terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Da Corte Constitucional

por Marcos Bayer

   As prisões de Sérgio Cabral, sua esposa, a ex-esposa, assessores, operadores, Eike Batista, a homologação das delações premiadas pela presidente do Supremo Tribunal Federal, o novo ministro relator substituto de Teori Zavascki, os nossos presídios superlotados, juízes, promotores, delegados e políticos com foro privilegiado, tudo isto e muito mais, nos obriga a algumas reflexões.

   Soubemos pelo noticiário nacional que a Suprema Corte dos Estados Unidos da América julga em média 200 processos por ano, todos eles escolhidos por seu colegiado.

   No Brasil, só no gabinete do falecido ministro Teori existem mais de sete mil processos. Multipliquem por onze membros e teremos 77 mil processos no STF.

   A nossa Suprema Corte, copiada do modelo americano, sofreu pequena modificação, porque lá era, à época, uma República, aqui um Império. Logo, tínhamos que criar um foro privilegiado para os amigos do Imperador.

   Mas, afora isto, no Brasil o tripé da Justiça: advogado – juiz – promotor, não é equilibrado. Os advogados correm atrás dos prazos fatais, os promotores são balizados por alguns prazos e os juízes por prazo nenhum.

   O momento político, efusivo e efervescente, requer pelo menos um parlamentar corajoso e capaz para propor no Congresso Nacional as modificações no sistema judicial.

   Foro privilegiado, prazos para julgar, redefinição das atribuições do STF, critérios de escolha para seus ministros e mandatos definidos a fim de evitar duas décadas de julgamentos para alguns, provocando a senilidade da Corte Suprema, são alguns tópicos para a discussão.

   Ou então ficamos como naquela piada enviada por um perspicaz amigo meu:

O enfermeiro passava no corredor do hospício e viu o paciente brincando com um barbante puxando uma escova de dente, quando resolveu sacanear: 

- Fulano, tá puxando o cachorrinho? Ao que ouviu como resposta: Que cachorrinho? Tu não vê que é uma escova de dente?  
O enfermeiro então exclamou: 
- Tu não tá tão doido assim, vou falar com o Diretor e seguiu pelo corredor.

O doido do paciente então disse: 

- Viu Totó, conseguimos enganar o enfermeiro bem direitinho.

sábado, 28 de janeiro de 2017

O Trump Mané e o relógio de São Pedro

   A piada está bombando nas redes sociais. Mas a forma violenta e atabalhoada que Gean Loureiro chegou na prefeitura de Florianópolis e, pelos inusitados projetos empurrados goela a baixo nos vereadores, o novo prefeito já está carimbado com o apelido de Trump Mané!

Um cidadão morreu e foi para o céu ..
Enquanto estava em frente a São Pedro nos Portões Celestiais , viu uma enorme parede com relógios atrás dele.
Ele perguntou:
- O que são todos aqueles relógios ?
São Pedro respondeu:
- São Relógios da Mentira. Todo mundo na Terra tem um Relógio da Mentira.
Cada vez que você mente os ponteiros se movem mais rápido .
- Oh!! - exclamou o cidadão
- De quem é aquele relógio ali?
- É o de Madre Teresa. Os ponteiros nunca se moveram, indicando que ela nunca mentiu.
- E aquele, é de quem?
- É o de Abraham Lincoln. Os ponteiros só se moveram duas vezes, indicando que ele só mentiu duas vezes em toda a sua vida.
- E o Relógio do GEAN LOUREIRO, também está aqui ?
- Ah! O do GEAN LOUREIRO (PREFEITO DE FLORIANÓPOLIS SC) está na minha sala.
- Ué - espantou-se o cidadão . Por quê ?
E São Pedro, rindo, respondeu:
- ESTOU USANDO COMO VENTILADOR DE TETO.

The Miami - Leiges* Connection

Matéria publicada em janeiro de 2012, onde o cangablog já previa "a grande capacidade empresarial" do - hoje foragido - Eike Batista (aqui como Vick Latista). A famosa "lábia" de vendedor criminoso era encampada pelo governo petista, pela esquerda e direita. No caso, aqui, fazemos um paralelo com a capacidade empresarial do nosso governador. São os famosos Cheque-Esperança!

Tampa/Urgente
Arlindo Vermes(vermes@vermes.com)
Correspondente Internacional Terceirizado

    Nesta belíssima sexta-feira ensolarada, Colombo demonstra sua incrível percepção tecnológica e revela a missão secreta na cidade de Tampa, aqui na Flórida.
    Durante uma reunião de mais de quatro horas, ele recebeu do Prof. Dr. Milk White, o maior cientista em genética bovina da atualidade, os códigos e os chips de uma revolução nos campos de Lages. Dr. Milk, como gosta de ser chamado, foi o inventor da vaca preta na década de cinquenta. Aquela famosa bebida batida no liquidificador com uma bola de sorvete de creme e uma Coca-Cola.
    Ele disse textualmente: Aftosa fever is very dangerous. O assessor explicou ao governador que a febre aftosa é muito perigosa. 
   Então, como Santa Catarina tem barreiras sanitárias muito eficientes, não se pode relaxar e permitir descuidos. Colombo pediu sugestões imediatas. Aí, mais uma vez, numa genialidade ímpar, Dr. Milk - velho amigo do Bira - disse que aquelas vacas coloridas que já estão espalhadas nas calçadas de Florianópolis, são as vacas do futuro. Algumas leiteiras, como aquela em frente ao Hotel Majestic na Beira Mar ou as vacas de corte. Explicou que basta introduzir o chip cow parade e elas darão 75 mil litros de leite/dia/per/teta. Com uma vantagem: Se usarem o chip XCV67, é possível ordenhar Toddy, Nescau ou vitamina de frutas variadas prontas para o consumo.
    Seria uma solução para a pecuária brasileira.
    Foi aí que o assessor, com sua limitada capacidade e no desejo de agradar ao governador, disse: Mas nós já temos a vaca malhada e o boi de mamão no litoral.
    Aí, o Bira tentou amenizar o clima e disse:
    -Dr. Milk don't worry. There as three types of cows: cow, cow and cow.
    - And the black cow, arrematou Dr. Milk White.
    No retorno para Miami, no carro, surgiu uma outra ideia, ainda em estudos: Encomendar novos chips e transformar aquelas vacas coloridas em vacas submarinas.
    Elas viveriam no fundo do mar pastando algas marinhas, largando seus dejetos nas profundezas e e alimentado as cocorocas. 
    As cocorocas, primas das salemas, são grande apreciadoras de capim mastigado. Ou seja, o ciclo básico da sustentabilidade orgânica estaria resolvido, em parte.
    
O governo fará um contato com o Vick Latista, aquele milionário que iria construir um estaleiro em Biguaçú, para saber se ele tem interesse no projeto mais arrojado deste governo:
COWCOROCA RECYCLE.
 
* Leiges é a pronúncia inglesa para Lages, na visão da assessoria governamental.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Colombo edita decreto para burlar lei federal

 "Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude".

   Nunca a frase de Tancredi, o arruinado príncipe de Falconieri, no clássico livro Il Gattopardo, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, foi tão atual como agora em Santa Catarina.
    Na ânsia de manter seus apaniguados políticos com cargos no governo e, ao mesmo tempo, nos conselhos de administração das estatais catarinenses, o governador Raimundo Colombo atropela a lei federal com um decreto estadual.

   A lei federal 13.303 de 30 de junho de 2016, que, entre outros assuntos, regulamenta a nomeação para dirigentes de estatais, aí incluídos os preciosos cargos de Conselheiros, proíbe a indicação de pessoas ligadas aos partidos políticos e também com cargos no governo.  
   
   Em Santa Catarina, a restrição só vale para os novos indicados, já que decreto Estadual editado recentemente. isenta os atuais ocupantes dessas preocupações quando das renovações dos mandatos. 

   Chama a atenção na trama toda, o nome do consultor técnico da Fazenda responsável pela elaboração do programa de trabalho que "adaptou" as normas do estado à lei federal, Ricardo Moritz.

   Moritz foi preso pela Polícia Federal na Operação Águas Profundas, suspeito de envolvimento em um suposto esquema de fraudes em licitações da Petrobras, em um esquema que teria desviado pelo menos R$ 150 milhões.
 Na época, Moritz exercia o cargo de presidente-executivo da Celos, fundo de pensão dos funcionários da Celesc, desde 2003.


ATENÇÃO Ministério Público e Comissão de Valores Mobiliários (Bolsa de Valores)

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Elas...as imperdíveis!


   Carol Voigt, Dandara Manoela, Iara Germer, Jana Gularte e Tatiana Cobbett unem-se pela força do potencial coletivo das mulheres no espetáculo Elas por Elas, integrado ao Verão Cultural CIC'17, que acontece em 27 de janeiro, sexta-feira, às 21h no CIC. Elas que mostraram suas composições e interpretações no Sonora Ciclo Internacional de Compositoras, realizado no fim do ano passado, encontram-se neste show que tem como inspiração a união das vozes em formato de cânticos populares, a exemplo das lavadeiras e tantos outros representativos de várias regiões do Brasil, inclusive de Santa Catarina, como o Terno de Reis.

    As cinco artistas vão cantar músicas próprias, acompanhadas dos parceiros e compositores Larissa Galvão na flauta transversa, Rafael Calegari no contrabaixo, Luis Gama na percussão, Pedro Loch no violão e Fábio Melo na flauta e saxofone

    Não só o formato de canto é coletivo, como também todo o processo de construção do espetáculo, como a escolha das músicas e criação dos arranjos. Algumas dessas cantoras que sobem ao palco já se conheciam, mas foi a partir do movimento gerado pelo Sonora - mostra por visibilidade das compositoras - que as afinidades afloraram para essa troca conjunta.

    Elas por Elas reforça as qualidades desse movimento que se constituiu pela pluralidade, inclusão, representatividade e valorização dos saberes, práticas e formas de criar.

Serviço:
O que: Espetáculo Elas por Elas
Quando: 27 de janeiro, sexta-feira, às 21h
Onde: Teatro Ademir Rosa, CIC
Quanto: R$ 30 inteira, R$ 15 meia

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

BORGES.

por Emanuel Medeiros Viera

É vasta a nossa população de mortos.
O mundo, Borges,
infinita biblioteca, além – é claro – de tigres,
espelhos, labirintos, punhais, livros, proféticos
sonhos, Homero, Camões, outros cegos – você,
a sombra enaltecida não é sombra,
claridade de alguns labirintos,
portas, enigmas decifrados,
alta capacidade mnemônica.

Somos poucos, somos tão poucos,
e parecemos muitos.
“Alguém constrói Deus na penumbra”, escreves sobre Spinoza.
Amor?
É o Espírito Santo que nos escreve?
A literatura como sedução/invenção: a vida só não basta.
Irmão: fazedor de enigmas,
                            decifrador de espelhos,
                            contemplador de tigres,
este punhal que manejo agora: a construção do poema.
Nada podemos contra a solidão?
Shakespeare, Cervantes, Stevenson, “As Mil e Uma
Noites”, a Bíblia, e toda as obras desta estirpe de
mortos, mas que não inventam o silêncio: estão aqui nos livros lemos.

Somos poucos, mestre, somos tão poucos, mas não sozinhos,
parecemos muitos.
Estás junto aqui, agora, comigo,
neste maio,
luminosa manhã planaltina
(poderia ser uma rua perdida de Buenos Aires, ou da
Bahia, onde começamos).

Sim, é vasta a nossa população de mortos,
Só queria pressentir tua alma,
descobrir meus inquietos córregos, pântanos.

Iluminas o breu, mágico cego,
singrando por outros mares,
sem portulanos, astrolábios,
também breve a vida,
vejo intrusos, lugares remotos, mapas de
fronteira, duelos, a morte na poeira,
ruínas e renascimento, sombras dentro de sombras: este sol interior.

O mais pródigo amor te foi outorgado
(como te referiste a Baruch Spinoza):
o amor que não espera ser amado.

Este poema obteve o 1° Lugar no Concurso Literário “Prosa & Verso”, certame de âmbito Nacional promovido pela Universidade e pela Prefeitura de Caxias do Sul, RS.
O mesmo texto – concorrendo com 751 trabalhos – foi classificado entre os 10 primeiros no Festival de Poesia promovido pela Funarte, Brasília.

Rumo à estação Somália

por Carlos Nina*

Gostaria de esquecer uma advertência que é recorrente em minha memória. Mas não posso – nem devo – porque foi profética. É um antídoto contra discursos de quem tenta eximir suas próprias responsabilidades, esconder sua parcela de culpa pela omissão, quando não pela conivência ou, no mínimo, conveniência.
Foi do querido Miguel Seabra Fagundes, que foi Ministro da Justiça (Governo Café Filho), presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e do Instituto dos Advogados Brasileiros. Em entrevista publicada no Boletim Informativo do Conselho Federal da OAB, em julho de 1972, disse MSF:
“... a superação dos tempos de arbítrio, das prisões violentas, das torturas, das invasões de domicílio, da supressão da paz na sociedade civil, em nome da segurança nacional, não perempto o papel atribuído à OAB de guardiã da ordem jurídica, que assim lhe foi cometido pelo art. 18”, atualmente art. 44, I, do Estatuto.
Citei sua advertência em meu livro “A Ordem dos Advogados do Brasil e o Estado brasileiro” (2001, pág.181) porque constatei que estava acontecendo exatamente aquilo que o preocupava quando a proferiu.

 Antecedi a citação de considerações, dentre as quais a de que a Ordem estava arrefecendo “sua função fiscalizadora, contribuindo, assim, com a omissão, senão a conivência, para que crises institucionais se instalem sem que a sociedade seja sequer alertada de tais possibilidades.”
O respeito público que a OAB conquistou pela luta de seus dirigentes e advogados contra os abusos da Ditadura conferiram-lhe significativos prestigio e confiabilidade. Tais conquistas custaram a vigilância, o zelo e a atuação permanente dos dirigentes e advogados que enfrentaram momentos difíceis. Superados os tempos de arbítrio, aquela imagem passou a ser alimentada episodicamente, apenas para manter a imagem, sem que a Ordem cumprisse, efetivamente, seu dever legal.

 Nem mesmo a inserção da advocacia no texto constitucional (art. 133) conseguiu que seus dirigentes compreendessem ou assumissem suas responsabilidades estatutárias, priorizadas pela Lei 8.906/94, que inverteu e ampliou as finalidades elencadas na Lei anterior (4.215/63), para enunciar, primeiramente, as de “defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas”. 
  Faço essas considerações para explicar por que considero, no mínimo, oportunistas as medidas que a OAB e outras instituições que têm deveres de vigilância e cobrança do Poder Público tomam, a exemplo da denúncia a órgãos internacionais do massacre ocorrido em penitenciária no Amazonas. Igualmente absurda a exigência de imediata indenização aos familiares dos internos vitimados naquela chacina.
 Não estou dizendo que chacinas cometidas no País não devam ser levadas aos organismos internacionais competentes, nem que as famílias das vítimas dos assassinatos nos presídios não devam ser indenizadas.
 O que estou dizendo é que não reconheço autoridade moral para que instituições que deveriam agir para impedir que o Poder Público e suas instituições chegassem a esse nível de deterioração venham, agora, posar de defensores de direitos humanos, quando se omitiram – como continuam a se omitir – no combate diuturno a violações contra anônimos inocentes, que não propiciam a visibilidade dos holofotes da mídia.
 Afinal, o que a OAB e instituições da sociedade civil que se arrogam o direito de denunciar essas tragédias fizeram para combater a omissão e os abusos que levaram a elas? As famílias das vítimas desses assassinatos têm mais direito ou precedência sobre as dos policiais vitimados no combate aos crimes que aqueles cometeram ou das vítimas desse cometimento? E o que essas instituições fizeram contra o desaparelhamento do aparato policial, que expõe a polícia nos confrontos com marginais melhor armados? E contra os advogados que usam a profissão para denegrir o exercício da advocacia, incorporando-se às quadrilhas que proliferam dos presídios às entranhas do Poder, como já anunciara, publicamente, um senador da República?
 Ou será que a Ordem vai dizer, como um ex-presidente da República mentiroso contumaz, que não sabe de nada, que não conhece a situação dos presídios no Brasil? Ou que não sabe que a Lei de Execuções Penais só é respeitada nos presídios para onde está sendo levada a nata representativa da parte podre do empresariado e da política partidária? E o que a Ordem tem feito contra isso? Ofícios? Requerimentos? E as medidas judiciais cabíveis? Os pedidos de intervenção federal previstos no art. 34 da Constituição Federal?
  Instituições como a OAB, que tem dever legal, e outras, especialmente de juristas, deveriam espelhar-se naqueles que construíram o prestígio dessas instituições, para agir de forma eficaz e não ficar apenas usando-as como vitrine para satisfação de interesses e vaidades pessoais, em discursos cheios de erudição e vazios de praticidade.
Essa omissão vai custar caro, muito caro, como lembrou a Ministra Carmen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, em reunião recente sobre o caso da penitenciária de Manaus: “Darcy Ribeiro fez em 1982 uma conferência dizendo que, se os governadores não construíssem escolas, em 20 anos faltaria dinheiro para construir presídios. O fato se cumpriu. Estamos aqui reunidos diante de uma situação urgente, de um descaso feito lá atrás".

 É dessa omissão que estou falando. É ela o caminho que está nos levando à estação Somália.

*Carlos Nina

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Gean recua e retira projetos de "contrabando"

 Após ser intimado pela justiça federal a prestar explicações sobre 4 projetos de lei que alteravam o Plano Diretor, colocados "de contrabando" no chamado Pacote de Maldades, o prefeito Gean Loureiro acabou voltando atrás e comunicou o juiz Marcelo Krás Borges que retiraria os 4 projetos de lei contestado pelo MPF, a pedido de vereadores da oposição.


   Serão mantidos os projetos 1605 (que regulamenta construções irregulares) e 1607 e 1610/2017 (estudo simplificado para aprovação de projetos). Os que diziam respeito à outorga onerosa e adição ao direito de construir, concessão onerosa de uso de bem público para a construção da Marina da Beira-mar Norte, alteração do direito de construir e regras para parcerias público-privadas para promover compensação nos casos de desapropriações no Rio Tavares e na Rua Deputado Antônio Edu Vieira, serão retirados.

 

A calamidade calamitosa!!!

Por Eduardo Guerini
Avaliando as primárias ações dos nossos Odoricos na gestão pública municipal, com decretos de “calamidade financeira” publicados sem lastro legal.
   
   Os novos gestores municipais em Santa Catarina encontraram um rastro de descontrole administrativo com cofres vazios. Nas primeiras aparições performáticas, o lamento dos cofres vazios indica que a gestão pública municipal no Brasil e na província catarinense, é um misto de amadorismo e desfaçatez sem limites de nossa canalha política.

   Na republiqueta, um personagem famoso personificou a classe política brasileira com maestria – Odorico Paraguaçu. As tiradas e frases de efeito diante de um oportunismo eram acompanhadas por ações estapafúrdias, deixando perplexos os habitantes sensatos.

   Mas como diria Odorico “Vamos botar de lado os entretantos e partir para os finalmente”!!

   Os prefeitos eleitos e reeleitos ou não compreenderam a extensão da crise econômica, não leem jornais, informes do Banco Central, destacando sua visão obtusa diante de uma queda das receitas resultantes da recessão que os brasileiros e catarinenses convivem desde 2014. A queda do PIB, desemprego afetou drasticamente a produção e consumo, com queda substancial nos repasses provenientes da receita tributária, e, com o substantiva queda na arrecadação de impostos municipais, dado que, famílias e empresas estão endividadas.

   No período posterior a eleição, equipes de transição foram montadas para que os prefeitos eleitos tomassem “pé da situação”, nas endividadas gestões que necessitavam deixar as contas nos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, com salários de servidores em dia, assim como, pagamento de fornecedores. Porém, no bojo da crise fiscal de Estados e queda na arrecadação federal, os repasses eram constantemente atrasados, e, por omissão e cumplicidade política, em virtude de arranjos partidários nas coligações, o critério da transparência e publicidade foi olimpicamente abandonado.

   O critério da legalidade e economicidade propalado pelos Tribunais de Contas são esquecidos nos acordos espúrios, dado que, a corrupção se generalizou do Planalto Central para os diversos rincões, e, a propalada eficiência e eficácia fiscal era escamoteada em licitações fraudulentas, prestações de serviços não executadas, além de uma malha de cargos de livre indicação e comissionados, bastião da máquina reeleitoral dos partidos que tomaram o poder incumbente temporário.

   Os limites prudenciais de gasto de pessoal, de custeio e de investimento comprimidos pelo colapso fiscal são anunciados nos diversos relatórios dos técnicos do “Tribunal Faz de Contas” , e, suas inúmeras ressalvas. Quando reprovadas, a coalizão governista tratava de envidar esforços políticos para anular qualquer sanção para os gestores.

   Os primeiros atos indicam redução de secretarias, pacotes com drástica limitação das despesas, e, ataque aos direitos adquiridos pelos servidores públicos concursados nos setores de oferta de serviços sociais efetivos da municipalidade: saúde, educação, saneamento e segurança, coleta de lixo e terceirizados serão afetados nos pacotes de corte dos gastos.

   Na falta de orçamentos e planos plurianuais coerentes com a conjuntura econômica recessiva, o planejamento da gestão municipal se transformou num mar de lamentações diante de uma estupefação de nossos Odoricos. O colapso fiscal com medidas de austeridade meticulosamente adotadas após a fantasia eleitoral que vendia prosperidade marcará época. Como acreditar em decretos de “calamidade financeira” que inexiste no marco legal-constitucional.

   Na ação dos esperneios dos gestores eleitos e reeleitos, parafraseando o personagem que representa a classe política brasileira em sua ação picaresca , as medidas de calamidade calamitosa, “entrarão para os anais e menstruais da cidade e do país.”!!!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Gean vai cortar gratificações de funcionários que realmente trabalham



   Boa noite Sergio, 
sou Motorista da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis. Gostaria de esclarecer algo que a grande mídia não mostra. O corte de gratificações e horas extras vai afetar única e exclusivamente quem realmente trabalha na PMF. 
   Os "super salários" tão criticados não sofrerão cortes, na realidade, se ocorrerem serão ínfimos. Quem mais vai perder é justamente que recebe menos. Um servidor que hoje recebe 10 mil reais de vencimento básico mais gratificações, continuará com seus 10 mil, pois nenhum decreto poderá por lei reduzir esse valor. 
   No meu caso em particular, assim como de outros colegas, recebo 1.139 reais de salário básico, mais insalubridade, gratificação de extensão de jornada e 60h a 200% (que na realidade não são 200%, pois a hora a 100% equivale a 27 reais e a hora a 200% equivale a 34 reais). Somando tudo, com descontos, recebo liquidos 3500 reais. Isso meu amigo, para trabalhar 12h por dia de segunda a sexta feira, inclusive e, feriados e pontos facultativos fazendo o transporte de pacientes para hemodiálise, químio e radioterapia, fisioterapia, consultas e exames. 
   Com os cortes sugeridos pelo Prefeito, perderemos as gratificações, e nossos salários passarão pra minguados 1200 reais. Nesse "bonde" estão todos os auxiliares, técnicos, assistentes. Estamos verdadeiramente apavorados com essa possibilidade.
Grande abraço,

Eduardo

Juiz intima Gean Loureiro a dar explicações sobre "pacote de maldades"

Atendendo pedido do Ministério Público, o Juiz Federal Marcelo Kras Borges determinou que o novo prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, se apresente em 24h para dar explicações sobre o chamado "pacote de maldades" enviado para votação na Câmara de Vereadores, em regime de urgência.

   Tramita, desde 2015, ação na Justiça Federal na qual o Ministério Público Federal questiona os procedimentos adotados pela Prefeitura de Florianópolis na aprovação do Plano Diretor de Florianópolis.
    Em diversas decisões, o Juiz Federal Marcelo Kras Borges determinou a realização de audiências públicas para que a comunidade fosse ouvida e que a vontade popular fosse respeitada.
    Pois é, parece que o atual Prefeito, Gean Loureiro, pretende ignorar estas determinações.
    Consta no pacote enviado à Câmara de Vereadores a ser votado já na próxima semana, em regime de urgência, sete projetos de lei que guardam relação com o Plano Diretor. Sendo votados a toque de caixa como pretende Gean, nenhum debate com as comunidades será realizado.
    Com base nisso, os Vereadores Afranio Boppre, Lino Peres, Marquito, Pedrão e Renato Gesse, apresentaram representação ao Ministério Público Federal, o qual pediu na tarde de hoje a suspensão das votações.
    O Vereador Pedrão, também na tarde de hoje, protocolou uma petição ao Juiz Federal solicitando a suspensão da votação.
    O juiz, ao receber os pedidos, determinou que Gean se manifeste em 24 horas. O Oficial de Justiça deve bater na casa do Prefeito a qualquer momento.
    Segundo o Vereador Pedrão "o pacote de medidas além de conter inúmeras irregularidades apresenta-se de forma incompleta e distante dos anseios da população de Florianópolis. O prazo exíguo de tramitação corresponde a um risco eminente na decisão dos Parlamentares. A pressa é inimiga da perfeição”. E completa:
   "É um absurdo modificar o Plano Diretor, deixando-se construir mais, sem sequer ouvir a população, em desrespeito a legislação federal e ao povo."

A Trapaça da Sorte e Ascensão da Canalhice

Por Eduardo Guerini
Enterrando todas as esperanças na possibilidade de julgamento célere dos envolvidos na Operação Lava Jato. Atento as teorias conspiratórias diante do final trágico do Ministro do STF – Teori Zavascki.
  
   A republiqueta brasileira novamente foi tomada de perplexidade diante do final trágico em acidente aéreo onde estava o Ministro do STF – Teori Zavascki. A cobertura do acidente e repercussão nas redes sociais admite uma série de conjecturas, dentre estas teorias, a conspiratória tomou envergadura, sendo legitimidade por uma gama considerável da opinião pública.

   O Governo Federal após a confirmação da morte, decretou luto oficial e lamentou profundamente a morte do magistrado, destacando no pronunciamento do Presidente da República a honradez e probidade do Ministro do STF na magistratura.

   As associações de magistrados cobraram rigor na apuração do acidente, visto que, o Magistrado estava prestes a homologar a delação da Empreiteira Odebrecht, e, tornaria pública a vasta lista de políticos de todos os partidos envolvidos na miríade do maior escândalo de corrupção do Brasil.

   Os magistrados do STF, surpresos e abatidos com a perda de um membro da mais alta corte judiciária brasileira, destacaram suas qualidades técnicas e sobriedade na condução dos processos, especialmente, no caso da Operação Lava Jato. Nos seus pares, a frase mais contundente coube a Luis Roberto Barroso declarando que “somos todos vítimas da trapaça da sorte”.

   O acaso na república brasileira tem garantido muita sorte para “canalha política” que nos governa, alguns exemplos históricos são contundentes: de Ulysses Guimarães que repousa nas profundezas da mesma região do acidente aéreo, Paulo Cesar Farias que morreu tragicamente, Eduardo Campos – candidato vitimado por queda de jato em período de campanha, e, agora o Ministro do STF.

   A imprensa brasileira e especialistas na área jurídica trataram de anunciar imediatamente a paralisação da Operação Lava Jato, a substituição técnica possível, e, destacar que o próximo relator deverá levar pelo menos 12 meses para “tomar pé da situação”. Inegavelmente a fatalidade com o Ministro do STF vitimado pode justificar a morosidade do Judiciário brasileiro.

   Com pesar e lamentos para os familiares, fica evidente o maniqueísmo político de todos envolvidos no escândalo de corrupção, num misto de cinismo e hipocrisia, os brasileiros que creem em condenações podem enterrar sua esperança para mais um desfecho dessa trapaça da sorte que alivia historicamente a CANALHA POLITICA de seu julgamento final.

   No “sorriso do lagarto”, nossa canalha política conduzirá silenciosamente a fatalidade para o terreno da superstição. Afinal, para maioria dos brasileiros “Deus escreve certo por linhas tortas”!!!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

O jegue...e o de cima.


   Por William Ear Long, especial de New York.

   Consta nos anais do Bar Chaplin em Balneário Camboriú, muito bem frequentado aos sábados, que o atual secretário de cultura e turismo do governo Raimundo Colombo/Pinho Moreira, o ex prefeito, deputado, senador e e governador de SC, além da amizade com a empresa ARROWS, foi ilustre visitante em Roma. 
   Ao observar o Coliseo e o Fórum Romano, disse: -Esta cidade precisa de um bom prefeito para tocar as obras inacabadas.
   Noutra oportunidade, no Nordeste brasileiro, montou num jegue, fotografou-se montado nele e enviou fotos aos amigos e eleitores, com a seguinte legenda: Eu sou o que está em cima.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Os Performáticos Gestores Municipais

Por Eduardo Guerini
 
Preparando a aula teatral sobre eficiência e eficácia na gestão pública, diante da falta efetiva de gestores com diagnóstico realista sobre a realidade municipal.

   A conjuntura política do ano de 2017 continua traduzindo o problema político central na gestão pública brasileira, a fantasia da propaganda eleitoral fruto da mistificação no processo de recondução ou escolha dos novos gestores, continua legando um descrédito total nos partidos políticos e seus atores.
   O personagem produzido pelos “marqueteiros de araque” no programa eleitoral gratuito (pago pelo contribuinte brasileiro) ,  se transforma no teatro dos horrores com elevação de um realismo fantástico destoante da catástrofe das finanças municipais. Em todos os programas, nenhum diagnóstico produzido pelo “Tribunal Faz de Conta”, nada de projetos com apoio de especialistas, apenas um cenário de festim para enganar “incautos e afáveis” eleitores que se deleitavam nas imagens de dar “água na boca”.  Os atos e omissos são obras do acaso simbólico e da amnésia seletiva de partidos políticos e suas coligações.
   As sucessivas gestões municipais se embaraçam no enredo produzido pela Constituição de 1988, consubstanciadas no corolário do “neoliberalismo periférico e caboclo”, transferência de responsabilidades, orçamento engessado e centralização de recursos nos Estados e União.  A penúria fiscal contrastada pela incapacidade de prefeitos eleitos e suas coligações ampliar a base de arrecadação com “recursos próprios”.
   Eis que os performáticos prefeitos eleitos na safra de 2017, amparados por uma assessoria de “efeitos especiais” começa com cofres vazios, aspirações amplas e múltiplas, demandas sociais latentes,  sem contudo alterar a lógica da política do engodo para com eleitores e cidadãos nas municipalidades. A produção de entrevistas previamente arregimentadas pela mídia provinciana e seus colunistas “chapa branca” tece um rosário de lamentos , com vistosas aparições em  “coletivos urbanos”,  “pedalando pelas cidades” ,  “limpando praças”,  “travestido de gari” , “tocando violão para turistas desavisados”, “visitando as filas das UPAS” e outras performances bizarras. Todo o enredo tenta  separar o gestor político,   do “novo gestor” , aquele sujeito que  arregaça as mangas e coloca a mão na massa .
   No esteio dos cofres vazios,  equipes reduzidas e acordos amparados na coalização que submete o Poder Legislativo ao  governismo de cooptação, qual a política adotada – atacar os servidores concursados em seus direitos, reduzir o investimento já contraído ,  e,  propor alternativas para aumentar a arrecadação na base ,  sem tocar no topo da pirâmide social dos municípios. Por coincidência,  a elite municipal que está no topo é geralmente a financiadora e apoiadora de primeira hora de medidas que repetem o mantra do novo gestor : “fazer mais com menos, e,  melhor”.
   Nesta performance sem ritmo e desenvoltura , as primeiras ações relembram o padrão Odorico Paraguaçu: “Vai ter uma confabulância político-sigilista”. Enfim,  nada de transparência e diagnóstico realista sobre a falência do atual sistema político e pacto federativo. 

   Quem pagará a conta já esta definido e acordado por todos os gestores – o cidadão mais necessitado.

Banho de rio...não tem preço!

Este video, colocado pelo meu amigo Sergio Panizza, de Artigas, em sua página do FB, é o registro de uma das brincadeiras mais fantásticas que se pode viver na infância. Saltar de um galho de Salso dentro do rio, não existe coisa mais gostosa e divertida!
Das melhores recordações da minha infância! 
Gracias Sérgio!

O Mapa do tesouro


   Ao abrir a porta do quarto nesta manhã, fui recebido pela Luisa, com um mapa na mão: o tema da manhã de domingo era "caça ao tesouro"!

- Vovô, tem que seguir os passos deste mapa para encontrar o tesouro escondido, falou a minha neta. 

   Ainda meio sonolento, com a noite pela metade, embarquei no roteiro, rascunhado em uma folha de papel, que começava na porta do quarto e, alguns passos depois - à esquerda e à direita -  acabava na "sala secreta da vovó"!

   O mapa era bem feito. Foi apenas segui-lo à risca que acabei encontrando o tesouro.

    Essa história acabou me lembrando de outra "caça ao tesouro", que vivi quando tinha por volta dos 9 ou 10 anos.

PANELA COM ONÇAS DE OURO   
   Era inverno em Quaraí. O Pai me falou, antes de dormir:
 - Sergio Antonio, vai deitar que amanhã cedo vamos, com o Fontana, procurar um tesouro enterrado.

   A partir deste convite não dormi mais. Deitei, e a cabeça viajou por cavernas de piratas, ilhas perdidas e arcas de madeira cheia de moedas de ouro e pérolas.

   O Pai tinha um aparelho detector de metais (Mineoro), que ele chamava de destruidor lendas. Era muito comum no interior do Rio Grande do Sul, histórias de panelas enterradas, cheias de "onças de ouro" (onça é uma unidade de medida de massas usada para pesar o ouro).

   As histórias de minas de ouro enterradas, sempre vinham precedidas de aparições de bolas de fogo, mulheres de branco...assombrações.

   Pois o Fontana tinha uma história dessas e contou para o Pai. Segundo ele, algumas pessoas haviam visto bolas de fogo na fazenda do seu sogro. O lugar das aparições tinha tudo para ser um local de enterro de "dinheiro". Havia três grandes umbús plantados, que segundo a lenda serviam de marcação do "enterro".

    Saímos de manhã cedito. O Pai e o Fontana na frente, e eu no banco de trás da Bugra, uma perua Ford 58 do Pai. Estrada de terra com sobe e desce acompanhando o perfil da coxilha. Mais adiante entramos numa outra estradinha por dentro de um campo até chegar numa porteira. O Fontana correu para abri-la e logo embarcou na Bugra, aparentava uma certa excitação. Seguimos mais um tempo, até o alto de um coxilha onde tinham três grandes umbús em triangulo. 

- É aqui, seo Rubim, falou o Fontana

   Descemos da Bugra e logo descarregaram as ferramentas: uma pá, um pico e o enigmático aparelho de encontrar tesouros.

   Fazia muito frio. Céu fechado, plúmbeo. Um ventinho austral de cortar as orelhas. Precisava me mexer. Instruído pelo Pai, fui logo pegando as estacas, o martelo e o cordão. Cravei a primeira no chão e puxei uma linha até a segunda e segui adiante até formar um grande quadrado no centro daqueles três gigantescos umbús. Estava delimitado o perímetro para a primeira rastreada na busca ao tesouro.

   Foram poucos metros e o aparelho acusou a presença de algum metal. A agulha do pequeno painel deitou para a direita invadindo a área vermelha que indicava forte presença de metal. O som da caixa que o Pai carregava, pendurada no pescoço, emitia um barulho forte e agudo que aumentava e diminuía conforme o movimento do aparelho.

   Eu fiquei paralisado!
- Encontramos o tesouro, pensei! Não existia outra alternativa na minha cabeça! O Fontana corria e gritava ao redor do "perímetro". O Pai, apenas sorria e nos olhava. Andava para frente e para trás com o aparelho causando um efeito dopller, aumentando a nossa excitação.

Quando chegou com a base do aparelho em um ponto onde o som se tornava mais agudo, ordenou:

- Cava aqui, Fontana. 

   O Fontana se atracou de pá e picareta e foi afundando na terra dura. Eu, já esquecido do frio, previa o brilho das "onças" de ouro. 

   Então, numa das frenéticas cravadas de pá sentimos um barulho de metal com metal e vimos um brilho, um risco prateado por entre a terra. 

- Achamos!!!! Imaginei...

   A partir dali o escarafunchar da terra era com as mãos. Até eu me atraquei e fucei fundo. Aos poucos fomos descobrindo um pedaço de metal, grande, feito uma placa arredondada, cada vez mais cor de ouro!

   Era cobre! Um grande tacho de cobre batido, daqueles feitos por ciganos. No fundo, uma pequena roda de carreta, com raios de ferro grosso.

   Esse foi o nosso tesouro. Após vasculharmos todo o "perímetro", e não encontrar mais nada, começamos a recolher os equipamentos e colocar na bugra.

   Senti que o frio havia voltado...forte. O céu, de novo estava fechado e plúmbeo. Acho que esteve assim o tempo todo. Eu é que havia entrado em "outro" céu, mais rico e luminoso. Agora...a realidade!

   Voltamos em silêncio para casa. A volta, parece que demorou mais que a ida. O carro chacoalhava mais, tinha mais buracos na estrada de terra que parecia não ter fim. O frio no estômago, a cada "calombo" na estrada, agora se tornava inconveniente.

   O Fontana, da excitação da ida, voltou em silêncio absoluto. Um ar incômodo de frustração reinava dentro da bugra.

   Como que tentando consolar o amigo, o pai largou essa frase:
-...e assim é a vida: um dia se ganha, noutro se perde!

   Bem, o tesouro que encontramos não era bem o que queríamos, mas - para mim - ainda era um tesouro. Guardei por anos, na garagem de casa, aquela roda de ferro. Era o meu tesouro!