sexta-feira, 31 de março de 2017

Justiça manda demolir muro em Jurerê

   Após ação do MPF/SC, Justiça Federal determina demolição de estrutura em área de preservação em Florianópolis
  Proposta em 2005, ação põe fim a ocupação ilegal de 30 anos
   Após ação do Ministério Público Federal em Florianópolis, a Justiça Federal condenou a Habitasul Empreendimentos Imobiliários LTDA. e o Jurerê Praia Hotel LTDA. à imediata demolição de muro de arrimo e retirada dos entulhos da área de preservação permanente situada na Praia de Jurerê, em Florianópolis, além do pagamento de uma indenização.
   A ação foi proposta pelo MPF/SC em 2005 e põe fim a uma ocupação ilegal de 30 anos da área de preservação permanente.
   Após a demolição, no prazo de 15 dias, os réus devem apresentar Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) a ser aprovado pelo IBAMA, com objetivo de proceder à retirada do aterro e promover a recuperação ambiental da área.
   Aprovado o PRAD, os réus terão 15 dias para iniciar a execução dos trabalhos.
   No caso de descumprimento das obrigações, foi fixada multa diária de R$ 1 mil.
   "Ressalta-se que eventual autorização ou licença outorgada para o empreendimento não permitia a construção do muro de arrimo em faixa de praia, sendo inafastável a obrigação de reparar. Para essa reparação do dano, a restauração natural deve ser sempre priorizada", afirmou a juíza federal Marjôrie Cristina Freiberger na sentença.
   Os réus podem recorrer da decisão para o Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

quinta-feira, 30 de março de 2017

Perdemos um grande escritor: João Gilberto Noll

João Gilberto Noll
    por Emanuel Medeiros Vieira
   O título, eu sei, é um lugar-comum, e ririas com aquele teu jeito sóbrio, discreto e sofrido - daquele jeito tão teu.
   Estivemos juntos na antologia "Roda de Fogo", publicada em 1970, ao lado de outros colegas já falecidos, como Caio Fernando Abreu, Moacyr Scliar, Josué Guimarães, Carlo Carvalho, Arnaldo Campos - e outros.
   Ficamos muito próximos no final na década de 60 e e no início da de 70.
   Fiz contigo uma "cadeira" (como se dizia na época) de Teoria Literária,  na Faculdade de Letras da UFRGS. 
   Tu  já fazias a Faculdade de Letras, eu na de Direito, junto com Caio Fernando Abreu e Elke, mais tarde conhecida como "Maravilha".
   Passei um verão na casa de praia dos teus pais, no litoral gaúcho.
   Te esperei na Rodoviária quando foste morar em São Paulo.
Foi um período de profunda efervescência -, tragos, lutas, esbórnias, sonhos. E veio o rabo-de-foguete da ditadura, que deu o mais duro "chega-pra-lá" na gente.
   Tivemos de fugir e me pegaram. Mas essa é outra estória.
(Pelo caráter de urgência,   escrevo um texto muito aquém do que merecias. Rápido, fragmentado - como era o teu. estilo.)
Cada um no seu canto. Antes nos correspondíamos muito.   Devo ter cartas tuas nos armários e pastas já amareladas em Brasília.
   Escreveste um texto para o meu livro "Cerrado Desterro", perdido, lamentavelmente, por uma revisora e, por azar, eu que tenho a mania de tirar xerox de tudo, desta vez, fiquei sem fotocópia. 
   Não pretendo fazer uma análise, mesmo que modesta, da tua obra.
   Lembro de "Hotel Atlântico" - uma das tuas melhores obras.
   O estilo seco, conciso, até rude, a busca de uma linguagem verdadeiramente penetrante, sem  mentiras ou camuflagem, era uma ds tuas mais marcantes características.
   Descarnado, tua poderosa linguagem buscava a palavra certa e exata, como fazia Flaubert.
   O que dizer? o amigo, sem confetes, deixou uma obra muito poderosa.
   Teus personagens eram erráticos, perdidos num mundo desumano e absurdo, em busca de algo que não sabem bem o que é- lembrando também um autor que muito amamos: Albert Camus.

   O QUE ESSA MORTE FARÁ COM TANTA VIDA?, pergunto.
   E agora vais para outras esferas, e a morte - a "puta de olhos claros", como a chamou um poeta - era um tema recorrente (mesmo que às vezes escondido)  na tua escrita.
   Lógico: tua tão DENSA  e poderosa obra ficará.
   Falei contigo pela última vez numa Feira do Livro em Brasília, e lembramos de outros tempos. Recordei-me que assisti "Hair" contigo. 
   Tantos filmes vistos juntos. E amigos comuns.
   Um traço da tua obra, quem sabe, foi a solidão ontológica dos teus personagens.
   E da tua vida?
   Teus segredos estão agora debaixo dos sete palmos.
   Alguns de teus personagens, errantes, erráticos, tinham esse traço que chamaria (sem  querer se pedante)  inadaptação, metafísica e radical - que não tem saída.
   O que posso mais dizer? Vai em paz, meu amigo.
(Salvador, 30 de março de 2017)

"Um país de trambiqueiros"

Texto assinado pelos procuradores Carlos Fernando dos Santos Lima, Júlio Noronha e Roberson Pozzobon, da força tarefa da Lava Jato, na Folha de São Paulo de hoje.
Leia:

"O Brasil será, de fato, um país de trambiqueiros, condenado ao atraso e à pobreza, se perdoarmos a corrupção e deixarmos que intimidem as autoridades”.

“Até quando interesses escusos abusarão da paciência do povo brasileiro? Por quanto tempo haverá tentativas de reduzir as relações espúrias entre políticos e empresários, colocadas a nu pela Lava Jato, a um compromisso sem consequências nefastas para nosso país?

Até quando zombarão de nós aqueles que afirmam que congressistas são apenas ‘despachantes de luxo’, intermediários de inofensivos interesses das empresas?

Nunca antes ficaram tão evidentes as causas e as consequências da corrupção endêmica que nos afeta. Mas já intuíamos isso. Como entender que um país tão rico tenha uma população tão pobre?

Sabíamos que a corrupção desviava recursos públicos apenas para aumentar lucros de empresas e pagar propina.

E que esse ‘acarajé’, esse suborno, chegava aos agentes públicos de diversas formas, desde o benefício indireto do uso de aviões, empregos para filhos e residências na praia até depósitos em contas no exterior, pagamentos em espécie e financiamento de caras campanhas eleitorais.

O câncer da corrupção corrói a própria democracia ao subverter as eleições. Dinheiro de corrupção irriga as campanhas políticas por meio de caixa um ou dois. Importa aqui a sua origem escusa. Proveniente de corrupção, esse valor não muda sua natureza pela aplicação posterior que lhe é dada. Mais que isso, tentar esconder sua gênese configura também o crime de lavagem de dinheiro.

E agora nem o temor da população impede mais as manobras. Políticos envolvidos no escândalo apresentam propostas para anistiar a prática ilícita e punir quem os investiga, processa e julga. Acham-se acima da lei só porque foram escolhidos para legislar. Não percebem que essa conspiração já é do conhecimento de todos.

Assim, apócrifos projetos de lei passeiam no Congresso com o objetivo de anistiar a corrupção, disfarçados como apenas uma anistia ao caixa dois. Afinal, por qual motivo os políticos deveriam temer ser acusados por esse tipo de crime?

Reportagem da rádio CBN de 2016 apontou que o TSE possui apenas uma única condenação criminal por caixa dois em sua história. Então, ainda que não anistiado de direito, há muito foi anistiado de fato.

Além desses projetos, outro tão nocivo já se encontra em tramitação acelerada no Senado. De autoria do senador Renan Calheiros, visa, sob a fachada de tratar do abuso de autoridade, apenas ameaçar aqueles que investigam, processam e julgam a corrupção.

Qual outro motivo para tanto açodamento, sem um debate amplo perante a sociedade? Por que não dão ouvidos à consulta pública feita pelo Senado em seu portal, em que 98% das respostas são contra o projeto como proposto?

Quem diz apoiar a anistia ao caixa dois deseja, na verdade, a anistia à corrupção, o fim das investigações da Lava Jato e a soltura dos condenados.

Mente, portanto, aquele que diz que o loteamento dos cargos públicos é o preço para governar o país, quando se sabe que dele resultam corrupção e falta de serviços públicos para a sociedade.

Torna-se um simples despachante a mando de criminosos aquele que defende interesses escusos na esperança de se manter na política. Por fim, abusa da autoridade aquele que a usa para criar leis com o objetivo tão somente de ameaçar procuradores e juízes.

Advogar essas ideias é desprezar a sociedade. Sabemos quem são e onde se encontram essas pessoas. Não ignoramos o que fizeram em noites passadas e que decisão tomaram.

São tempos difíceis, mas devemos, como povo, tomar os caminhos certos. O Brasil será, de fato, um país de trambiqueiros, condenado ao atraso e à pobreza, se perdoarmos a corrupção e deixarmos que intimidem as autoridades”.

quarta-feira, 29 de março de 2017

Mais colarinho branco nas mãos da PF

Gerente do Bradesco diz que pagou dinheiro roubado a ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado de 
Alagoas
   
Ex-presidente Otávio Lessa
  Um gerente do Bradesco disse ter repassado parte dos R$ 100 milhões roubados do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas (TC/AL) para o ex-presidente Otávio Lessa e para outros conselheiros desta Corte. O depoimento colhido pela Polícia Federal (PF) foi um dos argumentos para a deflagração de uma nova fase da Operação Rodoleiro, com o cumprimento de mandado de busca e apreensão terça-feira (28) na sede TC de Alagoas.
Saiba mais. Beba na fonte.

LOBO (E ANJO)



       por Emanuel Medeiros Vieira

“A forma como as pessoas nos tratam é o karma  delas.
 A forma como reagimos é o nosso”
       (Dalai Lama)
Resistes.
Bravamente?
É da humana lida resistir
O lobo te ataca ferozmente – o Tumor
Já é longa essa batalha

(O anjo na soleira da porta te adverte para o vitimismo e a autocomiseração)

A ferocidade é a dor
Suspendes a leitura, o texto que escrevias, suas, e a cama soluciona

Não mais aquele tipo, meu velho, dos 25 anos de idade, da ditadura plena, da tortura, da OBAN e do DOPS – com coragem, crenças, utopias.

Jayme Ovalle disse que o câncer é a tristeza das células...
E lembrei-me dos versos de Carlos Drummond de Andrade:
“Quando nasci, um anjo torto/Desses que vivem na sombra/Disse: Vai Carlos! Ser gauche na vida”. (...) “Poema de Sete Faces”

E o moço espiritualizado – com um anjo torto, com um anjo bom
Apela: Não Me Abandones, Pai
Nesta secreta paisagem da noite,
E Concede-me Serenidade e Paz,
Quando chegar a hora da Travessia.

(Salvador, março de 2017)

Olhares de Miguel Schmitt e Brian Noppe

Gente bacana em cana! Se a moda pega...

'O quinto do ouro': Força-Tarefa manda prender 5 dos 7 conselheiros do TCE-RJ e leva Picciani para depor à força 
Aloysio Neves, Marco Alencar, José Gomes Graciosa, Domingos Brazão, José Maurício Nolasco

 Força-tarefa desvenda esquemas de conselheiros do TCE-RJ que cobravam propina para ignorar irregularidades em obras e sistema de transportes

   por

quinta-feira, 23 de março de 2017

Bem aventurados os veganos e macrobióticos...

A carne é fraca. E podre?
Por Emanuel Medeiros Vieira 

   As velhas ou novas oligarquias (estas, alojadas num partido que, nas suas origens, afirmou que “não rouba nem deixa roubar” –eu sei, hoje parece humor negro) têm atacado com extrema virulência a “Operação Carne Fraca”.

   Foram quase dois anos de investigações – antes da Operação citada. Os podres poderes que dominam o Brasil desde o seu nascimento, culpam o mensageiro pela mensagem, o termômetro pela febre.

   São álibis que todos conhecemos.

   Houve apelos midiáticos? Julguem-se quem agiu dessa forma, mas não culpem a Operação em si.

   A Operação Carne Fraca (quando a Lava Jato sofre, quem sabe, seu maior bombardeio desde que começou há três anos: dos velhos coronéis da política, das maiores bancas advocatícias do Brasil, de gente do STF, dos partidos dos envolvidos na roubalheira, da canalha envolvida na corrupção, de malfeitores de todo o gênero etc.).

   São pessoas e grupos que internalizaram nos seus corações e mente o espírito da escravidão.

   Não peço que concordem comigo: quero que reflitam.

   Na Operação Carne Fraca investigam-se corruptos e corruptores: fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio (tão poderosos, que têm uma bancada no Congresso (como existe a “bancada da bala”, “a bancada evangélica” etc.) e nas suas intensas propagandas nos meios de comunicação contam com atores e apresentadores famosos e muito bem pagos).

   A Operação envolve executivos do grupo JBS (Friboi, Swift e Seara) e BRF (marcas como Sadia e Perdigão).

   São todos desonestos? É claro que não. A maior parte das pessoas e empresas que trabalha, no ramo é formada (como observou Ruy Gessinger) por gente portadora de extrema honestidade e competência.

   Como disse alguém, “os casos (investigados) embrulham o estômago, mas há muito tempo se sabe que era preciso melhorar o e ampliar a fiscalização” (...).

   A BRF é fusão entre a Sadia e Perdigão.

   Como lembra uma economista, a Sadia havia quebrado com a manipulação cambial de 2008.

“Muito dinheiro público foi transferido para a empresa através de empréstimos subsidiados para financiar a fusão, tapar o rombo da empresa” (...).

   A JBS – recorda alguém –teve muitas aquisições financiadas pelo BNDES (meu, teu, nosso dinheiro, generoso leitor). A JBS, também com dinheiro do velho e bom (para aqueles do “andar de cima”) BNDES, comprou a Seara .

   O JBS foi o frigorífico que recebeu o maior volume de empréstimos e de aporte de capital do banco para se tornar– afirma uma economista – “para ser o maior campeão nacional no segmento de carne.”

   É preciso salvar a Operação Lava Jato, em nome da cidadania e da justiça.

   Os podres poderes não podem, mais um a vez, macular uma das poucas esperanças do povo brasileiro!*

*O título deste texto é apenas uma brincadeira: minha filha Clarice é vegana, mas seu pai não resiste a um bom churrasquinho...

   Sejamos sempre ecumênicos.

(Salvador, março de 2017)-


terça-feira, 21 de março de 2017

Os Podres Poderes na Republiqueta dos Canalhas “Carne Fraca”

por Eduardo Guerini
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Motos e fuscas avançam os sinais vermelhos
E perdem os verdes
Somos uns boçais
Queria querer gritar setecentas mil vezes
Como são lindos, como são lindos os burgueses
E os japoneses
Mas tudo é muito mais
Será que nunca faremos se não confirmar
A incompetência da América Católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos?
Será será que será que será que será
Será que essa minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir
Por mais zil anos?


(Caetano Veloso, Podres Poderes)
  
   Na sucessão dos governos pós transição democrática, os brasileiros são sacudidos por inúmeros escândalos de corrupção. Os desvios e a cultura da transgressão é narrativa comum no ideário da política nacional, independentemente de partidos políticos e ideologias, a prática transgressiva na “res pública” acontece sob o sol ou sob a lua. Em cada viela desta republiqueta, as emboscadas produzidas pela elite empresarial desmascaram a lógica do discurso da eficiência, na elite governamental, a ineficácia das ações diante de um Estado opaco faz da transparência, uma utopia inalcançável.

   No aniversário da Operação Lava Jato que revelou as entranhas e disputas intestinas no controle do aparato estatal na atualidade, a hegemonia que se pretendia construir, via partidos políticos e seus asseclas configura um crime de “lesa pátria” cotidiano. No processo de transição, a era dos militares e a cultura ditatorial que tudo podia sem expor os escândalos parecem “contos da carochinha” diante do cenário devastador produzido pelas sucessivas alianças conciliatórias de Sarney a Temer. Eis que pulula uma agremiação formada por “coronéis regionais”, o PMDB. A saudade do velho MDB histórico, que lutava abertamente com lastro ideológico contra os arenistas na ditadura militar, é de um saudosismo piegas!!!

   Neste entremeio, a Nova República trouxe um lastro de acordos, conchavos e conciliações de classes pelo alto, esquecendo rotineiramente os verdadeiros demandantes das necessidades de uma republiqueta degenerada que se corrompia década após década. O Estado brasileiro foi encapsulado pelos interesses privatistas e liberalizantes. Porém, não sejamos tolos, a ascensão de Collor de Mello, a sucessão de Itamar Franco, e, finalmente, o ápice dos acordos “no limite da responsabilidade” de FHC e seus ministros envolvidos na entrega das principais estatais brasileiras. A social democracia brasileira é um arroubo diante da velha tradição do Estado de Bem Estar Social europeu.

   Neste contexto, o broto do “presidencialismo de coalizão” foi a lavra para o novo adágio da velha cultura paroquial do coronelismo arcaico e o caciquismo político, a saga do “É dando que se recebe”, selou uma nova roupagem para velha prática política em busca de apoios para se manter uma estabilidade política em torno de intere$$e$ econômicos da elite empresarial associada aos ditames do sistema financeiro internacional, no auge da globalização. A propaganda da inclusão pelo mercado vislumbrada na falsa melhoria dos serviços públicos irrigados pelo financiamento público, produziu uma dívida pública que colapsou o Estado brasileiro no final da década de 1990.

   No início do século XXI, com a desgraça da social democracia brasileira, o petismo angariou o apoio da classe média, chegando ao poder, com a insígnia da “esperança vencendo o medo”. Porém, o lulopetismo se converteu rapidamente ao governismo infantil, conciliando os interesses da elite empresarial e sistema financeiro nacional e internacional, aparelhando o Estado brasileiro, distribuindo algumas “migalhas”, com políticas sociais residuais /focalizadas. Enquanto a patuleia se divertia com algumas Bolsas pontuais, os caciques do petismo organizavam a divisão dos favores e acertos com os membros do andar superior na republiqueta.

   Na intrincada e complexa miríade que sequestrou recursos públicos para o enriquecimento privado de dirigentes partidários, com os devidos favores estatais para grupos empresariais, o petismo sucumbiu na cultura de transgressões cotidianas, tal como vaticinou Heloisa Helena (PSOL), os petistas se locupletaram na “mesa farta do poder”, sem pruridos e ressentimentos, os críticos se transformaram em inimigos, os inimigos foram chamados para o “presidencialismo de cooptação”. Neste cenário aterrorizante de capitulação do petismo, os movimentos sociais foram garroteados pela força do “centralismo democrático” que imperou na década do lulo-petismo. Porém, os caciques não conseguiram manter o equilíbrio na frágil aliança com o PMDB, foram golpeados pelo destino dos traidores, massacrados pelos desvios, e, como a letra escarlate, a insígnia da “corrupção”, o crepúsculo politico-ideológico soterrou o Governo Dilma Rousseff diante do abismo econômico.

   A ascensão do PMDB, consorciado com várias agremiações, tendo como consorte majoritário o PSDB, o discurso de um novo tempo, de transparência com agenda para modernização da estrutura estatal e societal não poderia frutificar diante de lideranças facciosas que controlam o Governo Temer. Afinal, a “res privatae” operava sem freios, independente das sucessivas fases da Operação Lava Jato, com uma canalha política agindo nos bastidores, conchavando com os podres poderes republicanos. A teoria da separação dos poderes propalada por Montesquieu trata do equilíbrio das forças, não da igualdade na distribuição do butim.

   No espocar da Operação Carne Fraca, os brasileiros são assombrados pela vileza dos funcionários do Estado brasileiro que em troca de polpudas doações “não contabilizadas”, por empresas do setor agroindustrial, para financiar os Partidos políticos que controlam ministérios entregues com “porteira fechada”, a boa e velha tradição do “churrasco dominical” foi tomada de assalto por uma canalha política sem pudores e rancores.

   Neste enredo da chantagem, da propina, do suborno, enquanto as labaredas de fogo queimam “carne estragada” para alimentar uma nação de famélicos e ignorantes, os corrompidos sorriem mansamente entoando o mantra “Sou um homem que vive de seu dinheiro”!!! 


COMENDO LAGOSTAS KKKKKK

sexta-feira, 17 de março de 2017

CAIXA DOIS É CRIME

   por Emanuel Medeiros Vieira
   O lugar-comum da maioria dos políticos quando dizem que os recursos de suas campanhas foram “registrados na Justiça eleitoral” não tem mais sentido.

   Antes mesmo da “lista do Janot”, a decisão do Supremo de abrir inquérito contra o senador Valdir Raupp (PMDB-RO), como avaliou Eliane Catanhêde, “cria um precedente e atinge em cheio a maior trincheira dos políticos para se defender: recibos e valores declarados oficialmente à Justiça Eleitoral não valem mais nada, ou valem muito pouco, (...), pois não atestam nem a licitude do dinheiro nem a idoneidade do candidato”(...).

   Caixa Dois - é preciso insistir - é crime, é corrupção.

   É claro que as oligarquias, as classes dirigentes, os partidos políticos, enfim, os velhos donos do país não vão ficar quietos esperando a degola.

   A moralização e a ética não interessam a eles.

   “A principal estridência desse coro ocorre quando se vê que se planeja uma anistia para delinquentes que se recusam a confessar. Todos operam no caixa dois, diz o coro, mas eu nunca operei, responde cada um dos cantores”, escreveu Elio Gaspari.

   Para ele, só a rua salva a Lava–Jato.

   A Lava-Jato “foi na jugular da oligarquia política e de boa parte da oligarquia empresarial do país”. E articulam-se tenebrosas transações para que a pele da classe dominante seja salva.

   O Procurador-Geral, Rodrigo Janot, bem disse: há uma ameaça real à democracia no Brasil, pelo nível astronômico da corrupção (sistêmica). E que obriga aos brasileiros de boa vontade a tomarem posição firme em prol da igualdade e da justiça.

   É preciso lembrar, que o Brasil foi o último país independente das Américas a acabar com a escravidão.

   Complementa o jornalista Elio Gaspari (a caixa alta é minha): “SEM A RUA, A OLIGARQUIA UNIDA JAMAIS SERÁ VENCIDA”.

   E a grande pizza será assada.

   ADENDO SOBRE UM PROVÉRBIO POPULAR (“Pimenta nos olhos dos outros é refresco”):

   O “andar de cima”, na reforma da Previdência, quer que a aposentadoria só ocorra aos 65 anos. Temer aposentou-se aos 55 anos. Geddel aos 51. Padilha aos 53.
(Salvador, março de 2017)

quinta-feira, 16 de março de 2017

O pêndulo da suspeição

por Marcos Bayer
   Por agora, vamos falar de conceitos e deixar os números para depois.

   O país vive um momento de crise e nela temos que encontrar soluções. Isto é tão óbvio quanto o diagrama chinês da crise/oportunidade.

   Não restam dúvidas de que temos que discutir e aprimorar o sistema previdenciário e as relações de trabalho e capital. No mundo inteiro se faz isto, de uma maneira ou de outra.

   Não há dúvidas de que as populações mundial e brasileira crescem e aumentam os anos de vida. Maravilhas da ciência, da medicina e da evolução.

   Mas, o pano de fundo é sempre a relação capital e trabalho. Relação milenar, aliás.

   Observem os movimentos deste governo federal, vice da presidente afastada do cargo por razões sabidamente conhecidas.

   A CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF, instituição financeira pública libera as contas inativas do FGTS para milhões de brasileiros, sob o argumento de que injetará recursos na economia para, de forma Keynesiana, movimentá-la.

   Este fundo (FGTS) que deveria ser uma garantia/poupança na aposentadoria tem um rendimento pífio, menor do que qualquer aplicação financeira no país. Além de ser a mola mestre para financiar a construção civil de várias escalas.

   As reportagens dos telejornais informam que a maioria das pessoas utilizará o dinheiro liberado para pagar dívidas. Logo, o que estamos vendo é mais uma transferência de capital da banca pública para a banca privada. Mas, supondo que as dívidas fossem majoritariamente com a banca pública, CEF e Banco do Brasil, ainda assim é uma transferência de capital pouco remunerado no FGTS para quitar dívidas de capital com juros altíssimos. Os juros dos empréstimos pessoais, consignados em folha, cartões de crédito, cheques especiais e outros mais.

   Além disto, depois da suspeição levantada pela lista do procurador geral da República, Rodrigo Janot, oitenta e três pessoas, entre elas, seis ministros de Estado, dois ex-presidentes da República, ex-presidente e atual do Senado Federal, atual presidente da Câmara dos Deputados, senadores, governadores e deputados federais, fazem parte do conjunto político que pretende decidir sobre duas matérias essenciais à vida dos brasileiros: previdência e relação trabalho/capital.

   Com qual autoridade política ou moral, poderão eles dizer à nação façam isto ou aquilo? Trabalhem 49 anos e aposentem-se aos 69. Contribuam e recebam dois ou seis salários mínimos e nós receberemos 30 salários...

   A atividade política é nobre e necessária. Sem a política não há sociedade organizada, não há avanço, não há esperança.

   Mas, das duas uma: Ou o Ministério Público Federal está enganado ou o nosso Congresso Nacional está podre.

   Ou ainda, o sistema político brasileiro está podre em todos os níveis de jurisdição. Ou eu estou doido? 

quarta-feira, 15 de março de 2017

Da série: As mentiras do prefeito Gean

A minha voz continua a mesma, mas os meus cabelos...
   Uma das coisas que mais me impressiona ainda é a credulidade da massa ignara que vende seu voto fácil em troca de discursos demagógicos e deslavadas mentiras. Ah, a falta de memória também me impressiona.

   Alguém lembra do discurso do então candidato Gean Loureiro, para justificar a penca de legendas na coligação (15 partidos) que o elegeu, com as calças na mão, prefeito da Florianópolis? 

"Não tenho compromisso com nenhum partido!".

   Hoje, nas páginas do DC, Gean Loureiro tenta explicar o inexplicável: nomeou para cargos comissionados na prefeitura - contrariando seu discurso de campanha - nada mais nada menos que 39 ex-candidatos a vereador derrotados na última eleição. Os agraciados com cargos na administração fazem parte dos partidos de aluguel que apoiaram Gean.
   Somados os votos obtidos pelos 39 apaniguados chega-se ao número de 42.704 votos. Para quem ganhou as eleições com uma diferença de míseros 1000 votos, o número acima é bem expressivo.

   Gean está pagando a fatura conforme o combinado quando da composição da coligação. 

terça-feira, 14 de março de 2017

Congresso e Gilmar Mendes conspiram para anistiar o caixa dois

   
   Os deputados e senadores brasileiros estão desesperados. Só isso explica as tentativas enlouquecidas de encontrar um meio de anistiar quem pegou dinheiro de propina pelo caixa um ou pelo caixa dois. A iniciativa conta com a complacência declarada de quem deveria coibir prática tão deletéria, como o ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE. O Código eleitoral, em seu Art. 350, diz claramente que caixa dois é crime e quem pegar dinheiro sem declarar está sujeito a cinco anos de cadeia ou mais.

   Os papéis estão claramente invertidos. Gilmar Mendes deveria zelar pelo cumprimento do código de que justifica a existência do tribunal que ele preside. Em vez disso, vai a almoços com os interessados em burlar a lei, como aconteceu neste domingo, e sai fazendo proselitismo desabrido com argumentos que pertencem aos réus incidentais que deveria estar julgando e condenando. 




Saiba mais. Beba na fonte.

segunda-feira, 13 de março de 2017

Boçalidade e liberdade imprensa

   Do jornalista Celso Martins (Daqui na rede), enquadrando o "se achando" Paulo Castro, novo intendente de Santo Antonio de Lisboa, indicado para o cargo pelo vereador Dinho.
O intendente que vai entrar para a História

    O púbere intendente de Santo Antônio de Lisboa abancou bem!
    Em nota no Facebook, onde pretere o vernáculo e ignora os catamênios básicos do bom português, assevera que eu preciso de autorização para informar sua nomeação para o cargo e desmente que o vereador Edinon Manoel da Rosa (Dinho) o tenha indicado.
    Vá que o vereador Dinho não o tenha indicado. Tudo bem! Isso revela que o novo intendente é um homem extremamente arranjado, rotulado para o cargo e que deveria ser ungido para a secretaria de Obras ou mesmo substituir o chefe do Executivo. É um sujeito tão talhado para a função que escusa indicação e apoio político. Temos sorte de contar com alguém dessa estatura de estadista.
    Quanto a não ter autorização para publicar a notícia, peço desculpas e informo que não publicarei mais nenhuma matéria no Daqui na Rede sem consultá-lo, mesmo naquilo que não faça referência a ele ou aos seus quefazeres. Afinal, pode cumprir a ameaça de processo. Então, eu coloco o rabinho no meio das pernas e digo amém. Isso me deixou vibrando igual vara verde. Penso até em fechar o portal e mudar de cidade ou de país.
    O novo intendente também reclama de eu não fazer referências elogiosas ao vereador Dinho (que não o indicou para o cargo), nomeando obras que ele fez: "reforma do casarão da Abs ,pavimentação de ruas na Barra Do Sambaqui e a propria rua do jornalista citado".
    O lagunense criado na Armação do Pântano do Sul esqueceu de incluir a pavimentação da rodovia Gilson da Costa Xavier/Rafael da Rocha Pires (estrada geral de Sambaqui), também de autoria do vereador em quem votei nas eleições de 2012.
    Realmente, houve uma injustiça, pois o "belo trabalho que o vereador dinho prestou a nossa comunidade", diz o indigitado, não foi louvaminhado, gabado nem sublimado. Eu deveria ter calibrado trombetas e desdobrado tapetes. Afinal, estamos diante de duas autoridades de suma referência, máxima competência e extremo preparo no trato da coisa pública. Gente que não pode ser questionada.
    Por fim, peço licença ao novo intendente para publicar o presente texto. Se não der autorização, não irei publicá-lo. Atenciosamente, 

Celso Martins (jornalista e historiador, Cidadão Honorário de Florianópolis).

domingo, 12 de março de 2017

Um país de deserdados sob desígnio da recessão profunda

por Eduardo Guerini
“Existe uma euforia meio carnavalesca no Brasil nas últimas semanas, mas os indicadores são muito turvos ainda. Não dá para dizer que há sinais de virada. É exagero carnavalesco." (Mônica de Bolle, Economista, 26/02/2017)
  
   Na semana que antecedeu o Carnaval, o COPOM – Comitê de Política Monetária se reuniu e decretou o corte de 0,75% na Taxa SELIC. O governo de Michel Temer em conjunto com o empresariado entoou o “mantra” em torno da retomada do crescimento, e, melhoria no ambiente dos negócios.

   Na sequência a mídia “chapa branca”, festejou sem rubores a ancoragem das expectativas inflacionárias para o centro da meta (target inflation), dos principais índices de preços (IPCA, IGP-DI, IGP-M, IPC-FIPE) para o ano de 2017, no intervalo entre 4,56% - 4,88% , segundo Relatório Focus de 03/03/2017. Estranhamente, os analistas econômicos, sequer tocam no descalabro entre níveis inflacionários e Taxa SELIC, comparado com as taxas praticadas pelas principais instituições financeiras e operadoras de cartão de crédito, com taxas girando em torno de 14,18% ao mês, 401,76% ao ano, um roubo institucionalizado (Fonte: CEF).

   No início das águas de março de 2017, com atraso incomum, o Ministério do Trabalho (ou melhor, do desemprego), com Ministro que defende a “precarização via terceirização” , as mudanças nas regras trabalhistas, em tempo de desemprego nas alturas, algo em torno de 13% da massa da PEA – População Econômica Ativa, em desemprego aberto, e, aproximadamente 20,1% em condição de desemprego aberto somado ao desemprego oculto. Pelo 22º mês consecutivo, o CAGED apresenta um saldo negativo entre admitidos e demitidos, uma flutuação que se agrava de norte ao sul do Brasil. A deterioração é alarmante, com chefes de famílias sendo desempregados mensalmente, e, 20% dos desocupados sem trabalho há pelo menos 2 anos.

   A política ortodoxa e monetarista levada às profundezas da maior recessão da história brasileira, com queda de 3,6% , e, expectativas de crescimento lento , gradual e fraco para 2017. A previsão do Relatório Focus apresenta uma expectativa de apenas 0,5% para o crescimento do PIB neste terrível período pós-carnavalesco.

   A distensão da política monetária é apenas uma decorrência da falta de alternativas propostas por um governo afundando na incerteza dos agentes econômicos, do empresariado, e, finalmente, trabalhadores deserdados de uma sociedade excludente e marginalizadora. Noutra ponta, o Governo Federal já apresenta a alternativa para incapacidade da política monetária continuar agindo no horizonte dos economistas palacianos, o redirecionamento para a política fiscal, apostando nas reformas estruturais, principalmente, a Reforma da Previdência e Trabalhista.

   Na ausência de um projeto alternativo proposto por economistas ortodoxos e políticos conservadores, a suposta melhoria no ambiente de negócios e retomada do crescimento se afasta no horizonte. O crescimento pífio, lento e gradual, gerando uma república de deserdados e desamparados, é a triste sina para um País que um dia sonhou “ser uma potência”!!! Esperar o que de um República governada por uma canalha política em consórcio com empresários corruptos.

quinta-feira, 9 de março de 2017

Entidades condenam violência da PM em Sto. Antonio de Lisboa



    O bloco Engenho de Dentro (Sambaqui), a Associação de Moradores de Santo Antônio de Lisboa (Amsal ) e a Associação do Bairro de Sambaqui (ABS), se manifestam sobre a ação policial e o assédio a jornalistas no Carnaval. O jornalista Carlos Damião, do jornal Notícias do Dia, também se manifestou sobre o assunto, assim como o Sindicato da categoria.


Nota do bloco Engenho de Dentro Com relação à matéria “VIOLÊNCIA POLICIAL no Carnaval do distrito de Santo Antônio de Lisboa”, onde imagens do encerramento do evento do Carnaval de Sambaqui 2017, foram veiculadas no PORTAL DE NOTICIAS DAQUI NA REDE, a Sociedade Carnavalesca de Sambaqui, vem a público fazer alguns esclarecimentos:

Anos atrás, o tamanho do evento foi tão grande, que o descontrole gerou violência, desordem e, infelizmente, mortes. Em virtude disso, a diretoria da Sociedade se profissionalizou e buscou um maior engajamento das forças de segurança, a fim de garantir aos foliões e a comunidade de Sambaqui, tranquilidade e segurança durante o carnaval.

Identificamos, que após o encerramento do evento, quando a tropa policial já exaurida após longa jornada de trabalho se retirava, muitas pessoas permaneciam no local dos festejos, ligando carros de som em alto volume mesmo sem autorização, e praticando vandalismo e violência, uma vez que não havia mais controle algum. Isso causava inúmeras reclamações dos moradores.

Foi por solicitação desta Sociedade, que antes de ir embora para o quartel, a Polícia Militar iniciou uma operação pós-evento, para fazer o fechamento principalmente do comércio ambulante, e a não autorização para que carros permanecessem com som ligado. Dessa maneira o público se retiraria para suas casas, deixando o bairro esvaziado e livre de potenciais problemas pós-evento.

Com relação aos excessos dos policiais ao desocuparem as ruas, nos colocamos contrários e com veemência a esse tratamento dispensado aos foliões. E sempre nos colocamos em colaboração com a Polícia para que esse procedimento seja feito de maneira mais cortês e dentro da Lei.

Subscreve, Rafael de Lima, Presidente


Leia mais. Beba na fonte.

O melhor filho que o dinheiro pode comprar!

   Gripado, como a Luisa, resolvemos ver um filme no Netflix. Tarde chove não chove, baqueados pela gripe, procuramos alguma coisa para assistir. Sem muito ânimo na busca acabamos no trivial. Os Batutinhas. 
   Filminho americano de 94, classificado como romance/comédia, onde um grupo de crianças classe média, com 4/5 anos, age e se veste como adultos. Uma bosta.
   Só que lá no meio do filme, quando acontece uma corrida de carros 'feito a mão", aparece um riquinho que tem um carro super tecnológico e ameaça a vitória da turminha dos Batutinhas.
   No meio da corrida, o riquinho abre um celular de flip e liga para o papai e diz:
- Papai vou vencer esta corrida!

Corta! 

   A próxima cena é da arquibancada onde estão pais e professores. O pai, milionário, que recebe a ligação do filhinho responde:
- Você é o melhor filho que o dinheiro pode comprar! 

Quem era o pai? 
Donald Trump!

A gripe piorou!


quarta-feira, 8 de março de 2017

Governador Raimundo Colombo, o "Ovo", na lista de denuncias de Rodrigo Janot


   A postos O Superior Tribunal de Justiça se prepara para receber os casos de quatro governadores a partir da segunda lista de Rodrigo Janot: Geraldo Alckmin (SP), Fernando Pimentel (MG), Luiz Fernando Pezão (RJ) e Raimundo Colombo (SC).

Trocadilho
   O apelido "OVO" era usado para se referir ao governador catarinense Raimundo Colombo (PSD) e constava nas planilhas da Odebrecht apreendidas pela Operação Lava Jato.
   Essas tabelas estavam com a secretária Maria Lúcia Tavares, primeira funcionária da construtora a colaborar, ainda no começo do ano passado. Elas mostram pagamentos para dezenas pessoas identificadas apenas por apelidos, em somas milionárias.


Mais sobre o mesmo
http://cangarubim.blogspot.com.br/2012/08/o-ovo-de-colombro.html

http://cangarubim.blogspot.com.br/2016/04/lava-jato-apelido-descobridor-da.html

Maravilhas do politicamente incorreto...


Polícia Militar abusou da autoridade no Carnaval

por Celso Martins*

   Sambaqui (Florianópolis-SC), duas horas da madrugada do primeiro dia de março de 2017. Duas dezenas de pessoas continuam na praia das Flores, onde se realizou o Carnaval, entre barraqueiros e foliões. No vídeo abaixo, vemos uma fileira de policiais militares fazendo um arrastão de fim de festa, gravado pela jornalista Anita Martins, acompanhada do fotojornalista Edu Cavalcanti. Além de registrar atos de intimidação, mostra o lançamento de gás pimenta no rosto de dois carnavalescos que estavam indo embora. O vídeo ainda mostra as abordagens policiais aos dois jornalistas do Daqui na Rede, cerceando o exercício profissional. Confira.




Em Santo Antônio
    Sem qualquer incidente na área delimitada pela organização, o Carnaval de segunda-feira (27.2), em Santo Antônio de Lisboa, terminou às 2 horas da madrugada de terça (28). Os foliões, que aos poucos iam deixando o local da festa, foram surpreendidos por uma ação policial-militar inusitada e desnecessária – entre 40 mil e 60 mil foliões brincaram na rua Cônego Serpa desde o início da noite e não foi registrada nenhuma ocorrência, segundo os próprios policiais escalados para garantir a segurança de todos.

   Os carnavalescos que estavam na frente da igreja de Nossa Senhora das Necessidades e da praça Getúlio Vargas foram enxotados a balas de borracha e gases lacrimogênio para a rua Professor Osni Barbato, mais acima. O mesmo ocorreu com foliões no trecho final da rua Padre Lourenço, na altura da praça Roldão da Rocha Pires/Alfaias, sendo então corridos pela tropa na direção da entrada do bairro. Os dois grupos foram encurralados nas ruas General Aleluia e Senador Mafra. E dá-lhe pau!

   Nem os trabalhadores da Comcap, que iniciavam a limpeza do local, foram poupados. A sede do bloco Baiacu de Alguém também foi alvo de investidas. “Deram diversas porradas na porta de metal e em seguida soltaram umas três bombas de efeito moral na rua Padre Lourenço de Andrade”, relata o arquiteto Joel Balconi, dirigente do Baiacu. “O pessoal, lá dentro ficou apavorado achando que iam arrombar o portão e baixar o pau em todo mundo”, complementa.

   Os fatos ganharam as redes sociais e as rodas de conversas do pós-Carnaval no distrito de Santo Antônio de Lisboa. Muitos acreditam que a tropa, constituída basicamente por alunos do Centro de Ensino da PM, aproveitou a multidão para realizar um treinamento de guerra. Afinal, as balas, as bombas e os gases atingiram famílias, crianças, mulheres e idosos. Nas fotos da cobertura dos carnavais em Santo Antônio e Sambaqui, sem nenhuma ocorrência policial, verificamos essa composição de público.

   Segundo organizadores do Carnaval na área, essa tem sido a prática da PM nos últimos três anos. Eles não denunciam por temer represálias na organização da próxima festa.

Outros fatos durante o Carnaval

   “Durante os dias de folia, a profissional autônoma Adriana de Andrade Lima, que mora no início da rua Isid Dutra, na Barra do Sambaqui, montou uma barraca de cachorro quente no quintal de casa e acabou presenciando cenas do que classificou como “abuso de poder”. No domingo, viu três rapazes serem pressionados a ir embora pela Barra, apesar de morarem na praia do Fogo, ou seja, na direção contrária. “Eles disseram que já tinham levado jatos de spray de pimenta e golpes de cassetetes nas costas. Pedi a minha vizinha que os colocasse para dentro de casa, senão iam apanhar”, disse.

   Na terça, um casal amigo de Adriana estava terminando de lanchar na frente da sua residência quando, segundo ela, uma policial se aproximou e disse: “Sobe, sobe, não pode ficar ninguém na rua”. O casal morava na Ponta do Sambaqui, também na direção oposta. “A menina ficou nervosa e começou a dizer que eles não podiam obrigá-la a sair da rua. Aí, eu mesma os botei para dentro do meu terreno”, relatou. “Proteger a população é uma coisa. Abusar do poder é outra”, comentou.”

   “No domingo, por volta da meia-noite, o professor Bruno Nichel estava voltando para sua casa, no início da rua Isid Dutra, na Barra do Sambaqui. Para evitar o trânsito do Carnaval em Santo Antônio de Lisboa, pegou o caminho da rua Padre Rohr, onde foi parado em uma barreira policial. “Expliquei que estava indo para casa, mas o PM não acreditou. Ele disse: ‘Acho que você está me dando o migué para conseguir estacionar lá’. Minha esposa não acreditou, abriu a janela e falou: ‘A gente tá com a nossa filha de menos de um ano dormindo no carro. Você acha que a gente quer ir para a festa?’ O outro PM entendeu e nos liberou. Mas o primeiro ficou indignado e ainda foi brigar com o colega”, diz. O pai de Bruno considerou o tratamento como “de meliante”.

Antecedentes
   As relações dos moradores do distrito de Santo Antônio de Lisboa e da PM têm sido tensas.

   Um protesto na rodovia SC-401 pedindo mais segurança e a reabertura do posto policial local teve como resposta uma espécie de estado de sítio, com a realização de operações de trânsito (blitz) durante três semanas seguidas, infernizando a vida dos moradores. Só depois disso é que foi destacada uma viatura com dois policiais para rondas na área.

   Numa reunião do Conseg Costa do Sol Poente, o então oficial comandante do 21º BPM expulsou do local uma equipe de televisão que cobria o evento. Moradores que reclamaram da ausência da PM foram hostilizados e xingados pelo mesmo oficial.

   Numa reunião da diretoria do bloco Engenho de Dentro (Sambaqui) com o promotor de Justiça Daniel Paladino, o então oficial comandante da mesma unidade da PM mandou que alguns diretores calassem a boca, pois eles não entendiam nada de segurança.

   Em outra ocasião, durante reunião dos integrantes do referido bloco com o comando do 21º BPM, no quartel do mesmo, um diretor recebeu voz de prisão vinda do oficial comandante por haver discordado de argumentos que apresentara.

Represália
   Quando a PM deixou o posto policial de Santo Antônio de Lisboa, alegando insalubridade, ficou abandonado no local um saco plástico com dezenas de documentos (de Identidade, Passaportes etc.). O material foi localizado pelo dirigente da Associação de Moradores de Santo Antônio de Lisboa (Amsal), entidade que passou a ocupar o imóvel da antiga Intendência e onde funciona atualmente a Casa da Cultura Clara Manso de Avelar.

   Pois bem: como a PM demorou para recolher os referidos documentos, fizemos uma matéria para o portal Daqui na Rede informando sobre o abandono dos documentos, num serviço de utilidade pública.

   Com isso, a secretaria da Segurança Pública (SSP-SC) mandou abrir sindicância pela corregedoria. Dias depois, um policial-militar se dirigiu à residência do editor do referido portal e invadiu o terreno para entregar uma intimação.

*Celso Martins é jornalista, editor do portal Daqui na Rede.


Estimado Sérgio
Depois de ler no "teu blog" (de todos nós, democratas...), repetindo a leitura no do Celso, não poderia de deixar de escrever o modesto e curto texto abaixo, contra a violência policial. Creio que a ditadura está internalizada ainda em certos corações e mentes.


Abração do Emanuel

   Caro amigo Celso Martins
   Da velha Bahia, quero enviar minha (modesta) mas total solidariedade em relação à violência cometida pela Polícia Militar - que existe para proteger o povo - , atacando foliões e profissionais da imprensa no carnaval.
(Escrevo com sincera indignação.)

   É um lugar-comum, mas precisa ser repetido: SEM LIBERDADE DE IMPRENSA NÃO EXISTE DEMOCRACIA.
   E toda uma geração sofreu muito para o restabelecimento do regime democrático em nosso país.
   É de estarrecer que tais práticas ainda ocorram em pleno século XXI.
   Que essa violência não fique impune. Estamos contigo e com todos que foram vítimas de tais abusos.

Emanuel Medeiros Vieira (velho homem do Desterro, que não suporta arbitrariedades...)
(Salvador, 8 de março de 2017)*