sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Um brasileiro em Buenos Aires...

An American in Paris, do mexicano Miguel Covarrubias

    Afora o encontro com o Abapuru, de Tarsila do Amaral - considerada a expressão máxima do Movimento Modernista, brasileiro - outra obra me chamou a atenção, na visita ao Malba (Museu de Arte Latino Americana de Buenos Aires). Foi An American in Paris, óleo do mexicano Miguel Covarrubias.

   Lembro, há muitos anos, quando comprei uma coletânea dos Gershwin, uma caixa com 4 fitas cassete e um livreto com a biografia dos irmãos, Ira e George. Escutava as músicas e lia a biografia que, em algumas partes, George contava como foram compostas certas obras como Rhapsódy in Blue e An American in Paris.

   Ao escutar Um americano em Paris, conseguia viajar com George Gershwin pelas margens do rio Sena, naquele outono de 1928. Em seu relato, sobre o processo de composição da famosa obra, George conta que saia às ruas e, impressionado com a beleza da cidade, voltava correndo ao hotel para escrever a música. Voltava às ruas e retornava ao hotel para escrever mais uma parte de Um Americano em Paris. 

   Sempre lembro disso. Quando vi o óleo de Covarrubias, tive novamente a sensação agradável daquele passeio pelas margens do Sena e a alegria de um turista extasiado com belas paisagens diante de seus olhos.

   Muito bom...




comentário sobre a sua postagem "Um brasileiro em Buenos Aires...":
Sempre que releio esse texto, faço com peculiar carinho aos especiais momentos em Buenos Aires, no Fertillia, nosotros pernegando poças e brindando vasos de cerveza e viño con mi padre, la piatonal ... Amplexos, Paulão

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Amazônia

por Marcos Bayer

A Amazônia é um pedaço do planeta que pertence a mais de um país, sendo o Brasil o dono da maior área.  É e será cada vez mais objeto de cobiça de brasileiros e estrangeiros. Como recurso natural renovável (ainda não inventamos nenhum substituto tecnológico para as florestas), valerá cada vez mais por sua biodiversidade. Pois para plantar uma floresta igual a ela, seria tarefa inominável. Além da abundância em água doce ainda limpa e extensão territorial.
   Vicente Fernando Silveira, biólogo por formação, aqui no Brasil e na Grã- Bretanha escreve: 

A concessão de lavra mineral (e de extração de madeira também!) no território nacional é dada constitucionalmente pelo governo federal. Essa suposta gulodice dos gringos por nossos Recursos Naturais é autorizada por nós mesmos! Não existe uma invasão ideológico-econômica, existe uma incompetência (e subserviência) do Estado brasileiro em fiscalizar e administrar esse patrimônio natural. O que precisamos discutir é qual o desenvolvimento sócio-econômico queremos para a nossa Amazônia? Queremos a Floresta em pé produzindo sustentavelmente serviços ambientais (água, chuva, sequestro de carbono, oxigênio, biodiversidade, madeira sustentável, extrativismo, fitoterápicos, ecoturismo, aquicultura, energia solar, compensação ambiental, etc.) ou queremos o inexorável ciclo econômico mineração-madeira-gado-soja?”.

   Além da definição sobre os usos que queremos da floresta, decisão soberana do Brasil, na parte que lhe toca, é preciso verificar o que é verdade e o que é mentira. Não resta dúvida de que a ocupação é contínua, mas temos que considerar a regeneração natural também.
   As florestas são fundamentais para a refrigeração do planeta e para a provocação de chuvas. Não por acaso a Alemanha desenvolve um grande programa de reflorestamento, substituindo espécies exóticas que estimulou no passado recente (para fins industriais) por matas nativas.
   Temos que considerar pesquisas que dão conta do caráter do brasileiro. Estudos da Transparecia Internacional indicam que nos Índices de Percepção da Corrupção – IPC, no que se refere ao setor público, o Brasil está lá no final da fila. Em 2017 estava em 105º posição.
   Os países da Escandinávia estão nas primeiras posições. Cabe lembrar que no setor público estão os poderes executivo, legislativo e judiciário.
   As causa da corrupção nacional não se sabe. Sabemos que parte da elite brasileira é corrupta e que aqueles que alcançam uma posição dentro da mesma elite, também se corrompem.
   A corrupção, dizem os psicólogos, é uma forma de compensação de alguma deficiência que o sujeito imagina ter. Às vezes é a falta de dinheiro mesmo.
   Logo, num país assim, tudo fica um pouco mais caro!
   Os ingleses dominaram o mundo com suas esquadras por 200 anos. Neste período criaram a expressão “balance of power”. Balanço de poder significava uma aliança com a França, quando a Holanda era ameaça. Já quando a ameaça passava a ser a França, a aliança poderia ser com a Espanha ou Portugal.
   Os árabes, quando descobriram que havia petróleo em seu subsolo, foram obrigados a procurar aliados para facilitarem tecnologia, transporte e mercados.  Alguns países árabes estão na órbita dos norte-americanos. Outros na órbita russa.
   Se o Brasil não conseguir suportar as pressões para a utilização da Amazônia, terá que procurar aliados externos.
   Entre os norte-americanos e ou os chineses, expansionistas modernos, eu preferiria os europeus.  Eles são diversificados, múltiplos, humanistas e já passaram pela fase da expansão e colonização territorial.
   Por último, cabe lembrar que incêndios florestais, provocados ou não, são comuns na Califórnia, em Portugal, França, Grécia e Espanha. Mas, por razões climáticas, quando passam por verões muito intensos e a vegetação seca. Não é o caso da Amazônia, ainda!