terça-feira, 26 de maio de 2020

Jenifer

                                                                          por Marcos Bayer
   Parece ter sido esta a palavra senha para fechar a Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina por uma semana. Jenifer.
   Boato ou não, não se pode fechar um Poder senão em razão dos prazos definidos na Constituição da República.
Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. As Assembleias Legislativas seguem os mesmos tempos. Não se pode fechar um Poder por causa das infiltrações nas paredes do prédio, das instalações sanitárias, do carpete rasgado nos corredores e nem pelas colunas de concreto rachadas pelo excesso de uso.
   Pode-se fechar o prédio onde funciona o Poder Legislativo, nunca o Poder.
   Se precisar demolir o prédio da ALESC em razão de falhas estruturais amanhã, o Poder tem que ser transferido provisoriamente para o salão paroquial, para o clube de vela, para o centro de convenções ou para qualquer outro lugar. O Poder Legislativo fechado nos tempos previstos para deliberação, expressos na Constituição Federal, é golpe de Estado ou ignorância política.
   Mesmo com o vírus mortal, é obrigação de quem preside o Poder transferi-lo para outro lugar enquanto faz-se o reparo necessário em sua sede original.
   O que aconteceu em Santa Catarina recentemente foi uma onda de denúncias de corrupção, de apadrinhamentos, de fraudes, de cinismo e de cara de paisagem comentando o óbvio com ares de doutor. Um falso moralismo "nunca antes visto na História deste Estado!".
   Vieram com um papo de nova política, de bom moço, de competentes e de inovadores. Não passam de um grupo de inconsequentes, deslumbrados com o que encontraram e que nunca saberão administrar.
   Primários, atrapalhados e improdutivos. Foram obrigados a apagar o incêndio de última hora. Deslocaram o secretario do desenvolvimento econômico, um tonto que não sabia o que fazer no cargo a não ser nomear parentes e amigos.
   Fizeram um almoço às pressas na residência oficial com redes de comunicação, fecharam o Poder Legislativo e desmentiram Jenifer.
   Jenifer poderia ser um romance policial, uma crítica social, uma compra promocional ou até mesmo uma pretensão boçal.
   Quem acompanha a política em Santa Catarina, sabe que num determinado momento, nos anos setenta, o Senador Alcides Ferreira, na troca de governo, disse: Sai a opereta e entra a discoteca!
   Pois agora, o tom da música é Jenifer

O nome dela é Jenifer.

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