sábado, 31 de agosto de 2013

A guerra no Brasil


   Por Marcos Bayer

   O plenário da Câmara dos Deputados criou, pelo voto secreto, um monstro político. Garantiu ao réu condenado pelo Supremo Tribunal Federal a continuidade do mandato parlamentar. Embora preso, incomunicável, sem direito a voto, sem as prerrogativas políticas, sem o salário e as vantagens do cargo, já substituído pelo suplente, o senhor Natan Donadon é um deputado federal que atua atrás das grades.
   A classe política estabelece, mais uma vez, o confronto com a população. De forma clara e nítida.
   As manifestações nas ruas em Junho passado, se voltarem, trarão novos ingredientes ao protesto coletivo.
   É uma pena que a população não saiba compreender o Estado no Brasil. Entender que ele é divido em três poderes e que os três negociam entre si. Vantagens que alcançam o Tribunal de Contas da União e seus braços estaduais.
   Uma parte da imprensa nacional e estadual como também dos Ministérios Públicos Federal e Estadual fazem o contra ponto. Só aí existe apoio ao cidadão. 
   Nas estruturas de poder que compõem o Estado, negócios no melhor sentido financeiro, são estruturados permanentemente e contemplam os dois lados. Os que estão dentro e os que atuam por fora. O Brasil é uma máquina de corrupção.
   As formas de corrupção vão desde a venda das águas potáveis até as licitações de pontes não dobráveis. Da utilização do carro oficial para levar a esposa ao cabeleireiro até os aviões da FAB para transportar ministras desocupadas, parlamentares e outros credenciados. 
   A Constituição Federal, diz: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes...
   Ela, em contradição explícita, admite o foro privilegiado para os membros qualificados dos três poderes. Como pode haver foro privilegiado se todos são iguais perante a lei?
   Outra questão que não querem enxergar é a diferença salarial entre os que servem ao Estado. Aqui um servente pode ganhar 40 vezes menos que um ministro, ou menos...
   Na Europa, onde o Estado foi concebido em 1789, em alguns países, a diferença entre o salário máximo e o mínimo não passa de 10 vezes.
   Ora, esta diferença confere uma igualdade moral entre os servidores do Estado. Aqui não. Aqui o ministro chega de carro oficial, com telefone celular livre, mais o motorista e vaga assegurada. Terno bem cortado, gravata colorida e um certo saber estampado nos gestos... Ao servente cabe apenas dizer: Bom dia doutor. A humilhação começa ali...
   A reforma necessária no Brasil é a da República Federativa. Precisamos ensinar aos seus membros que República é coisa pública. E trabalhar nela é servir ao povo.
   Quem quiser ganhar dinheiro deve tentar a iniciativa privada. Há boas oportunidades.



sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Histórias de cupins

   O jornalista Moacir Pereira publicou hoje nota sobre sobre o vergonhoso descaso da UFSC com bens históricos doados ao Museu Universitário. Como não existe espaço vazio, onde a UFSC se omite os cupins se posicionam.
   Abaixo histórias folclóricas sobre "intervenções urbanas" de cupins na nossa sociedade:

   Oswaldo Cabral na Ufsc: Memória desrespeitada
   Professora Sara Regina Poyares dos Reis doou ao Museu Universitário todos os móveis da Biblioteca do professor Oswaldo Rodrigues Cabral. Um ano depois está tudo lá empilhado, jogado num canto, com o cupim devorando mesas, cadeiras e móveis do imortal historiador. Sobrinha do fundador da Ufsc e do Museu, a historiadora anunciou: “Vou buscar tudo de volta. Não são os bustos que estão sumindo da cidade; a cultura, a ética e o respeito, também”.

   Cupim no baralho
   Figuraça folclórica em Florianópolis, onde virou nome de rua, o ex-assessor da Assembléia catarinense Alcides Ferreira era coletor de impostos em Indaial quando, endividado na jogatina, apostou com um juiz os móveis da coletoria e perdeu. Respondeu por telegrama ao então governador Udo Deeke, que o interpelara furioso com o sumiço dos móveis: “Exmo sr. Governador. Móveis coletoria cupim comeu. Alcides Ferreira, coletor.”
   Reza a lenda que o governador teria mandado novos móveis de metal para a coletoria acompanhado de um telegrama: "Quero ver cupim comer esses."

   Cupim baiano
   Conta o jornalista Jurandir Camargo que quando trabalhava no Jornal da Bahia - lá pelos idos de 1976 - um certo repórter saiu para cobrir matéria sobre a deterioração de imagens sacras em igrejas do Terreiro de Jesus, centro de Salvador. Ao deparar-se com uma imagem de Nossa Senhora totalmente corroida por cupins ficou muito revoltado.
   Voltou para à redação, escreveu uma nota sobre o assunto e tascou a seguinte manchete: Cupim ateu comeu a Santa!

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Da série: OS BANDIDOS NO PODER

Câmara dos Deputados inaugura a Bancada da Papuda*
   
   O impensável aconteceu!
   Na noite de ontem, deputados federais instalados em Brasília, inauguraram mais uma bancada bizarra no Câmara dos Deputados: A Bancada da Papuda!
   Em votação secreta, parlamentares eleitos pelo voto popular, livraram o mandato do deputado Natan Donadon condenado pelo Supremo Tribunal Federal a 13 anos e 4 meses de prisão em regime fechado por crime de roubo quando presidiu a Assembléia Legislativa de Roraima.
   Donadon passa a ser o primeiro deputado presidiário do mundo. Enjaulado a 3 meses na famosa penitenciária da Papuda, em Brasília, o larápio foi condenado pelo desvio de R$ 8,4 milhões de reais, em conluio com empresário de agencia de comunicação de Rondônia.
   A salvação do mandato de Donadon, por seu pares, prova definitivamente que o poder está tomado pelos bandidos. Os sequases da Câmara Federal usaram de várias artimanhas para livrar o ladrão de Rondônia: ausência, abstenção e voto secreto a favor da manutenção do mandato de Donadon.
   Nas ausência, o Partido dos Trabalhadores foi o campeão! Dos 88 deputados petistas 21 não compareceram ao trabalho ajudando a manter o mandato do meliante presidiário, entre eles os catarinense Pedro Uczai (PT) e Marcos Tebaldi (PSDB).
    
   Mensaleiros
   Os também condenados por corrupção e roubo de dinheiro público João Paulo Cunha (PT-SP) e José Genoino (PT-SP), se ausentaram juntamente com os mensaleiros Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT).
   Entre os que se esconderam para livrar o o mandato de Donadon estão parlamentares famosos por "mal feitos", como diz a Dilma. 
   O time é de primeira. Confira a lista:
Paulo Maluf (PP-SP), Jaqueline Roriz (PMN-DF), que teve o mandato salvo pelo plenário em 2011 após aparecer em vídeo recebendo recursos do delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa, e Renan Filho (PMDB-AL), filho do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que escapou de dois processos de cassação em plenário em 2007. Os líderes partidários Beto Albuquerque (PSB), Eduardo Sciarra (PSD) e Jovair Arantes (PTB). O pastor Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da comissão de Direitos Humanos, também faltou.
   Foram 131 votos contra a cassação do ladrão, 41 abstenções e 108 ausências. Ou seja, a bandidagem saiu vitoriosa da disputa com 280 votos, provando que na Câmara dos Deputados a honestidade, a ética e a moral, está em minoria!
   Com o enjaulamento em breve, dos petistas João Paulo Cunha e José Genuíno, está formada a Bancada da Papuda!

*O Complexo Penitenciário da Papuda é uma presídio brasileiro situado na região administrativa de São Sebastião, no Distrito Federal, às margens da estrada que liga a capital federal, Brasília, ao município mineiro de Unaí. O presídio da Papuda tem capacidade para 5000 detentos. Seu nome refere-se à antiga fazenda, onde vivia uma mulher portadora de deformidade física - provavelmente bócio

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Sobre a doença nacional e a importação de médicos...

     Por Eduardo Guerini
   Em momento de síndrome de pânico diante da incapacidade de construirmos um projeto de nação. Entre epidemias de corrupção e pragmatismo, a reclusão homeopática nos salvará da realidade caótica.
   
   Em que pese a demonstração de nossa gigantesca irresponsabilidade governamental , com a devida importação de médicos cubanos e de outras nacionalidades, sentimos um misto de incompetência com oportunismo político, típico de governantes sob pressão popular. Durante uma década de pós-neoliberalismo - comemorado em seminário dos lulo-petistas com o honorável (ex)presidente) louvado sua exponencial trajetória como governante que construiu candidaturas e destronou adversários, o principal legado é a decretação de que o gigante latino se submete ao vexame mundial de não produzir quadros técnicos para atender as necessidades vitais da sociedade brasileira - médicos, engenheiros, professores (em todos os níveis), etc,. O que chama atenção de nossa combalida burguesia nacional-associada-dependente, é que potencializou à condição de governantes - o que restou de décadas de solapamento de consciências e massa critica e criativa, ou seja, uma gama de pragmáticos e oportunistas que não se cansam de legar nosso futuro ao funeral da esperança. 
   No berçário da nação estarrecida com tamanhas sandices e invencionices gestadas nos laboratórios do marketing político, nossas parteiras acolhem macunaímas - oportunistas e pragmáticos - não Estadistas. Na ausência de Estadistas, nos contentamos com caudilhos e populistas, muitas vezes o misto político produz , governantes messiânicos (patriarcas ou matriarcas), que fazem um governo pior que o outro. E assim, sem Projeto de Nação, planejamento governamental e planos setoriais, temos como resultado, uma série de ações aluviais que produzem problemas adicionais - uma crise corporativa entre burocratas e operadores da saúde caótica, num país-dependente de soluções milagrosas. Nem médicos nacionais ou estrangeiros - o que nos resta fazer é orar para Nhá Chica (mestiça escrava e mãe dos pobres), salvando-nos da epidemia generalizada - a cegueira politica de nossos governantes.

SOBRE MÉDICOS E VACINAS

Que um médico cubano defenda Che ou o regime castrista no Exterior, entende-se. Ele é refém da ditadura. Espantoso é ver alguém no Brasil defendendo Cuba e o Che, 24 anos após a queda do Muro, 22 anos após a dissolução da União Soviética, em suma, duas décadas após a derrocada do comunismo.
   
   Por Janer Cristaldo
   A presidente Dilma Rousseff acusou hoje os que têm preconceito contra a presença dos médicos cubanos no Brasil. Disse que há também médicos de outros países, além de Cuba. A presidente reiterou que os estrangeiros estão no Brasil para desempenhar o trabalho que os médicos brasileiros não querem fazer.    "É um imenso preconceito sendo externado contra os cubanos. É importante dizer que os médicos estrangeiros, não só cubanos, vêm ao Brasil para trabalhar onde médicos brasileiros formados aqui não querem trabalhar", disse ela.
   A presidente sofisma. O que se pede é que os cubanos cumpram as mesmas exigências feitas aos médicos nacionais, o exame do Revalida. O que também tem causado indignação é saber que mais da metade do salário de cada profissional vai para a ditadura cubana. 
   Segundo os jornais, os médicos cubanos atuarão no Brasil em regime diferente dos que se inscreveram individualmente no Mais Médicos. No acordo, os repasses financeiros serão feitos do Ministério da Saúde para a Opas. A entidade repassará as quantias ao governo cubando, que pagará os médicos. Inicialmente nem a Opas nem o Ministério da Saúde souberam especificar quanto dos R$ 10 mil pagos por médico será repassado para os profissionais. O secretário adjunto de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Fernando Menezes, disse depois que a remuneração ficaria entre R$ 2,5 mil e R$ 4 mil.
   O que será uma festa para quem ganhava algo em torno a cem reais por mês, menos que um chofer de táxi cubano que trabalhe junto a turistas, quantia que um mendigo brasileiro tira fácil em uma ou duas semanas nas ruas de São Paulo. Os médicos que vêm de outros países receberão a integralidade de seus salários. Por que só os cubanos entregarão parte de seus ganhos ao Estado? No fundo, é o PT erguendo o bracinho stalinista, em uma tentativa canhestra de financiar o falido regime comunista da ilha.
   Não é a primeira vez que o Brasil vai em socorro da ditadura castrista. Ou já foi esquecido o caso das famosas vacinas cubanas contra a meningite, importadas pela bagatela de 250 milhões de dólares? Pelo jeito, ninguém mais lembra delas. Na grande São Paulo, a vacina cubana foi administrada em 1989 e 1990 para 2.400.000 crianças, na faixa etária de três meses a seis anos de idade. Após a campanha de vacinação, não foi observada queda do coeficiente de incidência da meningite.

Leia artigo completo. Beba na fonte.

Justiça condena ex-secretário de Dario Berger

    
A Justiça condenou Salomão Mattos Sobrinho, ex-Secretário Executivo de Serviços Públicos de Florianópolis, a quatros anos de detenção, que foi substituída pela prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período e pela prestação pecuniária correspondente ao valor de dez salários mínimo, além do pagamento de multa.Salomão Mattos Sobrinho foi condenado por ter dispensado a licitação para contratar serviços públicos funerários.   A sentença atendeu ao pedido ajuizado pelo Ministério Público de Santa Catarina, que constatou que Salomão Mattos Sobrinho, enquanto ocupava o cargo de Secretário Executivo de Serviços Públicos de Florianópolis, concedeu permissão para que as funerárias que prestavam serviços ao município continuassem a atuar sem a necessidade de um novo processo licitatório. Além da ação penal, a 31ª Promotoria de Justiça também ajuizou uma ação por ato de improbidade administrativa, pelos mesmos fatos.
   A permissão foi assinada em 14 de maio de 2012 e tinha validade até a realização de uma nova licitação para as concessões. O documento também definia que até o novo processo os serviços funerários seriam realizados pelas empresas vencedoras da licitação em 2000.
   Na sentença, o Juiz de Direito Luis Francisco Delpizzo Miranda afirmou que "o praticado pelo réu foi suficiente para que as empresas privadas cuja concessão já havia expirado pudessem permanecer explorando o serviço público e auferindo lucro indevido, ao revés da lei e da Constituição, insista-se, até os dias de hoje".

O réu tem o direito de recorrer em liberdade e a sentença é passível de recurso.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Tio Bruda e o funeral no presídio de Lages!

- Alô, tio Canga!!!!!!

- Fala véio! Muito frio por aí pela serra?

- Mas credo! Esse frio tá de renguiá cusco e de graxaim errá a toca, tio Canga!

- Mas tio Bruda, que história é essa do velório de uma velhinha no presídio de Lages?

- Tio Canga, esse mundo tá virado numa coisa! Como é que pode levarem o caixão com a defunta prá dentro da "pensão do Nelson" (cadeia)????!!!!! Mas é uma baita falta de respeito com a dona Maria Corina!

- Mas erraram o caminho do cemitério, tio Buda?

- Erraram nada, tio Canga! Home do céu, essa senhora sofreu e passou vergonha até na despedida da vida! Imagina o que ela já vivia com desgosto de ver o filho enjaulado na cadeia por mal feito. Quando morre ainda tem que dar um volteio pelo presídio???!!!!. E olha que não era promessa, tio Canga!

- Mas foi o juiz que mandou, tio Bruda?

- Tio Canga, essa história tá dando mais volta que bolacha em boca de véia! Foi um tal de pega e larga, prende e solta e aquele caixão andando prá tudo que era lado que nem maleta de loco!


- Mas o que houve afinal, tio Bruda??!!

- Bom, prá encurtá o causo, tudo começou com a família pedindo pro juiz soltá o filho da falecida, prá mode dele ir no velório da mãe. O juiz, dentro dos conformes, atendeu o pedido. Mas aí tinha que aparecê a Dna. Ada De Luca!

- Mas tio Bruda, isso já é perseguição com a Dna. Ada. O que a secretária Ada tem a ver com isso???!!!!

- Tio Canga, contrariando a decisão do Dr. Juiz, a secretaria da Dona Ada (justiça e cidadania) disse que não tinha gente pra fazê a tal de escorta do preso. Daí inverteram as bolas. Em vez do preso ir no velório, o velório que foi até o preso. É o poste mijando no cachorro, tio Canga! 

- Mas que coisa triste, tio Bruda, acontecer um escândalo desses logo na terra do governador Raimundo!

- A coisa tá osca, tio Canga! E o velório foi ligerito como quem roba, só 5 minutos, foi só uma bombiadinha, foi bença e tchau! Só no te contá eu fico mais constrangido que padre em putero! Imagina o sofrimento da família? Esse velório foi mais sofrido que joelho de freira em semana santa! 

- Meu deus do céu, que coisa feia tio Bruda! 

- Feia pro nossa cidade, pro nosso estado. Mais feia que congestão torresmo!

- Tio Bruda, agora...tú...tú...tú...tú...tú
- Caiu a linha, essa TIM não tem jeito, derruba a linha toda hora!

São Joaquim a capital da neve

Foto de Dionata Costa/São Joaquim Online
   Não é a toa que São Joaquim possui o status de cidade da Neve. Pois o município registrou pela 7ª vez no interior e pela quarta na cidade o fenômeno da neve em menos de um ano. Logo após o meio dia desta última segunda-feira (26) os primeiros floquinhos de neve foram avistados na localidade de Cruzeiro, há cerca de 10 km do Centro de São Joaquim. Durante toda a tarde a taxa de umidade se manteve alta e o frio continuou a rasgar os céus. Tanto que por volta dás 21h30min flocos maiores foram avistados no Cruzeiro. E ás 23h foram avistados pequenos flocos misturados as gotas de chuvas no centro da cidade em uma temperatura bem próxima aos 0º.Por volta das 4h da manhã é que a a neve caiu com grande intensidade, principalmente na centro da cidade e mais ainda no Vale do Cruzeiro onde a neve acumulou vigorosamente.


Mais fotos e textos no São Joaquim Online

domingo, 25 de agosto de 2013

A conta secreta do propinoduto

Da Revista Isto É
Documentos vindos da Suíça revelam que conta conhecida como "Marília", aberta no Multi Commercial Bank, em Genebra, movimentou milhões para subornar homens públicos e conseguir vantagens para as empresas Siemens e Alstom nos governos do PSDB paulista
A CONTA DA PROPINA
Dinheiro para tucanos saiu da “conta Marília” no
Leumi Private Bank, em Genebra, na Suíça
   Por Claudio Dantas Sequeira e Pedro Marcondes de Moura
   Na edição da semana passada, ISTOÉ revelou quem eram as autoridades e os servidores públicos que participaram do esquema de cartel do Metrô em São Paulo, distribuíram a propina e desviaram recursos para campanhas tucanas, como operavam e quais eram suas relações com os políticos do PSDB paulista.
   Agora, com base numa pilha de documentos que o Ministério da Justiça recebeu das autoridades suíças com informações financeiras e quebras de sigilo bancário, já é possível saber detalhes do que os investigadores avaliam ser uma das principais contas usadas para abastecer o propinoduto tucano. De acordo com a documentação obtida com exclusividade por ISTOÉ, a até agora desconhecida “conta Marília”, aberta no Multi Commercial Bank, hoje Leumi Private Bank AG, sob o número 18.626, movimentou apenas entre 1998 e 2002 mais de 20 milhões de euros, o equivalente a R$ 64 milhões. O dinheiro é originário de um complexo circuito financeiro que envolve offshores, gestores de investimento e lobistas.
   Uma análise preliminar da movimentação da “conta Marília” indica que Alstom e Siemens partilharam do mesmo esquema de suborno para conseguir contratos bilionários com sucessivos governos tucanos em São Paulo. Segundo fontes do Ministério Público, entre os beneficiários do dinheiro da conta secreta está Robson Marinho, o conselheiro do Tribunal de Contas que foi homem da estrita confiança e coordenador de campanha do ex-governador tucano Mário Covas. Da “Marília” também saíram recursos para contas das empresas de Arthur Teixeira e José Geraldo Villas Boas, lobistas que serviam de intermediários para a propina paga aos tucanos pelas multinacionais francesa e alemã. 
    Leia reportagem completa. Beba na fonte.


sábado, 24 de agosto de 2013

Corrupção no metrô do PSDB paulista

O repórter que descobriu o whistleblower da Siemens
Há três anos, o jornalista Bryan Gibel veio de Berkeley para investigar a corrupção no metrô de São Paulo; foi ele quem publicou pela primeira vez a carta, que apareceu agora na imprensa brasileira, e entrevistou o ex-executivo que revelou o escândalo. 

   Por Bryan Gibel  (da Pública)

   Em um dia frio e nublado em São Paulo, entrei em um escritório bagunçado, escondido nos meandros da Assembléia Legislativa, e me vi diante do ex-executivo da Siemens que há mais de um mês eu tentava localizar. Dois anos antes, esse homem de identidade sigilosa havia entregue a deputados do PT documentos que descreviam minuciosamente como dois dos maiores conglomerados europeus – a francesa Alstom e a alemã Siemens – tinham distribuído propinas por mais de uma década para conseguir contratos de construção e operação das linhas de metrô e do sistema de trens da região metropolitana de São Paulo. Os documentos tinham sido enviados pelo PT, em agosto de 2008, ao Ministério Público de São Paulo, que já participava de uma investigação sobre a Alstom a convite de autoridades suíças.
   Depois que me apresentei, ele disse que eu era o primeiro repórter com quem falava sobre Alstom e Siemens, e que me daria a entrevista com a condição de manter o anonimato, porque temia por sua segurança. Também me entregou cópias de duas cartas escritas por ele, relatando, em detalhes, como Siemens, Alstom e outras companhias multinacionais no Brasil haviam pago propinas e formado cartéis ilegais para ganhar contratos públicos de milhões de dólares em São Paulo e Brasília. Contratos e documentos sustentavam a denúncia, e nomeavam os políticos e funcionários públicos que, segundo ele, tinham recebido dinheiro – havia até informações bancárias sobre os pagamentos ilícitos.
   Hoje, passados mais de 3 anos, aquele encontro ganhou um novo significado. Em maio deste ano, as investigações sobre corrupção que até então envolviam a Alstom culminaram em um grande escândalo no Brasil depois que, em troca de imunidade, a Siemens e seus executivos passaram a colaborar com o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, dando depoimentos e entregando documentos que indicam que a Siemens e mais de 20 pessoas pagaram propinas e formaram cartéis ilegais para ganhar contratos do governos do Estado de São Paulo e do Distrito Federal de quase R$ 2 bilhões.
   As cartas e documentos que o ex-executivo da Siemens me entregou em São Paulo retratavam esse quadro de distribuição de propinas e corrupção em larga escala no setor metroferroviário brasileiro. Muito do que está sendo dito no CADE já havia sido relatado por aquele ex-executivo à direção da Siemens, assim como a conexão com o escândalo da Alstom, investigado desde 2008, e que no mesmo agosto deste ano, resultou no indiciamento de dez pessoas, entre elas dois ex-secretários de Estado do PSDB de São Paulo.

   Leia reportagem completa. Beba na fonte.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

TERCEIRIZAÇÃO DA ÉTICA

Por Jaison Barreto
370 anos antes de Cristo (a.C), Hipócrates deixou como herança um juramento que serve de modelo até hoje, pra todo profissional da medicina, quando da diplomação.

   Juramento de Hipócrates:
   “Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higeia e Panaceia, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.
   Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva.
   Conservarei imaculada minha vida e minha arte.
   Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam.
   Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados.
   Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto.
   Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça.

   Em 1957, orador da turma, foi em cima desse ensinamento que ousei falar, ousei pregar, sob o título “A Função Social do Médico e os Imperativos da Hora Presente”.
   Os anos passam, mas as verdades permanecem.
   Pouco importa os desvios e os descaminhos dos que não honraram seu juramento, muitos, mais vítimas do que réus do sistema.
   Todos nós sabemos que a Economia e a Ética nem sempre andam juntas.
   Daí compreender que o economista Ministro da Educação, de maneira autoritária, não ouça os que praticam e ensinam a medicina no Brasil e ouse mudar currículos, determinar regras, estabelecer critérios, de maneira autoritária e interesseira, própria dos politiqueiros tradicionais desse país.
   Data vênia, não é natural que o Ministro da Educação Mercadante, mercadeje com a dignidade da medicina brasileira.
   Cousa pior faz o médico Padilha, juramentado com Hipócrates, terceirizando a mão-de-obra médica sob a alegação, sempre esperta e malandra de atender o interesse público.
   Parabéns ao Ministério Público do Trabalho que atento, percebeu as contradições de um Governo que perdeu o respeito pela sua própria história.
   Pouco importa que a mercantilização na medicina tenha acontecido, que a indústria farmacêutica tenha corrompido profissionais, fazendo da saúde um negócio.
   Pouco importa que os erros médicos nesse país não sejam punidos como deveriam.
   Pouco importa que não tenham planejado como Governo, a falta de profissionais médicos e paramédicos.
   Pouco importa que tenham preferido estádios à hospitais.
   Marx, Hegel, Bobbio, Adam Smith, Gramsci, pensaram muito sobre o problema da “mais valia”, tema atual até hoje.
   Comprar mão-de-obra barata de maneira oficial entre governos, que serão remuneradas à critério dos patrões, é inacreditável.
   O Brasil já vive a vergonha do aluguel do seu esporte preferido aos quadrilheiros da FIFA que além de suspenderem temporariamente a legislação brasileira, determinam regras até mesmo para os catadores de lixo e baianas vendedoras de acarajé,com a complacência inaceitável, dos que se dizem socialistas.
   É a Economia sem Ética da “mais valia”, praticada pelos que tinham que ter mais consciência.
   Em tempo, recebamos nossos médicos cubanos com solidariedade.
   Que a saga trágica do povo cubano, que nós reverenciamos na juventude, na figura libertária de Che Guevara, seja respeitada.
   Que os “médicos da família” que para aqui vêm, impedidos de trazer as suas próprias, protegidas como reféns, mereçam nossa acolhida e conforto.
   Manipular necessidades sociais com uma visão oportunista e sacana, com medidas improvisadas, desagregando categorias profissionais, dividindo a sociedade, próprio de bandoleiros, exige coragem para serem denunciadas.

Escusas,
Saudações Democráticas.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Servidores fantasmas deverão ressarcir Estado


   Em Araranguá...aqui na Alesc, por enquanto, nada acontece!

   O Juízo da Comarca de Araranguá condenou quatro pessoas por prática de improbidade administrativa em ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). A ação relata que, em 2005, a então Supervisora de Desenvolvimento Humano da Gerência Regional de Educação de Araranguá contratou, sem processo seletivo, sua mãe e seu irmão como professores em caráter temporário. Segundo a 2ª Promotoria de Araranguá, eles nunca ministraram uma única aula. De 01/06/2005 a 30/12/2005, a mãe recebeu R$ 6.330,29 e o irmão, R$ 3.202,58. Da quantia que o irmão recebia, parte era repassada a uma terceira pessoa, que por algumas horas tomava conta da Biblioteca da Escola Estadual de Araranguá, sem sequer ter contrato com o Estado.
   A sentença condena os quatroà suspensão dos direitos políticos por cinco anos e ao ressarcimento, de forma solidária, dos valores recebidos, além de multa no valor de duas vezes o dano. A Supervisora também foi condenada à perda da função pública e à proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
   Na sentença, o Juiz de Direito Gustavo Santos Mottola declarou que inexiste dúvida em relação à existência dos fatos, apesar de os réus terem declarado que agiram com o objetivo de "ajudar" terceiros. A sentença é passível de recurso (Autos n.004.09.006837-1).

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

‘Com um braço só’


   Por J. R. GUZZO

   Um dos aspectos menos atraentes da personalidade humana é a tendência de muitas pessoas de só condenar os vícios que não praticam, ou pelos quais não se sentem atraídas. Um caloteiro que não fuma, não bebe e não joga, por exemplo, é frequentemente a voz que mais grita contra o cigarro, a bebida e os cassinos. Mas fecha a boca, os ouvidos e os olhos, como os três prudentes macaquinhos orientais, quando o assunto é honestidade no pagamento de dívidas pessoais. É a velha história: o mal está sempre na alma dos outros. Pode até ser verdade, infelizmente, quando se trata de política brasileira, em que continua valendo, mais do que nunca, a máxima popular do “pega um, pega geral”.

   Mas a última flor nascida no orquidário nacional de escândalos, e que já recebeu o nome genérico de cartel Siemens ─ uma maciça conspiração para fraudar licitações públicas, sobretudo em São Paulo e na área ferroviária ─, passou de muito a mera prática da hipocrisia. No caso, quem está na gerência do orquidário é o PSDB, o único grupo político brasileiro ao qual se pode chamar de partido da oposição, e que há anos critica a corrupção frenética praticada nos governos do PT. Só que, em vez de ficar acusando o adversário por delinquências que parecem não tentá-lo, o PSDB foi pego numa demonstração de que pode ser atraído, e muito, por elas ─ ou seja, ficou dando ao Brasil lições de moral sobre os vícios do PT, em público, e praticando precisamente esses mesmos vícios, em particular.

   Os delitos, que começaram a acontecer há pelo menos quinze anos, em 1998, encontram-se de repente na conhecidíssima categoria dos fatos que serão “rigorosamente apurados” (no Brasil, como se sabe, há dois tipos de apuração oficial, as “rigorosas” e as outras, que ninguém consegue explicar direito o que são: têm em comum, entre si, o fato de sempre darem mais ou menos na mesma). O que há de certo é que durante dez anos seguidos, entre 1998 e 2008, pelo menos quinze empresas se juntaram, a portas fechadas, para combinar previamente o resultado de licitações no valor de 1,2 bilhão de reais para a venda de trens, metrôs e equipamento ferroviário ao governo. É indiscutível, também, que entre os anos de 2000 e 2007 duas linhas do metrô de São Paulo, outras duas de trens metropolitanos, também em São Paulo, e o metrô de Brasília foram contaminados por ladroagem grosseira ─ só aí, calcula-se, o prejuízo para o contribuinte pode ter ficado na casa dos 450 milhões de reais.

   Quem veio com as denúncias não foi o PT; foi uma das próprias cabeças desse bicho que se nutre de concorrências fraudadas, a Siemens, que houve por bem denunciar-se a si mesma para obter penas menores num eventual processo, que até hoje não veio. Não há nenhuma dúvida, enfim, de que durante esse período todo quem esteve com a chave do cofre pagador foi o PSDB de São Paulo. O que se tem, ao fim e ao cabo, é mais ou menos o seguinte: uma roubalheira iniciada há quinze anos, e denunciada por um dos próprios participantes, não havia merecido até agora, quando o caso enfim explodiu em público, o menor esforço de investigação séria por parte das autoridades paulistas. Se o governador Geraldo Alckmin e o ex-governador José Serra, para ficar nos nomes mais eminentes dessa história, acham mesmo que São Paulo foi apenas uma vítima, e que nenhuma autoridade estadual tem coisa alguma a ver com isso tudo, por que os fatos nunca foram expostos em plena luz do sol, entre 1998 e hoje?

   O PSDB deu uma resposta da pior qualidade às acusações — o mesmo tipo de resposta viciada que acusa o PT de dar a cada denúncia de corrupção que recebe. Acusou os acusadores; fez as cansadíssimas perguntas a respeito de “quem estaria por trás”, ou “quem se beneficia” disso tudo. Estão por trás e se beneficiaram, é óbvio, os que ganharam com os delitos praticados — e é positivamente certo que, desta vez, o PT não teve nada a ver com a história. As reações de Brasília não foram melhores. Estaríamos, na política brasileira de hoje. reduzidos a um concurso de auditório do tipo “Quem quer roubar?”. Um diz: “Eu roubo, mas você também”. O outro responde: “Eu roubo, mas você rouba mais”.

   Nesse caso, é melhor chamar como árbitro o general Álvaro Obregón, chefe militar e político no México dos anos 10 e 20 do século passado. Obregón, entre outras proezas, perdeu o braço direito numa batalha contra Pancho Villae, segundo o anedotário mexicano, candidatou-se depois à Presidência da República com o seguinte lema: “Votem em mim, que tenho um braço só. Vou roubar a metade do que os outros”.

(Publicado na edição impressa de VEJA)

ADEUS, GRÉCIA

   Por Emanuel Medeiros Vieira            
     
Não bastaram fibra e amor,
cai, Grécia,
universo solar
adequação entre ser e destino,
envelhecemos
– morte na soleira da porta,
fragmentos de sonhos
– só fragmentos –
não a totalidade,
adeus, Grécia,
adeus,
despedidas
– só despedidas.

Ulisses: somos apenas seres virtuais,
Homero envolto em brumas,
homens sem fibra carregando engenhocas eletrônicas,
caindo como folhas ao vento
(prenhes de cobiça – soberbos -, e miseravelmente rotos),
Não, não eram eternos,
onipotência só de papel,
deuses de barro,
TV.

O Espírito sopra onde quer?
Adeus, Grécia,
adeus, pátria dos homens,
adeus, pássaro da juventude,
inunda-nos o lamento de homens afundados –
uma doída lembrança.

De que barro somos feitos?
Não, não só de vileza,
também busca,
mesmo acampados em sucursais do inferno,
caminhando em sombras:
sonho da eternidade pela arte.

Para todos – fúteis, deslumbrados, sábios –
haverá sim  – como haverá!,
o momento da Revelação –
e será tarde,
muito tarde.

Adeus, Grécia,
adeus,
desfeitos, como pó, varridas cinzas,
irrelevantes ou  – para alguns –
nobres nessa finitude.

Sonâmbulos, clones dos nossos sonhos,
escritores de narrativas epigonais.

Não naveguei nos melhores mares:
preciso navegar – sempre –
infinitamente humano.

Tio Bruda e a escolinha da Ada De Luca

- Alô, tio Canga!

- Oi, tio Bruda, tudo bem aí pela serra?

- Eu tava ansioso pra trocar uns dedo de prosa e contar as novidades que não são poucas, tio Canga.

- Mas então me conte tudo, tio Bruda!

- Tio Canga de Deus! Andei vendo uns reclames do governo na televisão e escutei no rádio também sobre um programa de educar os presos de Santa Catarina. Coisa muito fina que a Dna. Ada De Luca inventou na sua secretaria. Parece que somos exemplo no Brasil inteiro.

- Ah! Essa propagando do governo do estado sobre o "alto índice de ressocialização de presidiários", tio Bruda?

- Isso mesmo tio Canga, quando vi aquele sucesso pensei comigo: "tamo dando de relho no resto do país"! Fiquei mais alegre que paisano a meia guampa! Orgulhoso, tamo salvando os nosso presos!

- O senhor não tem jeito mesmo, tio Bruda, acredita até em Papai Noel!

- Mas purquiéra, home do céu?

- Tio Bruda, o senhor não viu que era propaganda enganosa? Tudo mentira da Dna. Ada?

- Não venha me atochá essa, tio Canga! Eu vi os filminhos tudo na televisão, mais enfeitado que carroça de cigano. O nosso estado é o que mais educa marginal no país!

- Tio Bruda, não sou eu que estou falando isso, quem questionou a veracidade da propaganda foi o juiz João Marcos Buch, corregedor do Sistema Prisional em Joinville. Fez até uma representação no Ministério Público contesta a indicação de que Santa Catarina lidera no Brasil o número de detentos “ressocializados”. 

- Mas não acredito numa coisa dessas, tio Canga! Como é que o governo fica ingrupindo isso no povo??!! Essa mentira está saindo em tudo que é rádio, jornal e televisão! É um churriu de propaganda! Aqui em Lages já vi gente falando em mandar os filhos pra cadeia só pra sair letrado de lá! Era muita esmola pra pouco santo, tio Canga!

- Mas é assim mesmo, tio Bruda, parece que esse governo é pura propaganda. E ompior é que parece que eles estão acreditando nas mentiras!

- Mas, tio Canga, é muito dinheiro que eles tão gastando pra contá mentira pra gente, né?

- Olha, tio Bruda, 30 segundos em horário nobre de tv globo chegam a custar mais de R$ 500 mil, imagina o rombo!

- Eu já assuntei tudo, esse governo é tão sincero com o povo que nem a vaca com o touro, tio Canga! É só trairage!

domingo, 18 de agosto de 2013

O dia que morri !


    Já era o segundo dia do apagão em Florianópolis (2003). Mesmo à luz de velas, a noite tinha sido “comprida”. Fiquei até tarde em um bar na Lagoa. Com o apagão, Floripa parecia o fim do mundo e aí resolvemos beber até...o fim.   Cheguei em casa com uma dor forte no lado direito da barriga. Tentei dormir e não consegui. O dia clareou e a luz não vinha. Começamos a acompanhar o caos da cidade pelo radinho. Era carro boiando nas garagens da beira mar. Sem sinaleiras o trânsito ficou insuportável. Polícia? Como chamar, nada funcionava. A dor aumentava. Buscopan já não fazia efeito.Lá pelas 4 da tarde resolvi:

- Vou para o hospital!
   Mas que hospital? Só no Estreito onde ainda tinha eletricidade e assim mesmo entupidos de gente. O Hospital Universitário era uma alternativa. Devia ter um plantão de emergência, pensei. Mesmo não acreditando muito me dirigi ao HU. Chegando lá estava tudo vazio. A “clientela” se mandou tudo pros hospitais do Estreito. Me dei bem!
   Fui atendido imediatamente. Um sextanista me examinou e logo chamou o médico de plantão. Mais um exame rápido e ele mandou prepara a sala de cirurgia.

- Apendicite aguda!

   No quarto andar tinha um gerador de eletricidade cedido ao HU pela RBS. Me deram um avental, aqueles de bunda de fora, umas pantufas e uma touca branca pra cabeça. Quando saio da sala, todo fantasiado, já me esperavam um médico e três enfermeiros. Todos de branco e com máscaras. Imediatamente me colocaram um soro no braço e apontaram para um corredor escuro, é claro, e disseram vamos!

- Como assim? Pra onde? Tá tudo escuro!

   Uma enfermeira rapidamente me alcançou um vela acesa que transportei na frente daquele séquito pra lá de estranho. Eu não sabia, mas no soro já tinha uma droguinha prá amaciar a carne e a cabeça.
   
   Dias antes do acontecido, havia visto uma entrevista na Ana Maria Braga com um senhor espírita Cardecista que seria o substituto do Chico Xavier. Não sou dado às crenças mas ouço espíritas (não vejo mostos). Lá no meio da entrevista o amigo falou que "espíritos de pouca luz", atrasados, demoram muito a desencarnar. Ou seja, morrem e não percebem. Ficam sofrendo por aqui. Os espíritos "iluminados", esses sim, sobem rapidamente. Encontram os enfermeiros do universo, todos de branco, que encaminham eles para os “canais competentes” nos hospitais espaciais. 
   Achei interessante a estória. Gostei, fiquei até impressionado com o lance.

   Quando começamos a subir as escadas do HU em direção ao quarto andar, lá pelo segundo eu olhei ao redor, revi a cena, todos de branco e eu com uma vela na mão, saquei na hora:

- Eu morri!!!! Gritei. 
(sou rápido para perceber as coisas)

Todos riram e eu rapidamente me recompus e, com uma ponta de alegria, lasquei:

- Morri mas sou um espírito de luz. Já me dei conta!

   Fui perceber que estava vivo lá pelas nove da noite quando abri os olhos e meus filhos e minha mulher estavam na minha volta, já no quarto do hospital. 
   Que apagão!!!!
                                                     Publicado originalmente no cangablog em   29 de outubro de 2003. 


A grande vingança!

CQC - Olho por Olho: Telemarketing

JAISON BARRETO


   Por Olsen Jr.
   Fui surpreendido recentemente por um convite inusitado. Perguntaram-me se poderia dar um depoimento para um futuro Documentário sobre o ex-senador Jaison Tupy Barreto. Fiquei surpreso pelo fato de que, embora tenha iniciado a militância político-partidária em 1973 no extinto MDB, em Blumenau (onde eu o conheci) nunca me convidaram para nada no partido. Uma vez, por indicação do jornalista Arthur Monteiro, me incluíram numa lista para ser suplente no Diretório Regional de Blumenau, mas sempre recebia com atraso os convites para as reuniões, em outras palavras, era para não aparecer mesmo.    Os medíocres têm verdadeiro pavor de gente que pensa por perto, porque, parodiando o velho Descartes, “penso, logo tenho ideias próprias, logo não sirvo”, é isso.
   Disse que aceitava se pudesse contribuir com alguma coisa, afinal, qualquer referência ao Sr. Jaison Barreto, constituiria uma alusão a alguém que durante um lapso temporário, num tempo especialmente difícil da vida brasileira, se constituiu em um paladino na busca de justiça social, na luta intransigente pela liberdade, seja de expressão, social ou política e, sobretudo, de uma dignidade e uma ética capaz de restaurar o respeito do homem pelo homem. 
   Desde a quartelada que impôs um regime de exceção no País e que durou 21 anos, tivemos muitas ilusões.
   Na década de 1960 ainda, foi o fuzilamento do médico argentino Ernesto Guevara na selva boliviana, em 1967 e retratada no livro proibido “Meu Amigo Che”, de Ricardo Rojo; foi o assassinato do estudante Edson Luis, no restaurante Calabouço no Rio de Janeiro em 1968 resultando na Passeata dos 100 mil bem documentados na obra proibida “O Poder Jovem”, de Arthur José Poerner; foi o Ato Institucional nº5, dezembro de 1968, baixado depois de um discurso do deputado Márcio Moreira Alves que conclamava a população para boicotar o desfile de 07 de Setembro e que culminou com o fechamento do Congresso Nacional; foi a cooptação dos padres beneditinos, as torturas subseqüentes e a emboscada que matou o ex-deputado Carlos Marighella, em 1969, história narrada no livro proibido “Batismo de Sangue”, do Frei Beto; o Decreto-Lei nº 477 que inibia toda a participação universitária (professores e alunos e funcionários) na política ou em movimentos reivindicatórios...
   Na década de 1970, começou com a morte do ex-capitão do exército Carlos Lamarca que tinha ousado combater o regime através da luta armada em 1971; depois a morte do jornalista Vladimir Herzog, sob tortura e dissimulada num “suicídio”, no interior do DOI-CODI paulista em 1975; a Operação Barriga-Verde desencadeada em 1975 que cassou, torturou e sumiu com membros do Partido Comunista Brasileiro em Santa Catarina; outra morte sob tortura do operário Manoel Fiel Filho também nas dependências do DOI-CODI em 1976; a Novembrada em 1979, movimento de protesto que começou com o impedimento da instalação de uma placa em homenagem ao Marechal Floriano Peixoto e que pôs o regime militar em cheque...
   Na década de 1980, nossas ilusões ganharam outros desdobramentos. Junto com a inauguração da Usina Hidroelétrica de Itaipu, em 1982 nos acenaram com eleições diretas em todos os níveis, exceto para a presidência da República. 
   Nesse meio tempo, de 1964 a 1982 tivemos de conviver com a censura prévia nos jornais, quando o Estado de São Paulo começou a publicar trechos do poema “Os Lusíadas”, de Camões nos espaços deixados por textos censurados e também receitas culinárias; Chico Buarque era boicotado sistematicamente pelos censores e passou a assinar como Julinho da Adelaide. Mas era as peças do Plínio Marcos, O Pasquim, até a Adelaide Carraro por motivos de um falso moralismo e que culminava premiando livros ruins, mas é outra história. 
   As eleições de 1982 foram de cartas marcadas. A oposição deveria perder em todos os Estados. Aconteceu com o Pedro Simon (RS), Jaison Barreto (SC)... E só o Brizola triunfou no Rio de Janeiro porque denunciou a Proconsult que administrava o pleito na rede Globo ao vivo.
   No livro “Violência e Golpe Eleitoral: Jaison e Amin na disputa pelo governo catarinense”, de Itamar Aguiar, publicada pela Editora da FURB, tudo está dito.
   Foi em 1985 que, ante a iminência de se fazer a última reunião do Colégio Eleitoral, (aquela farsa montada para se indicar o presidente da República) e sob a promessa de um alto jeton para os deputados e senadores participarem, foi que a equipe de Jaison Barreto sugeriu que se fizesse um Concurso Literário com o tal cachê. Promovido pelo jornal “Lutas da Maioria” que divulgava as ações do senador e coordenado pelo sociólogo Remy Fontana assim foi feito. O Concurso que atribuiu Cr$ 3 milhões em prêmios e foi um grande happening cultural na cidade com direito a matéria de página inteira no jornal “O Estado”, assinada pelo jornalista Paulo Clóvis Schmitz.
   O primeiro lugar ficou com Olsen Jr. , o segundo com Ivan Giacomelli e o terceiro com Meiri Coletti. A Comissão Julgadora foi composta por Raul Antelo, Walter Costa e Cleber Teixeira.
   Acontece que o tal jeton, por pressões populares, acabou não saindo, daí resultou que o senador Jaison Barreto teve de pagar do próprio bolso e o evento ficou mais valorizado ainda por esse desfecho.
   Jaison sempre teve a imagem do Dom Quixote e a do Dom Juan associadas sob sua égide... Prefiro a primeira, do idealista, “erguendo os gládios e brandindo as hastas, no desespero dos iconoclastas, quebrei a imagem dos meus próprios sonhos”, como diria Augusto dos Anjos, e vergastando os vendilhões do templo semelhante a um Jesus Cristo moderno, diante da incredulidade de quem o estivesse assistindo, porque somente um desvairado pode resistir ao apelo de tantas facilidades estando no poder.
   Assim, hoje, em que a velha sigla de guerra que ajudamos a construir e onde nos abrigamos para combater o bom combate diante de grandes causas comuns (agora nem tão grandes e nem comuns) já se transformou –sinal dos tempos- num mero balcão de negócios, aonde indivíduos sem qualquer compromisso com a história vêm tratar de seus próprios interesses, posso afirmar, que conheci um homem que preferiu a solidão dos que não compactuam com a farsa a permanecer do lado de dentro do mesmo balcão como outro vendedor qualquer, de novas e permanentes mentiras.