terça-feira, 11 de dezembro de 2018

O macaco e a cumbuca

por Leal Roubão

   Dizem as fontes a quem consultei que há no Brasil uma expressão muito conhecida e usada em diversas situações: O macaco meteu a mão na cumbuca.

   Recentemente, soubemos pela imprensa brasileira que um ex-assessor, motorista e segurança de um deputado estadual pelo Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro, movimentou em dois anos, 2016 e 2017, doze parcelas de R$ 100 mil reais, totalizando R$ 1 milhão e duzentos mil reais. Diz o relatório do órgão financeiro que cuida destas movimentações, que são consideradas atípicas. De fato, para quem recebe salário de R$ 7 mil reais e uma aposentadoria de R$ 12 mil reais, difícil economizar R$ 50 mil reais mensais por dois anos inteiros e chegar ao valor de R$ 1.200.000,00.

   Mas, há várias hipóteses que devem ser consideradas na investigação do Ministério Público Estadual.
O Rio de Janeiro é uma cidade muito perigosa. Está, inclusive, sob intervenção federal em razão da alta criminalidade. É possível que o deputado Flávio Bolsonaro peça ao seu segurança para cuidar do seu salário mensal que deve girar em torno de R$ 33 mil reais. Mas, aí faltariam R$ 17 mil para chegar aos R$ 50 mil reais.

   Outra hipótese é o jogo do bicho, muito popular no Brasil, em especial no Rio de Janeiro. O macaco é o 17 e pode ser que o motorista – assessor e segurança tenha acertado várias vezes no milhar do macaco. Pode!

   Pode ter acertado 12 vezes no milhar do jogo do bicho, sempre ganhando R$ 100 mil reais.
   Pode ter sido também uma daquelas correntes da felicidade. Um passa para o outro até que alguém acerta.
   Pode ter sido a venda de um imóvel. Pode!
   Pode ter sido a doação de um parente distante. Pode!
   Tudo pode até que o MPRJ termine a investigação.
   Enquanto isso, diz a Bíblia no livro de João, capítulo 8, versículo 32: CONHECEREIS A VERDADE E ELA VOS LIBERTARÁ.

   O presidente diplomado, Jair Bolsonaro, bem como seu Chefe da Casa Civil, deputado Onyx Lorenzoni, costumam repetir a máxima de João, o apóstolo. O deputado tem a tatuagem no braço direito com a frase para lembrar constantemente do perigo da mentira.

   É importante neste inicio de governo, lastreado na vitória sobre a corrupção, que não fique nenhuma dúvida sobre as tais movimentações financeiras de pessoas próximas à família presidencial. Até porque, o esclarecimento fortaleceria ainda mais os seguidores de João.

   Por último, apenas como hipótese, é comum nas casas legislativas, municipais, estaduais e federais, a prática da caridade ou do pecado com o corpo alheio.
   Se paga ao funcionário do gabinete do legislador dez moedas e se obriga que ele devolva cinco. É uma forma indecente de se apropriar dos recursos públicos usando a cumplicidade daquele que se submete à tramoia.

   Que a Bíblia, tão citada pelos vitoriosos, seja seguida e respeitada e que não se desmereça em vão o nome do macaco, nosso herói do jogo do bicho com a camisa 17.

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