quinta-feira, 30 de julho de 2020

Golpe e contra golpe

    por Marcos Bayer
   Em curso na política de Santa Catarina um golpe contra o governador e sua vice e um secretário do governo. Golpe porque não há fundamento legal para votar e aprovar o impeachment dos dois governantes na acusação de concessão de equivalência/equiparação dos salários dos procuradores do poder executivo com o poder legislativo.
   A matéria é objeto de disposição constitucional.
   Na Constituição do Estado de Santa Catarina está escrito:
Art. 23 - A remuneração e o subsídio dos servidores da administração pública de qualquer dos Poderes, atenderão ao seguinte: VI - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para efeito de remuneração de pessoal do serviço público; 
 
Art. 196Aos Procuradores dos Poderes do Estado e aos delegados de polícia é assegurado o tratamento isonômico previsto no art. 26, §§ 1º e 2º, aplicando-se-lhes o disposto no art. 100, incisos I a III.  

Art. 26 - O Estado instituirá Conselho de Política de Administração e Remuneração de Pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes. § 1º — A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratório observará: I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira; II - os requisitos para a investidura; e III - as peculiaridades dos cargos.

   A advogada Ana Cristina Blasi, competente na matéria diz:
   Em despacho, o decano da corte, desembargador Pedro Manoel Abreu, determinou a intimação do Estado para manifestação sobre a alegada pendência de valores atrasados, e também dos autores para que apresentassem a planilha com os valores atualizados.  

   E completa: “Para que se configure crime de responsabilidade ensejador de ‘impeachment’, é preciso que estejam presentes um dos pressupostos objetivos previstos no art. 85 da CF. No caso, não há, nem de longe, tal enquadramento. O governador está obedecendo comando do relator do processo, cumprindo decisão judicial transitada em julgado há anos e que assegurou a paridade de remuneração entre os procuradores do Estado e os procuradores da Assembleia Legislativa, conforme previsto no art. 196 da Constituição Estadual”, afirma.

   Além disto, acórdão do TJSC sepulta a hipótese, no MANDADO DE SEGURANÇA nº 2005.012918-5, da Capital, cujo relator é o Desembargador Vanderlei Romer.

MANDADO DE SEGURANÇA. PROCURADOR DO ESTADO.
EQUIPARAÇÃO VENCIMENTAL AO PROCURADOR DA
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 37, XIII, DA CARTA MAGNA. POSTERIOR ALTERAÇÃO PELA EMENDA CONSTITUCIONAL N. 19/98 QUE SUPRIMIU TAL BENESSE.
IRRELEVÂNCIA. DIREITO ADQUIRIDO. EXISTÊNCIA, ADEMAIS, DE DISPOSITIVO DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL GARANTINDO A ISONOMIA. APLICAÇÃO, AINDA, DO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. SEGURANÇA OUTORGADA.
 
   Assim, não há hipótese jurídica para aprovar o impeachment pelas razões expostas. Salvo, se quiserem transformar a Assembléia Legislativa num circo sem pão.
   E a inteligência e a integridade dos 40 parlamentares (esperamos) não permitiria isto.
   Mas, não podemos esquecer que há uma CPI em curso, presidida pelo deputado sargento Lima e relatada pelo deputado Ivan Naatz. Ela terá conclusões a apresentar e apresentará. Sabemos desde já que houve crime de falso testemunho (mentir) e improbidade administrativa (deixar pagar o que era proibido).
   O governador Moisés sabia dos respiradores chineses desde 31 de Março de 2020. As provas estão nos autos. Foi feita uma consulta formal ao Tribunal de Contas, assinada por ele Moisés, sobre a legalidade do pagamento. O TCE disse nos primeiros dias de Abril: NÃO.
 
Aqui está configurada a IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
A Constituição Federal em seu artigo 85, esclarece:
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
        I -  a existência da União;
        II -  o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;
        III -  o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
        IV -  a segurança interna do País;
        V -  a probidade na administração;
        VI -  a lei orçamentária;
        VII -  o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

   Então, se prevalecer a honestidade intelectual, a integridade do caráter, a inteligência sobre a ignorância, e sobretudo a decência política; o processo de impeachment em curso deve ser anulado. Imediatamente deve ser aberto o real processo, fruto da CPI, e por a julgamento o senhor Moisés. 
   A vice governadora Daniela Reineher será a nova governadora. Não se esqueçam de que ela também recebeu 71% dos votos dos catarinenses.
   E só para lembrar, Renan Calheiros, presidente do Senado, foi declarado pelo STF fora da linha sucessória por ser réu em processo criminal no próprio Tribunal.
   Talvez o mesmo direito deva ser aplicado ao atual presidente da Assembléia Legislativa.
   Se há golpe, é bom que haja contra golpe...

segunda-feira, 27 de julho de 2020

A malandragem do poder


                por Sérgio Rubim 

   Em 13 de janeiro de 2020, o advogado Ralf Guimarães Zimmer Junior, protocolou junto a Assembleia Legislativa de Santa Catarina,
pedido de impeachment contra o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, e a vice-governadora, ambos do PSL.  A representação também mira o secretário de Estado, Jorge Eduardo.
   O Pedido trata de possível “crime de responsabilidade” cometido por ambos na concessão de reajuste à procuradores do Estado, alegando que deveria haver isonomia remuneratória entre procuradores do
Estado e da Assembleia Legislativa, utilizando para isso de “procedimento secreto e ilegal".
   Na tentativa de “legalizar” o ilegal, durante a discussão do Projeto da Reforma Administrativa, da qual era seu relator, o Dep. Luiz Fernando Vampiro, apresentou emenda, aprovada por unanimidade, no seguinte sentido:

“Art. 24. A PGE, órgão central do Sistema
Administrativo de Serviços Jurídicos, nos termos do

Art. 103 da Constituição do Estado tem sua
organização e seu funcionamento disciplinados em lei complementar, aplicando-se aos Procuradores do Estado o disposto no art. 196 da Constituição do
Estado, não podendo o valor do subsidio da última classe da carreira ser inferior ao limite previsto na parte final do inciso XI do art. 37 da Constituição Federal.”


   Numa demonstração de ser neófito aos temas administrativos e suas consequências, o Governador opôs veto alegando:

“...Tal dispositivo, modificado no projeto de lei complementar que estabelece o valor do subsídio dos Procuradores do Estado, resulta em aumento de despesa não estimada pelo Poder Executivo no projeto original.
Por esta razão, o referido dispositivo contraria o interesse público, devendo portanto, ser objeto de veto.”

 
   Ele realmente não entendeu nada!!!
   Ao perceber a “besteira” cometida, gestionou o Governador junto aos deputados, de forma bizarra no sentido de que o “seu” veto fosse derrubado.
   A operação fracassou. Os deputados mantiveram, por unanimidade o veto, consequentemente permaneceu o Governador na ilegalidade que pode abater prematuramente seu mandato.


  Golpe branco

  No último dia 22 de julho de 2020, o Presidente da Assembleia, Júlio Garcia, parte interessadíssima no processo, acatando Parecer Jurídico da Procuradoria Jurídica da Casa, anunciou no Plenário a abertura do processo de impedimento, com base na Lei Federal nº 1.079/50, além da jurisprudência do STF, Constituição Federal, Constituição Estadual e Regimento Interno da Assembleia.
   Prevê a Lei, que aberto o processo, será lido em plenário, e na sequência serão os representados notificados para apresentarem
defesa no prazo de 10 sessões ordinárias.
   Também, será criada na Assembleia, Comissão Especial, formada por 9 deputados que analisará e emitirá parecer sobre o pedido.
   Assim que receber as defesas do governador, da vice e do secretário, a comissão especial deverá analisá-las e emitir parecer, no prazo de cinco sessões ordinárias – contados a partir do recebimento das respostas – que
resultará na elaboração de um projeto de decreto legislativo (PDL) pelo recebimento ou não da representação contra o chefe do
Executivo e os demais citados. A comissão deverá deliberar sobre esse parecer antes de enviá-lo para votação em plenário.
   Se o PDL for favorável ao acatamento da denúncia e for aprovado por 2/3 dos 40 deputados (27 votos favoráveis), será instalada uma Comissão Julgadora que decidirá se Moisés, Daniela e Tasca cometeram crime de responsabilidade. Caso contrário, a representação é arquivada e o processo é encerrado.


   Engrenagens

   Caso ocorra a admissão da representação pelo Plenário da Assembleia Legislativa, o presidente da Alesc, Júlio Garcia, comunicará oficialmente os denunciados da decisão, e serão os mesmos afastados por 180 dias.
   Neste momento, tem início uma segunda etapa do processo de impeachment. É quando ocorre o julgamento dos denunciados, que
será feito por uma Comissão Julgadora formada por 5 desembargadores e 5 deputados estaduais e presidida pelo
presidente do TJ.
   A condenação à perda definitiva dos cargos e à inabilitação para o exercício da função pública dos denunciados só ocorrerá com o voto de 2/3 dos membros da Comissão Julgadora. A Constituição Estadual
estabelece que o julgamento deve ser concluído em até 180 dias.
   Este é o procedimento legal a ser seguido.
Paralelamente a este ritual, necessário trazer a luz as consequências que advirão do fato de haver o Presidente da Assembleia, Júlio Garcia, ter dado encaminhamento do processo de impeachment.
   Diz a Constituição Federal que se o mandato de governador for interrompido durante a primeira metade, será realizada eleição direta
para nova escolha, sendo durante a segunda metade a eleição será indireta, isso é, entre os deputados estaduais.
   Pois bem, o processo que foi agora turbinado pelo Presidente da Assembleia, Júlio Garcia, foi protocolado em janeiro de 2020, isto é, com tempo suficiente para ser concluído ainda durante o presente ano.
   Convinientemente, o processo foi deflagrado somente no dia 22 de julho, isto é, menos de 180 dias para a conclusão da primeira metade
do atual mandato, possibilitando ao Presidente da Assembleia, Júlio Garcia, assumir o Executivo.

 
   Findos os 180 dias, já no ano de 2021, ocorrendo o afastamento, assumirá por noventa (90) dias, o Presidente da Assembleia, Júlio Garcia, que convocará eleição indireta - entre os 40 deputados - para escolha de novo governador.
   Percebe-se que no parlamento as ações estão sendo desenvolvidas calculadamente em estrita obediência as normas legais vigentes, para que seu desfecho ocorra já na segunda metade do atual mandato do Governador. Como diria Arnaldo “a regra é clara”! Esse é o tradicional “golpe branco”.
 

   Com poder absoluto sobre os deputados da Assembéia, alguém tem dúvidas de que o novo governador seria Júlio Garcia?

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Impeachment Remoto?

por Marcos Bayer  
   Temos pelo menos dois caminhos.
   O primeiro já iniciado por iniciativa do presidente da Assembleia Legislativa que aceitou denúncia de um cidadão catarinense sobre equivalência salarial entre procuradores do poder executivo com os mesmos no poder legislativo.
   Argumenta o denunciante que tal equivalência/equiparação só pode ocorrer em virtude de Lei. Então, arrola o governador, a vice governadora e o secretário da administração como praticantes do crime de responsabilidade. Aprovado o impeachment na sua totalidade, caem os três denunciados e o presidente da Assembleia Legislativa assume o governo para convocar eleições diretas ou indiretas pelos 40 deputados. A data de 31 de Dezembro é o marco para definir como será a sucessão.
   Mas, podem ser condenados apenas o governador e seu secretário da administração. Neste caso, a sucessora constitucional é a vice governadora Daniela, a primeira mulher a assumir o comando do Estado.
   Aqui, neste ponto, haverá uma grande discussão sobre a culpabilidade dela.
   Assinou ela o ato jurídico que promoveu e equiparação? A equiparação já era matéria decidida judicialmente em definitivo? E várias outras teses.
   Por outro, temos a CPI da mesma Assembléia Legislativa, investigando os 200 respiradores pagos antecipadamente, no valor de R$ 33 milhões, que ainda não chegaram.
   Mesmo antes do relatório final que irá direto ao plenário para votação, já se sabe que o governador prestou falso testemunho ao declarar que nada sabia e que praticou improbidade administrativa ao deixar pagar antecipadamente  o que havia sido proibido pelo Tribunal de Contas no início de Abril. Em consulta formal assinada por ele.

   A pergunta é: Quem a Assembléia Legislativa quer derrubar? Respondida a questão saberemos quem sucederá o atual governador.

   E se ele renunciar, como ficam os dois pedidos de Impeachment ?

   A votação será ao vivo ou por controle remoto. Eis a questão!

domingo, 19 de julho de 2020

O Impeachment ou a Renúncia.

... e sereis medidos com a mesma medida com que medirdes. Mateus, 7, 1-5.
por Marcos Bayer
    Fim de linha para o governador Moisés. Ou renúncia ou será deposto por via legal e democrática.
   Primeiro, mentiu. Enviou projeto de Lei para a ALESC em final de Março de 2020 propondo pagamento antecipado de compras não licitadas em razão do decreto de calamidade pública vigente. Retirou o projeto no dia seguinte.
   Segundo, desobedeceu. A orientação do Tribunal de Contas, ao consultar em 02 de Abril, se podia pagar antecipado as compras não licitadas e não entregues. Dia 03 foi informado oficialmente que não poderia. Mas, o pagamento já havia sido efetuado.
    Terceiro, mentiu ao povo e às autoridades catarinenses sobre as datas em que tomou conhecimento da fraude.
   Há contradições entre seus depoimentos e os depoimentos de seus auxiliares.
   Já não tinha sustentação política por falta de interesse na matéria e por descaso.
   Praticou improbidade administrativa. 


Vide Código Penal.
Artigo 319 CP - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
   Praticou falso testemunho, por escrito e verbalmente.
ARTIGO 342 CP: "Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, tradutor, contador ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial ou em juízo arbitral:" Pena - Reclusão, de 2 a 4 anos, e multa (Pena com a redação dada pela Lei nº 12.850/13).
    Afora as violações penais tem que esclarecer, como primeiro mandatário, o paradeiro do dinheiro. Onde estão os R$ 33 milhões?

   Não deu nenhuma demonstração de cooperação no esclarecimento dos fatos, deixou seus auxiliares constrangidos, alguns renunciaram às suas funções. Olha para os catarinenses como se fossem idiotas.
Uma pena. Poderia ter sido a renovação.
Derrotou a si mesmo por falta de visão.

   A Assembléia Legislativa não deixará de julgá-lo, sob pena de desmoralização.
O Impeachment ou a Renúncia.

... e sereis medidos com a mesma medida com que medirdes.
Mateus, 7, 1-5.

Fim de linha para o governador Moisés. Ou renúncia ou será deposto por via legal e democrática.
Primeiro, mentiu. Enviou projeto de Lei para a ALESC em final de Março de 2020 propondo pagamento antecipado de compras não licitadas em razão do decreto de calamidade pública vigente. Retirou o projeto no dia seguinte.
Segundo, desobedeceu. A orientação do Tribunal de Contas, ao consultar em 02 de Abril, se podia pagar antecipado as compras não licitadas e não entregues. Dia 03 foi informado oficialmente que não poderia. Mas, o pagamento já havia sido efetuado.
Terceiro, mentiu ao povo e às autoridades catarinenses sobre as datas em que tomou conhecimento da fraude.
Há contradições entre seus depoimentos e os depoimentos de seus auxiliares.
Já não tinha sustentação política por falta de interesse na matéria e por descaso.

Praticou improbidade administrativa. Vide Código Penal.

Artigo 319 CP - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 

Praticou falso testemunho, por escrito e verbalmente.

ARTIGO 342 CP: "Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, tradutor, contador ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial ou em juízo arbitral:" Pena - Reclusão, de 2 a 4 anos, e multa (Pena com a redação dada pela Lei nº 12.850/13).
Afora as violações penais tem que esclarecer, como primeiro mandatário, o paradeiro do dinheiro. Onde estão os R$ 33 milhões?
Não deu nenhuma demonstração de cooperação no esclarecimento dos fatos, deixou seus auxiliares constrangidos, alguns renunciaram às suas funções. Olha para os catarinenses como se fossem idiotas.
Uma pena. Poderia ter sido a renovação.
Derrotou a si mesmo por falta de visão.
A Assembléia Legislativa não deixará de julgá-lo, sob pena de desmoralização.

sexta-feira, 17 de julho de 2020

O Entregador

por Marcos Bayer

   De uma forma ou de outra, as pessoas têm vocação. Algumas mostram a vocação desde pequenas e de maneira muito nítida.
   E uma das maravilhas da personalidade humana é o exercício de uma vocação.
   Poetas, políticos, médicos, advogados, carpinteiros, engenheiros, padeiros, pedreiros, cavaleiros, sanfoneiros, cantores ou bufões.
   Mágicos, professores ou foliões.
   No exercício do poder, especialmente o poder político, dá gosto de ver a vocação.
   O governante sente prazer no seu ofício.
   Acorda cedo para tomar conhecimento dos assuntos de governo. Sai pela estrada ou voando, para visitar seu território. Saber das necessidades, discutir soluções.
   Governar é um exercício constante.     Ininterrupto.
   Tem festa, tem dor. Tem obras, tem sobras. Escassez e louvor...
   A História de Santa Catarina registra governadores e seus respectivos times
de absoluto vigor.
   Governos criativos, inovadores e arrojados.
   Não vou mencioná-los porque desnecessário. Houve também governos inoperantes, corruptos e acomodados.
   Dispensam apresentações.
   Mas, o atual governo é algo inusitado.
Vitória estrondosa nas urnas, eleito para mudar comportamentos viciados, o atual governador enclausurado no palácio, faz cerveja e toca violão.
   Prefeitos reclamam apoios, deputados reclamam diálogo, doentes reclamam respiradores.
   É impressionante a falta de vontade de sua Excelência.
   Na crise da pandemia, colocou o colete laranja, para dar conselhos sobre o comportamento da população.
   Adoeceu, voltou ao ringue e nada falou sobre seus sintomas, tratamento, equipamentos e medicamentos.
   Um egoísmo fatal.
   E este egoísmo é a base visível de sua personalidade. Nunca quis o poder. Fez carreira com rigor na hierarquia. Não há registros de liderança na corporação. Nada que tenha emergido à sociedade.
   Aposentado, foi assessorar um vereador na Câmara de Tubarão.
   Mais um sintoma de falta de apetite.
   Eleito, inesperadamente, governador sentiu-se na Disneylândia.
   Um palácio, automóveis e seguranças, protocolos e continências. Vive o que nunca sonhou ou desejou.
   Não vai para as ruas, não vai escutar a sociedade, não se movimenta.
   Vive o sonho egoísta do conforto e da pompa. Perdeu a noção.
   Nem falo na "compra" dos equipamentos chineses que não chegaram, embora pagos.
   Trocou duas vezes o chefe da Casa Civil.
   O primeiro com ajuda da Polícia. Trocou um secretário de saúde da mesma forma. Perdeu o Controlador Geral do Estado por absoluto descontrole. Perdeu o secretário das relações Internacionais que sequer foi ao Paraguai.    Trocou o líder do governo na ALESC. Duas vezes?
   Em um ano e meio de governo, este é o balanço.
   O governador, até agora, é um entregador de mãos vazias.
 
De uma forma ou de outra, as pessoas têm vocação. Algumas mostram a vocação desde pequenas e de maneira muito nítida.
E uma das maravilhas da personalidade humana é o exercício de uma vocação.
Poetas, políticos, médicos, advogados, carpinteiros, engenheiros, padeiros, pedreiros, cavaleiros, sanfoneiros, cantores ou bufões.
Mágicos, professores ou foliões.
No exercício do poder, especialmente o poder político, dá gosto de ver a vocação.
O governante sente prazer no seu ofício.
Acorda cedo para tomar conhecimento dos assuntos de governo. Sai pela estrada ou voando, para visitar seu território. Saber das necessidades, discutir soluções.
Governar é um exercício constante. Ininterrupto.
Tem festa, tem dor. Tem obras, tem sobras. Escassez e louvor...
A História de Santa Catarina registra governadores e seus respectivos times
de absoluto vigor.
Governos criativos, inovadores e arrojados.
Não vou mencioná-los porque desnecessário. Houve também governos inoperantes, corruptos e acomodados.
Dispensam apresentações.
Mas, o atual governo é algo inusitado.
Vitória estrondosa nas urnas, eleito para mudar comportamentos viciados, o atual governador enclausurado no palácio, faz cerveja e toca violão.
Prefeitos reclamam apoios, deputados reclamam diálogo, doentes reclamam respiradores.
É impressionante a falta de vontade de sua Excelência.
Na crise da pandemia, colocou o colete laranja, para dar conselhos sobre o comportamento da população.
Adoeceu, voltou ao ringue e nada falou sobre seus sintomas, tratamento, equipamentos e medicamentos.
Um egoísmo fatal.
E este egoísmo é a base visível de sua personalidade. Nunca quis o poder. Fez carreira com rigor na hierarquia. Não há registros de liderança na corporação. Nada que tenha emergido à sociedade.
Aposentado, foi assessorar um vereador na Câmara de Tubarão.
Mais um sintoma de falta de apetite.
Eleito, inesperadamente, governador sentiu-se na Disneylândia.
Um palácio, automóveis e seguranças, protocolos e continências. Vive o que nunca sonhou ou desejou.
Não vai para as ruas, não vai escutar a sociedade, não se movimenta.
Vive o sonho egoísta do conforto e da pompa. Perdeu a noção.
Nem falo na "compra" dos equipamentos chineses que não chegaram, embora pagos.
Trocou duas vezes o chefe da Casa Civil.
O primeiro com ajuda da Polícia. Trocou um secretário de saúde da mesma forma. Perdeu o Controlador Geral do Estado por absoluto descontrole. Perdeu o secretário das relações Internacionais que sequer foi ao Paraguai. Trocou o líder do governo na ALESC. Duas vezes?
Em um ano e meio de governo, este é o balanço.
O governador, até agora, é um entregador de mãos vazias.


domingo, 12 de julho de 2020

Em busca do vírus VI

por Mohamed Bin Harrit

   HABIB, (o camelo), ficou chocado com a destruição ocorrida nos Ganchos em razão do ciclone BOMBA. Cenas não tão arrasadoras quanto no Oriente Médio, mas também preocupantes.
   Na capital, Dr. Rachid e Mosche conversavam sobre o vírus. Recolhido ao Palácio da Agronômica, Moisés sentia a passagem das horas, como no poema de Fernando Pessoa.
 

   São-me simpáticos os homens superiores porque são superiores,
   E são-me simpáticos os homens inferiores porque são superiores
também,
   Porque ser inferior é diferente de ser superior,
   E por isso é uma superioridade a certos momentos de visão.
   Simpatizo com alguns homens pelas suas qualidades de caráter,
   E simpatizo com outros pela sua falta dessas qualidades,
   E com outros ainda simpatizo por simpatizar com eles,
   E há momentos absolutamente orgânicos em que esses são todos os homens.
   Sim, como sou rei absoluto na minha simpatia,
   Basta que ela exista para que tenha razão de ser.
   Estreito ao meu peito arfante, num abraço comovido,
(No mesmo abraço comovido)
   O homem que dá a camisa ao pobre que desconhece,
   O soldado que morre pela pátria sem saber o que é pátria
.

   Assim, em meio ao transe e ao descanso, em meio a solidão e a preocupação, Mosche tenta resolver o caso dos respiradores e do vírus.   Dr. Rachid diz que a questão virótica é mais fácil de resolver.

   Mas, em relação ao pagamento dos R$ 33 milhões, os respiradores que foram pagos e não chegaram, a CPI da ALESC e outras questões correlatas, a melhor solução era culpar o SISTEMA.

   O SISTEMA seria a solução ideal. Reunido o conselho de sábios, ficou decidido que tão logo ocorresse a prisão do SISTEMA, haveria um habeas corpus para solta-lo.

   O SISTEMA solto ficaria sob a vigilância das Forças Policiais até que o assunto fosse esquecido ou arquivado.

   E o dinheiro? Eis a questão!

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Em busca do vírus V

por Mohamed Bin Harrit

    HABIB passou uma temporada nos Zimbros e nas Bombinhas. Desde 23 de Junho até o dia do Ciclone BOMBA, em 04 de Julho.
    Ele estava acostumado, em razão de sua vida nas Arábias, com bombas e bombinhas. Afinal, a Síria, o Iraque e o Kwait estão na sua área de convivência.
    Mas, com os Zimbros, foi encanamento fatal. Pegou a melhor safra de tainhas dos últimos tempos. Não conhecia a especiaria. Comia às dúzias. Assadas na folha da bananeira. Outra novidade: a banana. Aprendeu a fritá-las e comer com mel e canela em pó.
    Foi um temporada gastronômica. Nas noites enluaradas, os saraus, a música brasileira e uns tapas na pantera. Depois, a larica inevitável.

Coincidiu com o aniversário de 78 anos do Gilberto Gil.

"Abacateiro, acataremos teu ato
Nós também somos do mato como o pato e o leão
Aguardaremos, brincaremos no regato
Até que nos tragam frutos teu amor, teu coração
Abacateiro, teu recolhimento é justamente
O significado da palavra temporão
Enquanto o tempo não trouxer teu abacate
Amanhecerá tomate e anoitecerá mamão
Abacateiro, sabes ao que estou me referindo
Porque todo tamarindo tem
O seu agosto azedo, cedo, antes
Que o janeiro doce manga venha ser também
Abacateiro, serás meu parceiro solitário
Nesse itinerário da leveza pelo ar
Abacateiro, saiba que na Refazenda
Tu me ensina a fazer renda que eu te ensino a namorar
Refazendo tudo
Refazenda
Refazenda toda
Guariroba ".

    HABIB estava apaixonado pelo mundo sub tropical. Sabores, cores, odores, frutas e flores.
   De um lado o deserto, as areias modulantes, o falcão, o escorpião, as tamareiras, os ventos uivantes, o oásis e a odalisca vibrante.
    Aqui, a mata atlântica, os pássaros, os peixes, mariscos e as ostras...
    HABIB sentia seu coração solitário começar a rachar...

   Na capital continuava a batalha pela busca do vírus fatal. Dr. Rachid e Moisés estavam apreensivos. Aumentava a ocupação dos leitos nas UTIs dos hospitais.
    A CPI da ALESC prosseguia firme nas investigações. Cada dia, uma novidade. Descobriam, pelos depoimentos, que foi o SISTEMA que mandou pagar os R$ 33 milhões pelos respiradores que não chegaram. Nem Aladdin e sua lâmpada maravilhosa davam solução ao caso.

    Mosche contraiu o vírus? Eis a questão!

    A ciência estuda o caso. Um bombeiro em quarentena entra noutra quarentena. São 40 vezes ao quadrado. Total de 1.600 dias e que divididos por 365 resultam em 4 anos e 3 meses. Um mandato.

    De repente o ciclone BOMBA chega em Santa Catarina. O mais forte de sua história.
    HABIB é apanhado de surpresa por um vento ascendente e voa sobre o mar até os Ganchos. Aterrisa na Armação da Piedade, em frente ao Restaurante do Tonho. Sozinho.

   Paulinha, sua amiga, ficou resguardada em casa. Sob observação e cuidados.

sábado, 4 de julho de 2020

Inspetor Clouseau e o Corona vírus

- Bom dia Inspetor! Como está o senhor? perguntou a Tenente Brigitte.

- Estou relativamente bem, respondeu ele.
Tenente Brigitte: - Quer beber algo?

- Cloroquina com cerveja, por favor! Na medida de um por um, respondeu.

   Sozinho no quarto, Inspetor Clouseau pegou o telefone e digitou: 47 - 999...e baixinho falou: - Tudo bem aí? Como estão os sintomas? Dores?
- Eu estou tonto. Para ser honesto, sempre fui. Agora, um pouco mais.

- Muita cloroquina e cerveja artesanal.

- Os respiradores? Não sei. Coisa do Douglas e do Zeferino. E mais alguns...
- Nada, nada. Nunca me falaram nada. Nem sabia da existência disto. Respirador só o de pó. O aspirador. Respira e aspira.
- Eu não comprei, não paguei, não conheço ninguém. Nem o Corona vírus eu conhecia de perto.

- E agora? Bem, agora vamos ver.

 - Na hora de apresentar os laudos à imprensa é que vou ver. A primeira vantagem é não ter que encontrar o Bolsonaro no aeroporto.
- Continuo na quarentena. Um ano e seis meses já.

   A Tenente Brigitte se aproxima. Inspetor Clouseau diz: - Vou ter que desligar. Depois eu ligo.
   Tenente Brigitte trouxe uma bandeja caprichada. Cloroquina a vontade e a cervejinha artesanal.
   Inspetor Clouseau agradeceu. Ela perguntou: - Por que não patentear Inspetor?
Ele pensou e disse: - Boa ideia!
Ela sugeriu: - Cerveja do Coronel, querendo bajular.

Inspetor Clouseau com a modéstia que lhe é comum, disse:
- Moisés. A cerveja do Mar Vermelho.
Imediatamente ligou para o secretário Tasca e encomendou a logomarca.
Areais da Laguna, calor e sol, camelo e Moisés, mar e preço de lançamento. R$ 17 reais.