quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

RUGGERO

por Emanuel Medeiros Vieira

Em memória de Maria Aparecida (Cida) e Arnoldo Castanho de Almeida – irmã, cunhado, compadres – imensos e eternos amigos (dos maiores que já tive em minha vida) –, “encantados”, respectivamente, em 8 de outubro e 12 de julho de 2018

    Lembro-me do padre jesuíta italiano Ruggero – tão alto – a gente varando noites, conversando sobre Teilhard de Chardin (1881-1955), Soren Kierkegaard (1813-1855), existencialistas cristãos como Gabriel Marcel (1889-1973) – que rejeitava o termo “existencialismo” –, Emmanuel Mounier (1905-1950) – fundador da revista “Esprit” –, agnósticos e ateus, como Albert Camus (1913-1960), Jean Paul Sartre (1905-1980), e marxistas como Maurice Merleau-Ponty (1908-1961).
    No final – sempre no final – ele arrematava:
– Nunca te esqueças da Misericórdia Divina.
(Ele era sempre profundo, mas – nesta frase – queria ser abertamente “solar”.)

    MISERICÓRDIA DIVINA.
    Ele acreditava que eu era possuidor de uma “fé forte e cósmica”, mas que o tempo, as leituras e as dúvidas me afastaram dela.
– Quero te dar mais ÂNIMO, e falava mais alto e soletrava a palavra “ÂNIMO”.
    Ria, me abraçava.
    Ruggero era muito culto, leitor voraz, mas sua sabedoria maior era a simplicidade.
    Tomávamos vinho, assistimos juntos duas vezes “O Sétimo Selo”, 1957, (“Det sjunde inseglete”) ”Morangos Silvestres” (Smultronstället”), 1957, de Ingmar Bergman (1918-2007).
    Também vimos várias vezes a “Rastros de Ódio” (“The Searchers”), 1956, de outro grande mestre: John Ford (1894-1973).
    Gostávamos muito também de Orson Welles (1915-1985) e assistimos algumas vezes “A Marca da Maldade” (“Te Touch of Evil”), 1958, que admirávamos muito, até mais que “Cidadão Kane” (“Citizen Kane”) 1941 – por muitos considerado o melhor filme de todos os tempos.

    Um dia, ele morreu.

    Tinha um carinho enorme pelos “humilhados e ofendidos da terra”, como dizia, pelos pobrezinhos, pelos sem nada.
    Modesto, batina puída, evangelizava operários em comunidades pobres de Porto Alegre e pescadores em Florianópolis – não era amado pelos hierarcas, poderosos e conservadores da Igreja– afora a burguesia da capital gaúcha e da Ilha do meu nascimento.
    Estávamos na década de 50 do século passado.
    E um dia– parece incrível – fui eu a consolá-lo.
    Triste, ferido com injustiças e perseguições (que não relato aqui), aquele sacerdote loiro (parecendo um camponês do interior de Santa Catarina), de quase dois metros, desajeitado, possuidor de um coração maior que ele, morando em uma casinha simples de madeira, num bairro humilde de Porto Alegre (antes estivera durante dois anos em Ponta das Canas, em Florianópolis, praia bela do Norte da Ilha de Santa Catarina, minha terra natal – ainda aprazível, pregando para os pescadores, dando para os pobres até a roupa do corpo, dividindo tudo o que tinha.
    Foi o primeiro padre socialista que conheci – visceralmente autêntico.
    Sempre achei que ele nascera na época errada.   Deveria ter vivido na época das Catacumbas, levando a palavra de um Jesus pobre e libertador contra o Império Romano.
    Resolvemos entrar na AP (Ação Popular) – organização originária da esquerda católica –, mas isso é outra história.
    Ele lembrava-me o corajoso Padre Nando, do romance ”Quarup”, 1967” (um dos mais belos da literatura brasileira), de Antônio Callado (1917-1997) que, no final, opta pela luta armada no combate à ditadura militar.
    Escrevi acima: Um dia, ele morreu.
    Qual a causa (indagam)? Foi “pelo coração” – ataque cardíaco. Mas acho que morreu de tudo, de tudo um pouco, devido às perseguições sofridas, às injustiças que percebia no tão imperfeito mundo, à inveja de que foi vítima, difamado por tantos seres medíocres e mesquinhos.
    Havia abandonado a batina, voltou para a Itália, mas retornou ao Brasil para se despedir.
    Então, já era um velho, cabelos brancos, parecendo mais baixo, o olhar azul mais triste.
– “Desta vez, fui eu quem perdi a Fé”, me confessou.
Tentei animá-lo, não falando em igreja, “reconversão”, nada. Mas nos filmes que havíamos assistido juntos.
– Não há nada depois daqui, ele disse.
    “Depois daqui” era depois da vida terrena– é claro (sinto-me agora redundante).
    Hoje, no crepúsculo da minha vida, doente, vejo o seu rosto. É um retrato que mandei emoldurar.
    Mostrava o momento de um churrasco numa chácara em Viamão, com poucas pessoas, eu, Décio Andriotti (que morreu em Milão, aos 85 anos, em 29 de abril de 2018, um domingo), Eduardo Dutra Aydos, Rogério Sganzela (1946-2004), e sua então mulher Helena Ignês.

1969. Rogério fora lançar em Porto Alegre, no extinto “Cine Marrocos”, no bairro Menino Deus, o seu hoje clássico “O Bandido da Luz Vermelha” (1968).
Tomamos vinho, ríamos muito. Era a celebração da amizade.
    Devo ao Décio – meu professor no antigo Ginasial (1958-1961) do “Colégio Catarinense”, em Florianópolis –, ao meu ex-professor no Clássico (1962-1964), “Colégio Anchieta”, Porto Alegre, também jesuíta (nos dois educandários estudei com bolsa de estudos), a o Roberto Figurelli, ao Paulo Fontoura Gastal (1922-1996), minha paixão pelo cinema. Em ambos, tinha bolsa de estudos.
Ruggero, para mim, era um “romântico crepuscular”.
    Ele achava o mesmo de mim.
    Ofertou-me ÂNIMO – com seu enorme coração e compaixão – e não está mais aqui.
    Mas não restou o oblívio. A fé vai e volta. Aparece, desaparece. Está mais longe da infância do que eu mesmo. Do que eu queria. Do que meus pais aspiravam. Tenho culpa? Deus perdeu o meu passaporte? Do meu país? Estou sentimental demais?
    Ele era daqueles seres que só aparecem de vez em quando. Muito poucos homens chegam como tu, Ruggero.
    Nunca te esquecerei. Devo a ti o que chamo de “HUMANISMO EM TEMPOS ÁSPEROS E DISTÓPICOS”.
    Sinto-o (RUGGERO) presente – como vários amigos já mortos – em muitos momentos (a maioria) desta vida – na sua reta (ou curva) de chegada.

Comentário de Eduardo Dutra Aydos
  • Caro Emanuel,Li de imediato e completamente o teu texto, enxuto e verdadeiro, estóico e melancólico diante desse paradoxo que todos nós defrontamos: nossos sonhos (princípios, valores, virtudes...) e a dura realidade da vida. Não esquecendo nunca que são aqueles que dão sentido a esta. Até o momento em que nos encontramos, também, todos nós, com este segundo paradoxo, que nos confronta a dura realidade da vida e a incerta expectativa da morte. E que nos leva a pensar se, também, não é a severidade daquela, que nos agrega sentido ao morrer. Eu penso assim e agradeço por esse tempo vivido, pela sua dor e alegria, pela sua memória e desmemoria. Se existe algo a refletir, sobre tudo que já foi dito neste teu texto, tão denso quanto completo, é que no espaço/tempo transpassado/transcorrido existe o momento, agora translúcido, da neutralidade do espírito que, na sua jornada neste plano, não é apenas verdadeiro e nem totalmente falso, mas absorve e projeta o sentimento profundo da existência, que aprendemos a conhecer nas obras e nos fatos que relembras, interpretas, e aos quais a tua trajetória confere dignidade. É uma grande honra privar da tua amizade e partilhar da tua confidência. Publica esse texto, meu caro amigo, em testemunho da nossa humanidade.
Abraço do Aydos 

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Loco, pero no tonto!

   por Marcos Bayer
Antonio Mir era nascido em Lorca, na Espanha. Mir significa mundo na língua russa. E no mundo cabia toda a arte dele. Passou pelo metal, pelas telas, pelas esculturas. Eu o conheci no início dos anos 90, em Cabeçudas, onde trabalhava de frente para o mar.  Elisa, sua companheira, ajudava a organizar a vida e a obra que estava por vir. Do painel de metal na agência do Banco do Brasil em Madrid – A descoberta da América – até a Semente da Vida, um grão de soja, na sede da Ceval em Gaspar, suas obras estavam espalhadas por aí afora. Em 1992 Mir foi para a Espanha, Puebla Del Caraminal, na Galícia. 
Logo focou amigo de Manuel Fraga, o governador, e dos habitantes de seu novo povoado. Conseguiu uma parceria com a empresa de pescados Escuris e num galpão à beira d´água trabalhava diariamente. Macacão, mãos lambuzadas de tinta, mangueira e placas de metal espalhadas pelo chão formavam o cenário deste artesão que não precisou ir à escola. Fez a sua.
A aproximação de Santa Catarina com a Galícia, o intercâmbio na maricultura, tem o toque de Antonio Mir. No Palácio de Governo, há uma escultura do cajado e a concha, símbolos de Santiago de Compostela, de sua autoria. O cajado é a virilidade humana. A concha, a feminilidade. De lá foi para Puerto Mazzarón, na costa mediterrânea. Pintou as Tomateiras da Murcia como ninguém. Descobriu em frente à sua casa, afundadas no mar, um lote de Ânforas. Possivelmente restos da navegação grega ou romana. Surgiu uma nova coleção de pinturas. Inspirado nelas, vasilhames de barro que carregavam a vida (óleo de oliva) ou a morte (cinzas), Mir fez um trabalho memorável.
Estavam ali, embaixo da água, e ninguém havia pensado em pintá-las ainda. Depois, deslocou seu estúdio para Barcelona. No início do ano 2.000, fez duas exposições marcantes em sua carreira. Paris e Berlim. Como amigo, sua principal característica era a generosidade. Gostava de beber e comer todas as especiarias. Nas vésperas do réveillon de 1992 me levou a todos os botecos de Puebla Del Caraminal. Em cada um deles havia um quadro ou desenho seu. A via sacra terminou ao amanhecer. Outra feita, em Madrid, quando expôs na Casa de las Américas, Mir fez um “convênio” com o dono de um confortável hotel na região de Moncloa e hospedou todos os amigos por alguns dias à conta da exposição.
Às vezes ficava trinta horas sem dormir. Era movido por paixões. Era genial.
Tentou pintar os galpões do porto de São Francisco do Sul, com patrocínio de uma marca de tintas nacional. Mas, as autoridades instaladas não entenderam o alcance de sua ideia.
Projetou o Museu do Mar, uma esfera flutuante, amarrada por cabos de aço, para boiar na baía da cidade mais antiga de Santa Catarina. Também não entenderam a ideia. Pensam que museu deve ter em terra firme. Fazer o que, né?

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Marco Aurélio: O Imperador das Cadeias!

por Augusto Nunes, na Veja

O prenome de imperador romano, a vaidade tão pesada que deve ser calculada em arrobas, o olhar de quem treina para virar estátua, a arrogância que identifica os que acham que a toga é que deve orgulhar-se de cobrir-lhe o corpo, o prazer sensual com que ouve o som da própria voz entoando expressões ignoradas pela plebe — tudo isso, junto e misturado, subiu de vez à cabeça de Marco Aurélio Mello. E ordenou-lhe que caprichasse na liminar que, se fosse levada a sério pela Justiça brasileira, colocaria em liberdade todos os bandidos que cumprem pena depois de condenados em segunda instância.

   Que Nero, que nada: sem uma Roma para incendiar, Marco Aurélio I, o Imperador das Cadeias, resolveu destruir com uma canetada a jurisprudência recentemente reafirmada pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, a segurança jurídica e a esperança no triunfo da lei sobre o crime, e da honradez sobre a falta de vergonha na cara. O ministro coleciona molecagens, sentenças idiotas, chiliques de debutante e odes ao descaramento desde que foi presenteado com uma toga pelo primo Fernando Collor. Até esta assombrosa quarta-feira, contudo, era possível acreditar que mesmo para um marcoauréliomello existem limites.

   Não existem, atesta a liminar produzida na véspera do recesso do Judiciário. O latinório ridículo e algumas condicionantes malandras procuram inutilmente camuflar o objetivo do autor: tirar Lula da cadeia. As restrições inócuas não passam de um truque diversionista concebido para ocultar as aberrações decorrentes da torpeza original. Com o ex-presidente condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, recuperariam o direito de ir e vir (e roubar, e matar, e revogar por dias ou semanas a ordem legal) uma imensidão de assassinos, estupradores, latrocidas e, claro, delinquentes de estimação de Marco Aurélio e seus comparsas.

   A afronta ao país que presta deve ser barrada de imediato pela reação da banda sadia do STF, do Ministério Público e dos magistrados que ouvem a voz da Justiça, não os sussurros dos que conspiram contra o império da lei. A liminar de Marco Aurélio merece ser atirada à lata de lixo mais próxima por juízes de verdade, que não se curvam bovinamente a determinações intoleráveis. O Brasil se tornará bem melhor se for socorrido por uma variação da boa e velha desobediência civil. Tal arma, manejada com altivez e destemor, já sufocou no nascedouro tantos surtos de demência autoritária. É hora de usá-la para expulsar Marco Aurélio do seu trono imaginário.



terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Finalmente denunciada a indústria da restauração da Hercílio Luz


   Recém agora, final de 2018, o Ministério Público de SC vem a público denunciar o que este blog já sabia e havia publicado, em 2012, a respeito da "Indústria da Restauração da Ponte Hercílio Luz".
   Aparece como novidade uma falcatrua que todo o povo de Florianópolis sabia e comentava abertamente.  


   Matéria de Ânderson Silva (NSC) finalmente toca no assunto, levantado pelo MPSC, que a imprensa ignorou esses anos todos.
MP pede bloqueio de R$ 230 milhões de empresários e servidores por obras da Ponte Hercílio Luz
   O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) pediu à Justiça a indisponibilidade de bens de quatro empresas e oito pessoas - entre eles ex e atuais servidores do Departamento de Infraestrutura de Santa Catarina (Deinfra) - para que seja ressarcido aos cofres públicos um montante de R$ 230 milhões por irregularidades nas obras da ponte Hercílio Luz, na Capital. A informação foi noticiada com exclusividade pelo jornalista Raphael Faraco, no Bom Dia Santa Catarina, da NSC TV, nesta terça-feira (18). Para a promotora Darci Blatt, autora da ação, aditivos liberados de forma irregular causaram “enorme prejuízo” ao erário.
   O MPSC faz uma análise a obra a partir de 2006, e entende que os servidores e as empresas não cumpriram o contrato e ignoraram, propositalmente, a lei de licitações que limita os aditivos a 25% do valor total acordado. São alvo da ação os ex-presidentes do Deinfra, Romualdo França Júnior e Paulo Roberto Meller, os engenheiros do Deinfra, Wenceslau Diotallévy, Antônio Carlos Xavier, o ex-servidor Nelson Luiz Giorno Picanço, e a assessora jurídica do Deinfra, Lyana Cardoso.
   As empresas citadas são Prosul, Concremat Engenharia e Tecnologia, Construtora Espaço Aberto, CSA Group, e os empresários Wilfredo Brillinger e Paulo Almeida. Leia matéria completa aqui 

Matéria do Cangablog de 2012 
Hercílio Luz: a indústria da restauração 

Interditada em 1982 pelo governador Jorge Bornhausen, a ponte Hercílio Luz continua correndo risco de cair e tem gerado discussões acaloradas sobre a sua sobrevivência.

    O processo de recuperação da ponte foi desencadeado em 11 de dezembro de 2001, quando o então governador Esperidião Amin assinou, com o ex-ministro dos Transportes Eliseu Padilha a ordem de serviço para a realização do projeto. O custo da restauração total era estimado entre R$ 35 e R$ 45 milhões.

     Até a chegada de Luiz Henrique da Silveira (PMDB) ao poder em 2003, a ponte só comia dinheiro para a sua manutenção. Daí o "gênio" LHS inaugurou a "Indústria da Restauração". Em seus 8 anos de (des)governo Luiz Henrique encheu as burras com projetos suspeitos e duvidosos para restaurar a o nosso grande "cartão postal".

    No dia 24 de março de 2005, na "Casa do Jor­na­lista", Luiz Henrique apre­sentou um re­sumo do maravilhoso Pro­jeto de Re­a­bi­li­tação da Ponte Her­cílio Luz. Ali mesmo foi es­ta­be­le­cido um prazo para o lan­ça­mento do edital para a exe­cução das obras de re­a­bi­li­tação da Ponte.
    No dia 15 de de­zembro de 2005 o DEINFRA ini­ciava a aber­tura do Edital de Con­cor­rência In­ter­na­ci­onal n.º 24, no qual o con­sórcio for­mado pelas em­presas ROCA e TEC foi o ven­cedor do cer­tame.
    Em 17 de fe­ve­reiro de 2006 o consórcio iniciou a exe­cução do con­trato PJ-015/2006, no valor de R$20.983.905,55 que executar a obra com for­ne­ci­mento de ma­te­riais e in­sumos, de todos os ser­viços ne­ces­sá­rios para a res­tau­ração, re­a­bi­li­tação e ma­nu­tenção da Ponte Her­cílio Luz.  O contrato terminaria no dia 05 de agosto de 2008 com a primeira fase da obra terminada.
    Isso era apenas o começo do festival de dinheiro, aditamentos e números que Luiz Henrique executaria durante os seus últimos anos de governo. Logo pós o consórcio ROCA e TEC iniciar as obras outros R$9.810.170,61 foram in­ves­tidos na con­tra­tação das em­presas con­sor­ci­adas PROSUL e CON­CREMAT.
    Aparece aí, o nome da empresa PROSUL, que segundo se comenta tem políticos como "acionistas". A empresa, junto com a Concremat, ficaria encarregada do ge­ren­ci­a­mento, co­or­de­nação, su­per­visão, con­trole de qua­li­dade e apoio à fis­ca­li­zação das obras de re­a­bi­li­tação da Ponte. Se a primeira etapa foi concluida totalmente e dentro das normas estabelecidas no contrato não se sabe. A Prosul deve ter esse relatório.
 
    Etapa II
    Em 2007 o Deinfra publica novo edital de Con­cor­rência Pú­blica In­ter­na­ci­onal (nú­mero 044/07) para a fase final de con­clusão das obras de re­a­bi­li­tação da Ponte Her­cílio Luz. O orçamento básico para a licitação foi estimado em R$169.425.943,71.

     No contrato da nova etapa, prevista para ser finalizada em 2012,seriam realizadas as seguintes atividades.
- Reforços das bases das torres principais;
- Reforços dos blocos de ancoragem;
- Reforços das fundações das torres dos viadutos;
- Troca das barras de olhal;
- Recuperação dos elementos estruturais do vão central e torres principais;
- Reformulação da pista de rolamento;
- Recuperação da passarela de pedestres existentes (Lado Norte) e contrução de outra - passarela para pedestre (lado Sul)

    Tudo isso esta no site do Deinfra onde também tem esta pérola que custou alguns milhões aos cofres públicos em projetos e estudos:

"Em vir­tude dos es­tudos de vi­a­bi­li­dade re­a­li­zados para a ins­ta­lação do metrô de su­per­fície em Flo­ri­a­nó­polis,cons­tatou-se que a Ponte Her­cílio Luz es­tará ha­bi­li­tada para re­ceber este mo­derno tipo de trans­porte."

    Bem, como está a Hercílio Luz a gente sabe. Decidiram agora desmontar a parte central da ponte e em uma operação desastrada acabaram afundando um dos pilares de concreto para sustenção da velha senhora!
    Na última agora o governo federal autorizou, via Lei Rouanet, que o Estado capte mais R$ 64 milhões para recuperar a ponte. Alguém tem dúvidas de onde vai sair a dinheirama? Acho que da Celesc, Casan etc...

 

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

A morte do Mosquito

Recebi hoje do amigo Emanuel Medeiros Vieira:
   
Estimado Sérgio
   Só para lembrar: Hoje, 13 de dezembro de 2018, faz sete anos da morte do Mosquito (Amilton Alexandre) - 13 de dezembro de 2011.
    Sim: o tempo passa por cima da gente.

    Apesar de todos os voluntarismos, merecem o NÃO ESQUECIMENTO, O NÃO OLVIDO, TODOS AQUELES  QUE DISSERAM "NÃO", que não se acomodaram!
    Ele cansou. É da humana lida.

    Hoje também faz 50 anos do AI-5, 13 de dezembro de 1968, que deu um brutal "chega-pra-lá" nas utopias de minha geração. 
    E de outras.

    E vamos continuando - em tempos TÃO DISTÓPICOS.
Fraternal abraço do Emanuel
(Brasília, 13 de dezembro de 2018)

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

O macaco e a cumbuca

por Leal Roubão

   Dizem as fontes a quem consultei que há no Brasil uma expressão muito conhecida e usada em diversas situações: O macaco meteu a mão na cumbuca.

   Recentemente, soubemos pela imprensa brasileira que um ex-assessor, motorista e segurança de um deputado estadual pelo Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro, movimentou em dois anos, 2016 e 2017, doze parcelas de R$ 100 mil reais, totalizando R$ 1 milhão e duzentos mil reais. Diz o relatório do órgão financeiro que cuida destas movimentações, que são consideradas atípicas. De fato, para quem recebe salário de R$ 7 mil reais e uma aposentadoria de R$ 12 mil reais, difícil economizar R$ 50 mil reais mensais por dois anos inteiros e chegar ao valor de R$ 1.200.000,00.

   Mas, há várias hipóteses que devem ser consideradas na investigação do Ministério Público Estadual.
O Rio de Janeiro é uma cidade muito perigosa. Está, inclusive, sob intervenção federal em razão da alta criminalidade. É possível que o deputado Flávio Bolsonaro peça ao seu segurança para cuidar do seu salário mensal que deve girar em torno de R$ 33 mil reais. Mas, aí faltariam R$ 17 mil para chegar aos R$ 50 mil reais.

   Outra hipótese é o jogo do bicho, muito popular no Brasil, em especial no Rio de Janeiro. O macaco é o 17 e pode ser que o motorista – assessor e segurança tenha acertado várias vezes no milhar do macaco. Pode!

   Pode ter acertado 12 vezes no milhar do jogo do bicho, sempre ganhando R$ 100 mil reais.
   Pode ter sido também uma daquelas correntes da felicidade. Um passa para o outro até que alguém acerta.
   Pode ter sido a venda de um imóvel. Pode!
   Pode ter sido a doação de um parente distante. Pode!
   Tudo pode até que o MPRJ termine a investigação.
   Enquanto isso, diz a Bíblia no livro de João, capítulo 8, versículo 32: CONHECEREIS A VERDADE E ELA VOS LIBERTARÁ.

   O presidente diplomado, Jair Bolsonaro, bem como seu Chefe da Casa Civil, deputado Onyx Lorenzoni, costumam repetir a máxima de João, o apóstolo. O deputado tem a tatuagem no braço direito com a frase para lembrar constantemente do perigo da mentira.

   É importante neste inicio de governo, lastreado na vitória sobre a corrupção, que não fique nenhuma dúvida sobre as tais movimentações financeiras de pessoas próximas à família presidencial. Até porque, o esclarecimento fortaleceria ainda mais os seguidores de João.

   Por último, apenas como hipótese, é comum nas casas legislativas, municipais, estaduais e federais, a prática da caridade ou do pecado com o corpo alheio.
   Se paga ao funcionário do gabinete do legislador dez moedas e se obriga que ele devolva cinco. É uma forma indecente de se apropriar dos recursos públicos usando a cumplicidade daquele que se submete à tramoia.

   Que a Bíblia, tão citada pelos vitoriosos, seja seguida e respeitada e que não se desmereça em vão o nome do macaco, nosso herói do jogo do bicho com a camisa 17.

sábado, 8 de dezembro de 2018

O Bode Está na Sala

por Leal Roubão*  

   A chapa recém eleita, Bolsonaro e Mourão, obteve êxito baseada em alguns tópicos. Entre eles, a segurança pública, o combate à corrupção, o fim dos favorecimentos na relação executivo - legislativo e uma nova ordem econômica, pois o candidato dizia que o economista Paulo Guedes cuidaria deste setor. Enquanto o Juiz Sérgio Moro cuidaria da justiça e da sua aplicação. Ao deputado federal Onyx Lorenzoni caberia a articulação com o Congresso.
   
   Ainda não chegamos ao Natal e algumas coisas mudaram. Já sabemos que esta articulação parlamentar terá pelo menos dois interlocutores no Palácio do Planalto.
 
   Onyx começa a se irritar com as explicações de uma doação não registrada de R$ 100 mil reais. Agora aparecem nos registros da COAF - órgão de controle de movimentação financeira - doze parcelas também de R$ 100 mil reais na conta de um ex-assessor do deputado Flávio Bolsonaro.   Também um cheque de R$ 24 mil para a futura primeira dama. O filho do futuro presidente, eleito senador, diz que seu assessor tem uma explicação plausível e que dirá ao Ministério Público no momento oportuno.
 
   Para que esperar?
 
   O presidente eleito diz que o tal cheque era para ele, fruto de um empréstimo pessoal ao tal assessor, mas como não tem tempo para sair, mandou depositar na conta da esposa.
 
   O Juiz Moro observa em silêncio.
 
   O vice presidente general Mourão e o chefe do gabinete de segurança institucional, general Augusto Heleno, acompanham os movimentos. A imprensa quer explicações.
 
   A nação acompanha. O bode está na sala. Como entrou ninguém viu. Mas, como sairá todos verão.
 
 
 

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

MADONA


Resultado de imagem para madonapor Emanuel Medeiros Vieira
  
Senhora das horas inconclusas
Senhora do torto parto
                 do porto inalcançável   
Madona da ânsia infinita
                    vã peregrinação    
Senhora do desassossego
Conceda-me o bálsamo do olvido
                       passagem silenciosa
                       travessia sem medo
Senhora do inútil tempo – que continua queimando
Senhora da veloz juventude
Madona de todas as velhices
Outorga-me o estatuto da ausência.