terça-feira, 31 de março de 2009

Alfonsín, Justicialistas, ditadura e ....o momento histórico

Foto do uruguaio Alfonso Abraham com quem trabalhamos durante a semana das eleições

Morreu nesta terça-feira (31) em Buenos Aires, o ex-presidente da Argentina Raúl Alfonsín. Ele faleceu aos 82 anos, vítima de uma pneumonia agravada por um câncer de pulmão que o afligia desde 2007.

Alfonsín foi o primeiro presidente eleito democraticamente após a ditadura militar que fudeu com a Argentina depois de um golpe em 1976. Os milicos argentinos eram um bando de tarados que tomaram o poder e tentaram liquidar com qualquer ameaça de esquerda até, pasmem, a terceira geração. Ou seja, a partir do momento que prendiam um "subversivo" iam atrás da família matando filhos, netos, irmãos, tios, primos...assim, pensavam, evitariam vinganças futuras. Os taradinhos daqui não tiveram competência para pensar nisso. Mataram e torturaram "pontualmente".

Em 1983, eu e o jornalista Jurandir Camargo partimos para Buenos Aires. Fomos cobrir, para o Novo Jornal, a primeira eleição livre no Cone Sul depois de uma temporada de terror militar. Em 83 estávamos de volta a Florianópolis depois de chegar de um exílio de três anos no Uruguai.
Partimos, de Florianópolis, em um Ford Corcel rumo a Uruguaiana, última fronteira sul do Brasil com a Argentina.
Chegando na capital porteña ficamos extasiados com o clima de euforia da população. Os argentinos são política, futebol e emoção. Lembro que começamos a andar pelos bares perto del Obelisco e era festa por todos os lados. Grupos de jovens faziam apresentações de teatro na porta dos bares celebrando a abertura política, mas não só política, moral e de comportamento também. Havia acabado a repressão em todos os sentidos. Os tarados haviam fracassado.
Lembro de um grupo de jovens que andava pela rua e, em frente ao famoso bar La Paz (Corrientes 1523), apresentaram sua "peça". Se resumia a um verso que recitavam:
-
Se va acabar, se va acabar...aaaahhh!!! (de gozo)
Uma paródia ao surrado
- Se va acabar, se va acabar, la dictadura militar!
Buenos Aires era uma festa. Encontramos vários jornalistas latino americanos que, como nós, não queriam perder essa volta à democracia.

Continuo amanhã ...

Plaza finaceira
Às vésperas das eleições todas as pesquisas davam como certa a vitória Ítalo Luder do Partido Justicialista (peronista). Com a possibilidade de volta da "esquerda" argentina ao poder, os capitalistas começaram a mandar o dinheiro para outras plazas financeiras mais seguras fora do país. O dólar sumiu das ruas e disparou a cotação. Valia uma fortuna.
Jurandir e eu havíamos deixado 7 mil dólares no Banco de La República do Uruguai. Vimos na evasào de divisas argentinas uma oportunidade de hacer plata. Embarquei no Colonia Express e atravessei o rio Uruguai em direção a Colonônia do Sacramento. Fui resgatar nossos dólares para vender em Buenos aires. Depois de duas idas e voltas, desembarquei na capital porteña. Conhecemos um argentino que operava nas plazas financeiras clandestinas que agora tomavam conta dos segundo andares dos prédios da calle Florida e arredores. Para entramos em uma delas passamos por três portas com seguranças e grades de ferro. Quando se entrava na sala a surpresa era grande: um enxame de gente, dinheiro, telefones e fumaça de cigarro. Em uma mesa de uns 5 metros vi a maior quantidade de dinhero que jamais havia visto em toda a minha vida. Ficamos impressionados com o bailado frenético daquela gente contanto dinheiros e falando ao telefone sem parar. Após a inércia militar o país finalmente se movia e com uma rapidez espantosa.
Saimos de lá com uma bolsa com milhões de pesos argentinos. Um problema! Onde esconder tanto volume de dinheiro?

Mar de genteNo sábado, a capital argentina amanheceu como se não tivesse dormido. Foi um dia fantástico. Às vésperas do domingo eleitoral a população estava toda na rua. O comício de encerramento dos Justicialistas (peronistas) seria no Obelisco. Monumento histórico nacional, ícone da cidade de Buenos Aires. Construído para comemorar o quarto centenário da primeira fundação da cidade, fica na Praça 9 de Julho entre Corrientes e a Av. 9 de Julho. Bah!!!!

Desde as primeiras horas grupos gigantescos de militantes peronistas convergiam para o Obelisco congestionando totalmente as ruas do centro da capital. Era um mar de gente. De cada rua surgiam agrupamentos políticos com suas bandeiras, uniformes e hinos próprios. Fanáticos, se dividiam entre Montoneros, peronistas fascistas e outros grupos de esquerda. Os peronistas de direita vestiam uniforme cinza com braçadeiras negras e carregavam bastões parecidos com tacos de beisebol. Eram agressivos e marchavam com perfeição ariana. Tinha outro grupo peronista, de direita, que usava uniforme caqui, tipo escoteiros.
Os sindicatos da poderosa CGT, sob o comando peronista, tomava as laterais da Av. 9 de Julho e montavam seus hospitais de campanha com ambulâncias, centenas delas, médicos e enfermeiros vestidos de um branco impecável.
Começa assim o que, às 8 da noite, seria a maior concentração humana da história da Argentina.

El patilludo
Andamos por todos os lugares procurando notícias e fotografando aquele fenômeno social. Após o meio-dia era impossível andar no meio da multidão. Passamos então a acompanhar o fato histórico com um ponto de vista, digamos, barsístico. Tínhamos um companheiro bolche uruguaio. O nome do cara era Fidel. Pertencia ao Partido Comunista Uruguaio e estava militando, há tempos, na Argentina. Fidel nos acompanhou todo o tempo nos dando dicas e descrevendo as movimentações dos grupos políticos.
Após várias cervezas, lá pelas 5 da tarde resolvemos nos meter bem no meio da multidão em frente ao Obelisco. De repente aquele mar de gente se abre, como em um conto bíblico, e ovacionado pela multidão, entra um piquete de cavaleiros liderados por um gaúcho com melena e grandes costeletas (patillas) empunhando um grande bandeira argentina. O belo cavalo branco tinha que ser contido o tempo todo. Mascava o freio e parecia que ia avançar contra a multidão que apaludia e cantava sem parar. Um show!

- És el Patilludo. Futuro presidente de Argentina.

Nos vaticinou Fidel. Era o governador da província de La Rioja, Carlos Ménen. Vinham em caravana desde o interior para prestigiar o justicialista Ítalo Luder. A partir deste momento os bumbos folclórico e os cantos de guerra peronistas não pararam mais criando um clima de euforia ensurdecedor.
Terminado o comício a massa se espalhou pela cidade tomando conta dos bares e restaurantes. As discussões políticas, sempre acaloradas, entravam noite a dentro e volta e meia se ouviam sirenes da polícia que vinham apartar escaramuças entre grupos peronistas rivais. A campanha dos blancos de Alfonsín, do Partido Radical, estava desaparecida diante do gigantismo peronista.

Noche de Ronda
Já altas horas da madrugada de domingo Fidel nos convidou para acompanhá-la na vigília que tería de fazer na sede do Partido Comunista. Montaria guarda das fichas de filiação e documentos do partido no centro de Buenos Aires. Tinha um revólver 38 deixado pelo companheiro que rendeu. Ficamos acordados até amanhcer e quando saímos para a cidade era um mar de papel e sujeira. Buenos Aires finalmente estava calma. Parecia deserta. Estava pronta para votar. O domingo de sol traria surpresas nas urnas. No final da noite, após apurada a maioria das urnas, o povo havia dado a vitória para o radical Raúl Alfonsín. A festa já era outra. O Obelisco tomado de gente novamente comemorando a vitória do Partido Radical.

Na segunda-feira, afastado o perigo de vitória dos peronistas, os dólares começaram a voltar em grande volume para o país e a cotação despencou. Trocamos os nossos milhões de pesos argentinos por alguns milhares de dólares com margem de 100% de lucro. Foi uma boa eleição.

Erraram a data. Foi 1 de abril

segunda-feira, 30 de março de 2009

Gisele Bündchen posa nua em ensaio fotográfico para a badalada revista 'Vanity Fair'. As fotos do peruano Mario Testino são fantásticas.

À SOMBRA ODIOSA DA ODIOSA COLUNA DE FERRO EMPARAFUSADA

Por Janer Cristaldo

Os jornais de hoje me lembram que, nesta terça-feira próxima, a Dame de Fer está completando 120 anos. Idade respeitável para uma senhora que, centenária, mantém-se rija, esbelta e charmosa. Vivi quatro anos ao lado dela e jamais a visitei. Durante mais de duas décadas, fui e vim de Paris, sempre me contentando em olhá-la de perto, mas sem penetrar sua intimidade. Nutria até um certo orgulho: moro aqui e jamais subi na torre Eiffel. Parecia-me um tremendo lugar-comum ir a Paris e subir até seu cume. Como abomino lugares-comuns, dela sempre mantive uma respeitosa distância. No entanto, a considero simpática. Depois de existir, passou a simbolizar Paris e nada mais que isso. Não celebra nenhum combate ou vitória, não evoca nenhum massacre ou fato histórico. Não homenageia nenhum tirano ou estadista, nenhum mártir ou herói, nenhum santo ou deus. É neutra. Cada vez que a vejo, me vem à mente um velho dito francês: soit belle et tais-toi! Seja bela e cale a boca! Muda e silente, não emite mensagem alguma, nem religiosa nem política, nem filosófica nem ideológica. Contenta-se apenas em lembrar que foi erigida para inaugurar a Exposição Universal de 1889. Discreta e ao mesmo tempo escandalosa, é como se apenas dissesse, com suas luzes cintilantes: estou aqui, estou aqui, estou aqui.
Leia mais no Blog do Cristaldo. Beba na fonte.

A farra do senado brasileiro

Cadê os quase R$ 7 milhões pagos de horas extras a 3.800 funcionários que não trabalharam em janeiro durante o recesso do Senado? O gato comeu. Dos 81 senadores, 10 mandaram que seus funcionários reembolsassem o Senado. E nem todos o fizeram. É sempre assim: o escândalo mais recente desidrata o anterior, que desidrata o anterior, que...

Por mais constrangedor que seja, ponha-se no lugar do presidente do Senado. O que seria pior?

Se todos os funcionários devolvessem o que receberam estaria confirmada a denúncia original de que o Senado pagou por algo que não foi feito. Desperdiçou dinheiro público. Se a maioria não devolve, como provar que recebeu sem trabalhar – embora tenha sido isso o que aconteceu? Leia mais no blog do Noblat. Beba na fonte.

domingo, 29 de março de 2009

Crônica de uma censura anunciada

Leandro Fortes
Em entrevista concedida ao portal Comunique-se, o diretor da TV Câmara, Manuel Roberto Seabra, afirmou que de fato assessores do ministro Gilmar Mendes reclamaram da edição do programa de debates Comitê de Imprensa gravada em 11 de março, da qual participou Leandro Fortes, repórter de CartaCapital, mas nega que ter existido censura ou ataque à "liberdade de expressão dos participantes" na decisão de retirar o conteúdo do programa do site da emissora. Seabra fez um contorcionismo retórico para tentar explicar o inexplicável. Argumentou que o programa de debates havia sido retirado do ar para que fosse dado direito de resposta para o presidente do STF. E afirmou, de forma inverídica, que houve "ataques pessoais" durante o debate.

Abaixo, alguns trechos da entrevista concedida por Seabra.

"A gente recebeu muitas reclamações sobre a matéria. Ela teria sido ofensiva e saía do tema. Houve uma tentativa de responder a isso, ouvindo as partes atingidas: o ministro Gilmar e um representante da CPI dos grampos. A ideia era inserir isso no programa, como um direito de resposta. Os assessores deles ligaram e reclamaram. Tentamos entrevistar o ministro Gilmar e o representante da CPI, mas como isso não se consumou, resolvemos voltar com o link no ar"

"Só com jornalista acontece isso. Parece que a gente não obedece o que a gente ensina. O episódio chegou a nos envergonhar por não termos o outro lado, mas essa não é a proposta do programa. Não é um programa para acusar ninguém, é para debater a mídia"

A seguir, leia a resposta de Leandro Fortes às afirmações de Seabra.

Deixa ver se eu entendi. O diretor da TV Câmara, Manuel Roberto Seabra, em entrevista ao site Comunique-se, afirma que "assessores" do ministro Gilmar Mendes, presidente do STF, reclamaram do conteúdo do programa Comitê de Imprensa, do qual participei como convidado, para falar das investigações contra o delegado Protógenes Queiroz, da Polícia Federal, com base em uma reportagem da revista Veja. Ele afirma ter recebido "muitas reclamações" (dos assessores de Gilmar Mendes?) sobre a "matéria". Era um programa de debates. Eu não entendo muito de televisão, mas sei diferenciar um programa de debate de uma matéria. Mas vamos adiante, porque a coisa ainda vai desandar mais.

A "matéria", segundo Seabra, "teria sido ofensiva" ao ministro Gilmar Mendes e, mais grave ainda, "saía do tema". Primeiro, eu gostaria de saber com que autoridade o diretor da TV Câmara, funcionário de uma emissora pública, paga pelo contribuinte, ordena a retirada do ar de um programa de debate por que o conteúdo das falas, de inteira responsabilidade de quem as pronuncia, "teria" sido ofensivo a quem quer que seja. Que diabos é isso? Um roteiro do mundo bizarro ou um conto de Lewis Caroll? Ainda que eu tivesse xingado o presidente do STF, o que não ocorreu, não caberia ao senhor Manuel Seabra determinar um ato de censura, assim, ao bel prazer. E a tal "tentativa de responder a isso"? Prestem atenção: queriam inserir entrevistas de Gilmar Mendes e de um "representante da CPI dos Grampos", a título de direito de resposta... num programa de debate! Como não conseguiram tal proeza, optaram em colocar novamente o programa no ar. Entenderam?

Eu explico, me acompanhem: o diretor da TV Câmara recebeu uma reclamação de "assessores" do ministro Gilmar Mendes (na verdade, a reclamação foi ao presidente da Câmara dos Deputados, deputado Michel Temer). Em seguida, envergonhado por não ter o outro lado, ele decidiu tirar o programa do ar e retirar o link do site da internet. Na verdade, extirpar, porque nem nos arquivos da página ele podia ser encontrado. Exatamente como faziam os stalinistas, nas fotos oficiais da extinta URSS, quando os camaradas dissidentes caíam em desgraça. Nesse ínterim, entre os dias 16 e 24 de março, Manuel Seabra tentou, em vão, entrevistar Gilmar Mendes e um representante da CPI dos Grampos. Eis um detalhe curioso: os repórteres da TV Câmara não conseguiram entrevistar o presidente do STF, que dá meia dúzia de entrevistas por semana, e, mais incrível ainda, NENHUM deputado da CPI dos Grampos! Diante de tal quadro de desolação, Manuel Seabra decidiu, então, recolocar o link no site. Vencido, pois, pelo cansaço.

Inacreditável, vale ressaltar, foi a evolução das versões. No dia 19 de março, instado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, o assessor de imprensa do deputado Michel Temer, Márcio Freitas, negou qualquer participação da presidência da Câmara na censura. Argumentou que o programa entrou numa fila, foi seis vezes ao ar e depois foi retirado para dar lugar a outros programas. Nonsense total. Essa regra não existe, nunca existiu. Além disso, o assessor nada falou sobre a retirada do link. Depois, uma funcionária da TV Câmara afirmou que o link foi retirado do ar por conta de um defeito técnico. Aliás, um defeito muito peculiar, porque só atingiu um link do site inteiro - o do debate do qual participei. Não colou. No dia 24 de março, foi a vez do Secretário de Comunicação da Câmara, Sérgio Chacon, emitir uma nota dizendo que o programa foi exibido "cinco vezes" (jornalista é ruim de conta mesmo) e que não houve pressão "de quem quer que seja" para interromper a exibição. Como assim? E os "assessores" (são quantos, afinal?) do ministro Gilmar Mendes??

A entrevista do senhor Manuel Seabra, como qualquer estudante de jornalismo pode perceber, é um ato de confissão: Gilmar Mendes mandou tirar o programa Comitê de Imprensa do ar e extirpar o link do site. A alegação de que houve ofensas pessoais é risível, senão patética, porque, mesmo durante o período da censura, diversos blogs veicularam o programa para milhões de internautas, alheios ao devaneio da direção da TV Câmara. No vídeo, atualmente com mais de 10 mil exibições registradas em apenas um dos links do YouTube, não há uma única ofensa a ninguém. Sobre Gilmar Mendes, me referi, dentro do contexto da Operação Satiagraha (logo, dentro do tema "Protógenes Queiroz"), sobre o profundo desequilíbrio da cobertura da mídia, quase toda voltada para fixar no delegado a pecha de fanático por grampos ilegais (sem uma única prova) e lustrar a imagem do presidente do STF como paladino do Estado Democrático de Direito.. Citei, ainda, o fato de Mendes estar me processando, e à CartaCapital, por conta de uma matéria - absolutamente jornalística - sobre o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), do qual o ministro é sócio. Trata-se de instituição construída com dinheiro do Banco do Brasil, em terreno praticamente doado pelo governo do Distrito Federal e com contratos de mais de 2 milhões de reais firmados, sem licitação, com órgãos públicos e tribunais. Onde está a ofensa nisso?

O que ofende a todos nós, jornalistas, é essa tentativa primária de encerrar um assunto gravíssimo, baseado em prova documental (as imagens do site com e sem o link censurado), a partir de uma defesa confusa, contraditória e tardia, elaborada sem o menor compromisso com o jornalismo, a ética e a boa educação. Leio, estarrecido, que por causa desse episódio, a TV Câmara pretende "reformular" o programa "Comitê de Imprensa", até então considerado um fórum plural e democrático de discussão entre jornalistas de diversos veículos, pensamentos e opiniões. Segundo Manuel Seabra, o programa terá pautas "mais fechadas", seja lá o que isso signifique. E os apresentadores (quais? Não era só um?) estarão avisados "para evitar novos ataques pessoais". Só pode ser piada. O que farão os apresentadores? Darão choques elétricos nos entrevistados? Vão acionar aquele "piiii!" usado para camuflar os palavrões proferidos pelos participantes do Big Brother Brasil?

Mesmo o mais foca dos estagiários sabe o que vai acontecer, de fato: censura prévia. Aos entrevistados, aos temas, ao programa. Algo me diz que o "Comitê de Imprensa" subiu no telhado.

Reitero, pois, meu pedido à Associação Brasileira de Imprensa (ABI), à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e ao Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal para que abracem essa causa, não em meu nome, mas de todos os jornalistas e cidadãos brasileiros, cerceados, estes, no seu direito de ter acesso a informação pública em uma emissora do Congresso Nacional, custeada pelo contribuinte. Não é pouca coisa. O Sindicato dos Jornalistas do DF abriu uma investigação pelo Comitê de Ética para apurar os fatos. Apuração, aliás, facílima.. Matéria pronta, eu diria.

E viva a liberdade de expressão.

CONFESSO QUE NÃO ENTENDI


Independentemente do juízo que se possa fazer das sentenças do presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, há algumas semanas ele andou anunciando o óbvio, que financiar o ilícito é também ilícito. E o óbvio é algo que muito gente não quer ouvir, principalmente este governo que financia generosamente o crime. E não é que financie às ocultas, por baixo dos panos. Financia abertamente e ainda gaba-se de estar financiando movimentos sociais, quando em verdade está financiando uma guerrilha comunista, o MST.

Hoje, no entanto, o ministro me confundiu. Ao rebater declaração do senador Pedro Simon, que se referiu ao STF como "arquivo morto" por nunca ter condenado nenhum parlamentar processado. Mendes respondeu que Simon é "muito dado a frases de efeito": "É bom que o senador saiba que tribunal existe para julgar e não para condenar. Tribunal existe para condenar na Venezuela, em Cuba e na antiga União Soviética... Nada contra a Venezuela, é só uma questão de independência judicial".
Sempre entendi que todo julgamento implica ou condenação ou absolvição. Se o Judiciário não condena, a quem cabe condenar? Ao Executivo? Ao Legislativo? Confesso que não entendi. A resposta do ministro me confundiu. A menos que algum luminar do Direito haja elaborado alguma nova teoria a respeito das funções dos três poderes e eu ainda não tenha dela tomado conhecimento. Do blog do Cristaldo.

armas e armas

Peguei lá no blog do Cañas.Vai lá.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Uruguaios se adonaram do rio Quaraí

A patrulha da marinha uruguaia que deu 50 tiros em Vilmar Rosa Duarte, aposentado de 60 anos, quando ele e um amigo estavam acampados na margem brasileira do rio Quarai, fronteira entre os dois países, ferindo-o pelas costas, está plenamente identificada com a mentalidade que reina no país vizinho: a de que “o Brasil, aqui não tem rio”. Os uruguaios tomaram conta daquela parte da fronteira e por isso ainda não devolveram o barco de estimação do nosso cidadão baleado, que, segundo sua nora Juliane Ribas Cruz, tem um valor sentimental muito grande, tanto é que o nome da embarcação, de alumínio, o NOPATI III, é formado pelas iniciais dos seu 3 filhos, Noruã, Paulo e Tita.
Leia mais no blog do Nei Duclós.

QUE CONVERSA É ESSA?

Por Olsen Jr.

Há dias tem umas imagens roendo o meu cérebro. Aconteceram três dias atrás. Acordei no meio da madrugada, chovia pra cacete e com todo o respeito pela natureza, não estava mais agüentando aquelas goteiras ao redor da minha cama. Mas o que me havia despertado não fora a chuva, e sim um texto. É isso mesmo um texto que eu acabara de ler. Fazia muito tempo que algo escrito não me impressionava tanto. Era um texto curto e estava entre outros dois em uma coluna cercada de um jornal tablóide, o conjunto dos três ocupava apenas meia página. Explico:

Uma mulher vestida de calça e jaqueta jeans estava sentada ao meu lado. Não consigo distinguir o rosto, mas como ninguém sonha com o que não conhece, ela lembrava alguém que andou lá na editora Paralelo 27 no início dos anos 1990. Na verdade isso não tem a menor importância a não ser pelo que se verá. Ela pôs o jornal em minhas mãos e pediu para eu ler. Interessante, na medida em que ia lendo, o meu corpo ia inclinando-se para frente. Descartei logo o texto da esquerda; o da direita parecia uma fotografia de algo escrito numa página pautada de um caderno escolar, de leitura difícil, teria que usar uma lupa ou então ampliá-lo, não perdi tempo, e finalmente, o texto que me impressionara. Li cada parágrafo extasiado, mais de uma vez... Ao redor havia uma confusão, tiros e muitas pessoas gritando e falando ao mesmo tempo, eu queria pedir para que parassem com aquilo, mas não dava. Começava a ler o texto, todas as vezes que terminava de ler um parágrafo, voltava para ler o anterior senão não havia continuidade na leitura. Depois de certo tempo, já com o tronco em 45º me apoiei com a mão direita na perna da mulher, ela tirou delicadamente a minha mão de sua coxa e pedi desculpas. Depois me dei conta do gesto, pensei, mas será que ela não percebe que estou caindo, foi quando ela me chamou atenção para a camisa, estava virada do avesso e estendida à minha esquerda, disse “que cor azul bonita”, deixei o jornal de lado e este também pareceu estar invertido, como se o papel fosse transparente e o texto que eu tanto apreciara estivesse impresso no verso, mas dava para percebê-lo assim mesmo. Comento que aquela camisa é uma La Coste, está mais para um cinza escuro que para o azul. Ela me olha surpresa. Digo, sei por que tem um jacaré ali no lado do coração, tenho uma igual, aliás, não sei se não é a minha que está se aposentando, está surradinha a coitada.

Aí queria resgatar o texto. Não ia ficar sem aquele texto, já era uma obsessão. Pensei em escaneá-lo e depois era só clicar ali e o texto apareceria. Fiz tudo como planejei, no primeiro clic apareceu um ideograma chinês. Estranho, pensei, cliquei novamente e apareceu outro ideograma, diferente do primeiro. Repeti a operação e então, sim, o texto apareceu integralmente, bonito, apenas estava estendido, quase na horizontal com os meus olhos, não dava para lê-lo, toquei na folha do jornal e as letras começaram a se juntar lentamente numa coreografia de danados... Estava pensando em Augusto dos Anjos quando acordei.

Preciso por esse texto no papel, pensei, mas na exata medida em que estava racionalizando as idéias o texto também ia desaparecendo. Tornei a dormir como se não tivesse acontecido nada, talvez voltasse para o mesmo sonho, já acontecera antes, mas qual nada.

Agora, caro leitor, lembrei do Woody Allen quando afirmou “Fiz um curso de leitura dinâmica e Li “Guerra e Paz” em vinte minutos. Têm a ver com a Rússia”.

Sim porque se me perguntarem sobre esse texto que li, que me deixou assombrado, melhor, extasiado, a ponto de ter de escrever sobre ele, mesmo que ele pareça nunca ter existido, se insistirem, direi: “tinha a ver com a vida”!

Sugestão de música hoje:

quarta-feira, 25 de março de 2009

Estaleiro alheio

Caros leitores,
estarei ausente do blog por algumas horas (espero) devido a problemas pessoais. Minha mãe, 87 anos, chegou há dois dias de visita. Tudo ia bem até o momento em que ela tropeçou e torceu o tornozelo. Fomos a uma clínica e depois de um raio-X constatamos que houve um fratura. Bem, temos que agilizar vários procedimentos para fazer um cirurgia no máximo dentro de 10 dias. Aqui, em Porto Alegre ou em Artigas. Estou nisso.
Até de repente.

terça-feira, 24 de março de 2009

Os Demos e a RBS

O resultado da pesquisa Datafolha dando grande vantagem para a deputada Angela Amin na disputa para o governo do Estado em 2010 deixou a polialiança de cabelo em pé. Mas o mais interessante foi ver a RBS fazendo o papel de boca lugada tentando desmerecer a pesquisa ao repetir o mantra dos Demos dizendo que faltou o nome do senador Raimundo Colombo. Chega a ser ridículo quando todos sabem que os Demos não terão candidato ao governo. Eles tem um estilo diferente de governar. Nunca na cabeça. Sempre nos bastidores, na penumbra.

Remédios de antigamente

" Drops de Cocaína para Dor de Dente – Cura instantânea":

Os dropes de cocaína para dor de dente (1885) eram populares para crianças. Não apenas acabava com a dor, mas também melhorava o "humor" dos usuários.

Ópio para bebés recém-nascidos:

Você acha que a nossa vida moderna é confortável? Antigamente para aquietar bebés recém-nascidos não era necessário um grande esforço dos pais, mas sim, ópio. Este frasco de paregórico (sedativo) da Stickney and Poor era uma mistura de ópio e de álcool que era distribuída do mesmo modo que os temperos pelos quais a empresa era conhecida. "Dose – Para crianças com cinco dias, 3 gotas. Duas semanas, 8 gotas. Cinco anos, 25 gotas. Adultos, uma colher cheia."

O produto era muito potente, e continha 46% de álcool.


Sob vaias e aplausos Gilmar Mendes é sabatinado

Gilmar Mendes, o presidente do Supremo Tribunal Federal, causa polêmica até quando não fala. Na sabatina organizada pela Folha de S.Paulo, nesta terça-feira (24/3), o ministro se eximiu de dar sua opinião sobre o delegado Protógenes Queiroz e o juiz federal Fausto Martin De Sanctis. Sua negativa foi saudada com vaias de parte da plateia e com gritos irados de um espectador: “Como não vai se manifestar? Você ficou famoso por causa do Protógenes e do De Sanctis!”.
O professor de geografia Maurício Costa, que preferiu se apresentar como “cidadão brasileiro revoltado”, também ficou revoltado, não com o silêncio mas com os atos do presidente do Supremo. Enquanto o ministro dava autógrafos aos admiradores, o professor-cidadão, exaltado, pedia explicações sobre “absurdos” que ele atribuía ao ministro. Costa queria porque queria saber porque o ministro concedeu os Habeas Corpus que deixaram em liberdade o banqueiro Daniel Dantas e porque Gilmar Mendes andou falando que o MST recebe dinheiro público para cometer ilegalidades. Leia mais. Beba na fonte.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Olha só que buteco!!!!

Santa Catarina de frente para o mar

Alegrai-vos!!! Há boas novas a caminho!!!
A Ilha de Santa Catarina pode deixar de ficar para titia!
Aproveitando o clima de bodas do mês de maio, a Ilha assanha-se para um noivado com um famoso representante joinvillense do clã do Transporte Marítimo!!!
O Sérgio da Costa Ramos já fofocou no brogue dele que um partidão, o Jet Bus, está ouriçando-se todo para vir para cá apresentar-se à noiva depois que um casamenteiro instigou o seo Fernão, pai do noivo, bem quando o rapaz firmava compromisso com outra donzela lá em São Francisco do Sul.
O que o Sérgio, não disse, porque não sabia quando contou tudo em primeira mão, é que o pai do noivo, antes mesmo da fofoca sair, já tinha concordado com o encontro!
Só falta o pai da noiva, o seo Garcia, que não é sargento e sim o Capitão dos Portos, concordar com a viagem e deixar o rapaz ao menos dar uma alisadinha na Ilha, do Parque Walter Lange à Freguesia do Ribeirão...
Sendo firme o noivado, que o casamento não demore! Como dizia o saudoso Oséas Mafra, manezinho de quatro costados filho de gente lá das Tijuqinhas, "caldo de camarão e pirão se come quente, não tem?!".
Precatai-vos porém: quando o casório for anunciado, candidato a padrinho será uma imensidão de gente, inclusive os agourentos e secadores de plantão...
Ernesto São Thiago:.
Associação Catarinense de Marinas, Garagens Náuticas e Afins - ACATMAR
Presidente da Comissão de Gerenciamento Costeiro

Farra do boi

sou 100% a favor da farra do boi...
sou da cidade de bombinhas onde nao tem muito
entretendimento para os turistas,mas como tudo aqui e novo pra eles,eles se divertem com qualquer coisa .ja nos moradores que crecemos com essa tradiçao,e muito triste saber que sao os turistas que a gente recebe tao bem em nossa cidade.e é eles quem denunciam a farra do boi,nunca participarao de uma e falam oque nao sabem.deveriam participar de uma e depois falar.peço desculpas aos turistas amigos que apoiam a farra do boi.obrigado

Bruna Souza

domingo, 22 de março de 2009

PAPA NA ÁFRICA TROCA SEIS POR MEIA DÚZIA

"Oferenda para Kianda" de Jorge Gumbe, Angola.

Por Janer Cristaldo
Que verdades oferece sua santidade em troca das superstições africanas? Nada mais que outras superstições adotadas pela Europa: a crença numa mãe virgem, num homem que é deus, que ressuscitou dos mortos, as promessas de vida eterna e de um paraíso inexistente ou, na pior das hipóteses, no fogo lento do purgatório ou no fogo eterno dos infernos. Está trocando seis por meia dúzia. Às pessoas “desorientadas, que vivem no terror”, oferece o terror do castigo eterno. Leia artigo completo. Beba na fonte.

Parabéns Florianópolis !

Coqueiros visto da ponte Hercílio Luz

Contrução da ponte e estaleiro Arataca - 1925
Era um fim de tarde do verão de 1979. Embicamos o Opala rebaixado, eu e meu amigo Walter Nei, e entramos direto na ponte de ferro. Estávamos em Florianópolis. Do outro lado da Hercílio Luz nos esperavam os amigos Lei Salles e João Miranda. Dali atravessamos a cidade e fomos encontrar um amigo comum de Santa Maria que estava acampado na praia do Santinho.
Que viagem!!!
Era tudo estrada de terra. Fomos pelo Rio Vermelho. Ali já comecei a perceber que havia chegado no paraíso.
Voltamos tarde, depois de todas. O Lei nos guiou até a Av. Hercílio Luz e, no Paredão, procurei o Ed. Jaqueline. Pronto, estava hospedado. Ficamos no apartamento de um companheiro de clandestinidade que há um ano morava por aqui. Outra tribo.
Dormimos e no outro dia acordei cedo e desci para comprar pão para o café. Na porta do edifício olhei pela primeira vez a Av. Hercílio Luz. Senti um vento com gosto de sal e fiquei extasiado. Decidi na hora:
- Vou morar nesta cidade.
Nao voltei a Porto Alegre nem para buscar meus livros e roupas. Fiz vestibular para a UFSC e fui trabalhar como intérprete de espanhol no Floph.
Saí duas vezes daqui. Uma, forçado, em 1980 quando fiquei três anos no Uruguai. Depois, em 1985, quando fui para o Jornal de Santa Catarina em Blumenau. Voltei. Sempre volto!
Sou apaixonado por essa cidade.
É bela, receptiva e generosa.

Nos seus 283 anos desejo que conquistes adminitradores que te façam justiça e expulse de vez as aves de arribação que por aqui pousaram com o único desejo de saqueá-la.

Florianópolis hoje, outono, brisa leve, garapuvús floridos, está em seu melhor momento. Agora vem a "temporada" dos que moram aqui e conhecem a cidade.

Florianópolis, te amo!!!

sábado, 21 de março de 2009

Da série: Batalhas com o Uruguai

DOMINGO DE PAZ


"Parei duas vezes para morrer no caminho".
Frase de Vilmar Duarte, pescador brasileiro atingido por tiros disparados por uma patrulha uruguaia nas margens do Rio Quaraí.

Muito bem. Ainda preocupado com as escaramuças entre uruguaios e brasileiros na fronteira entre Bella Union e Barra do Quaraí, pedi ao meu irmão, que mora aqui em Florianópolis, para dar "um pulinho" até Quaraí (a 1.100 Km rumo sul) para ver como estava a situação na fronteira. Já recebi retorno. O cara saiu ontem depois das 4 da tarde e lá pelas 9 da manhã deu uma surpresa prá mãe. Pernoitou por Cachoeira do Sul. Sempre desconfiei que o meu irmão tinha um cacho por ali.
Segundo ele a situação na fronteira de Quaraí com Artigas é de plena paz. Até já atravessou a ponte e encontrou amigos meus do outro lado que sequer sabiam do tiroteio acontecido na barra do rio Quaraí, semana passada.
Fiquei mais tranquilo e também contente pois gosto muito dos "castianos calcanhar de frigidiera" e a última coisa que faria seria pegar em pedras para pelear com os paisanos.
Feliz com a notícia de que a refrega foi um caso isolado resolvi comemorar a paz. Comprei um picanha para degustar com um bom vinho...uruguaio.
Arrisquei um vinho produzido em Canelones, cidade perto de Montevidéu. Se chama Antiguas Estancias. Comprei no Bistek ao preço de R$ 8 reais. Para não arriscar muito fui num Cabernet Sauvignon, uva defaul. Varietalzinho dos bons. Excelente bouquet, lágrima espessa, pouco adistringente. Perfeito custo benefício. Sei que um sommelier ficaria arrepiado com os termos usados aqui para definir o que julgo ser um vinho de qualidade razoável. Mas é isso aí senhor conosseur. Agora que o vinho já foi, as palavras ficam mais fáceis e, parece que, o entendimento também.
Os uruguaios, hoje, produzem excelentes vinhos. Só continuam ruims de pontaria. No caso da "Batalha de Bella Union", deram 50 tiros e acertaram apenas dois. Custo benefício zero.

Ana Maria deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Da série: Batalhas com o Uruguai":
Ainda não provei, Canga, mas prá mim a única bebida com álcool (será que tem?)que desfruto é um bom vinho tinto. Agora, o tannat ( Dom Páscoal recomendo)com uma picanha , ou um bom assado de tira porque é dos deuses !
Sobre os versos de antão, " castelhanos pé de chumbos calcanhar de frigideira quem te deu a liberdade foi a terra brasileira"eu te digo são mémorias de amores e rivalidades que guardo até hoje e que me fazem voltar sempre ao meu Quaraí , mesmo procurando nas ruas fatasmas de minha juventude ,espalhados pelo mundo a fora, até nessa Floripa feito tu, capital de um sul raiano entre o Pampa e o Brasil. 

sexta-feira, 20 de março de 2009

Pichetti: o que não se acovardou

Padilha, Binho (prefeito de Irani), Antonio P ichetti e este blogueiro em encontro sobre a Guerra do Contestado em Irani/SC.

A placa inaugurada, na última sexta-feira, em homenagem a Paulo Wright com a presença do governador paulista José Serra e do ministro Paulo Vanucci tenta reparar as injustiças cometidas contra o catarinense. A melhor forma de reparar injustiças é buscar e divulgar a verdade sobre os fatos. Antes de ser sequestrado, torturado e assassinado pelas forças da repressão em SP, Paulo Wright foi assassinado politicamente em Santa Catarina em 1964.
Obedecendo ordens do comando do 5 Distrito Naval, sediado em Florianópolis, os deputados catarinenses cassaram o mandato político do então deputado Paulo Wright. Apenas um deputado teve a hombridade e a coragem de se levantar contra a injustiça e se manifestar contra a cassação do colega: Antônio Pichetti.
Todos os outros parlamentares catarinenses se acovardaram ou aproveitaram a situação para praticar vingança política. Um processo aberto para apurar a famosa sessão inquisitória que matou politicamente Paulo Wight permaneceu em segredo na Alesc, guardado em um cofre com acesso proibido durante anos até sumir dos anais da casa.
Interessante seria a divulgação do nome dos algozes de Paulo Stuart Wright.

Correção:
Meu camarada Sérgio Rubim, salve!

Para não perpetrarmos mais uma injustiça, deixa alertá-lo, teve outro deputado que disse NÃO,
foi o distinto cidadão: GENIR DESTRI
Chapecoense dos bons (como esse que vos escreve) e ex-presidente da OAB/SC no tempo em que a Instituição se envolvia com Direitos Humanos, fato que parece fazer parte das calendas gregas...
Um abração do viking Olsen Jr.

A Batalha da Praia dos Castelhanos



Depois do post sobre as escaramuças na fronteira do Brasil com o Uruguai que coloquei abaixo muitas lembranças afloraram na minha cabeça. Os dois países se enfrentaram durante anos em várias batalhas. A disputa de terras entre Portugal e Espanha envolvia o Brasil colônia e a chamada Províncias Unidas do Rio da Prata que pertencia ao vice-reinado Espanhol com sede em Buenos Aires desde 1816.
Nessa disputa uma batalha, desconhecida dos grandes historiadores mas nem por isso menos importante, me veio à memória. Passou para a história com o nome de A Batalha da Praia dos Castelhanos.

O importante fato histórico se deu lá pelo ano de 1967. Fundei um time de baby-futbal (sete jogadores) chamado de Spartacus F.C. A sede era na minha casa em Quaraí. O objetivo era ampliar as modalidades de disputas entre nós e os uruguaios (castelhanos). A princípio íamos para Artigas para brigar e provocar escaramuças. Invariavelmente saíamos correndo em direção a uma pequena ponte que ligava os dois países. Atrás, pedras e gritos. Os castelhanos nunca atravessavam a fronteira para Quaraí. Quando encontrávamos um desgarrado era um corridão com pau e pedra até a ponte, que chamávamos de Planchada.
Nós não tínhamos como evitar a invasão. Artigas sempre foi uma cidade maior, bonita, tinha dois cinemas (Cine Aida e Cine Artigas), belos cafés-confiterias e as castelhanas eram lindas hablando espanhol.
Nos sábados a Praça de Esportes em artigas, já embaixo da ponte nova, fervia de jovens praticando esportes e fazendo piquenique perto do rio Quaraí. Tinha o Parque Rodo com um lago e passeios de barco e depois, na margem do rio, a famosa Praia dos Castelhanos. Era tudo muito bem urbanizado e cheio de árvores.
Na primeira investida esportiva a Artigas chegamos com o time uniformizado e ficamos acompanhando as disputas. Logo desafiamos uns ganhadores. Desafio aceito fomos para o campo e levamos uma surra de gols. Terminado o jogo logo detectamos alguns desafetos, inclusive um que eu e meu irmão tínhamos pego "desgarrado" em Quaraí. A coisa começou a ficar ruim. Estávamos em desvantagem numérica e começamos a nos retirar sorrateiramente. Só que em vez de fazer a retirada em direção à ponte saímos para o lado da Praia dos Castelhanos. E um irresponsável suicída do nosso time resolve cantar o nosso hino de guerra:
castelhano pé de chumbo, calcanhar de frigideira, quem te deu a liberdade foi a terra brasileira.
Pronto! Estava armada a batalha. Enchi as mãos de pedras e corri em direção ao rio. Mas já descemos na Praia abaixo de tempo ruim. O guri desgarrado, aquele, vinha a frente dos revoltosos e aos gritos de brasileño mugriento incitava a turba multa. Levei duas pedradas. Uma nas costas e outra na cabeça. Mesmo assim consegui me jogar na água e atravessa até a "península" e depois varar para o outro lado, a minha pátria. Naquele dia muita agente aprendeu a nadar na marra. Foi das batalhas mais sangrentas que participamos. Fiquei muito tempo sem ir à Artigas. Ressabiado. Depois disso voltei, já mais taludinho, e comecei grandes amizades com os castelhanos. Tenho amigos e cumpadres que visito e me visitam regularmente. Adoro os pés de chumbo.

Castelhanos declaram guerra na fronteira


Acabei de ler no Outubro, do Nei Duclós, que os "castianos" do Uruguai meteram bala nuns pescadores brasileiros da Barra do Quaraí. Foram cinquenta chumbo quente nos caras. Tudo nas águas internacionais do Rio Quaraí. Como sou de Quaraí, a Barra fica à uns 100 quilômetros, fiquei preocupado com a notícia.
Liguei pra mãe, que está em Quaraí, e ela me disse que ainda não percebeu nenhum movimento estranho na ponte internacional e que, inclusive, foi de manhã cedo comprar leite e galletas em Artigas e tampouco viu algum castiano pintado pra guerra. Por via das dúvidas, me disse, tirou o 38 do pai de baixo da cama e colocou num lugar mais à mão. Na minha época de guri ia muito à Artigas pra brigar. Apanhei muito mas também joguei muita pedra neles. Tínhamos até um canto de guerra para irritar os paisanos:

Castiano pé de chumbo
calcanhar de frigideira
quem te deu a liberdade
foi a terra brasileira

Leiam a matéria do Nei:
Aconteceu agora na fronteira. Li a reportagem no portaluruguaiana, que reproduziu matéria do Diário da Fronteira. O pescador aposentado Vilmar Rosa Duarte, de 60 anos, estava nas águas internacionais do rio Quarai, que faz divisa com o Uruguai, na localidade conhecida de Pai Passo, quando foi abordado por uma patrulha do país vizinho. Estava num barco a motor junto com outro companheiro. Para saber o que gritavam, desligou a máquina. Tomando conhecimento da abordagem, ligou novamente, para sair dali. Foi quando aconteceu a guerra.
Leia mais. Beba na fonte.

Denúncia gera censura do jornal Impacto na Câmara


Essa gente não toma jeito mesmo. É na base do trator, da censura, do conchavo e outras peripécias mais que estão na boca do povo. Agora vejam só o que o pessoal do PMDB (aquele partido dos corruptos) está fazendo com o jornal que denunciou o desaparecimento de R$ 30 milhões envolvendo o prefeito Dário:

Caro Canga,
parece que a matéria que fizemos no Jornal Impacto (Suspeitas de desvio de grana envolve governo Dário Berger - documentada, diga-se de passagem) causou um verdadeiro fuzuê na Câmara dos Vereadores e na Prefeitura da Capital.
Como prêmio pelo serviço à nossa combalida Democracia, estamos sendo proibidos de circular nas dependências da Câmara Municipal, assim como já fomos na prefeitura.
Aliás, pedi, ano passado, ao então secretário de Comunicação, Paulo Arenhart, autorização para circular na Prefeitura e até agora nada. E lá se vão 10 meses. Ele não disse nem sim nem não. E olha que liguei pro celular dele. Bom, isto é outra coisa.
Mas, pelo visto, nossa proibição de circulação parte de alguém que era assessor do deputado jorginho Mello (PSDB) e trocou de lugar com uma mulher que era assessora da Câmara Municipal. Parece, não tenho certeza, que ambos tem algum parentesco entre si, muito íntimo eu diria, e com o atual presidente da Câmara dos Vereadores - Gean Loureiro (que está PMDB). Este, de dia sorri como um ‘democrata’, se é que ele sabe o que é isto, e de noite manda baixar a censura na imprensa que fala a verdade. A imprensa não domesticada. A outra já está no bolso do chefe e no do chefe do chefe.
Mas, até a próxima semana descobriremos quem manda na Câmara - o vereador Gean Loureiro ou o tal grosseiro assessor ‘fantasma’.
Abs

Filippe Beltrão - (48) 3246-0435 - Jornal Impacto SC

OS OMISSOS

Por Olsen Jr.

olsenjr@matrix.com.br

De todas as acusações que se possa fazer a um indivíduo que toma banho todos os dias, a mais grave é sem dúvidas, a omissão.

A omissão anula o ser. É como se “ele” não existisse.

Não se trata apenas de uma questão ética, de solidariedade ou de uma manifestação de vontade pura e simples, mas de uma justificativa mesma para o Homem que dispõe do livre arbítrio, da iniciativa para exercê-lo e da consciência para transformar esse discernimento em ação.

O homem só se resolve na ação.

A omissão diante da barbárie, da injustiça, da sacanagem que se perpetua no dia a dia nos torna cúmplices da mesma realidade que condenamos.

Quando me referi à entrevista com o escritor Silveira de Souza (na semana passada) não foi outra a minha intenção, senão dizer que se poderia valorizar mais o autor que era a “estrela da matéria” e não o seu periférico, se o processo fosse conduzido de outra forma. Uma idéia seria o escritor entrevistado indicar outro escritor (que conheça o que ele escreveu, enfim a sua obra) para participar do bate-papo e o entrevistador/jornalista (com um roteiro prévio de conhecimento do entrevistado) seria uma espécie de mediador. Sem um roteiro, nesse caso, não se avança. Nunca deixei de enaltecer a idéia e a iniciativa em se entrevistar um escritor catarinense todos os meses

Das pessoas os que se manifestaram sobre o assunto, por e-mail, a viva voz ou através dos vários “blogs” (Arthur Monteiro/abcdigital.com.br; Maria Odete Olsen/educacaoecidadania.com.b; Sérgio Rubim/cangarubimblogspot.com.br; Amilton Alexandre/tijoladasdomosquito.com.br; Celso Martins/sambaquinarede.com.br e Carlos Damião com o blogdodamiãowordpres.com) onde a crônica circulou, além dos curiosos e interessados no tema, foram menos de cinco escritores apenas... Mas não existe mais de 150 autores no Estado?

Temos o péssimo hábito de acreditar que “o que acontece só acontece com os outros”, quando chegar “a nossa vez” vai ser diferente... Pois não vai pela simples razão de que um equívoco quando não é corrigido tende a se perpetuar, seja pela omissão ou pelo desinteresse pelo tema, no caso em pauta.

Talvez, se fosse um especulador, diria que o silêncio se deu em função de não se criar “animosidade” com a “futura” perspectiva de ser um hipotético candidato da vez para a entrevista, mas aí é de doer... Lembra o velho Winston Churchill quando afirmou “Um apaziguador é alguém que alimenta um crocodilo esperando ser o último a ser devorado”.

Também para consolidar a idéia de que uma sociedade evolui com a insubmissão que existe em seu interior, de pessoas que se recusam em aceitar os comportamentos que podem ser induzidos ou impostos, até para nos distinguir de um “rebanho”, ou para evitar o que alertou o padre Martin Niemöeller (vítima do nazismo na Alemanha) em seu poema:

Primeiro,

Eles vieram buscar os comunistas.

Não falei nada, pois não era comunista.

Depois,

Vieram buscar os judeus.

Nada falei, pois não era judeu;


Em seguida,

Foi a vez dos operários, membros dos sindicatos.

Continuei em silêncio, pois não era sindicalizado;

Mais tarde,

Levaram os católicos,

Nem uma palavra pronunciei, pois sou protestante.

Agora,

“eles” vieram me buscar e,

Quando isso aconteceu, não havia ninguém mais para falar”.