha caído no choro na hora de pagar as compras. A cena se dava seis meses depois da morte do marido. O luto, assim como o mal que levara Gil, Anna estava sentindo, é ardiloso.

   A morte veio três semanas depois do filme na edícula. No livro que escreveram juntos, contando sobre os dias em que a doença se espichou, Anna descreve como o marido partiu, na cama deles, depois de quatro dias de despedidas. Nesse tempo, ele quis comer a empanada de frango do Bar do Zé, perto dali, gravou o último depoimento para o livro e chorou, de mãos dadas com a mãe, os irmãos e por último os dois filhos. Desculpou-se por não ter sido mais afetuoso e ouviu deles que era muito amado.

   As horas finais, diz o comovente e lúcido relato de Anna, se deram assim:

   Você estava sedado. Na madrugada, o meu corpo sentiu saudades e atravessou a extensão do nosso colchão para se colar ao seu. Sua respiração se agitou e seus braços começaram a se debater, como se quisessem me envolver em um abraço que se desfazia no meio do caminho. A enfermeira aumentou a dose de morfina, mas você só se acalmou quando voltei para a outra extremidade da cama […] Em um determinado momento, achei que já estava na hora e pedi para você se imaginar entrando naquele barquinho vermelho e amarelo que navegava nas suas alucinações […] e deslizasse pelas águas tranquilas do rio que margeia a ilha do Mosqueiro [no Pará], abrigo das suas memórias de infância. […] Uma lágrima escorreu dos seus olhos cerrados e sua respiração ficou mais grave e arrastada. Não demorou muito para que estivéssemos todos reunidos à sua volta. Gabriel e Marcos [filhos dele] aninhados na cama conosco, Joana [filha dela]ao telefone lá de Lisboa. Ouvimos juntos a sua música tema, “Clube da Esquina 2”. “Porque se chamava homem, também se chamavam sonhos, e sonhos não envelhecem".

   Ninguém escolhe como nasce, mas a gente pode escolher, se tiver alguma sorte, como vai morrer. E eu escolhi me render, me deixar levar, me disse Dimenstein, quando estivemos juntos, dois meses antes de sua morte, em maio. Ele tentava me convencer que o câncer estava lhe dando os melhores dias de sua vida e que por isso estava satisfeito em ir embora. No livro, o jornalista explica como adotar essa atitude diante da morte lhe foi possível.

   Sentia-me um analfabeto emocional […]. Eu fazia reportagens, escrevia livros, ganhava prêmios, mas era um zero à esquerda nos relacionamentos [...] Cheguei aos 63 anos cercado de pessoas que me desprezavam ou me admiravam, mas sem um círculo de amigos próximos. [...] Meu filho Marcos ainda era bem pequeno quando a professora pediu que desenhasse a nossa família. No desenho, ele estava de frente, de mãos dadas com a mãe e o irmão Gabriel, e eu estava de costas, trabalhando no computador. Fiquei muito perturbado com aquela imagem.

   O câncer chegou um ano e pouco depois que o filho de Marcos, primeiro neto de Dimenstein, nasceu. Com Zeca, o jornalista descobriu o dengo.

   Meu neto era antídoto para muitos dos meus desconfortos com a doença. Quando vinha dormir conosco, a Anna passava uma hora cantando cantigas de ninar. Deitava ao lado deles e parecia que era eu que estava sendo colocado para dormir. Mas ninguém dormia, pois o Zeca perguntava a todo momento: “Por que o coelho comeu a cenoura com casca e tudo? Por que o pato bateu no marreco?” Aquela tempestade de porquês me fascinava. Quando dormia na nossa cama, passava a noite girando até ficar atravessado entre mim e a Anna. Eu adorava acordar de madrugada e vê-lo deitado naquela posição. Sentia um amor incondicional, um contentamento que nunca tive. [...] Seus pais comentavam algo sobre mim, quando ele [então com dois anos] profetizou: “O tempo passou o homem. Vovô vai virar luz. Luz na bunda do vovô”.

   O tratamento quimioterápico causava em Dimenstein esgotamento físico. Como ficava a maior parte do tempo deitado, resolveu assistir a filmes antigos. “Revi O poderoso chefão e me espantei com as cenas de Marlon Brando dialogando com Al Pacino. Eu pensava: ‘Como não vi essas expressões antes?’ Não vi porque o meu corpo estava no cinema, mas a minha mente vagava por outro lugar”, analisa. “Eu nunca estava presente. Estava sempre afobado.” O câncer, ele conta, abriu seus olhos para as sutilezas, como a do vermelho escandaloso das helicônias que cresciam no jardim de sua casa, que ele via todo dia, quando tomava café da manhã, mas nunca tinha notado.

   Nos dias em que se sentia mais forte, o jornalista se entregava ao prazer das sensações corpóreas. “Pedalava minha bicicleta e sentia o vento beijar o meu rosto. Às vezes, estava deitava de frente para a janela do meu quarto e a brisa vinha brincar com os meus pés. Muitas dessas sensações me fizeram lembrar da minha infância, quando ainda não tinha sido corrompido. [...] Tomar um sorvete de limão siciliano com maracujá no meio da tarde passou a ter um significado diferente. Lambia a minha casquinha e compreendia que ninguém ao meu lado seria capaz de imaginar o prazer que aquele sorvete me dava.” Dimenstein ainda me contou que tomava canabidiol para dormir e que estava adorando, porque com ele tinha sonhos lindos. Um dia, exagerou na dose do remedinho, e Anna o encontrou dormindo com o rosto no prato de comida.

   Gilberto Dimenstein era um homem culto, encrenqueiro, sedutor imparável, preocupado com causas sociais, por vezes rude, e engraçado. Ele conta no livro situações envolvendo essas características, sem uma gota de modéstia e com a autodepreciação clássica dos bons escritores judeus — sua ascendência é sefardita. Já no fim da vida, por exemplo, um médico quis fazer mais uma de um caminhão de tomografias a que ele vinha se submetendo para ver que órgão agora o caranguejo tinha beliscado. Ele disse ao doutor: “Não vai adiantar. Toda vez que faço uma ‘tomo’, sou eu que tomo no cu”. Na mesma época, ligou para a ex-mulher. “Pedi desculpas por não ter sido um bom marido, e ela me confessou que lamentava não ter me dado uns tapas. Comentei: ‘Olha, perdeu a chance, porque, agora que estou velho e doente, vai pegar mal pra burro se você me bater’.”

   Veja, CBN e O Globo foram alguns dos lugares onde trabalhou, mas foi na Folha de S.Paulo, onde atuou por 28 anos, que Dimenstein realizou suas principais reportagens. Investigou casos de corrupção em Brasília — virou detrator do coronel baiano Antônio Carlos Magalhães —, desvendou esquemas de assassinato de meninos que viviam na rua e de redes de exploração sexual de meninas pobres do Norte e Nordeste. “Ajudei a criar organizações sem fins lucrativos importantes; mais adiante, fundei o portal Catraca Livre, que sempre deu destaque a temáticas cidadãs. [...] Sabia que a minha contribuição tinha sido modesta, nada que pudesse se comparar a personalidades como Martin Luther King, Mahatma Gandhi e Konrad Adenauer. Perto desses gigantes, me via como um pernilongo. Mas, diante de mim mesmo, sentia que havia sido um Luther King, um Gandhi, um Adenauer.”

   A doença agarrou Dimenstein num momento em que ele estava forte. Parara de fumar havia décadas, de beber, fazia seis anos (“Era um prazer imenso acordar cedo, tomar café e, em seguida, beber um Jack Daniel’s”, ele conta no livro, sobre um antigo hábito). Não tomava café nem comia carne vermelha, pedalava por horas e fazia musculação quase todo dia. A decisão foi tomada meio a contragosto (“Sempre tive um pouco de desprezo por quem fazia esporte. Achava que era desperdiçar um tempo que poderia ser mais bem utilizado com leitura e estudo”), ao perceber dificuldades para carregar o neto. Dois meses antes tinha feito check-up: estava tudo ok. Mas uma noite ele teve um sonho.

   Em A interpretação dos sonhos, Sigmund Freud discorre sobre diversos casos em que pacientes “descobrem” doenças quando estão dormindo: “Aristóteles já declarara ser bastante provável que o sonho chame nossa atenção para estados patológicos incipientes dos quais ainda nada se percebe na vigília, e autores médicos, cujos pontos de vista certamente estão distantes da crença nos dons proféticos do sonho, pelo menos admitiram sua importância no anúncio de doenças”. Algo nesse horizonte pode ter acontecido com Dimenstein. Ele escreve:

   “Você está com câncer”. Foi uma coisa muito rápida. A mulher aparecia de corpo inteiro, vestida com uma roupa escura, mas eu só me lembro do seu rosto iluminado [...] Não parecia um ser etéreo, mas uma médica confiável, apresentando um diagnóstico”.

   Intrigado, já que gozava de boa saúde, resolveu procurar um médico. E assim, descobriu o bicho.

   Em meio a todas essas impactantes experiências, a que mais emocionava o jornalista era a que ele vivia com Anna Penido, sua mulher, àquela altura, fazia vinte anos.

   Eu não sabia o que era o amor de verdade, nem que seria possível amar outra pessoa com tamanha profundidade. Nunca imaginei que experimentaria o nível de cumplicidade que passei a ter com a Anna [...]. Quando acordava na madrugada e abraçava o corpo dela, sentia como se minha alma degelasse [...]. O grande momento do dia eram as sessões de massagem da Anna. O ritual começava com um banho demorado. Eu sentava em uma cadeira plástica, embaixo daquela água quente, sentindo desaparecerem os cheiros do vômito, da urina e da doença. Com a pele ainda úmida, deitava atravessado no colchão, e a Anna tocava delicadamente os meus pés. Sentia as mãos dela subindo pelas minhas pernas, alcançando as minhas costas, mas nunca me lembrava do final. Eu dormia experimentando aquele gozo relaxante e sorria ao pensar que a nossa relação ficava cada dia melhor.

   Ainda jovenzinha em Salvador, Anna conheceu Dimenstein, que já era um jornalista famoso, pela televisão. Ela sofria bullying na redação, onde era chamada de “menina que toma conta da creche” por só querer dar boas notícias. Nos anos seguintes, a vida primeiro, e depois um buliçoso desejo ajeitaram para que se encontrassem em palestras e seminários, justamente sobre boas notícias: projetos na área da educação. Ambos eram casados, mas não foi possível ignorar o que sentiam. No primeiro jantar a sós, num restaurante do Rio, no dia do aniversário do jornalista, o corpo de Anna tremia de tensão, quando, do nada, uma taça de cristal estourou na mesa. Dimenstein contou a ela que os judeus quebram copos nas cerimônias de casamento. E prenunciou que eles ficariam juntos. Juntos, por duas décadas, tocaram uma porção de trabalhos.

   Gil morreu antes que o livro ficasse pronto. Dias depois do sepultamento, Anna refugiu-se sozinha na casa de montanha do casal. Sentada numa escrivaninha de madeira, editou os escritos do marido e anexou ao livro suas próprias memórias.

   “Sou grata a você por um milhão de motivos, mas me sinto especialmente agradecida por você ter me engravidado deste livro”, escreveu. Deixou registrada também, para quem for forte o suficiente para ler, a última gravação que o marido fez.

   Eu não costumo chorar assim, mas este choro é o mérito de um grande amor, em que eu fui muito abaixo dela. Eu agradeço por ter conhecido esta cumplicidade. E, neste momento, o meu livro acaba.
 
Gilberto Dimenstein e Anna Penido
Os últimos melhores dias da minha vida
Ils. Paulo von Poser
Record • 140 pp • R$ 34,90 

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Como se roubam nas eleições americanas

 



 
                por Natalia Viana, codiretora da Agência Pública 
   
   Quando, na noite de quarta-feira, o estado americano de Nevada interrompeu sua contagem com apenas 8 mil votos de diferença, anunciando que só atualizaria os números na quinta pela manhã, senti um frio na espinha.

   Imediatamente me vieram à cabeça duas eleições recentes no continente. Em 2018, em Honduras, quando a apertada contagem de votos para a disputa presidencial foi suspensa por uma “queda no sistema” e dois dias depois o presidente apareceu reeleito, seguiram-se diversos e violentos protestos. No ano passado, a suspensão temporária da contagem rápida para as eleições bolivianas levou a protestos, acusações de fraude e ao exílio do presidente Evo Morales.

   Seria diferente, se os Estados Unidos da América fossem ainda a mais sólida democracia do continente. Mas basta ouvir as ameaças contínuas de Donald Trump e de seus eriçados seguidores para perceber que o país do norte está tão à mercê de aventuras autoritárias quanto os nossos.

   Donald Trump tem se aprimorado em desestabilizar a democracia dos EUA de maneiras sem precedentes. Muito antes do dia de votação, já avisava que não ia aceitar nenhum resultado que não fosse sua vitória – e que ia entrar na justiça para isso. Durante a dolorosa milonga em que se transformou a contagem dos votos, entrou com processos contra as normas da Pensilvânia e para pedir a recontagem de votos em Michigan e Wisconsin.

   Nada novo para Trump, que vem há décadas subvertendo o sistema americano com a sua matilha de advogados bem pagos e sem caráter. No livro “American Oligarchs”, a jornalista investigativa Andrea Bersntein demonstra como ele repetidamente evadiu milhões de dólares em impostos, fugiu de investigações, comprou testemunhas e contratou a altos salários procuradores que antes o investigavam. Foi assim que conseguiu montar seu império de entretenimento, que vai de hotéis e cassinos de luxo e campos de golfe, sempre com a marca do terrível mau gosto – império esse que, conforme apontam diversas investigações, pode ser apenas uma grande lavanderia de dinheiro para oligarcas russos.

   Mas Trump não está sozinho nessa. Há pelo menos uma década são exatamente as Cortes que vêm apoiando a derrubada de presidentes na América Latina. Foi a Suprema Corte de Honduras que deu legitimidade ao golpe de estado contra Manuel Zelaya em 2009, quando ele foi sequestrado da sua casa no meio da noite. No Paraguai, depois de um impeachment que durou 24 horas, a Corte Suprema, parcialmente financiada pelos EUA, também deu seu aval. Aqui, nem se fala.

   A verdade é que os juízes do continente também estão bem contentes com o protagonismo que lhes tem sido dado. Afinal, em meio ao esfacelamento da democracia, a política tem virado um caso para os tribunais.

   Vale lembrar que, há 20 anos, foi a Corte Suprema americana que suspendeu a recontagem de votos na Flórida, permitindo que Bush ganhasse o estado – e a presidência – por apenas 537 votos. Dessa vez, Joe Biden já avisou que vai até o fim: os democratas reuniram milhares de advogados voluntários para a batalha legal que começa agora. E que deve ser longa.


sexta-feira, 30 de outubro de 2020

A Política

 Por Marcos Bayer

   Foi durante um vôo BSB-FLN em 1989, antes da queda do Muro de Berlin que surpreenderia a todos no final daquele ano.

   Eu tinha 32 anos e era apaixonado pela Política.

   Sentei ao lado do deputado federal Victor Fontana. Homem de uma farta cultura e um espírito encantado pela vida.

   Aprendi naquelas poucas horas, três coisas: Roma Locuta, Causa Finita. Quando Roma fala, assunto encerrado.

   A segunda, que a Política não tem lógica, mas é prática.

   E a terceira, que a síntese é o que há de mais próximo de Deus. Porque Deus é. E sendo, dispensa apresentações.

   A Augusta Casa Legislativa de SC está numa sinuca de bico. Fez-se um escarcéu na famosa CPI dos Respiradores. Através da TVAL, todos vimos as inquisicões necessárias e valiosas. Aos que assistimos os trabalhos, um fato ficou claro: Ou foi cúmplice ou foi omisso, o governdor Moisés que deu inúmeras entrevistas dizendo que os equipamentos estavam chegando da China.

   Agora, a Polícia Federal diz que nada encontrou nos pertences do governador.

   Presumo que não tenham encontrado dinheiro, conta bancária off shore, gravações comprometedoras ou anotações incriminatórias.

   Encontraram algo com seus secretários da Casa Civil e Saúde?    O que?

  O dinheiro, R$ 33 milhões, saiu pelo ralo? Qual ralo?

   O que é a omissão?

   Em suas várias faces, a omissão de socorro ao erário público é crime de responsabilidade.

   Finalmente, ou a Augusta Casa exagerou ou o governador prevaricou.

   Os cinco magistrad6os membros do Tribunal de Julgamento (2) saberão esclarecer os fatos aos outros cinco membros deputados.

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Santa Daniela

Santa Catarina de Alexandria
por Marcos Bayer

   Santa Catarina superou mais um golpe político.
   O mais sórdido de sua História. Catarina de Alexandria escolheu Daniela para falar e governar.
   Jovem, dúbia, afastou-se de Moisés para denunciar, mas aproximou-se para se defender. É um caráter que ainda precisa ser lapidado.
   Mas, sua função primária foi evitar o golpe.
   O artigo 196 da Constituição Estadual é claro. Garante a isonomia entre os procuradores do executivo e legislativo. O resto é blá blá blá infra constitucional.
   Tanto é que dos seis desembargadores, cinco não viram razões para o impeachment.
   E o único deputado a votar com Daniela, o sargento Lima, foi claro ao dizer que preferia a Justiça à lei, sem sequer perder tempo discutindo o óbvio.
   Parabéns sargento Lima. Se eu pudesse opinar, sugeriria seu nome para líder do governo.
   Parabéns Ana Cristina Blasi, minha candidata a pasta da Justiça.
   Parabéns aos cinco desembargadores que garantiram a Constituição Estadual.
   O Moisés afastado deverá cair no próximo impeachment porque R$ 33 milhões não podem sumir sem o governador saber.
   Até porque seu estilo Forrest Gump não combina com governo.
   A ALESC pagou uma campanha publicitária institucional milionária durante o mês de outubro para aprimorar a imprensa catarinense.
   Muita gente acordou no dia 23 como secretário de Estado e foi dormir como palhaço.
   À nova governadora desejo firmeza de caráter, honestidade na gestão pública e muita criatividade.
Faz tempo que não se vê um governo criativo em SC.
   Aos que disserem que ela é inexperiente, é importante lembrar das letras do Tesouro nos precatórios, da turma do Aldo Hey Neto na secretaria de Fazenda, da Monreal na CELESC, da CASAN com a Odebrecht, dos festivais de verbas publicitárias e das agências preferidas do patrão e outras questões.
   Por último, ao presidente da Augusta Casa, deputado Júlio Garcia parabéns pela condução dos três pedidos de impeachment que deveremos ver. Não devemos esquecer da CPI dos respiradores chineses, fruto de extenso trabalho dos deputados. E sorte aos seus advogados perante os tribunais e ou ao Juízo singular.
   Lembrando o moleiro de Postdam, em Sans-Souci, ao enfrentar as ordens do Kaiser, disse:
 
Ainda juízes em Berlin!.


quarta-feira, 21 de outubro de 2020

A propaganda do "prefake"

por Genésio Arruda

    Obras apresentadas na propaganda do Gean criam polêmica em Florianópolis

    O atual prefeito e candidato à reeleição Gean Loureiro vem sendo questionado por adversários e até mesmo por correligionários sobre as obras que ele diz ter viabilizado e realizado na atual gestão.

   Segundo os críticos, o prefeito veicula em sua propaganda eleitoral, como se fossem méritos do seu trabalho, realizações que foram viabilizadas por governos passados, pelo governo federal, pelo governo estadual e até mesmo pela iniciativa privada.

   Como o ilhéu não perde a oportunidade de fazer uma piada, nas rodas de cafezinho do Centro, mesmo à distância por causa da pandemia, há quem já esteja chamando Gean de “prefake” e “ladrão de obra alheia”.

   Confira a lista de algumas obras que a turma “dizem” que não são do Gean coisa nenhuma:

1 – Construção de novas creches,  Escola do Futuro,  reformas e ampliações de unidades escolares  (recursos viabilizados através contrato assinado com o BID* em 2014);

2 - Marina da Avenida Beira-mar Norte; (projeto elaborado e viabilizado pela administração anterior)

3 -  Restauração da ponte Hercílio Luz; (obra do governo do estado)

4 – Novo acesso do aeroporto Hercílio Luz;(obra dos governos estadual e federal)

5 – Revitalização do Largo da Alfândega ;(PAC Cidades Históricas, obra federal)

6 – Casa de Câmara e Cadeia na Praça XV;(PAC Cidades Históricas, obra federal)

7 – Duplicação da Antônio Edu Vieira;(administração anterior)

8 – Terceira faixa na Via Expressa, acesso-Pontes/BR 101– (obra federal com recursos de emenda do senador Dário)

9 – Policlínica do Continente (obra praticamente finalizada em 2016)

10 – Elevado do Rio Tavares (obra planejada e contratada na administração anterior)

11 – Revitalização da Avenida Ivo Silveira;(administração anterior)

12 – Ciclovias na Avenida Madre Benvenuta (administração anterior)

13 – Projeto de duplicação da Avenida das Rendeiras (administração anterior)

14 - Pavimentação da Rua Padre Rohr, que liga Santo Antônio de Lisboa a Sambaqui (obra da administração passada em parceria com o Plano de Aceleração do Crescimento do governo federal);

15 – Praça do Maciço do Morro da Cruz (projeto da gestão passada e obra viabilizada pela iniciativa privada – parceria da construtora WOA com o Instituto Padre Vilson Groh)

*No dia 14 de julho de 2014, a Prefeitura de Florianópolis assinou com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) contrato de 58,8 MILHÕES DE DÓLARES para investimento exclusivo em Educação. Foi o primeiro contrato exclusivo para Educação assinado pelo BID com uma prefeitura brasileira.
   O contrato prevê a construção de 27 novas creches, contemplando as regiões do Centro, Norte, Sul da Ilha e Continente. Serão cerca de 4.200 vagas em tempo integral. Além disso, também contempla três escolas, em Ponta das Canas, Tapera e Ratones, e a implantação de dois Ciebs (centros de inovação de educação básica), batizados de Escola do Futuro

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Não se tira Lixiguana sem poncho


Camotinzinho derrubado pelo vento

   


Há dias que uma cachopa de Lixiguana*, bem na entrada de casa, vem chamando a atenção "dos que passam" na rua. Até o fotógrafo, Glaicon Couvre, vizinho, fez contato pelo msn pedindo para entrar no meu páteo e fotografar a colméia. Já estava grande.

    Hoje de manhã (16/062011), talvez derrubada pelo vento noturno, a colméia estava no chão. O Bakunin (meu cão), dando voltas ao redor, investigava a cachopa. Às vezes se "estapeava" com o rabo e cruzava as orelhas, sinalizando que algumas abelhas remanescentes ainda andavam por ali.

    Ao ver a cachopa no chão me veio à memória uma aventura de guri, acontecida na beira do sanga do Salso, lá em Quaraí.

    Era inverno. De tarde, como sempre, andávamos pelo mato caçando preá e tudo o mais que se mexesse. Todos de funda, bodóque, atiradeira, na mão. Só o Adroaldo que tinha um trabuco. Feito com uma base de madeira e um cano de ferro preso com arcos de barril. Embuchava aquela porra com pólvora, depois uma bucha de papel, um balim de aço tirado de rolamento de caminhão e mais papel. Na parte trazeira, um fósforo uruguaio, daqueles que se risca na sola do sapato, com a cabeça de fora. Visto o alvo, passava a lixa no "minisco" do fósforo e...bummmm! Lá ía o Adroaldo para o hospital com a cara queimada. Não foi uma nem duas vezes. Era insistente.

    Nessa tarde avistamos um camotim* de Lixiguanas. Imáginávamos, pelo tamanho, que estivesse cheio de mel.

- Vamos tirar essa lixiguana, disse o Leleco.

- Tem que ser amanhã bem cedo. Com a geada as abelhas ficam encarangadas e daí não voam
, repicou o Danilo.

   Eu, de cima da minha experiência, completei o plano:
- A gente faz uma bucha com pano velho, coloca na ponta d'uma taquara, joga querosene e fogo. A fumaça vai espantar as abelhas que estiverem por perto.

    Saímos imediatamente do mato, atravessamos o Salso e a sanga da Divisa em direção às casas. Já tinhámos "trabalho" para o outro dia, cedo da manhã. Matar a aula! Aventura completa assegurada!
   Nessa noite sonhei com a batalha contra as Lixiguanas, que aliás, são ferozes e defendem o camotim com bravura e picadas doloridas.
   No outro dia acordei mais cedo que de costume. Coloquei o uniforme do colégio e, quando cheguei na esquina, o Adroaldo, com uma baita taquara na mão, já me esperava rodeado por um pequeno pelotão de guris da beira do rio. Boca grande, espalhou a notícia da colméia.

    O Danilo reclamou dizendo que não teria mel para todos. Falei que isso se discutia depois! Não tínhamos tempo a perder. Estava bem frio e o negócio era pegar os bichos de surpresa. Peguei o querosene, a bucha de pano, uma piola e partimos em direção a sanga da Divisa, nosso primeiro obstáculo a ser transposto. Varávamos o pequeno rio equilibrados em cima de um cano da hidráulica que abastecia a cidade.

    A geada começou a levantar com vento. As orelhas da gente pareciam que iam trincar, duras de frio. Nada disso era empecilho para aquela marcha rumo à sanga do Salso.  Enquanto caminhava, imaginava aquele grande camotim partido ao meio e nós, sentados nas lages de pedra do Salso, se lambuzando com o mel doce.

    Em pouco tempo varamos a sanga da Divisa, onde tivemos a primeira baixa. Um pequeno, de calças curtas, escorregou no cano e caiu na água. Ficou ensopado e quis voltar para casa. Não permitimos que voltasse com medo de que espalhasse mais a notícia. O guri quase morreu de frio, mas aguentou no osso. Ganharia mais de mel como compensação.

    Pegamos um picada que dava direto nas lages do Salso. Logo avistamos uma grande árvore, em um velho Umbú seco, em cima do barranco, estava o nosso tesouro. Era um vaso bojudo de um metro de altura mais ou menos. Coisa gorda!

    Ah! Trazíamos também um saco de estopa para, depois de colocar fogo e fumaça nos bichos, ensacar o camotim e sair correndo campo a fora com o premio de arrasto. Embaixo da árvore falávamos baixo. Mas tinha muita discussão. Quem ensacaria o camotim?


Lixiguana

    Bem, eu era o do fogo. A idéia tinha sido minha e a taquara era bem comprida, o que me dava uma distância segura de um possível ataque lixiguano

   Resolvidas as questões de somenos importância, partimos para executar o plano. Botei fogo na bucha enquanto outro guri, com um facão e o saco na mão, se equilibrava nos ombros do Adroaldo tentanado cortar o galho onde o camotim estava preso.

    Por descuido e imperícia acabei tocando fogo na árvore. O fogaréu se expalhou rapidamente. No meio da confusão o Adroaldo derrubou o guri que caiu abraçado com o camotim meio ensacado. Logo ouvimos gritos dos caseiros de uma granja que tinha ali perto. Viram o incêndio e vieram em nossa direção. Peguei o camotim meio ensacado e sai correndo barranco abaixo em direção às lages.
    Era uma gritaria só! O Leco levou uma picada na testa que fechou os dois olhos do(a) cara. O Pato se encarregou de arrastá-lo mato a dentro fugindo dos posseiros e das lixiguanas que, a esta altura, estavam em pleno combate.

    Eu levei umas picadas nos braços mas não larguei a cachopa. Apertava com força a boca do saco e só fui parar quando cheguei no cano da hidráulica. Me atirei na grama molhada da geada, suado. Logo começaram a chegar os outros, todos rindo a não mais poder. O Leco com cara de japonês. Inchada e de olhos fechados.

    Abrimos o saco e deixamos o resto das abelhas saírem. Aí atacamos!
    Partimos o camotim ao meio e realmente estava cheio de mel. Comemos mel com abelha, ovos e filhotes. Cada um metia a mão e tudo que vinha no favo era lucro.

    Valeu a batalha! Fomos recompensados pela luta!

De repente alguém gritou: - Olha lá, o jeep dos guardas!

    Era o meu pai, o guarda Rubim, e o seu Claro, colega de aduana e pai do Pato. Aí foi uma tragédia!
    Essa história conto outro dia.

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Hipocrisia e ignorância

por Marcos Bayer


Art. 196.
Aos Procuradores dos Poderes do Estado e aos delegados de polícia é assegurado o tratamento isonômico previsto no art. 26, §§ 1
º
e 2º, aplicando-se-lhes o disposto no art. 100, I a III.
 
   Só há uma maneira de modificar um dispositivo constitucional. Outro dispositivo, através de uma PEC - Proposta de Emenda Constitucional.
   A Constituição Estadual escrita pelos deputados constituintes não foi modificada neste aspecto. Logo, não se deve perder tempo com este assunto e muito menos com o pedido de impeachment em curso, baseado na aplicabilidade do artigo 196 da nossa carta estadual.
   Os deputados e os magistrados sabem que não dá para forçar uma interpretação elástica no Tribunal de Julgamento. Seria uma desmoralização ainda maior para os poderes constituídos. Eles sabem, também, que somente o caso dos respiradores chineses pagos antecipadamente, no valor de RS 33 milhões, contém aspectos suficientes para derrubar o governador, omisso ou cúmplice, o relatório da CPI já definiu.
   Sobre a vice governadora, nada há que possa incrimina-la.
   De outro lado, preside a Augusta Casa, o deputado Júlio Garcia. Ele seria o governador na hipótese da queda da dupla Moisés/Daniela.
   Mas, ele é investigado por uma série de crimes que envolvem dinheiro público para fins particulares. Não vou perder tempo relacionando os ilícitos.
   Até porque um jornalista, já com sinais visíveis de esclerose, disse que Júlio Garcia deu uma entrevista esclarecedora.
   O presidente da Augusta Casa nada esclareceu por uma razão óbvia. Ele mesmo declarou que as investigações é que esclarecerão os fatos. Logo, temos que esperar.

   Enquanto aguardamos o prazo para a apresentação das contra razões (15 dias) para Júlio Garcia e outros, esperamos pelo veredito do Tribunal de Julgamento na Augusta Casa.
   A grande questão é: Na hipótese de ser empossado no cargo de governador e ser considerado réu pela Juíza Federal, como resolver este possível conflito ético - político - jurídico?
   Só vejo uma solução. Chamar o douto futuro ministro do STF, pós graduado em diversas oportunidades em tempo recorde, interpertre de textos de outros juristas e exemplo de juiz nacional. Só ele para mediar uma solução imparcial ao poder catarinense.
 

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

MPF: Júlio Garcia chefia Organização Criminosa

    O Ministério Público Federal, através da sua Força Tarefa “OPERAÇÃO ALCATRAZ”, apresentou DENUNCIA contra: JÚLIO CESAR GARCIA, JEFFERSON RODRIGUES COLOMBO, JÚLIA GARCIA (filha), MARY ELIZABETH BENEDET (ex-esposa), MARIA EDUARDA STEINMANN GARCIA (filha) e PABLO BENEDET GARCIA (filho).

   Na abertura da acusação destaca:


“Embora sejam descritos fatos nesta acusação que constituam os crimes de formação de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva, fraude em licitação, entre outros, eles ainda não estão sendo imputados nesta denúncia, porquanto serão denunciados aqui somente os fatos descritos no tópico “das imputações” (lavagem de dinheiro), circunscrito a atos de lavagem de dinheiro praticados pelos denunciados .

Deputados silenciam

   Como podem ver, queridos leitores, tem mais...muito mais roubalheira e corrupção para mostrar quem realmente são essas "honoráveis autoridades!". Todos, é claro, acobertados por seus pares na ALESC. 
   Não existe um deputado, de qualquer partido, inclusive as vestais de esquerda que tenha coragem de levantar o assunto das denúncias contra o seu presidente Júlio Garcia. Parecem coniventes com a pilantragem e continuam posando de honestos e ilibados! 
 
INVESTIGAÇÃO
   Segundo a Força Tarefa “Operação Alcatraz” , a investigação policial iniciou em 25 de janeiro de 2017, após o depoimento do empresário JOÃO BUATIM, sócio da MABB LTDA., relatando que NELSON CASTELO BRANCO NAPPI JUNIOR, então Secretário Adjunto de Administração do Estado de Santa Catarina (período de 2011 até 2018), teria se dirigido às empresas ORCALI e ONDREPSB para arrecadar dinheiro em espécie obtido a partir de “notas frias” da MABB LTDA., envolvendo a empresa prestadora de serviços de administração prisional MONTESINOS SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO PRISIONAL .

   Segundo o depoimento de JOÃO BUATIM, sócio da pessoa jurídica MABB LTDA., “Os pagamentos pelos serviços se deram sem a correspondente contraprestação, com objetivo de desviar valores recebidos do erário, incluindo verbas federais".

EMPRESAS UTILIZADAS PARA TRANSFERENCIA DE RECURSOS
   Na primeira parte, a peça acusatória trás um emaranhado de constituições, transferências e encerramentos de empresas, envolvendo JEFERSON COLOMBO, que vem a ser o “trem pagador” de JULIO GARCIA.

EMPRESA REVVISA TECNOOGIA TDA.,
   Na 3ª alteração social da empresa REVVISA, por meio da qual a AV PARTICIPAÇÕES e PAULA BIANCA se retiram da sociedade e ingressam os sócios JEFFERSON COLOMBO, CESO ANTONIO BEVILAQUA e ADRIANO GONÇAVES BIDA.
   Em 20 de outubro de 2017, por meio da 4º alteração social, ADRIANO BIDA se retira da sociedade e suas cotas são divididas igualmente entre JEFFERSON COLOMBO e CELSO BEVILAQUA.
   A empresa Revvisa Tecnologia LTDA., curiosamente está localizada no mesmo endereço da empresa Apporti Soluções em Tecnologia, da qual Júlio Garcia é tido pelo MPF como sócio oculto.

   Também foi localizado, na sede da APPORTI, um contrato de compra e venda de cotas da REVISSA. Nesse contrato, consta que a REVVISA comercializa um software denominado Revvisa Vigilância Sanitária e um chamado Revvisa Educação, sendo ambos de propriedade da QUALIREDE, empresa coligada da REVVISA.

   Jefferson Colombo, que é genro da ex mulher do deputado Júlio Garcia, que seria seu sócio oculto na empresa Apporti, segundo o MPF, foi citado e indiciado em vários estágios da Operação Alcatraz,
   O montante de pagamentos feitos pela Saúde Suplementar – Qualirede para as empresas de Jefferson Colombo e que constam no sistema da fazenda estadual:

  Empresa 
      Todos estes pagamentos são referentes a “Serviços de manutenção e desenvolvimento de Software".

DENÚNCIA DO MPF 
 
1) JÚLIO CESAR GARCIA, pela prática, por 12 (doze) vezes, do delito descrito do artigo 1, § 4 da ei 9.613/98 (lavagem de dinheiro) em concurso material (art. 69 do CP);

2) JEFFERSON RODRIGUES COLOMBO, pela prática, por 12 (doze) vezes lavagem de dinheiro e concurso material.

3) JÚLIA GARCIA, pela prática, por 2 (duas) vezes o delito descrito do artigo 1 da ei 9.613/98 (lavagem de dinheiro), em concurso material (art. 69 do CP);

4) MARY ELIZABETH BENEDET, pela prática, por 1 (uma) vez, do delito descrito do artigo 1 da ei 9.613/98 (lavagem de dinheiro);

5) MARIA EDUARDA STEINMANN GARCIA, pela prática, por 2 (duas) vezes, do delito descrito do artigo 1 da ei 9.613/98 (lavagem de dinheiro), em concurso material (art. 69 do CP); e

6) PABLO BENEDET GARCIA, pela prática, por 2 (duas) vezes, do delito descrito do artigo 1 da ei 9.613/98 (lavagem de dinheiro), em concurso material (art. 69 do CP).
 
PERDIMENTO DE BENS DA QUADRILHA
   Por fim o Ministério Público Federal postula o perdimento dos seguintes bens obtidos por atos de lavagens:

1) apartamento nº 901 e respectivas vagas de garagem (v. 98, 99 com hobby box 45 vinculado e v. 80 com hobby box 34) no Condomínio Ancoradouro, localizado na Rua Graciliano Ramos, n 125, Agronômica, Florianópolis/SC, praticado pelos denunciados JÚLIO CESAR GARCIA, MARY ELIZABETH BENEDET, PABLO BENEDET GARCIA e JEFFERSON RODRIGUES COLOMBO;

2) apartamento nº 1105, Bloco B-1, do Condomínio Pátio da Praça, Unidade Smart I, localizado na Rua da Praça, n 241, Palhoça/SC, objeto do ato de lavagem praticado pelos denunciados JÚLIO CESAR GARCIA, JEFFERSON RODRIGUES COLOMBO e MARIA EDUARDA STEINMANN GARCIA;

3) apartamento nº 1001 do empreendimento D/ONE Home Design, localizado na Rua Felipe Schmidt, n 805, centro/Florianópolis e a respectiva vaga de garagem, objetos do ato de lavagem praticado pelos denunciados JÚLIO CESAR GARCIA, JEFFERSON RODRIGUES COLOMBO e MARIA EDUARDA STEINMANN GARCIA;

4) apartamento nº 01 do Condomínio ATHOFF Prime Residence, localizado na Rua Duarte Schutel, n 135, Centro, Florianópolis/SC, com duas vagas de garagem respectivas, objetos do ato de lavagem praticado pelos denunciados JÚLIO CESAR GARCIA, JEFFERSON RODRIGUES COLOMBO e JÚLIA GARCIA;

5) 103 vagas de garagem no empreendimento Centro Empresarial Unificado (CEU), localizado na Rua Fulvio Aducci, n 62, Estreito, Florianópolis/SC, objetos do ato de lavagem praticado pelos denunciados JÚLIO CESAR GARCIA e JEFFERSON RODRIGUES COLOMBO;

6) terreno (lote 12) no Condomínio Residencial Vilaporé I, localizado na Rua das Goiabas, s/n, Canavieiras, Florianópolis/SC, objetos do ato de lavagem praticado pelos denunciados JÚLIO CESAR GARCIA, JEFFERSON RODRIGUES COLOMBO e PABLO BENEDET GARCIA.

   Ao final, a denúncia apresentada, é riquíssima em relação a provas as quais dão sustentação aos fatos narrados.
   São juntadas uma enormidade de boletos e seus respectivos pagamentos; transferências bancárias; pagamentos de despesas pessoais de JULIO GARCIA, bem como de seus filhos etc...


Operação Alcatraz: Quadrilha age em todas as instâncias do governo

 
"Eu sabia que ao revisar contratos de terceiros com o Governo iríamos incomodar aqueles que se beneficiaram disso ao longo do tempo. Afinal, é dinheiro público que deixa de ser usado para abastecer esquemas de corrupção que estavam consolidados nas estruturas de Estado”. 
Recado do Governador Carlos Moisés para seus algozes na ALESC.

    O que o governador deixa claro em seu “recado” é que as maracutaias e financiamentos que são feitos através de contratos de empresas com o Estado de Santa Catarina estão sendo revisados e isto causou uma reação e um movimento que influenciou no anunciado impeachment. 

  Um dos principais esquemas de financiamento de governos anteriores é o contrato do SC Saúde (plano de saúde dos servidores estaduais), que por sinal é um dos mais altos contratos do Estado de Santa Catarina, pagando atualmente quase R$ 6.000,000,00 (seis milhões de reais) mensais. 

Ligação Quadrilha/SC Saúde 

   Esta semana, em denúncia do MPF contra o presidente da Alesc, Júlio Garcia, aparece o primeiro indício de ligações da quadrilha flagrada na Operação Alcatraz com a SC Saúde (Qualirede). 

   Jefferson Colombo, suposto "operador" de Júlio Garcia, surge em transação direta com Irene Minikovski Hahn, proprietária da SC Saúde.

 

 

DENÚNCIAS     O Cangablog tem denunciado e mostrado evidências contundentes desde o início do processo em 2011, mostrando inclusive a falta de lisura em todo o processo licitatório e todas as renovações que ocorreram durante esse período.

   Em uma das matérias publicadas aqui no blog (https://cangarubim.blogspot.com/2020/08/alo-ministerio-publico-qualirede.html)  mostro um processo onde a empresa Saúde Suplementar (Qualirede), contratada pelo Governo do Estado para Administrar o SC Saúde,  foi autuada e condenada pela Receita Federal a pagar uma multa no valor de R$ 25.000,000.00 (vinte e cinco milhões) de reais por Sonegação, fraude e conluio. 

   Em resposta a essa reportagem, o blog recebeu da assessoria de imprensa da Secretaria de Administração do Estado de SC, responsável pelo contrato, a seguinte nota:

Nota à Imprensa

    O processo licitatório lançado para a contratação de empresa para a gestão informatizada do Plano SC Saúde e que teve como consequência o contrato nº 118/2016 firmado entre a empresa Saúde Suplementar (Qualirede) e o Estado de Santa Catarina já foi alvo de apreciação tanto pelo Poder Judiciário de Santa Catarina quanto pelo Tribunal de Contas  do Estado (TCE). Em ambos os processos, não houve apontamento de ilegalidade do contrato e, por isso, não foi determinada a sua rescisão.
    Em 2019, conforme consta no processo SEA 11356/2019 e SEA 1435/2019, a renovação contratual com a mesma empresa, ocorreu especialmente pela necessidade de migração de dados e atualização dos sistemas informatizados de gestão do SC Saúde.
    Sob este aspecto, o advento da pandemia de Covid-19 atrasou a realização dos trabalhos, pois mais uma vez dividiu os esforços do Estado em prol do controle e mitigação da crise sanitária. Entretanto, tão logo sejam vencidas as etapas de transferências do sistema tecnológico, que agora já recebeu as mais de 600 atualizações que estavam pendentes e acumulados de anos anteriores,  e está em domínio do Estado, e a confecção dos termos de referência para recontratação de serviços, o contrato atual será encerrado.  
    Entretanto, não é possível encerrar um contrato sem antes garantir a plena eficiência da continuidade da prestação dos serviços em saúde para os segurados do plano.
    Além disso, para melhor conhecimento da eficiência do SC Saúde, deficiências e  melhorias que poderiam ser implantadas na gestão, foi contratada a consultoria Faé & Cavalcanti   por meio do contrato nº 37/2020 que apresentou relatório com sugestões de melhorias e mudanças na gestão.
    Paralelamente à renovação do contrato n° 118/2016, com a empresa Saúde Suplementar por 12 (doze) meses, que aconteceu no dia 17/08/2020, foram elaborados três termos de referências para contratação de empresas que farão, juntamente com a Diretoria de Saúde do Servidor, a gestão do SC Saúde.
    Desses, dois termos de referências (TR), o TR 02 que trata do Atendimento ao Segurado, Medicina Preventiva e Gestão de Rede, o TR 03 que trata da Regulação, Auditoria e Cálculo Atuarial, estão em fase de precificação no mercado para posterior elaboração dos editais de licitação.
    O TR 01 que trata da TI para a gestão do SC Saúde já está pronto, porém, aguardando o término da homologação do sistema estregue pela empresa Saúde Suplementar e migrado para o CIASC, para posterior elaboração do edital o que deverá ser concluído até meados de setembro.
    Outra informação importante é que ainda no ano de 2019, a Controladoria Geral do Estado realizou auditoria no SC Saúde e emitiu algumas recomendações contidas no processo CGE 705/2019 e que estão sendo implementadas pela Diretoria de Saúde do Servidor e acompanhadas pelo TCE.
Importante destacar  que as providências elencadas anteriormente decorrem da complexidade dos contratos e serviços oferecidos aos segurados do SC Saúde, que conta atualmente com aproximadamente, 210 mil vidas, cerca de 2300 prestadores de serviços médicos, aproximadamente 165 hospitais, 9 mil médicos por todos o estado catarinense, prestados 24h por dia e que demandam cautela na mudança na gestão para que não sofram solução de continuidade.

 Por fim, nos colocamos à disposição para esclarecer qualquer dúvida que persista.

Atenciosamente,

Cláudio Barbosa Fontes
Diretor da DSAS/SEA

   Enrrolação

A nota despreza totalmente o teor da reportagem e por mais incrível que pareça renova o contrato com a mesma empresa conforme podemos observar no aditivo contratual abaixo por mais 12 meses.



   Embora o governador diga que esta “Revisando” os contratos, mas na prática não é isso que está ocorrendo.