sábado, 31 de maio de 2014

Da série: A PROVÍNCIA DOS LARÁPIOS!


Presidente da Câmara de Laguna é denunciado por estelionato


     A 2ª Promotoria de Justiça de Laguna denunciou à Justiça, por estelionato, o presidente da Câmara de Vereadores do município, Roberto Carlos Alves, pela venda de lotes que não lhe pertenciam. Durante o inquérito penal, a Promotora de Justiça Sandra Goulart Giesta da Silva comprovou que pelo menos 19 pessoas compraram terrenos do vereador sem saber que as terras pertenciam, na verdade,a uma empresa. A denúncia foi aceita no dia 26 de maio.
   Até o momento do ajuizamento da denúncia, haviam sido comprovadas 19 vendas irregulares entre dezembro de 2008 e outubro de 2012. O vereador é engenheiro e dono da empreiteira RCA Engenharia Ltda., contratada pela empresa Dimarco, dona legítima das terras, para fazer as obras de infraestrutura no Loteamento Santo Antônio dos Anjos, em Laguna. O serviço seria pago com lotes pela empresa proprietária das terras. Como as obras não foram finalizadas, a empreiteira do vereador não recebeu terreno algum como pagamento. Mesmo assim, Alves passou a vender os lotes, que nunca lhe pertenceram e continuaram sob a propriedade da Dimarco.
   O vereador agora é réu em uma ação penal pública por crime de estelionato de acordo com o artigo 171, parágrafo 2º, inciso I, do Código Penal, com o agravante de tê-lo praticado de forma continuada, ou seja, mais de uma vez e em diversas ocasiões durante determinado período de tempo, conforme o artigo 71 do mesmo código, o que pode resultar em pena de 1 a 5 anos de reclusão.
   Atendendo ao pedido contido na denúncia, o Juiz Renato Müller Bratti encaminhou cópia a todos os vereadores, para as providências previstas no código de ética e decoro parlamentar.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Entre fulecos,engajados e ufanistas na "Copa do Caos"

   Por Eduardo Guerini*

   O período que antecede um grande evento esportivo internacional, no país-sede da Copa de 2014, deveria ser em tese, momento de júbilo, pela escolha, e, de apreensão diante das  expectativas criadas em torno da preparação. É tempo de concentração para o acolhimento de inúmeros torcedores e seleções  de todo o mundo. Porém, a tática governamental não resultou em bons resultados na tabela de aprovação popular.
   
   Os brasileiros  - vivem uma crise de identidade sem precedentes. O pessimismo tomou conta diante do ufanismo “verde-amarelo” de outrora. Nem a seleção empolga, tampouco o governo cumpriu a agenda de compromissos elencados como prioritários para realização de uma Copa do Mundo. A pátria de chuteiras - alusão simbólica de nossa força desportiva subsumiu nas contradições de um governo em curva descendente diante da desaprovação popular frente aos excessivos gastos para construção das chamadas “arenas” de competição futebolística. Nossa torcida está dividida!!!

   A falta de legitimidade e transparência das ações governamentais  diante dos compromissos assumidos com a FIFA – Federação Internacional que controla todos os processos para realização do evento, colocou novamente o governo Dilma em posição de subserviência, tal como um time na retranca, o Brasil é um gigante prostrado para  a alegada “Copa das Copas” – expressão midiática entoada pelos engajados em manter a ordem diante do caos que se transformou o megaevento. Como disse recentemente, um ex-jogador e embaixador do evento, estamos envergonhados pelo atraso e falta de obras essenciais para recebimento dos torcedores do país e do mundo nas cidades-sede. 
   
   Assim, os eventos futebolísticos são narrativas simbólicas e legitimadoras de uma alienação que se transformou no “ópio do povo” brasileiro, e no “opóbrio governista” diante de denúncias reiteradas de estádios com obras superfaturadas, desvios de recursos,  morte de operários na construção, falta de obras infraestruturais de mobilidade urbana, e, principalmente a ausência de um PADRÃO FIFA para os serviços públicos essenciais e necessários para  a população carente em educação, saúde, segurança, saneamento básico e mobilidade urbana.

   Diante de uma população no ataque desde os movimentos de junho de 2013, contra os gastos da Copa de 2014 e falta de planejamento do Governo Federal, por outro lado, a propaganda oficial tenta por todos os meios midiatizar o aspecto positivo via consumo emocional, louvando os méritos do legado.

   Nunca um símbolo da Copa foi tão sugestivo. Se a Copa se transformar no caos esperado pelos críticos – faremos  tal como o Tatu-Bola em extinção, nos envolveremos em nossa carapaça, envergonhados pela nossa incompetência gerencial. Caso contrário, as unhas serão usadas pelo governo federal para aniquilar seus inimigos. De toda forma, os fulecos brasileiros serão os fiéis depositários da fatura que pagarão ao final da festa.
   Eis o grande legado para  republiqueta dos bruzundangas!!!


*Eduardo Guerini, Economista , Mestre em Sociologia Política. Professor da UNIVALI , no PMGPP – Mestrado Profissional em Gestão de Políticas Públicas.

Denúncias, Falatório

Amaury Ribeiro Jr.: Como funcionou a Privataria do futebol brasileiro



   O Lado Sujo do Futebol, da Editora Planeta, entre outras histórias conta a da privatização do futebol brasileiro. Primeiro por João Havelange, em seguida por Ricardo Teixeira, que Amaury Ribeiro Jr., autor deA Privataria Tucana, define como “o quarto irmão Marinho”. Isso porque, obviamente, a privataria do futebol serviu a gente poderosa: Roberto Marinho e os filhos, por exemplo.
   A investigação foi um trabalho coletivo, assinado por Amaury Ribeiro Jr., Leandro Cipoloni, Luiz Carlos Azenha e Tony Chastinet.

Abaixo, um aperitivo, conforme antecipado pelo blog do Juca:

Amigos íntimos
“Esse carro teve um desastre nos Estados Unidos. E faleceu uma pessoa que era muito querida minha.” – Ricardo Teixeira
   
   O caminho que nos leva até a fonte do mistério corta os pântanos da Flórida, nos Estados Unidos. Nossa viagem vai de norte a sul, de Orlando a Miami. Paramos para abastecer. O bando de corvos que cerca a lanchonete anexa ao posto de gasolina dá um ar surreal à nossa missão, que faz lembrar os contos cavernosos de Edgar Allan Poe. Mas o nosso objetivo é justamente separar ficção de realidade. Estamos atrás da verdade escondida no acidente que pode ter mudado a história do futebol mundial.

   Na saída 193, fazemos o retorno na Florida Turnpike e ajustamos o contador de quilometragem. Após 26 quilômetros, paramos no acostamento, no ponto exato indicado por um boletim de ocorrência em nossas mãos. Um carro da polícia rodoviária para em seguida. Educado, o policial nos adverte que só se pode estacionar ali em casos de emergência. Explicamos o motivo de nossa presença. “Façam o que for preciso e saiam depressa.”

   Um de nós já está dentro da mata. Seus gritos fazem mais barulho que o motor da viatura policial que arrancava dali. No meio da lama, peças antigas de um automóvel – um friso de plástico, um pedaço de para‐choque. Coincidência ou não, aqueles pedaços de carro nos enfiam num túnel do tempo. Voltamos a outubro de 1995, uma sexta‐feira 13.

   Passava pouco da meia‐noite quando um luxuoso BMW preto cortava em alta velocidade a Turnpike. Com o pé firme no acelerador, uma bela jovem carioca, morena, esguia, cabelos lisos escuros, sobrancelhas arqueadas. Adriane usava colares, pulseiras e anéis dourados. Estava acompanhada por Lorice, a quem havia buscado no Hotel Marriot, em Boca Raton.

   Era uma noite típica dos outonos no Estado do Raio de Sol, lema oficial da Flórida: 25 graus, céu limpo. Numa fração de segundos, o carro se desgovernou a mais de 160 km/h. Rodopiou, capotou e caiu em um lago. A jovem morena ficou presa nas ferragens. A amiga, ferida, foi retirada do veículo por motoristas que pararam no local. Adriane de Almeida Cabete, de 23 anos, morreu afogada na madrugada daquela sexta‐feira. O acidente encerrou o conto de fadas que ela começara a viver meses antes no Brasil.

   A maior parte desse conto de fadas havia se passado na Flórida, terra dos parques de diversão da Disney, em Orlando. Uma das principais atrações por lá é o Castelo da Cinderela, cópia do original de Neuschwanstein, na Alemanha, cenário da história da moça pobre que uma fada‐madrinha transforma em princesa. Para a estudante Adriane, nascida e criada perto do morro do Alemão, subúrbio do Rio de Janeiro, o condomínio de luxo Clube do Polo, em Delray Beach – de onde ela teria saído pilotando sua carruagem conversível –, era a materialização de um castelo. Na fábula, o encanto de Cinderela se quebra à meia‐noite.

   O acidente que transformou em abóbora o mundo de Adriane ocorreu aos seis minutos da madrugada. Na história infantil, o sapato de cristal perdido por Cinderela ao descer correndo a escadaria do palácio do baile real leva até a moça o príncipe do final feliz. Na história de Adriane, o conversível puxa o fio da meada deste livro‐reportagem: o veículo estava em nome de Ricardo Teixeira – à época, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), dono do futebol brasileiro então tetracampeão mundial e casado com Lúcia Havelange, filha do na época todo‐poderoso presidente da Fifa, João Havelange.

   Um eventual relacionamento de Ricardo Teixeira com Adriane, 35 anos mais nova que ele, seria uma questão privada se não houvesse no caso detalhes intrigantes. Lorice Sad Abuzaid, a amiga de Adriane, era na data do acidente empregada de Wagner José Abrahão, empresário de turismo, parceiro de negócios de Ricardo Teixeira e beneficiário de contratos suspeitos com a CBF. Desde 1995, as contas bancárias de Lorice, Wagner e Ricardo Teixeira só aumentaram. E, pelas revelações a serem feitas neste livro, vão crescer ainda mais com a Copa do Mundo do Brasil em 2014.

   Adriane é apontada como pivô da separação do cartola e Lúcia Havelange e do estremecimento com o sogro que o havia lançado e protegido no futebol. O objetivo desta reportagem é separar boatos da realidade e responder perguntas que o episódio levanta. São questões de interesse público e não de vida privada. A investigação, como se verá, traz à luz uma rede de conexões, irregularidades e indícios que, embora tenham ocorrido na paisagem ensolarada de Miami, são de fato bastante sombrios.

  “Isso é um assunto pessoal. Vocês não têm autorização para falar sobre isso. Minha mãe e doutor Ricardo Teixeira estão afinados para processar vocês”, ameaçou por telefone, aos gritos, a advogada Yolanda, filha de Lorice, ao ser questionada por nós.

   No final de 2013, documentos disponíveis na Junta Comercial do Rio de Janeiro, em repartições e cartórios públicos provavam que Yolanda está equivocada. O acidente não é assunto meramente pessoal. Ao contrário: desvenda o envolvimento do ex‐presidente da CBF com Wagner José Abrahão, um dos principais beneficiários dos negócios envolvendo CBF e Fifa em torno da Copa do Mundo no Brasil.

   Os documentos mostram que, na época do acidente, Lorice, a sobrevivente, já era funcionária de Abrahão. Foi ela também quem arranjou trabalhos esporádicos para Adriane na agência de viagens contratada pela CBF. Esses primeiros contatos foram fundamentais para que a jovem frequentasse o mundo de Teixeira em Miami.

   Com exceção da família de Adriane, que vive ainda no mesmo apartamento humilde na zona norte do Rio, as demais pessoas ligadas ao acidente enriqueceram, e muito, nas últimas duas décadas. Lorice era uma simples funcionária de uma das empresas de Abrahão, dono da agência contratada para organizar as viagens da seleção brasileira e dos dirigentes da CBF (inclusive na Copa de 1994, que acontecera no ano anterior, nos Estados Unidos). Na ocasião, aos 40 anos, morava com o marido, um advogado trabalhista. Os dois dividiam um apartamento de classe média no centro de Niterói.

Leia reportagem completa. Beba na fonte.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

A seleção de futebol não me representa e tampouco é o Brasil!

   Queridos amigos e leitores,

sabemos que a internet e suas ferramentas como o FaceBook são locais onde hoje se praticam todo o tipo de coisas. Boas e ruins. Quem tem coisas boas, às dá com qualidade. Quem não tem, dá no que dá. 
   Agressões, calunias e humilhações são comuns na rede. Mas esse tipo de coisas vem de pessoas que são desse tamanho, não conseguem ser maiores que isso. 
   Culpar as redes socias por esses desatinos é um grande contra senso. É como jogar a criança fora junto com a água do banho. A internet foi a maior obra desenvolvida pelo homem em toda a sua história. É uma ferramenta de comunicação fantástica, mas é apenas uma ferramenta que cada pessoa usa conforme a sua capacidade e formação. 
   A internet foi o primeiro meio de comunicação realmente anarquista e livre que surgiu na história da humanidade. Totalmente democrática, permite a qualquer pessoa colocar ali suas idéias, boas ou ruins. É o único meio de comunicação sem dono, sem patrão e sem chefetes ideológicos como proprietários. Jornais, rádios e canais de televisão tem seus donos, cada um com sua ideologia e interesses econômicos. Nenhum funcionário destes meios de comunicação, sejam privados ou estatais, tem liberdade ou consegue praticar a tal de "neutralidade" jornalística. Vale "a voz do dono"!

   Bem, escrevo tudo isso por saber do poder dos meios de comunicação (internet inclusive) sobre a massa pensante, ou não pensante, deste país. Nestes tempos pré-copa do mundo, somos inundados por comerciais de TV, rádio e jornais. Eles, entram nas nossas casas e cabeças com qualidade de produção fantástica. Neste momento, 80% dos comerciais enaltecem a nossa seleção de futebol com imagens e músicas apoteóticas manipulando a emoção e os sentimentos de patrotismos dos brasileiros. Na maioria das vezes misturam pátria com cerveja, sempre estão nos vendendo alguma coisa de uma forma gritantemente sutil!
   Mas existe um comercial diferente. Esse muito mais perigoso, subrreptício e pago com o nosso dinheiro. São os comerciais das nossas empresas estatais, do governo, que nos vendem um produto muito mais perigoso que brahma & coca-cola: esses vendem a conciência pronta, embrulhada e empacotada vinculada a uma ideologia e interesses políticos. Tenta nos vender a idéia absoluta de que torcer pela seleção é torcer pelo Brasil! 
   Qualque manifestação contrária a isso é passível de acusação de impatriotismo como se um agrupados de atletas milionários, que trabalham para empresas privadas multinacionais e estão a serviço da maior máfia esportiva e comercial do planeta, a FIFA, representassem o povo brasileiro e o Brasil. 
   Não representa!
   Constata-se diariamente o roubo de dinheiro público feito com a corrupção da classe política do Brasil, independente de partido ou agremiação política. Um país de ladrões! Um país sem caráter! São esses mesmo que preparam o "tradicional" espírito esportivo do brasileiro para colocar toda a sua energia em um evento, que se vitorioso nos fará esquecer as roubalheiras da FIFA e dos políticos que estão correndo atrás dos portentosos caixas 2 imprescindíveis para suas reeleições. 

   Sou brasileiro, com muito orgulho. Mas não sou brasileiro deste brasil dos políticos, dirigentes e trambiqueiros. O meu Brasil é outro! 

   Vão se ferrar picaretas!!!!!!


domingo, 25 de maio de 2014

EU, DIREITISTA RAIVOSO *


   Por Janer Cristaldo
   De quatro em quatro anos, vivo meus dias de inferno astral. São os dias da Copa. Não que eu abomine futebol. Considero um esporte estético, dinâmico, inteligente. O que me desagrada é o que vem junto. Futebol seria civilizado se um torcedor aplaudisse uma boa jogada do time adversário. Isso não acontece. Futebol traz à flor da pele os mais baixos instintos da plebe: facciosismo, fanatismo, agressividade, violência e o pior de todos, patrioteirismo. O futebol é início da guerra civil, escreveu George Orwell.

   O que me desagrada é a identificação de futebol com nação. A seleção é a pátria de chuteiras, dizia Nelson Rodrigues. Pátria de chuteiras para países subdesenvolvidos. Em país decente, é apenas mais um esporte entre outros. Nestes dias, quando saio na rua e vejo gente uniformizada de verde e amarelo, sinto vergonha de ser brasileiro. Mas que se vai fazer? Meu passaporte é brasileiro e só me resta sentir vergonha.

   Ontem, fui almoçar em um restaurante francês, do qual gosto, além de razões culinárias, por não ter televisão. Lá fugirei das massas, pensei. Santa ilusão! Quando vi os garçons com lenços verde-amarelos atados na cabeça, lembrei de um antigo filme, cujo título já não recordo. Alienígenas invadem a terra e começam a tomar o corpo dos terráqueos. O herói se insurge contra a invasão mas não consegue contê-la. Quando o planeta está totalmente dominado, ele diz à sua companheira: "Vamos fugir para algum lugar onde eles não tenham chegado". Ela, já com a voz rouca dos contaminados, pergunta: "Para onde?"Não há para onde fugir. Nem mesmo ficando em casa.

   Sou avesso às grandes datas em que todo mundo confraterniza, como Natal e Ano Novo. Mas nestas datas, pelo menos meu silêncio não é perturbado. Nas Copas, é. Não há como escapar das cornetas e foguetes. Por isso, sempre torço nas Copas. Para que o Brasil seja eliminado no primeiro jogo. Assim se tem um pouco de silêncio no mês. Mas torço em vão. Para mim, pior que Natal e Ano Novo, só mesmo a Copa.

   Dito isto, sempre fui tido como homem de direita. Pelas mais variadas razões. Primeiro, porque não sou nem nunca fui comunista. Para os comunistas, quem não é comunista é de extrema direita. Segundo, porque além de não ser petista abomino o PT. Para um petista, quem não é petista só pode ser de direita. Terceiro, porque não tenho papas na língua na hora de condenar ditaduras comunistas. Quarto, porque não considero Fidel nem Che libertadores do continente, mas operosos assassinos. Quinto, porque não hesito em afirmar que Francisco Franco salvou das garras de Stalin não só a Espanha como também a Europa. E por aí vai.

   Hoje, surpreendentemente, descubro que sou de direita... porque não gosto de Copas. Leio no Estadão que vários comentaristas norte-americanos estão atacando a popularização do esporte no país, dizendo que se trata de uma modalidade esportiva "de pobre", coisa de sul-americano, resultado da crescente influência dos hispânicos no país e ligado às "políticas socialistas" do presidente Barack Obama.

   Glenn Beck, o mais famoso comentarista conservador da Fox News, compara o futebol às políticas de Obama. "Não importa quantas celebridades o apóiam, quantos bares abrem mais cedo, quantos comerciais de cerveja eles veiculam, nós não queremos a Copa do Mundo, nós não gostamos da Copa do Mundo, não gostamos do futebol e não queremos ter nada a ver com isso", esbravejou Beck na TV. Segundo ele, o futebol é como o governo atual: "O restante do mundo gosta das políticas de Obama, mas nós não".

   Comentário do redator da Agência Estado, que não assina a matéria: “A Copa do Mundo é a mais nova vítima da raivosa extrema direita dos Estados Unidos”. Mais um adendo em meu currículo. Pertenço à raivosa extrema direita brasileira, que não gosta de futebol. Mais um pouco e serão pichados como direitistas aqueles que gostam de ópera e não de samba, de zarzuelas e não de funk, de csárdás e não de axé.

   Fanatismo em futebol é coisa de país pobre, sim senhor. Os países ricos também vibram com futebol, mas neles não vemos essa palhaçada de patrioteiros enrolados em bandeiras ou vestindo as cores do país. Em país rico não há essa canalhice demagógica de liberar funcionários do trabalho em horários de jogos. Muito menos esse zumbido atroador de cornetas e foguetes, típico de retardados mentais. Por que raios se tem de celebrar um gol perturbando a paz dos demais cidadãos?

   Fanatismo em futebol é coisa de gente inculta. Ontem, ao voltar do restaurante para a casa, antes de terminar o jogo, vi as ruas de desertas de carros. São Paulo é mais inculta do que parece. Direitista raivoso, continuo minha torcida para que o Brasil caia no próximo embate e o país volte à normalidade. Sei que não estou só. Não poucos leitores participam desta direita raivosa.

* Junho de 2010

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Armadilha na sinalização pega motoristas

   A indústria da multa implantada em Florianópolis gerou uma animosidade da população contra os "smurf's" da Guarda Municipal. Despreparados para o trato com a população são munidos de um poder de polícia calçados por modernas pistolas .40. Como Robocoops, circulam com imponência pelas ruas do centro em busca de incautos motoristas. Estacionam suas motos em cima das calçadas e distribuem multas no varejo. É voz corrente na cidade que "só servem para multar! São os arrecadodores do César!".
   Na maioria das vezes os motoristas são presos em armadilhas montadas pela própria prefeitura que realiza uma sinalização de trânsito confusa e com duplo sentido.
   Mostro aqui dois exemplos bem no centro da cidade: 

PM com bom senso: Neste caso na Av. Paulo Fontes, no Largo da Alfândega, exitem duas vagas para idosos e uma para deficiente físico. Um das vagas estava invadida por um ônibus de turismo. As outras duas, por carros devidamente credenciados, porém passíveis de multa. 
   O PM que chegou ao local apenas fez uma advertência sobre a infração. Não multou os carro porque também achou que havia dupla informação: as vagas pintadas no chão reservadas para idoso e à frente uma placa indicando que o local é exclusivo para ônibus e vans de turismo.
    
   A 100 metros do Largo da alfândega outra armadilha. Na Av. Gustavo Richard, bem em frente ao Centrosul, todo o meio-fio está pintado de amarelo, indicando que é proibido estacionar. O quateirão inteiro virou estacionamento das empresas privadas de ônibus que obstruem uma faixa inteira de rolamento prejudicando o trânsito de carros no local.
   Lá adiante, no final do "estacionamento", em cima da faixa amarela, um placa indicando estacionamento exclusivo para ônibus.
   Bem, nós, pobres mortais pagamos R$ 2,00 por hora de estacionamento no centro da cidade. Os ônibus de empresas privadas, que aliás prestam um péssimo serviço à população, estão usando o espaço público como estacionamento particular mediante pagamento à Prefeitura? Ou é de grátis?
IPUF responde:
   Conforme noticia publicada no seu Blog venho aqui informar as seguintes providências a serem tomadas:
   Em relação as faixas de estacionamento pintadas na Paulo Fontes em frente a Alfandega onde os ônibus de viagem estacionam...segundo o Diretor de Transito do IPUF - Adriano Melo, nesta sexta-feira (22) ele ira no local para avaliar a situação e caso seja necessário irá realizar as mudanças na sinalização.
   Já com relação a situação da Gustavo Richard, a Diretoria de Transito do IPUF entrou em contato com o Secretario Municipal de Mobilidade Urbana - Valmir Piacentini que disse que vai averiguar o caso e logo que tiver um resposta nos comunicará.

Fábio Nocetti - Assessor de Imprensa do IPUF

terça-feira, 20 de maio de 2014

A última frase de Getúlio Vargas

   Fui ver o filme Getúlio ontem na sala 4 do cinema do Beiramar Shopping. As histórias que marcaram os últimos dias de vida do presidente do Brasil naquele agosto de 1954 povoaram a imaginação da minha juventude quase que diariamente.
   Durante os 100 minutos do filme lembrei do meu pai, o "guarda" Rubim. Getulista apaixonado, mantinha em cima da geladeira uma pequena estatueta de gesso de Getúlio tomando chimarrão e, na parede, um quadro com a foto do presidente sentado em uma rede na sua fazenda em São Borja. Ouvíamos sempre as histórias dos dias que antecederam a sua morte. O pai relatava-as como se estivesse presente no momento e local do acontecido.
   Nascido em Uruguaiana (RS), conhecia Getúlio desde São Borja. As duas cidades fazem fronteira com a Argentina, distantes cerca de 150 km. Quando foi nomeado Guarda Aduaneiro (agente de repressão ao contrabando), em novembro de 1941 foi até a Fazenda do Itú, em São Borja, pedir a Getúlio que assinasse pessoalmente a sua nomeação. Esse documento enfeitou a parede da sala de casa durante muitos anos.
   Falava de Getúlio, Bejo e Alzirinha Vargas com uma intimidade fantástica, vivia ali. Do "nego" Gregório, o "Anjo negro", guardava uma mágua profunda, a mesma que dividia com o "corvo" Carlos Lacerda.
Getúlio na Fazenda do Itú, em São Borja (RS)

   As histórias do "pai do povo" eram comun e corrientes em casa. A começar pela Carta Testamento de Getúlio que servia de suporte entre uma história e outra quando recitadas pelo pai com empolgação na hora do almoço.
   No filme duas coisas me chamaram a atenção. Uma me impactou: foi o último diálogo entre Getúlio e seu irmão, Bejo Vargas, na noite do suicídio. No filme as frases eram as mesmas que meu pai falava.
   Bejo entra no quarto do presidente e avisa que o ministro da Guerra, Zenóbio da Costa, havia dito aos seus comandados que se Ele assinasse o licenciamento não voltaria mais à presidência.

- Quer dizer, então, que estou deposto Bejo? Perguntou o presidente.

- É o que parece Getúlio. Teria respondido o irmão.

   Esse diálogo ouvi muitas vezes da boca de meu pai. Relatava como se estivesse no quarto de Getúlio na hora do acontecido. A mãe diz que ele sabia de tudo através dos noticiários de rádio que escutava diariamente e da revista O Cruzeiro que recebia com atraso em Quaraí. Além disso convivia e recebia muita informação da vida pessoal de Getúlio através de seus colegas da guarda, na maioria ex-agentes da guarda pessoal de Vargas.
   A outra coisa que me chamou a atenção é que o filme mostra Getúlio colocando a Carta Testamento em um envelope amarelo no criado-mudo ao lado do seu leito de morte. 
   O pai sempre afirmou que Getúlio teria dado a carta para João Goulart, ex-ministro do Trabalho, com a recomendação de que só a abrisse quando chegasse em Porto Alegre.  A Carta Testamento teria sido entregue com o seguinte vaticínio de Getúlio, segundo o Pai: - 

- O perseguido era eu, agora serás tu, Jango!

Leia mais sobre Getúlio e o "guarda" Rubim, aqui.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Tudo como dantes no quartel de Abrantes


   Por Armando José d’Acampora *

   É iniciado o tempo das verdades políticas emanadas pelos políticos nos programas partidários e repetidos pela mídia televisiva. É a época em que todos os políticos estão ao lado do povo, com o povo e pelo povo. Na realidade, o que temos é exatamente o que os romanos possuíam: pão e circo.

   É uma época em que todos os políticos estabelecidos, deputados, governador, deputados federais e senadores, esmiúçam as falhas da atual política estadual e federal, e que na próxima legislatura resolverão todos esses problemas que agora apontam, como se não fizessem parte deste mesmo e atual cenário com o qual tanto estamos insatisfeitos.

   Também se fartam de apontar o que realizaram em obras durante o presente mandato, mas o que mais me impressiona, é a cara de pau de todos esses que foram eleitos no último pleito. São capazes de afirmar que uma mesma obra, possa ter várias, múltiplas autorias. Uma vez é de autoria única de um deputado estadual, depois de um federal, mais tarde do governador e por derradeiro de um senador. Não estamos falando do Governo Federal, que é o dono da chave do Tesouro, de onde sai o dinheiro arrecadado sob duras penas do povo. É óbvio que todos estão concorrendo a renovação do mandato, pois até então estavam em um silêncio sepulcral. Pois olha, esqueci de falar que o governo federal também se diz que é o autor da mesma obra, já que é de lá que vem o dinheiro dos nossos impostos redistribuídos através de emendas. Como quem paga é quem manda, chegamos ao final da fábula, e continuamos sem saber quem é verdadeiramente o pai da criança, mas sabemos perfeitamente que fomos nós que pagamos através dos absurdos impostos que arduamente recolhemos em cada compra que fazemos e ainda temos um imposto a mais, que é o leão, nada mais que a receita federal e que a após a soma de todos os impostos que recolhemos, descobrimos que um nos consome somente sobre o salário e não sobre renda. No final das contas, são só um pouquinho mais que três meses ao ano do nosso trabalho convertidos em impostos. Uma micharia para promover o bem estar de uns poucos que se apropriaram do poder central.

   Bem. Se permaneceram durante quatro anos e os senadores por oito anos na legislatura, porque não mudaram esse panorama do que agora consideram como falhas?
   O que faltou para consertar estes mesmos erros que agora eles mesmos apontam?
   Faltou tempo? Quatro anos é muito tempo, oito então, nem pensar.
   Os problemas são crônicos, e os que são apontados, são sempre os mesmos: Educação, Saúde, Segurança e infraestrutura, obrigações constitucionais dos governantes.

   A nossa educação é pobre, a saúde sofrível, a segurança simplesmente não existe e em que estado estão as nossas belas rodovias entregues a iniciativa privada? Sem falar nas ferrovias, que ainda estão no âmbito da promessa, e as que existem não possuem a mesma bitola, portanto uma não pode se continuar a outra. Gostaria de saber, e que alguém me responda, qual obra foi iniciada e inaugurada nos últimos 12 anos, com ou sem o tal de PAC. É claro que não valem os estádios de futebol.

   O que mais se vê em todo o país, é deseducação, insegurança e falta de atendimento à saúde. Quanto a infraestrutura, nem se fala.
   Se formos abordar o que é governo e o que é oposição, a coisa piora. Não se sabe quem é quem.
   A política hoje é do troca troca. Toma lá, dá cá. Eu ganho um cargo e voto contigo. Se não tiver o cargo ou a indicação aceita para tal, eu voto contra.

   Eu vivi uma época onde haviam partidos com ideologia própria, UDN,PTB e PSD dentre outros, e que jamais frequentaram o mesmo restaurante. Nem cafezinho tomavam no mesmo ambiente. Aquele é de um e este é do outro, tal a via política, a ideologia que hoje não identificamos em nada nem em ninguém, mas que era perfeitamente identificada em cada integrante dos antigos partidos.

   Quando alguém era contra alguém, havia consistência em ser contrário, havia um contra pela ideologia e não por ser simplesmente contra, por não ter moeda de troca.

   O voto era ideológico e não contrário pelo simples fato de ser contra.

   Hoje o que vemos na maioria dos políticos, é o comportamento similar a um bando de carneiros sem ideologia, sem política, indo de encontro somente aos seus interesses pessoais, ao poder, com alguns poucos que batalham em favor da população, do seu bem estar e das conquistas que realmente beneficiam o povo.

   É uma pena.

   Um país tão rico e com políticos tão pobres.

   Pense quando for a urna depositar seu voto. É ele que reelege estes políticos. É ele que mantém as mordomias de que tanto reclamamos.

   Depois não culpem os políticos pelos atrasos deste país, pois foram eles que nós mesmos elegemos.

*Médico, Cirurgião, Professor Universitário

quinta-feira, 15 de maio de 2014

DEPOIS DE AMANHÃ

Por Emanuel Medeiros vieira

Compreendeu que morrer era nunca mais estar com os amigos – lembrou-se de um conto de Gabriel Garcia Márquez.


Depois de amanhã?
Depois de amanhã.

Nunca mais veria aquela árvore ou escutaria o canto dos pássaros,
O futuro fora interrompido – era isso morrer?
Um presságio.
Restará algo? Algum encantamento?
“Sou em grande parte, a mesma prosa que escrevo." (Fernando Pessoa, “Livro do Desassossego”)

“Como ele gosta de citar”, adverte um promotor interno,
Prosa poética?
Só dúvidas, e tudo agora é noite, nunca mais sentirá esses cheiros, como daquela tangerina, o sol da manhã na pele, ele, o papel e o lápis rompendo a aurora – é de outros tempos, dos últimos humanistas epistolares.

“É evidente a autopiedade”, reclama um anjo torto.
“É pessimista, triste”, reforça outro.
“Ele sempre espera o pior”, insiste o primeiro anjo.

Outro – mais severo com os seus pares – afirma: “Mas sua geração nasceu no meio de escombros de uma guerra, de ruínas, de caos, de fragmentos (nunca da totalidade), de sonhos desfeitos, de desterros. E ainda assim, valoriza o que parece tão pequeno, e tem sempre o mar no seu coração”.
Indaga-se: quem ainda se interessa pela literatura? Pela verdadeira, orgânica, não por fama, prebendas, sonhos de glória.
A velhice é um massacre?
Só contempla magias, busca raivosa de dinheiro, drogas, ódios, fugas aparatos tecno-eletrônicos – assim, as pessoas acreditam que vão suportar o cotidiano (esta vida).

“Ele precisa de silêncio, longe do insensato mundo” – outra voz.
“Sente na pele o ocaso das utopias” – outro observador.

Monologa: monetarização de tudo, busca intensa de exposição – ser celebridade.
Máquina infernal de hierarquias, extorsões, carnificinas –, tudo erigido pela violência.

“O severo moralista manifesta-se de novo”, ri outro anjo.
“Toda cabeça está doente, todo coração extenuado (...) Vossa terra está desolada, vossas cidades queimadas” (Isaías, 1-5/7).

E depois de amanhã, acabarás.
E serás apenas pó e memória.
Apenas? É tanto.

Mas siga assim mesmo, sempre – até depois de amanhã.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Eletrosul e Tractebel


Uma está de pomboca na mão, a outra brilha na crise energética 
    
   Do jornal Bom Dia

   A crise energética do governo Dilma Roussef jogou luz sobre duas empresas com sede em Florianópolis, a Eletrosul e a Tractebel Energia. A Eletrosul foi atingida pela descarga elétrica da MP 579, que avariou a Eletrobras (nave mãe do sistema da qual a Eletrosul faz parte) e deixou todo o setor elétrico capenga. A receita de R$ 19 bilhões que a Eletrobras teria em 2013, virou um prejuízo de R$ 6,8 bilhões por conta da gestão desastrada do governo, que adotou a estratégia do fusível queimado: reduziu tarifas quando o custo da energia aumentava, incentivando o consumo e arrastando o país para o risco de racionamento. 
   Vítima do apagão gerencial, a Eletrobras tem recorrido a empréstimos para pagar salários dos funcionários, e sua subsidiária Eletrosul, se não vier socorro urgente, terá que colocar à venda a sua portentosa sede no bairro do Pantanal para honrar compromissos trabalhistas. Essa alternativa extrema já é discutida na empresa.
    Já a Tractebel, vai muito bem no mercado de energia, mesmo integrando o rol de algozes da Petrobras. Um dos principais acionistas da empresa de energia é o megaempresário belga Albert Frère, vice-presidente da GDF Suez, que controla a Tractbel. Ele era o dono da refinaria Pasadena (via Astra Transcor Energy) quando a metade da sucata foi comprada pela Petrobras, e onde a empresa brasileira, depois, enterrou U$ 1,12 bilhão. 

   O belga da Tractebel comprou Pasadena em 2005 por U$ 42 milhões, e vendeu 50% para a Petrobras por mais de U$ 300 milhões, em 2006.
   Mas isso é só um detalhe, porque o principal filão de Albert Frère no Brasil é mesmo a Tractbel Energia, empresa que fatura R$ 6 bilhões anuais. Para quem não lembra, a Tractebel comprou, anos atrás, a parte boa da Eletrosul, que incluía as usinas de Machadinho e Itá, além de Estreito, Jirau e mais uma penca de hidrelétricas, termelétricas, eólicas.
   Como se vê, há muito tempo as estatais brasileiras fazem negócio de pai pra filho com empresas estrangeiras.



Duda Hamilton, assessora de imprensa da Tractebel comenta matéria do Bom Dia:

Caros Jura (Jurandir Camargo) e Canga (Sérgio Rubim), sobre a matéria que vocês publicaram no jornal Bom Dia e no Blog Canga, com data de 15 de maio de 2014, e na qual a empresa Tractebel Energia não foi ouvida e/ou procurada, a Assessoria de Imprensa da empresa esclarece:

 1 -  O senhor Albert Frére é membro eleito do Conselho de Administração do Grupo controlador da TBLE, representando acionistas minoritários.  O Presidente do Conselho de Administração do Grupo GDF SUEZ é o senhor Gerard Mestralet.  O senhor Albert Frére, na condição de integrante do Conselho, não tem qualquer relação direta com a Tractebel Energia ou demais empresas do Grupo. A Tractebel Energia não tem conhecimento  sobre as atividades  particulares de seus acionistas, ou os de seu controlador, e esclarece que nenhum investidor, individualmente, tem ingerência sobre os negócios da Empresa no Brasil.   
 
2 – O nome da empresa é Tractebel Energia, e não Tractbel, como grifado algumas vezes no texto.
 
3 – A Tractebel Energia é hoje a maior empresa privada de geração de energia do Brasil, e fechou 2013 com o maior valor de mercado dentre as companhias do setor elétrico brasileiro, alcançando  R$ 23,5 bilhões.

4 – Em 1998, quando foi privatizada, a empresa possuía 3.719 MW de potência instalada. Hoje, a Empresa possui capacidade instalada total de 7.090,2 MW, confirmando sua posição de maior geradora privada de energia elétrica do País.  O parque gerador da Companhia conta agora com 27 usinas, sendo nove hidrelétricas, seis termelétricas e 12 complementares – biomassa, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e eólicas, das quais 23 pertencem integralmente à Companhia e quatro (as hidrelétricas Itá, Machadinho e Estreito, e a biomassa Ibitiúva Bioenergética) são operadas comercialmente por meio de parcerias com outras empresas.
 
Abaixo e em negrito outras informações. Certa de ver essa resposta no seu veículo, desejo um ótimo trabalho aos colegas, abraço e beso.
 
Duda Hamilton
Dfato Comunicação
(48) 9962.1257
 
 
 quarta-feira, 14 de maio de 2014
Eletrosul e Tractebel
Uma está de pomboca na mão, a outra brilha na crise energética 
    
   Do jornal Bom Dia
 
   A crise energética do governo Dilma Roussef jogou luz sobre duas empresas com sede em Florianópolis, a Eletrosul e a Tractebel Energia. A Eletrosul foi atingida pela descarga elétrica da MP 579, que avariou a Eletrobras (nave mãe do sistema da qual a Eletrosul faz parte) e deixou todo o setor elétrico capenga. A receita de R$ 19 bilhões que a Eletrobras teria em 2013, virou um prejuízo de R$ 6,8 bilhões por conta da gestão desastrada do governo, que adotou a estratégia do fusível queimado: reduziu tarifas quando o custo da energia aumentava, incentivando o consumo e arrastando o país para o risco de racionamento. 
   Vítima do apagão gerencial, a Eletrobras tem recorrido a empréstimos para pagar salários dos funcionários, e sua subsidiária Eletrosul, se não vier socorro urgente, terá que colocar à venda a sua portentosa sede no bairro do Pantanal para honrar compromissos trabalhistas. Essa alternativa extrema já é discutida na empresa.
    Já a Tractebel, vai muito bem no mercado de energia, mesmo integrando o rol de algozes da Petrobras. Um dos principais acionistas da empresa de energia é o megaempresário belga Albert Frère, vice-presidente da GDF Suez, que controla a Tractbel. (O senhor Albert Frére é integrante eleito pelos acionistas no Conselho de Administração do Grupo GDF SUEZ, com sede em Paris - França, e por essa condição não tem qualquer relação direta com a Tractebel Energia. A Tractebel Energia não tem conhecimento  sobre as atividades  particulares de seus acionistas, ou os de seu controlador, e esclarece que nenhum investidor, individualmente, tem ingerência sobre os negócios da Empresa no Brasil. O nome da empresa está grafado erroneamente, é Tractebel).    
Ele era o dono da refinaria Pasadena (via Astra Transcor Energy) quando a metade da sucata foi comprada pela Petrobras, e onde a empresa brasileira, depois, enterrou U$ 1,12 bilhão. 
   O belga da Tractebel (Ele é belga, mas sua participação no Conselho do Grupo não reflete diretamente nos negócios da Tractebel), comprou Pasadena em 2005 por U$ 42 milhões, e vendeu 50% para a Petrobras por mais de U$ 300 milhões, em 2006.
   Mas isso é só um detalhe, porque o principal filão de Albert Frère no Brasil é mesmo a Tractbel Energia (O nome da empresa é Tractebel Energia), empresa que fatura R$ 6 bilhões anuais (A Tractebel Energia obteve uma receita de R$ 5.569 milhões em 2013; e um lucro líquido de R$ 1.437 milhões). Para quem não lembra, a Tractebel comprou, anos atrás, a parte boa da Eletrosul, que incluía as usinas de Machadinho e Itá (Quando  a     Empresa foi privatizada, em 1998, estavam em construção, em consórcio com outras Empresas, as usinas Itá e Machadinho, ambas na divisa entre RS e SC. Além de participar na conclusão destas duas usinas, a Empresa, depois de sua privatização, viabilizou as Usinas Hidrelétricas Cana Brava, São Salvador e Estreito, a Usina de Cogeração Lages, diversos parques eólicos na região nordeste do País, e térmicas a gás natural e biomassa em São Paulo e Mato Grosso do Sul), além de Estreito, Jirau e mais uma penca de hidrelétricas, termelétricas, eólicas (Entre as eólicas estão os parques Pedra do Sal, no Piauí; e Trairi, Beberibe, Flexeiras e Mundaú, no Ceará - todas essas usinas foram construídas depois da privatização, nenhuma delas era da Eletrosul. E Jirau ainda é um consórcio que tem participação do Grupo GDF SUEZ, e até o momento não tem participação da Tractebel Energia).
   Como se vê, há muito tempo as estatais brasileiras fazem negócio de pai pra filho com empresas estrangeiras. 

Justiça ordena demolição de casas na Lagoa

Construções irregulares condenadas à demolição
   
   A Justiça Federal determinou que três imóveis que estão em área de preservação permanente, às margens da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, sejam demolidos. A decisão foi dada em ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal, que detalhou os laudos e informações que apontam as irregularidades nas ocupações e pediu a demolição dos imóveis. A condenação ainda determina que, além dos particulares responsáveis pelas construções, a Fundação Municipal do Meio Ambiente (FLORAM) e a Prefeitura recuperem o local degradado, que é terreno de marinha.

   A demolição e a recuperação da área deverão ser efetuadas mediante apresentação de Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) a ser aprovado pela FLORAM, atendendo às especificações técnicas pertinentes e contemplando, além das demolições, a retirada de eventuais muros e entulhos, com recomposição da vegetação típica do local. Uma vez aprovado o PRAD, deverão ainda ser comprovadas as medidas adotadas até completa recuperação ambiental da área.

   Placas de sinalização, alertando sobre a área de preservação no local e da proibição de construção, também deverão ser instaladas pela Prefeitura e FLORAM.
   Os réus deverão cumprir decisão no prazo de 60 dias, sob pena de multa diária de R$100 para os particulares e de R$500 para o município e FLORAM.
   Os imóveis estão situados às margens da Lagoa da Conceição, mais precisamente à Rua Laurindo Januário da Silveira conhecida como estrada geral do Canto da Lagoa.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

HQ: Meninas em Jogo

Durante três meses, nossa equipe de repórter e quadrinista percorreu quilômetros de estradas do Ceará em busca da teia da exploração sexual de meninas para a Copa. Aqui você acompanha essa trama na primeira reportagem em quadrinhos da Pública, em cinco capítulos




Capítulo I


Capítulo II


Capítulo III


Capítulo IV


Capítulo V



domingo, 11 de maio de 2014

“Sociosclerose Marxista Depressiva”

O CRIME DE MARONI

   Por Janer Cristaldo
   Não que eu pretenda defender quem explora a prostituição. Mas não é fácil entender a sanha com que autoridades se empenham em condenar Oscar Maroni, um entre os milhares de exploradores do ofício em São Paulo.

   Desta vez, foi o Sepex-SP (Sindicato das Empresas de Publicidade Exterior do Estado de São Paulo) que notificou as três empresas veiculadoras dos outdoors que a Bahamas Hotel Club pagou para serem exibidos em rodovias de São Paulo, como Imigrantes, Castelo Branco e Bandeirantes. As peças começaram a ser veiculadas nas últimas semanas pela boate localizada em Moema, na zona sul da capital paulista, famosa por ser freqüentada por garotas de programa e que foi fechada em 2007 por irregularidades e reaberta em setembro último acrescentando a palavra "Hotel" ao nome.

   O diretor executivo do Sepex, José Roberto Fogaça, afirma que as peças começaram a ser retiradas na última terça-feira e que esta é uma questão vergonhosa, pois a entidade não defende nem faz apologia, de forma alguma, à prostituição. “Não se pode dizer que a peça é ilícita, mas atenta à moral e à ética. Não é assim que gostaríamos que os consumidores vissem os nossos painéis. O sindicato, representando as empresas de mídia exterior, tem feito várias campanhas contra o crack, doação de sangue, ações de benefício público. É desse jeito que queremos ser lembrados”, destaca Fogaça.

   As empresas de publicidade usam a mulher para vender desde cerveja a automóveis, e de repene o sindicato da classe se enche de brios ante anúncios que vendem... mulher. A peça traz o título “Bahamas Hotel Club – Onde suas fantasias se tornam realidade” e mostra uma mulher bronzeada, de short provocativo e salto alto, agachada em frente a um homem de chuteiras e com o calção abaixado. O painel também exibe a foto de Oscar Maroni, que responde a processo por suspeita de incentivar a prostituição, identificando-o como “proprietário”.

   Como se mulher não fosse mercadoria neste nosso mundinho capitalista. A julgar pela manifestação do sindicato, até parece que prostitutas não existem neste país.

   Em outubro de 2011, a juíza Cristina Ribeiro Leite condenou a 11 anos e oito meses de reclusão Oscar Maroni, o autodenominado "empresário do erotismo". Empresário sem dúvida é. Sua boate, próxima ao aeroporto de Congonhas, que funcionou até 2007, era freqüentada por garotas de programas e clientes de alto poder aquisitivo.

   O Bahamas oferecia o que dezenas de boates continuam oferecendo em São Paulo: shows de striptease, sauna mista, restaurante executivo com cardápio variado e também contava com 23 suítes luxuosas para encontros íntimos. Por ocasião dos eventos da Fórmula 1 na cidade, a boate desempenhou importante função social. Recepcionava em média cerca de 400 clientes, entre eles o pessoal de algumas escuderias famosas da Fórmula 1 com shows eróticos com garotas de programas que usavam o tema baseado no evento automobilístico. Agora que se aproxima a Copa, querem roubar de atletas, turistas e autoridades o bem-bom da vida.

   Maroni já esteve preso, por ordem de Gilberto Kassab, por ter construído um hotel de 11 andares na esquina da rua dos Chanés com a alameda Anapurus, a 600 metros de uma das cabeceiras da pista do Aeroporto de Congonhas, ao lado da boate Bahamas. Após o acidente com o vôo TAM 3054, o prefeito cassou o alvará de aprovação e construção do hotel. Ocorre que o acidente da TAM nada teve a ver com altura de edifícios. O avião estatelou-se em um posto de gasolina. A situação se arrasta até hoje na justiça.

   A juíza Cristina Ribeiro Leite usou de vasta erudição para proferir sua sentença, apelando a experts do ramo. Entre elas, a prostituta-celebridade Bruna Surfistinha, que em seu livro O Doce Veneno do Escorpião assim descreve o Bahamas, onde ela, entretanto, nunca trabalhou: "De bom gosto, elegante mesmo. Por fora, você nem se toca do que é lá dentro. As garotas que vi por lá não tinham nada de anormal, não tinham puta estampado na testa nem ficavam na porta se oferecendo a quem passasse".

"Se o Bahamas não é uma casa de prostituição, o que seria uma casa de prostituição?", alega a juíza várias vezes ao longo da sentença. Claro que é casa de prostituição, e isto Maroni não nega. Mas não aceita a pecha de proxeneta. "Sou apenas um empresário que está sendo perseguido por trabalhar no ramo da diversão masculina. O Bahamas nunca ficou com um só centavo do que as moças auferiam como prostitutas". Segundo ele, o local era aberto a homens e mulheres em busca de lazer adulto. "Se alguém queria fazer programas, tratava privadamente com seus clientes. A casa não tinha participação alguma nisso".

   Ora, São Paulo tem milhares de boates do gênero, algumas de alto luxo, outras médias e muitas vagabundas mesmo, que continuam fornecendo sexo a quem quiser pagar por sexo. Similar à Bahamas, até bem pouco havia o Café Photo, de suntuosos interiores. Fechado há alguns anos, voltou a instalar-se no chique bairro de Vila Nova Conceição. Foi interditado em 2010, não por prostituição, mas por falta de alvará para funcionar. Com a interdição, as meninas simplesmente migraram para uma outra boate, o Garden. E tudo continua como dantes no quartel de Abrantes. O proprietário aguarda pela liberação da prefeitura para a boate voltar a funcionar.

   Se a Dra. Cristina pretendia mandar para a cadeia quem tem casa de prostituição em São Paulo, precisaria construir mais cárceres. A pergunta que se impõe é uma só: por que o Maroni? A acusação é de exploração da prostituição, o que constitui crime em nosso Código Penal. Mas isto é de difícil comprovação. Em primeiro lugar, ninguém viu as moças repassando dinheiro ao proprietário das Bahamas. Em segundo, nenhuma profissional vai denunciar quem lhe propicia ambiente de trabalho, conforto e proteção. Em terceiro, Maroni pode dispensar tranqüilamente qualquer colaboração das meninas.

   Maroni cobrava R$ 69 por hora passada em uma das 23 suítes de intensa rotatividade à disposição da clientela. Pelas contas da juíza, uma diária custaria 24 vezes R$ 69, ou R$ 1.656, "dignos do Ritz de Paris, para um quarto onde abundam espelhos e faltam armários!!! Seguramente, sem as lindas garotas de programa não haveria clientela perdulária para justificar o preço".

   A juíza parece ter descoberto a América. Claro que sem as lindas garotas não haveria clientela perdulária. Quanto a ser perdulário, isto não é crime nem pecado. É perdulário não quem quer, mas quem pode. Aparentemente, a doutora preferiria uma espelunca suja e baratinha, ao alcance dos não-perdulários.

   Com esse faturamento, não há porque achacar as meninas. Isso sem falar na consumação mínima, bebidas e comida. Por outro lado, faltou assessoria à Meritíssima. Se consultasse a Surfistinha, talvez entendesse porque não há armários em uma boate. Bordel é local de trabalho, não de moradia.

  Prostituição, particularmente a de luxo, exige gerenciamento. Alguém tem fornecer o local, as instalações e tratar inclusive da segurança das moças. Não se imagina uma profissional de luxo catando clientes nas calçadas. Diga-se de passagem, essas pobres meninas que se prostituem nas ruas melhor viveriam se alguém as administrasse. Entregues à própria sorte, têm de repassar boa parte dos parcos ganhos a seus cafetões.

   Pelo jeito, o crime do "empresário do erotismo" é o de ser bem sucedido no ramo. Entre os milhares de motéis que anunciam seus serviços nas rodovias, só o de Maroni está provocando indignação.

sábado, 10 de maio de 2014

“Trottoir”


   Por Jaison Barreto
   Esqueçam o estilo literário que, aliás nunca tive. O título poderia ser depois da leitura das matérias jornalísticas abaixo, “Trottoir”.
   Sucintamente, resguardo a figura respeitável, admirável de um companheiro meu de lutas, Pedro Simon e a de Jarbas Vasconcelos.
   São políticos da melhor qualidade, fazem política decente, não fogem de bola dividida, tem postura ética, comportamento, ideias, padrõescomportamentais melhores.
   Falta isso ao Brasil!
   Essa mudança de postura de políticos em curto prazo é que não pode continuar e precisa ser esclarecida.
   Nós todos, de todos os partidos, que a gente sabe ter gente decente, tenho a absoluta convicção que ao tomarem conhecimento dessa leitura vão ficar envergonhados.
   Não podemos nos confundir com a esperteza, com a manutenção de privilégios, com essa manipulação de líderes políticos, que obrigam partidos a esperarem os resultados de pesquisas eleitorais para tomarem posições.
   “ISTO É UMA VERGONHA!!!”, afirma sempre Boris Casoy.
   Constrangido por ter que “fulanizar”, deixo um apêlo ao Luís XV que conheço desde o início de sua carreira, como Pedro Ivo Campos conheceu, como Ulysses Guimarães aprendeu, como o Mauro Mariani sofreu e centenas e milhares de peemedebistas sabem, pare de chantagear o Governador Colombo, pare de mentir pra Dilma e não tente enganar o Campos ou o Aécio.
   Parabéns pela sua vitoriosa carreira política, mas nós todos já sabemos quem você é!
   Não se iluda!

   Saudações entristecidas,

A sequência de matérias que publico a seguir, tiradas da imprensa catarinense, não sofreram alterações, sendo cópias fieis da manifestação de jornalistas responsáveis do Diário Catarinense. Considero importante.
Leiam, com atenção!

(1º de maio, Diário Catarinense, interino na coluna Moacir Pereira – Por Upiara Boschi).
“A encruzilhada petista"(...) Ironicamente, hoje a única opção viável para os petistas deixarem o isolamento é a mais rejeitada pela militância: aderir a Colombo, pelas mãos do senador Luiz Henrique (PMDB). O PEEMEDEBISTA BATE INSISTENTEMENTE NA TECLA E DIZ QUE NÃO VAI DESISTIR. PROMETE ENTREGAR PARA DILMA ROUSSEFF 500 MIL VOTOS DE VANTAGEM NO ESTADO, UMA MOEDA VALIOSÍSSIMA DIANTE DE UM CENÁRIO ELEITORAL QUE PROMETE SER MAIS COMPLICADO QUE O PENSADO INICIALMENTE.
NA PRÓXIMA SEMANA, LHS DEVE ENCONTRAR LIDERANÇAS NACIONAIS DO PT PARA INSISTIR NA TESE. Em Florianópolis, na segunda-feira, a executiva e as bancadas do PT discutem o novo cenário. Pelo menos um integrante do grupo defende que se debata o apoio a Colombo. (...)”

(8 de maio, Diário Catarinense, interino na coluna Moacir Pereira – Por Upiara Boschi).
“Após rejeitar PP, Luiz Henrique participa de encontro pró-Campos"
POUCAS HORAS DEPOIS de conceder entrevista ao jornalista Moacir Pereira explicitando mais uma vez o veto à presença do PP na chapa para reeleição do governador Raimundo Colombo (PSD), O SENADOR LUIZ HENRIQUE DA SILVEIRA (PMDB) PARTICIPOU DE UM ENCONTRO DE PARLAMENTARES PEEMEDEBISTAS EM FAVOR DA CANDIDATURA PRESIDENCIAL DE EDUARDO CAMPOS (PSB). A informação foi dada pela jornalista Vera Magalhães, na blog Painel, da FOLHA DE S. PAULO.
O JANTAR FOI PROMOVIDO PELO SENADOR PERNAMBUCANO JARBAS VASCONCELOS, EM SEU APARTAMENTO, e contou com a presença de seis deputados federais e cinco senadores. A jornalista ressalta que o único convidado que ainda não aderiu a Campos é justamente Luiz Henrique, “por questões da política catarinense”, mas que ele ainda não rejeitou a possibilidade.
Nos dias seguintes à pré-convenção do PMDB catarinense que renovou o compromisso com a reeleição de Colombo, LUIZ HENRIQUE FOI PROCURADO POR CAMPOS E TIVERAM UMA CONVERSA. O pernambucano que atrair quadros históricos do PMDB, como senador gaúcho Pedro Simon (que estava no jantar de ontem), para antagonizar com o grupo de Renan Calheiros e José Sarney.
LUIZ HENRIQUE AINDA DEFENDE A ALIANÇA COM O PT, INCLUSIVE EM NÍVEL ESTADUAL. NA SEGUNDA-FEIRA, ele se encontra com o governador Raimundo Colombo para discutir a sucessão. UM DADO INTERESSANTE: O EX-SENADOR JORGE BORNHAUSEN, APOIADOR DE CAMPOS, ESTARÁ PRESENTE.”

sexta-feira, 9 de maio de 2014

As bandidagens da FIFA

“Eles estão roubando vocês!”

Andrew Jennings revela esquema ilegal de venda de ingressos para
 a Copa do Mundo (Foto: o.canada.com)

Por Giulia Afiune 
Em livro recém-lançado no Brasil, o jornalista britânico Andrew Jennings desnuda farsa de ingressos da Copa e avisa: os brasileiros estão pagando por uma Copa que só trará lucro para Fifa e patrocinadores. Confira aqui a entrevista e trecho do livro em primeira mão.

   
    Com um estilo descontraído e irônico, Jennings conta quem são os irmãos mexicanos Jaime e Enrique Byrom, donos do grupo Byrom PLC, acionista majoritário da Match Services e da Match Hospitality, prestadoras de serviço para FIFA. São eles que controlam todos os negócios relacionados a ingressos, acomodações e hospitalidade nas Copas do Mundo da FIFA. E fazem mais: no livro, o jornalista prova que nos mundiais da Alemanha, em 2006, e da África do Sul, em 2010, os Byrom forneceram ingressos para o vice-presidente da FIFA Jack Warner vender no mercado negro em troca de votos que os favoreciam no Comitê Executivo da FIFA.
    Jennings recebeu e-mails do advogado dos Byrom, ameaçando processar jornalista e editora, mas não pretende se calar. “Eu disse que se eles continuassem, ia publicar os documentos”, contou o jornalista em entrevista à Pública em que detalha os negócios ilegais relacionados aos ingressos e os motivos que fazem da Copa do Mundo um pote de ouro para a FIFA e os patrocinadores sem trazer benefícios para o torcedor.

   No livro você mostra os negócios entre os irmãos Byrom e o vice-presidente da FIFA Jack Warner nas Copas de 2006 e 2010. Em linhas gerais, como esses negócios funcionam?
   Existe um mundo negro que os fãs do futebol não conhecem, que é o mundo dos negócios de ingressos. Há 209 associações nacionais de futebol na FIFA, como a CBF, no Brasil. Algumas são bem honestas, mas a maioria não é. As associações nacionais pedem ingressos aos Byrom, que os fornecem em nome do Blatter [presidente da FIFA] e da FIFA. Os negociadores de ingressos do mercado negro vão até essas pessoas em diferentes países da África, da Ásia, alguns da Europa – especialmente os do antigo bloco soviético – e conseguem os ingressos com eles.


   Em 2006 na Alemanha, eu revelei que eles estavam vendendo milhares e milhares de ingressos para Jack Warner, que agora está sendo forçado a sair da FIFA. Foi uma grande história, uma grande confusão, e eles fizeram isso de novo em 2010! O Warner, [presidente] da União Caribenha de Futebol, solicitou ingressos [por e-mail] mas copiou um negociante na Noruega! Então os Byrom sabiam que Jack estava comprando deles em nome do cara na Noruega. E eles copiam a correspondência para a FIFA e para a Infront, empresa do Philippe Blatter [sobrinho do presidente da entidade]. Então todos eles sabem o que está acontecendo.


   Na Alemanha eles tiveram muito lucro, mas na África do Sul esse mercado entrou em colapso porque ninguém queria ir para lá. É por isso que o escritório de ingressos dos Byrom estava entrando em contato com o Jack e com a Noruega, dizendo: “se vocês não mandarem o dinheiro logo, nós cancelamos seus ingressos”. O Jack Warner estava comprando os ingressos em nome do cara do mercado negro na Noruega e os Byrom precisavam dar ingressos para ele porque ele controla pelo menos três votos no Comitê Executivo da FIFA: se Jack, quer ingressos, ele ganha ingressos. E o que ele dá em troca é que ele e os amigos votam em você para que você consiga todos os contratos dos ingressos.

O que nós não sabemos é: que outros membros do Comitê Executivo ganha ingressos nessa escala?
Os Byrom conseguem os ingressos por meio do contrato que a FIFA tem com a Match?
   Não, a Match é hospitalidade. Existem três diferentes contratos entre os Byrom e a FIFA. Um é para os 3 milhões de ingressos para todos os jogos que vocês vão ter no Brasil nos próximos meses. Esses ingressos são para pessoas como eu e você ficarmos nas arquibancadas de concreto gritando e torcendo pelos times. Outro é para acomodação, porque nós estrangeiros e vocês brasileiros de outras cidades que precisam de um lugar para ficar. Então os Byrom reservam uma grande quantidade de quartos, perto da Copa do Mundo percebem que não venderam todos e começam a se livrar deles.

   A terceira coisa é a Match Hospitality, da qual os Byrom são acionistas majoritários, da qual o Philippe, sobrinho do sir Blatter, tem 5% e outros grupos também têm ações… A Match é responsável pela hospitalidade, que são aqueles grandes e caros camarotes de vidro nos estádios, todos novos, pagos, em sua maioria, pelos contribuintes. Tem muito dinheiro na hospitalidade. Eu acho que vai ser um desastre porque essas pessoas não vão vir, mas isso é outra questão.

   O que os pacotes de hospitalidade oferecem e para quem eles são vendidos?   Você pode ver no artigo eu fiz para a Pública: A hospitalidade é um bom translado para o estádio, muito espaço, comida, bebidas…Você é pode comprar até as mais luxuosas suítes hospitalidade com uma parede de vidro para que você possa assistir um pouco do jogo de vez em quando, quando você não está fazendo negócios. Onde você não precisa se misturar com as pessoas comuns. Imagine ficar no mesmo terraço que todos esses brasileiros? Urgh.

   Está tudo no site deles, com preços astronômicos. Quem compra esses pacotes são pessoas muito ricas que levam seus amigos; executivos; e empresas que levam seus melhores clientes ou seus melhores vendedores, como uma espécie de prêmio. O alvo é o mercado corporativo, é uma hospitalidade corporativa.

   Os contribuintes pagaram por esses camarotes de vidro luxuosos, mas vocês não podem comprar esses pacotes. Você pode ter sorte na loteria e conseguir um ingresso para ver um jogo, mas não vai ter dinheiro para esse camarote a não ser que seja um brasileiro muito rico do mundo dos negócios.

   A FIFA argumenta que a Match ter o controle exclusivo das vendas de ingressos e de pacotes de hospitalidade impede vendas não autorizadas. Isso é verdade? Por que é interessante para a FIFA manter esse esquema?
   Isso é uma besteira. Os Byrom controlam todos os ingressos. Você vai no site da FIFA e encontra todo tipo de lixo sobre impedir as vendas não autorizadas, o que é ridículo, porque todo ingresso vem da porta do fundo dos Byrom. Eu não consigo imprimi-los, você também não. Muitos ingressos são impressos na última hora, porque agora nós não sabemos que time vai jogar na segunda fase e em qual estádio.

   Então você ouve um monte de lixo sobre como você deve comprar deles, se não você pode ter o ingresso rasgado na entrada do estádio. Se você compra exclusivamente dos Byrom ou de seus amigos, você vai entrar. Mas o Warner estava comprando ingressos para outras pessoas! Ele não queria 5 mil ingressos para ele assistir à Copa da Alemanha, era para colocá-los direto no mercado!

   A FIFA diz que está policiando esse mercado paralelo de ingressos, mas não está. É como um padre que olha para o outro lado!

   E os líderes da FIFA também lucram com esse esquema?
   Nós não podemos provar. Eu valorizo muito os documentos. Eu ouço histórias, vejo como Jack Warner se safou com milhares e milhares de ingressos, será que outros líderes da FIFA fazem negócios semelhantes? É legítimo fazer essa pergunta, mas nós não temos prova.

   Os Byrom controlam todos os ingressos para a Copa do Mundo no Brasil. Os parceiros comerciais deles aqui são o Grupo Traffic e o Grupo Águia, que, como você mostra, tem ligações comprovadas com a CBF e o Ricardo Teixeira. O que isso sugere?   No caso dos ingressos, o Teixeira forçou os Byrom a terem parceiros brasileiros para que seus amigos pudessem ganhar uma fatia. Por isso esses grupos têm alguma ação. Você encontra as referências à Traffic se olhar os relatórios do senador Álvaro Dias [relatórios finais da CPI da CBF, elaborados em 2001] (volume 1volume 2volume 3volume 4).

   Isso significa que o povo brasileiro está excluído. Vocês estão pagando pela Copa do Mundo e para vocês é dito que os ingressos vão ser distribuídos de forma justa. Aí você descobre que todo tipo de atividade ilegal relacionada aos ingressos está acontecendo.
   

No livro, você faz uma analogia entre a pilha de ingressos para a Copa do Mundo e um iceberg, mostrando que apenas a ponta está disponível para os torcedores, enquanto, embaixo d’água, o resto é vendido por meio de negócios ilegais. Então, o documento em que a FIFA explica a distribuição dos ingressos é falso?   Sim, porque existe um mercado negro. E se você está comprando um ingresso de mercado negro, ele pode vir de um país africano, ou de outro lugar. A FIFA fala sobre a ponta do iceberg, mas o fato é que existe um outro mundo sombrio embaixo da superfície, onde existe um imenso mercado de ingressos.

   Qual é a chance de um brasileiro que ama futebol assistir o Brasil jogar no estádio na Copa do Mundo?
   Gaste o seu dinheiro em uma televisão. Eles não colocam todos os ingressos na loteria! Você não pode acreditar nos gráficos, porque não há como checá-los! Os Byrom têm todas as estatísticas! Você pode checar o que o governo está fazendo, porque você consegue os números, mas os Byrom não precisam publicá-los. Se eles dizem que 100% dos ingressos estão na loteria, você nunca vai provar que isso não é verdade.

   O ingressos do mercado negro são vendidos apenas para pessoas ricas ou para pessoas comuns também?
   Pessoas como Jack Warner comprariam ingressos, mas ele os venderia para empresas que os colocariam em pacotes com vôos e acomodação. Se você fosse um turista na Copa do Mundo da Alemanha ou da África do Sul, você viajaria no vôo que eles reservaram, ficaria no quarto que eles reservaram. Mas você olharia no seu ingresso e veria que em vez do seu nome, nele está escrito “Fred Smith”. Todo ano você ouve que eles vão checar os passaportes, mas eles nunca fazem isso. Isso faz parte da farsa de dizer que se você não tem seu nome no ingresso, você está em apuros. É uma grande mentira.

   O Ricardo Teixeira e o João Havelange (ex-presidente da CBF e da FIFA) têm relação com esse esquema?
   O que nós sabemos é que antes de forçarmos o Teixeira a sair, eles estava no Comitê Organizador Local, que fazia de tudo: ingressos, estádios… Eu não sei qual fatia o Havelange ainda consegue. Ele tem 96 anos. Mas Ricardo estava lá desde o começo. Ele preparou tudo, os negócios, tudo que tinha a ver com a Copa. Nós o forçamos a sair apenas por escândalos externos, ele não esperava por isso. Então você pode atribuir a ele tudo que está errado com a Copa, porque antes dele sair, todos esses contratos já estavam sendo arranjados, não são contratos novos. Ele diz que não tinha controle sobre o que estava acontecendo. Ah, por favor…

   O que você descobriu sobre o Ricardo Teixeira?
   Eu investiguei as propinas dele na Suíça e os relatórios do Álvaro Dias [da CPI da CBF]. As investigações nos relatórios provam que Teixeira é um grande ladrão. Eu li todas as 500 mil palavras com a ajuda do Google Tradutor [risos]. Você tem que fazer um ato muito criminoso antes de entrar em uma máfia. Eu estaria errado se dissesse que a FIFA deu a Copa do Mundo para o Brasil. Isso é besteira. Blatter deu a Copa do Mundo para o Teixeira. Não a FIFA, o Blatter. São coisas diferentes.

A FIFA é uma máfia, uma família de crime organizado. No livro, eu mostro que ela não é uma organização legítima. Os líderes são ladrões, eles dividem tudo entre eles e estava na hora de dar ao Ricardo a sua Copa do Mundo. A CBF estava falida e isso provou ao Blatter que Teixeira era justamente o tipo que ele queria para organizar a Copa do Mundo.

   Que pessoas e organizações lucram com a Copa do Mundo?   Vocês contribuintes pagam por ela. A FIFA consegue lucrar com a bilheteria. Todos o dinheiro da FIFA vem da Copa do Mundo, é sua grande fonte de renda. Nos outros torneios: futebol feminino, sub-17, sub-21, eles perdem dinheiro. Mas eles precisam fazê-los para mostrar que são inclusivos. O Valcke prevê que a FIFA vai ganhar US$ 2,7 bilhões com a Copa, os brasileiros ficam bravos e ele responde: “Mas nós estamos colocando tanto dinheiro de volta”. Isso não é verdade. Quando um quarto de hotel é alugado, isso não é colocar dinheiro, é alugar um quarto de hotel!

   Os patrocinadores, como McDonald’s, Visa, Samsung e outros conseguem uma maravilhosa isenção fiscal de 12 meses pela “lei da FIFA”. O Romário lutou contra ela, mas a Dilma forçou sua aprovação. A isenção fiscal para eles é um fardo para vocês. Se eles não pagam os impostos, vocês pagam. Eles estão roubando vocês! Essas empresas, como a Coca-Cola e a Samsung, estão vendendo produtos e não há impostos! Não tem motivo! Se eu for começar uma empresa em São Paulo, eu tenho isenção fiscal? Não, não tenho.

   Então a Copa do Mundo é um pretexto para eles lucrarem?
   Eu acho que nós poderíamos ter um campeonato mundial de futebol sem eles. Nós não precisamos desse nível de pessoas não transparentes só se preocupando com eles e com seus associados comerciais. Só o dinheiro da venda dos direitos televisivos, que você conseguiria legitimamente, é suficiente para pagar pela Copa do Mundo. As emissoras pagam uma fortuna para transmitir. Você não precisa de negócios por baixo dos panos com patrocinadores ou isenções fiscais especiais.



Nas suítes privativas dos estádios reformados com dinheiro público, milionários e empresas pagam 2,3 milhões de dólares por ingresso vendido por associada da FIFA



O jornalista e diretor de redação da Carta Capital cobriu o evento quando tinha 15 anos para veículos italianos: “O Brasil era o país ideal”


Saiba mais:
Transparency in Sport – site do jornalista Andrew Jennings
Conexões perigosas: A Copa do Mundo e a Match Services
Os negócios da Match, fornecedora da Fifa na Copa da África e do Brasil
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Conversa Pública com Andrew Jennings, inimigo número 1 da FIFA