sábado, 30 de maio de 2020

Raimundo Columbia

   Em homenagem ao SpaceX lançado na Flórida neste sábado, Cangablog republica matéria de 2012, provando que Santa Catarina sempre é vanguarda.

Cape Canaveral/Urgente
Arlindo Vermes (vermes@vermes.com)
Correspondente Internacional Terceirizado

    Nesta manhã de sábado, nublada e ventosa, Raimundo Colombo acorda mais tarde e pergunta ao assessor onde será o almoço. Prontamente ele responde: Time is money, governador. E explica que nos EEUU, também aos sábados, é comum trabalhar. E como tempo é dinheiro, não se pode perder os quatro sábados de um mês em vão. Ai, o Bira explicou: Cada sábado tem de 8 até 15 horas produtivas, vezes quatro, são 32 ou 60 horas de plena produção. Se multiplicadas pelo índice de produtividade de Hens, divididos pela curva tangencial de Brumms, teremos mais U$ 790 bilhões de dólares na economia da Flórida. Então, convicto da importância do sábado produtivo, ou productive saturday como explicou o assessor, cancelaram o almoço e foram, de carro, para Cabo Canaveral - a base de lançamentos das espaçonaves Apollo, Discovery e Endeavour.
    No caminho, parada num Mc Donalds para alguns hamburgers de carne bovina. O assessor querendo agradar disse: Quando o projeto das Cowcorocas estiver implantado, poderemos fazer sandwiches para a merenda escolar com esta nova alternativa proteica. Colombo ficou calado e pensou que o assessor estava se recuperando das "cagadas" anteriores.
    Chegaram a Cabo Canaveral e foram direto para a sala de comando. Querendo ser gentil com os oficiais militares que o receberam, ao se aproximar da porta principal, Colombo disse: Please, between. Os oficiais se entreolharam e entraram com certa dúvida. O Bira explicou que no Brasil uma palavra pode ter vários sentidos.
    Feitas todas as demonstrações e respondidas as perguntas, Colombo disse que gostaria de entrar numa espaçonave para levar aos amigos de Lages, uma foto dele num verdadeiro rabo de foguete (referia-se a situação política herdada de LHS). Com apenas dois lugares no cockpit, Colombo sentou-se ao lado do assessor. O Bira fotografava. Colombo ria e abanava para a câmera digital. De repente, aquela explosão incontrolável. O assessor pensou que tinha apertado o botão para lanches rápidos (sandwich de avião, como se dizia antigamente). 
    Confundiu a palavra launch (lançar) com lunch (lanchar). E lá se foi o Colombo pro espaço... A porta travou imediatamente e o comando da NASA em Houston foi acionado para dirigir a espaçonave.
     A primeira solução encontrada pelos técnicos norte-americanos foi colocar a nave na órbita da Terra, até encontrarem um procedimento de descida seguro.
    Depois do cagaço inicial, o Colombo deu um esporro no assessor que só as fitas gravadas no comando terrestre podem revelar. Mas, dizem os que escutaram, que foi feio o negócio. 
    Nem as tias do assessor escaparam...
    Depois de 15 minutos de voo, uma voz nas paredes na nave: - Raimundo, Raimundo... Tu tá bem aí? 
    Colombo olhou pro assessor e perguntou: - Qual a porra do botão correto para responder esta voz? Trêmulo, muito trêmulo, o assessor encontrou no painel: Voice/Answer. Desconfiado, olhou duas vezes, pensou e disse: - Acho que é este aqui, o azul. Raimundo apertou e disse: - Estamos aqui e vivos, ainda. O Bira respondeu: - Calma, fica tranquilo. Estás vendo o mundo. Este é o significado do teu nome. Como assim ? perguntou o governador. Então veio a explicação: -  Órbita, mundo e Raimundo. Colombo sorriu e compreendeu que afinal não estava numa "roubada" tão grande.
    Depois de 5 horas de passeio em volta do planeta, a NASA conseguiu um histórico landing (pouso) da Base Aérea de Edwards, em Nevada, próximo a Las Vegas. Colombo saltou, o assessor já estava verde de tanto vomitar, ganhou mais um esporro e foram para o famoso Survivers Hotel, o mais chic da cidade.
    O Bira, alguns oficiais militares e eu, fomos levados, gentilmente, num avião da Air Force, cedido pelos Democratas locais, até lá. Então, antes do jantar, no aperitivo, sem a presença do assessor, Colombo disse: - Agora eu entendo o que pode ser um sábado nos Estados Unidos.

Maria deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Raimundo Columbia":
Canga,
É maravilhoso saber destas habilidades do Raimundo
Colombo. Aqui pareciam adormecidas. No exterior, surge um novo homem, capaz até de pilotar uma espaçonave. Jovem, dinâmico e competente para enfrentar situações complexas. Aqui em Lages, agora conhecida internacionalmente por "Leiges", ele monta a cavalo, faz churrasco e arroz carreteiro e ainda calça botas. Ele é incrível.

Profª. Maria Lourdes Pinha Seca
Escola Básica Serrana
Lages

 

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Poder desagregador

por Carlos Nina*

Quem tem ideia da estrutura da Constituição sabe que nela os poderes da União, Legislativo, Executivo e Judiciário, estão dispostos exatamente nessa ordem.
Não se trata de uma sequência aleatória, mas lógica, desde Montesquieu. A ideia era a de que o Legislativo fosse encarregado de elaborar a legislação, ciente de que “o poder emana do povo” (Parágrafo primeiro do art. 1º da CF).
Ou seja, o Legislativo deveria legislar de acordo com o interesse do povo. Já se sabe que não é bem assim. Mas não é disso que se trata este texto.
O Executivo é o Poder que executa as atividades de governo, mas está sujeito ao que aprova o Legislativo. Daí que quando a nação tem um Parlamento dominado por representantes de seus próprios interesses e dos grupos políticos, econômicos e organizações criminosas a que pertencem, chantageiam o Executivo e este fica tolhido em suas ações, por mais que visem a atender aos interesses da população.
Até aí pode parecer compreensível para as pessoas que essa luta pelo poder aconteça e que haja conflitos. Para dirimi-los e a todos os demais que existem no seio da comunidade, surge o terceiro poder, o Judiciário, cujos membros, os magistrados, têm a dignificante missão de julgar as demandas, com base nas normas vigentes no país. A Constituição é a principal delas.
Em sua obra política, Montesquieu, refere-se a três formas de governo: Monarquia, cuja soberania é exercida sob o princípio da honra; o Despotismo, regido pelo medo; e a República, onde a marca seria a virtude.
No caso das repúblicas, portanto, o princípio que deveria predominar seria o da virtude. Mas já se passaram mais de duzentos e setenta anos desde a publicação de O Espírito das Leis e esse conceito foi evidentemente alterado, ou, pior, deturpado.
Não haveria riscos se os Poderes mantivessem o princípio da virtude atribuído por Montesquieu. Se não tanto, um mínimo de compromisso com as responsabilidades dos cargos públicos. Mas isso não depende dos poderes em si, mas das pessoas que ocupam esses cargos. Aí começa o problema. E se agrava quando se trata do Judiciário, pois a ele é dada a função jurisdicional, ou seja, o poder de julgar. Deveria, portanto, ser integrado por pessoas em condições de exercer tão elevadas funções.
A Constituição exige para os tribunais superiores não só notável saber jurídico, mas reputação ilibada. Esses são requisitos mínimos que, quando não atendidos, os julgamentos são contaminados pela ignorância ou pela venalidade.
O pior é quando, dentre as cortes superiores, aquela que estiver no topo, não for composta por pessoas com um mínimo de decência, de respeito pela Constituição que deveriam respeitar e decidem, elas mesmas, violar os fundamentos elementares da República e da Democracia, intimidando e ameaçando, abusando e usurpando poderes, comportando-se como se estivessem acima da própria Carta que deveriam proteger.
Nesse momento, o Judiciário, que deveria ser o catalisador da paz, da harmonia, transforma-se na motriz da discórdia, da balbúrdia e, como déspota, espalhando o medo, quer assumir a plenitude dos Poderes, inclusive de investigar e punir. Não é esse o Judiciário de que trata a Constituição, pois sua grandeza não comporta nem abusos nem faniquitos de vestais.

*Advogado e jornalista

terça-feira, 26 de maio de 2020

Jenifer

                                                                          por Marcos Bayer
   Parece ter sido esta a palavra senha para fechar a Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina por uma semana. Jenifer.
   Boato ou não, não se pode fechar um Poder senão em razão dos prazos definidos na Constituição da República.
Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. As Assembleias Legislativas seguem os mesmos tempos. Não se pode fechar um Poder por causa das infiltrações nas paredes do prédio, das instalações sanitárias, do carpete rasgado nos corredores e nem pelas colunas de concreto rachadas pelo excesso de uso.
   Pode-se fechar o prédio onde funciona o Poder Legislativo, nunca o Poder.
   Se precisar demolir o prédio da ALESC em razão de falhas estruturais amanhã, o Poder tem que ser transferido provisoriamente para o salão paroquial, para o clube de vela, para o centro de convenções ou para qualquer outro lugar. O Poder Legislativo fechado nos tempos previstos para deliberação, expressos na Constituição Federal, é golpe de Estado ou ignorância política.
   Mesmo com o vírus mortal, é obrigação de quem preside o Poder transferi-lo para outro lugar enquanto faz-se o reparo necessário em sua sede original.
   O que aconteceu em Santa Catarina recentemente foi uma onda de denúncias de corrupção, de apadrinhamentos, de fraudes, de cinismo e de cara de paisagem comentando o óbvio com ares de doutor. Um falso moralismo "nunca antes visto na História deste Estado!".
   Vieram com um papo de nova política, de bom moço, de competentes e de inovadores. Não passam de um grupo de inconsequentes, deslumbrados com o que encontraram e que nunca saberão administrar.
   Primários, atrapalhados e improdutivos. Foram obrigados a apagar o incêndio de última hora. Deslocaram o secretario do desenvolvimento econômico, um tonto que não sabia o que fazer no cargo a não ser nomear parentes e amigos.
   Fizeram um almoço às pressas na residência oficial com redes de comunicação, fecharam o Poder Legislativo e desmentiram Jenifer.
   Jenifer poderia ser um romance policial, uma crítica social, uma compra promocional ou até mesmo uma pretensão boçal.
   Quem acompanha a política em Santa Catarina, sabe que num determinado momento, nos anos setenta, o Senador Alcides Ferreira, na troca de governo, disse: Sai a opereta e entra a discoteca!
   Pois agora, o tom da música é Jenifer

O nome dela é Jenifer.

domingo, 24 de maio de 2020

Feudalismo Moderno

 por Marcos Bayer 
   Quem assistiu a íntegra da gravação relativa à reunião ministerial de 22 de Abril passado, perceberá pelo menos duas propostas de mitigação da crise econômica pós pandemia.
   Paulo Guedes sugere o recrutamento de jovens para os quartéis ao custo de R$ 200,00 reais per capita/mês, visto que as instalações militares devem ter uma capacidade ociosa. Estes jovens teriam formação escolar e física. Estimou em um milhão de vagas. O ministro do Turismo sugeriu a abertura dos cassinos nos resorts brasileiros. Assim, com base no recrutamento militar e no jogo, entende o ministério, geraríamos empregos. É verdade!
   O problema é que seremos uma nação com trinta milhões de desempregados antes do Natal.
   Assim, a exemplo do que ocorreu na queda da Roma Antiga, proponho a senhora ministra da Agricultura, modestamente, um feudalismo moderno. O Brasil tem água, sol e terra.    Elementos necessários à germinação.
   Terá um continente de mão de obra monumental.
   Sabemos produzir alimentos. O agronegócio é um dos pilares da economia nacional. Podemos definir áreas para as diversas atividades agrícolas. As agroflorestas. Os biodigestores. Aos céticos recomendo os kibutz de Israel. A experiência de fruticultura de Petrolina no Pernambuco.
   O programa de troca-troca nos governos Amin/Fontana e Amin/Bauer em Santa Catarina, onde o governo dá a semente e recebe o produto colhido.
   Nós temos terras devolutas, estradas, energia elétrica - eólica - solar, telefonia celular, Internet e máquinas agrícolas.
   Será bem mais fácil do que foi na Idade Média. Temos medicina, veterinária, assistência técnica.
   Capital? Emitam moeda ou chamem capital externo. Para produzir comida, a China e a Índia não irão titubear. Os árabes, tampouco.
   Ao invés de "passar a boiada" como quer o ministro do meio ambiente, melhor cuidar dos bois.
   O maior assentamento rural do Brasil está nas suas mãos, senhora ministra da Agricultura. FIAT LUX - FIAT PANIS.
   O desemprego é a experiência humana mais deprimente.   Psíquica e material.
   Salve vidas!


quarta-feira, 20 de maio de 2020

Inspetor Clouseau e a crise no ar

-Bom dia Inspetor!

-Ora, ora como vai Tenente Brigitte?
 
-Muito bem, Inspetor. Serei a nova Ajudante de Ordens. O alto comando afastou o anterior por suspeição.

Inspetor Clouseau - Suspeição?

Tenente Brigitte - Sim. Parece que ele era ligado ao Douglas. E era primo do Esmeraldino.

Inspetor Clouseau - Nem me fale Brigitte. O Douglas e o Esmeraldino acabaram comigo. Inventaram esse negócio de "nova política" e não me explicaram como funciona. Passei a campanha falando nisto. Olha no que deu.

Tenente Brigitte - E o senhor não sabia de nada?

Inspetor Clouseau - Nada, nada. Eu não saio do palácio residencial na Agronômica. Faço minha cerveja, toco violão e vejo a novela da Record com a Késia. Só decido ouvindo o Grupo Gestor. 

Tenente Brigitte - O senhor foi vítima de complô?

Inspetor Clouseau - Cara Brigitte, você foi minha aluna no curso de bombeiros.
Fez a respiração boca a boca comigo.
Você acha que eu compraria respirador chinês superfaturado?

Tenente Brigitte  - Então quem foi?

Inspetor Clouseau - Criaram um mecanismo. Ligações perigosas.
O Douglas liga o Névelis que liga no Adircélio que liga no Tribunal de Contas.
Coitados, eles queriam controlar as contas. Transparência. Os irmãos Ferreira também. Eles tinham boas intenções. O Esmeraldino empregou a família e os amigos.

Tenente Brigitte - A que o senhor atribuí este cipoal de erros?

Inspetor Clouseau - Acho que tomaram CLOROQUINA. Perderam a cabeça.
Ou é corrupção mesmo.
 

sexta-feira, 15 de maio de 2020

O NOVO LADRÃO

por Leal Roubão*

    Aqui em Portugal estamos a discutir os novos tempos da administração pública num simpósio na Universidade de Óbidos. Durante uma semana debatemos os efeitos da corrupção no Estado moderno. MANUS LEVIUM IN PECUNIA é o nome do evento. Participam estudiosos de toda Europa. Até o momento, a tese mais brilhante foi apresentada por Pierre Mon N'argent. Reproduzimos abaixo um trecho de sua tese:

   "A França e seu povo deram inúmeras contribuições ao mundo na área literária. A expressão Noveau Riche, o novo rico, é um exemplo. O novo rico ganha muito dinheiro, mas mantém os hábitos de antes. Recentemente, no Brasil e em Santa Catarina, surgiu o Noveau Voleur. O novo ladrão é uma espécie em ascensão. Eles atuam no poder público em parceria com o setor privado. O novo ladrão tem um discurso baseado na nova política. A Noveau Politique.
   Ele tem um biotipo interessante. Corta os cabelos no estilo Charles de Gaulle, aparenta agilidade, tem o discurso baseado na palavra foco e diz combater a corrupção.
   O Noveau Voleur procura oportunidades de negócios na administração pública.
   Gosta de atuar na área da publicidade. Ganha dinheiro fácil. Libera as verbas e pede um retorno pecuniário ao publicitário de ocasião.
O Noveau Voleur quer ascenção social, reconhecimento público e, claro, muita grana. O famoso argent.
   A doutrina mundial deve começar a estudar este fenômeno. Noveau Voleur se pronúncia (Nuvô Volér). O novo ladrão.
 
 

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Negação

por Carlos Nina *

   Por indicação do amigo Manuel Faria, intelectual discreto à sombra de competente médico que é, assisti ao filme “Negação”. Trata da ação de difamação movida pelo inglês  David John Cawdell Irving contra a americana Deborah Lipstadt e a editora Penguin Books, na Inglaterra.

   Irving afirmou em suas obras que o holocausto (genocídio de judeus na II Guerra) não existiu. Lipstadt, pela Penquin, publicou livro contestando o inglês.

   O filme enfatiza a estratégia dos advogados de Lipstadt, sob pressão desta, que insistia no seu depoimento e no de sobreviventes de Auschwitz.

   Os advogados conseguiram convencer Deborah de que, mesmo que aos outros parecesse covardia ela não depor, era fundamental para a defesa que não o fizesse. O processo não era sobre ela ou sobre os sobreviventes. Estes seriam expostos à humilhação por Irving. O alvo devia ser a motivação de David para alterar a verdade. Estava em jogo a credibilidade sobre a um fato histórico relevante.

   Um dos advogados diz-lhe uma frase fundamental: calar-se, inclusive para a imprensa, seria um ato de abnegação. A sentença, favorável aos réus, fez-lhe compreender a importância do que foi, para ela, um grande sacrifício.

   Lembro esse episódio porque é exatamente o que falta no presente momento. Abnegação. E humildade por parte das autoridades.

   Vem-me, então, pelo mesmo motivo, a observação que me fez outro amigo, médico, sacerdote e intelectual com dupla imortalidade, à vista da que lhe foi conferida pela Academia Maranhense de Letras: João Mohana.

   Ao elogiar para ele a humildade de Rejean Racine, padre canadense e grande amigo nosso, ele disse: Rejean é naturalmente humilde. Boníssimo. Difícil é para os vaidosos a humildade!

   É muito fácil a prepotência e o autoritarismo para os vaidosos no exercício do poder. Difícil é serem abnegados e conduzir-se com humildade para desempenhar cargos públicos e efetivamente atender aos interesses da coletividade. Não são poucos os que, em cargos públicos, internalizaram a concepção de que suas funções são um privilégio para lhes facilitar a própria vida, de parentes, amigos e comparsas de violação de suas funções. Desde o mais simples servidor, que lhe lança um olhar de superioridade – quando se dá ao trabalho de o olhar – e o atende como se estivesse fazendo um favor, e não cumprindo – e mal – sua obrigação, até as mais altas autoridades.

   O STF tem sido o suprassumo dessa excrescência e se superado em desrespeito, abuso e atentado contra a Democracia e a Nação. Ministros decidiram blindar-se, como se a Democracia lhes legitimasse abusar até do rigor da lei contra seus críticos e usurpar, sem qualquer pudor, a competência e as atribuições dos demais Poderes. Estão acima de todos, da Lei e da Constituição!

   Faltam-lhes decência, ética, compromisso com a função pública. Abnegação, nem pensar. Humildade, muito menos.

   E é exatamente isso que o momento exige: abnegação e humildade. Cargos não são impostos. Quem os assume deveria honrar a função pública, controlar sua vaidade, seu orgulho, autoritarismo, para, com humildade, reunir-se para ouvir até seus adversários, discutir sem ofensas as medidas a serem tomadas, avaliando-as e revendo-as, permanentemente.

   Mas isso exige coragem! Muita. Não é para qualquer um!

* Advogado e jornalista

segunda-feira, 11 de maio de 2020

A Fuga do Egito (Uma revisão histórica)

por Nabucodonosor IV *

   A Fuga do Egito foi um dos eventos mais concorridos daquela época. Liderada por Moisés, o profeta, dois dias após receber os 10 Mandamentos em duas tábuas de cedro do Líbano, madeira muito leve e de fácil portabilidade. Ao sair das areias egípcias, Moisés teve que abrir e atravessar o Mar Vermelho (primeiro mar comunista da História) e conduzir seu povo para a Terra Prometida, Canaã. Onde está a Palestina.
   Na travessia, um dos andarilhos teria coletado um pequeno vírus no fundo daquele mar. Corona, deram-lhe o nome. Embora haja a teoria de um cientista romano famoso, Rubens Sergium, afirmando que o vírus estava no fundo do Mar Morto. Só os chineses saberão ao certo.
   O fato é que ao chegarem do outro lado, Moisés e seu povo, continuaram a viagem para Jerusalém. Porém, o último dos andarilhos, um judeu de nome Jacob, ficou na margem do mar, em cima de uma pedra, observando as águas voltarem à normalidade. E depois de três dias e três noites de reflexão, concluiu que um serviço de balsa seria fundamental dali em diante. Surgiu então, a EL BALSA TRAVESSIA S/A. Jacob entendeu que deveria cobrar na ida e na vinda cinco moedas por cada mão. Quando era no sentido do Egito, chamava de embalsa. Na volta, balsa. Como embarca e barca. E assim, pela movimentação náutica formulou o verbo EMBALSAMAR, pois a balsa flutuava sobre o Mar Vermelho.
   Os egípcios logo se apropriaram do verbo e passaram a utilizá-lo com seus entes queridos já sem vida. Os descendentes de Jacob, até hoje, recebem royalties pelo método fúnebre.
      Alguns anos depois surgiu o EL BALSA BANK S/A, grande
agencia de fomento comercial naquela região. O sucesso do empreendimento foi tamanho, que durante o século 20, criaram a EL AL AIRLINES S/A. Seu primeiro presidente foi Ben Gurion.
   Voltando à Moisés, ao Mar Vermelho e à História, há uma tese na Universidade de Tel Aviv de que os bombeiros sempre foram comunistas. No mundo inteiro. Não por acaso usam aqueles caminhões – pipa vermelhos e passam disfarçadamente pela população.
   No Congresso Mundial do Partido Comunista em Pequim, em 2002, decidiram aposentar a bandeira vermelha com a foice e o martelo. A nova bandeira, ainda vermelha, tem agora a moto-serra e a betoneira.
   Finalmente, estudos mostram que por causa daquela travessia no Mar Vermelho, estabeleceu-se o confronto entre comunistas e capitalistas.
Tivesse o mar outro nome, como por exemplo, Egeu ou Cáspio, tudo se resolveria com shampoo da L’Oreal de Paris.
 

*Nabucodonosor IV é sobrinho neto do Grande Nabucodonosor, Rei do Egito. Estudou Ciência Política em Nínive na Babilônia. Morava num dos Jardins Suspensos durante o curso acadêmico e cultivava papoulas na varanda de seu apartamento.

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Roma Antiga

por Otavium Pennium*


Voltando à Roma Antiga:


   Bolsonarum era um capitão da guarda pretoriana. Casou-se algumas vezes com mulheres de origens diversas no Império. Uma era da Macedônia, outra de Cartago (norte da África) sua preferida. Depois, mais tarde, casou com Michellia. Ela era clara e loira. Falava idiomas. Entre eles o árabe e o Libium (língua da Líbia).
   Michellia quando soube da antecessora de Cartago, por ciúmes e medo, pintou os cabelos de preto e fez um estilo Channelium.

   Channelium foi um grande cabeleleiro romano. Além de criador das Aquas Nasalis, usadas para melhorar o odor das esposas dos soldados.
   O corte do cabelo da Ticiana, por exemplo, é inspirado em Channelium.

   Foi nesta época, 60 anos A. C. que surgiu a maquiagem. Do Egito vieram os lápis para contornar os olhos e cílios. Além das sobrancelhas. Eram feitos com grafite e carvão.
   Osíris foi um grande maquiador. Ísis, sua esposa, era especialista em perucas. Por isto as múmias são carecas. Os cabelos eram retirados antes de embalsamar os sem vida.

   Do Marrocos vieram as tintas. Multicoloridas. Surgiram as sombras oculares das mulheres romanas. O azul predominava. Era uma homenagem ao céu. O prata também. Afinal as romanas viviam no mundo da Lua.
   O batom veio da Macedônia. Era uma cera incolor e impermeável.
   Foi feito um concurso para definir a cor. A maioria delas optou pelo vermelho, o Rosso.
   Vermelho era a cor da guerra, da luta, da conquista. E as mulheres romanas queriam conquistar os romanos.
   A moda também passou por transformações. Surgiu Yvium Sanctis Laurrentium, cujo logotipo era YSL, a etiqueta mais cara da época.
   Versacium e Dolce Gabanium eram seus auxiliares.
   As túnicas longas até os pés, logo foram encurtadas. A minimum saium foi um sucesso. Lançada no verão romano, Junho de 59 A. C. virou moda imediata. Pela primeira vez as mulheres mostraram as coxas em público.
   Então, Victória, em segredo, criou mais uma peça do vestiário feminino. As calcitas.
   As calcitas permitiram uma nova postura para a mulher romana. As piscinas logo estavam tomadas por cidadãs vestidas apenas com o bikinium. Os mais ousados eram do tipo filis dentalis.
   Foi um loucura aquele verão de 59 A. C.
   
   Top Lessium, fiscal dos costumes da cidadania, não aguentou a pressão e liberou geral. Coppertonium montou uma fábrica de bronzeadores.
   Um sucesso! Bronzeadas elas passaram a ser as mais cobiçadas do Império.
   Contam que muitos senadores perderam a cabeça nesta época. Por várias razões.

   O fato é que neste ano Júlio César foi esfaqueado por Brutus nas escadarias do Senado Romano (SPQR).
   Cena que seria repetida 2.080 anos depois em Magistratum de Fora - MG.
   Foi usada a mesma faca. Uma Tramontinium Inox.
 
Muitos me imitarão no futuro! teria dito.
  
   E, o mais surpreendente, foi quando Pôncio Pilatos lavou as mãos e disse solenemente: Vocês ainda repetirão meu gesto daqui a dois milênios quando o Corona surgir.


*
Membro da Academia  Romana Imperial de Letras - Historiador da Uviversitas di Roma.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Inspetor Clouseau e os respiradores

 


                                         - Boa dia Inspetor, disse o Ajudante de Ordens.
- Bom dia, respondeu o Inspetor.
- Estamos vivendo novos ares, afirmou o Ajudante de Ordens.
- Por favor, não me fala em ares que eu me lembro dos respiradores, disse o Inspetor.

Ajudante de Ordens - Desculpas! O senhor está abatido! Pálido! É falta de ar?

Inspetor Clouseau - De novo!? Não posso nem ouvir falar em Buenos Aires! Nem ar fresco, ar frio ou ar quente. Quando me liga o capitão Armando, eu só o chamo de Mando.

Ajudante de Ordens - Entendo. Trauma é trauma. E aquela sua tia, a Dona Telma, que mora em Laguna?

Inspetor Clouseau - Continua com trose.

Ajudante de Ordens - Tosse? Foi isto que o senhor quis dizer?

Inspetor - Não! Foi artrose. Vamos mudar de assunto.

Ajudante de Ordens - Quem o senhor acha que montou o esquema?

Inspetor Clouseau - Não sei. Todos estão lavando as mãos.

Ajudante de Ordens - Mas, isto não é recomendável? Não ajuda a combater o vírus?

Inspetor Clouseau - Estou falando do Pilates, aquele que lavou as mãos e deixou Cristo numa situação complicada.

Ajudante de Ordens - Pilatos. Pôncio Pilatos, o senhor quer dizer...

Inspetor Clouseau - Ele mesmo. Estou confuso.

Ajudante de Ordens - Entendo. Mudando de ares, como está a situação em Santa Catarina?

Inspetor Clouseau - Bem, dividindo o número de infectados, divididos pelos leitos disponíveis e somados aos possíveis novos contaminados, nossa curva ascendente é suave para os parâmetros nacionais comparados aos internacionais. Logo, a modelagem adotada pelo Douglas, com a participação do Esmeraldino, visa atenuar efeitos sintomáticos virais de segunda ordem. Assim, entendo que a modelagem foi bem pensada. Porém, não existe concepção perfeita. Agora tenho que descascar o abacaxi sozinho.
Nem a Daniela Reinehr quer participar.

Ajudante de Ordens - Participar?

Inspetor Clouseau - Sim. Participar do abacaxi.

Trim Trim Trim... Toca o telefone do Ajudante de Ordens. Ele atende e anuncia: - É o Júlio. Da ALESC.

Inspetor Clouseau - Diz que eu não estou. Fui para Laguna. Preciso mudar de ares... Respirar ar puro!