14 Março 2009
A inveja é uma merda!
Frente a tudo o que tenho visto nos últimos tempos, o mundo político de cabeça para baixo, chego a pensar que - depois de todos os mega escândalos pós Collor, vide mensalão, recheados de provas de corrupção e bandalheira - a cassação do homem foi uma injustiça, Afinal foi derrubado do poder apenas por uma nota fiscal de uma Elba.
13 Março 2009
O sedutor da palavra
Convivi durante um tempo com o Eloy. Primeiro nos encontros diurnos e noturnos do Bar Roma que acolhia, no final dos anos 70 e início dos 80, grande parte da esquerda festiva da cidade. Mais tarde trabalhamos juntos na redação do O Estado e finalmente nos juntamos em um projeto alternativo que foi o Jornal Afinal em 1980. Inteligente e instigante, Eloy era bem nascido. Da família Gallotti de Tijucas. Durante o período em que militamos no Afinal tivemos várias divergências em relação a linha editorial do jornal. Ele defendendo uma linha mais porno política e eu (por incrível que pareça) uma linha mais moderada pois, afinal, tínhamos na igreja católica uma aliada para a distribuição do perseguido jornal.
Nas discussões eu sempre estava em desvantagem devido ao tremendo conhecimento de história, experiência política e a inteligência atilada do Eloy. Mesmo assim nos degladiávamos em discussões intermináveis noite e garrafas a dentro. Eu acabava levando alguma vantagem: aprendia muito e rapidamente com ele. Era um sedutor da palavra. Foi um bom parceiro.
Foto do acervo do Celso Martins tirada em uma das noitadas do Roma.
CARTA A SILVEIRA DE SOUSA
Por Olsen Jr.
Caro amigo:
Não fosse pelo cidadão íntegro, igualmente, pelo grande escritor brasileiro (catarinense é um detalhe) que você é, talvez eu não desse importância ao fato. A verdade é que desde que li a tua entrevista algo está roendo as minhas entranhas. De tal maneira isso está me incomodando que, sob pena de não fazer mais nada, decidi te escrever.
A par de cumprimentá-lo por dar início ao que se espera, seja uma longa sequência com escritores catarinenses, também pelo equilíbrio e sensatez de muitas respostas para questões que poderiam induzir facilmente ao pernosticismo, mostrando ainda que a passagem do tempo lhe acrescentou ao talento, uma cordialidade capaz de tornar a vida, de fato, digna de ser vivida.
Isso posto, com a mesma sinceridade e clareza que movem os justos, desejo fazer algumas observações.
Logo que mencionaram o teu cachorro “Pingo” acreditei que se criaria um clima semelhante aquelas entrevistas idealizadas pelo jornalista George Ames Plimpton e publicadas na famosa The Paris Review, a partir de 1953, em que se descrevia o cenário onde o escritor se encontrava e dois jornalistas (eles trabalhavam sempre em duplas) em várias sessões dissecavam a vida e a obra do entrevistado. Mas não foi o que aconteceu.
A primeira dessas coletâneas publicadas em livro foi no final daquela década e trazia nomes como Mauriac, Faulkner, Simenon, Moravia, Capote, Pound, T. S. Eliot, Huxley, Hemingway, entre outros. A Editora Paz e Terra publicou aqui cinco anos depois, republicou no início da década de 1970 e depois a Cia. Das Letras editou mais dois volumes no final dos anos 1980, acrescentando mais escritores.
Lá a revista era feita por americanos e para a população que falava inglês e morava
Sim, tinha bastante humor e descontração nos bate-papos. Falava-se dos personagens, como eram criados, como eram nomeados, como nasciam as histórias, como eram desenvolvidas. Falava-se dos “bloqueios” da criação, do tempo que se gastava para escrever um conto, um romance. Das motivações de cada um, se comparavam os vários autores com outros que lhes eram contemporâneos. Das influências e ninguém tinha “pudores” para nomeá-las e falar delas. Da convivência entre os autores, das influências ou não da crítica, dos simbolismos e das metáforas, do que estava dito ou implícito. Como era a “rotina” de um escritor.
Quando se terminava de ler aquelas conversas, se tinha um quadro bastante amplo da vida, da vivência, da arte, do estilo e principalmente, do que se constituía a obra de cada um.
Meu caro Silveira de Sousa, você começa logo afirmando “nunca me senti um escritor”, sei que está dito num contexto, mas não deveria haver exagero nem mesmo na moderação, você poderia falar da tua obra. Gostaria de saber, dito por você, tudo o que outros escritores já disseram sobre seus próprios livros. Se não te perguntaram sobre a literatura catarinense, você deveria ter falado mesmo assim, sabe por quê? Porque se nós não gostamos do que fazemos, não temos o direito de exigir que ninguém mais goste.
Foi por isso que decidi te escrever, porque sou um admirador da tua literatura e no bate-papo não se falou sobre ela. Nós só vamos sair dessa pasmaceira barriga-verde quando nos enxergarmos com “espírito crítico” porque o primeiro passo para a cura é sempre admitir a doença... E a “nossa” enfermidade ainda é ter vergonha se sermos escritores catarinenses.
Despeço-me com um forte abraço.
12 Março 2009
Aí galo véio!
Jobim ameaça receber Farc a bala se invadirem território brasileiro
BRASÍLIA - Depois de se reunir com o ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos, o ministro da Defesa brasileiro, Nelson Jobim, avisou que se os guerrilheiros das Farc tentarem entrar em território brasileiro "serão recebidos a bala".
Jobim, que já havia dado alerta semelhante quando esteve na Colômbia, assegurou que o Brasil "tem um grande controle sobre sua fronteira terrestre com a Colômbia tanto para reprimir o tráfico de drogas, quanto o possível deslocamento de revolucionários das Farc". E acrescentou que "o forte controle terrestre que já existe na fronteira será ampliado com controle aéreo e fluvial".
Matéria completa na Tribuna da Imprensa. Beba na fonte.
É claro que esta notícia não se refere ao nosso país. O caso aconteceu nos Estados unidos
O especulador norte-americano Bernard Madoff, responsável por um desvio de 50 bilhões de dólares, dinheiro de pessoas que confiaram em suas aplicações foi preso e já está em cana. Depois de confessar e admitir seus crimes e se declarar culpado por 11 acusações o larápio foi algemada e enfiado no xilindró. Enquanto, isso aqui na república das bananas, a justiça decide proibir a polícia de colocar "pulseiras" em bandido rico que também respondem as acusações em liberdade mesmo diante de provas. É a nossa justiça de bananas.
Demóstenes o precavido
Agora que o Senado, em uma atitude surpreendente, decide acabar com a instituição da prisão especial, uma aberração jurídica que só existe no Brasil, vem o senador Demóstenes Torres (dos Demos) querer que a prisão especial continue valendo para bandidos das forças armadas e da política. Estará pensando no futuro?
A hipocrisia das deputadas
Foi realizada na terça-feira dia 10, promovido pelas deputadas Ada de Luca (PMDB), Ana Paula de Lima (PT) e Odete de Jesus (PRB), que formam a chamada Bancada Feminina, a interrupção da sessão plenária da Assembléia Legislativa para a realização de um ato simbólico pelo fim da violência contra a mulher. Um ato hipócrita de quem trata seus pares, os políticos, de forma diferente do tratamento dado aos cidadãos comuns. Existe uma denúncia grave já investigada e estacionada na Justiça, no Ministério Público, na própria Assembléia Legislativa e na Polícia, de um ato selvagem provocado pelo deputado Renato Hinnig (PMDB) contra sua ex-esposa na frente do filho do casal, uma criança de apenas três anos (na época). Provado e impune. Anexo BO feita pela agredida em novembro de 2007. Lá se vão mais de 16 meses de uma vergonhosa impunidade. Pior, de uma mesquinha e imoral não punidade.
Agressão covarde
Foi uma agressão covarde provocada por quem foi eleito para dar exemplo e renegou toda sua decência em prol da agressão vil e pequena contra uma mulher indefesa. Agora, mais uma vez, mais de 16 meses após o ato de agressão sofrido por uma mulher, as deputadas vem a público pedir o fim da violência contra as mulheres mas se esquecem da agressão que elas conhecem mas fazem de conta que não existiu.Quer saber o resto? Vá até o blog do Jornal Impacto. Beba na fonte.
LHS o vulgar
A foto e o amigo
Me liguei na foto pela presença do lendário Gaguinho (José Antonio Ribeiro) à direita (na foto) logo atrás do Mário Medaglia que ponteia a turma. Conterrâneo de Quaraí (RS), Gaguinho era de uma geração anterior a minha, amigo dos meus irmãos mais velhos. Muitas noites acordei com as suas serenatas dedicadas a minha irmã. Era uma figura fantástica, alegre, divertido, inteligente e companheiro. Depois de anos encontrei o Gago na Zero Hora em Porto Alegre. Eram anos duros ainda e estávamos eu, Nelson Rolim e Jurandir Camargo "campeando" uma gráfica para imprimir o jornal Afinal que em SC não tinha jeito devido à perseguição. Lembrei do Gago e fomos até a ZH e conseguimos, com a sua intervenção, imprimir na casa dos Sirotsky mesmo.
Quando estive no Uruguai (80/93), foi visitar-me duas vêzes. Fizemos grandes festas. Com o Gago não tinha café pequeno. Era festa das boas.
Depois disso voltamos a nos encontrar em 1986 quando veio para Florianópolis como sub-editor chefe do Armando Burd no recém criado Diário Catarinense. Vinha de São Paulo, recém saído do Estadão. Me convidou para trabalhar e lá fui eu mais uma vez tentar ser empregado de alguém. Mantivemos uma amizade cotidiana durante esses anos até que, depois de ganhar na Loteria Esportiva, exatamente uma ano, o Gago nos deixou. Morreu de tudo.
Enterrei o amigo e cinco anos depois desenterrei cumprindo uma promessa que havia feito para a sua mãe, Lelinha. Saímos eu e o seu irmão Leonardo, por todos os bares da cidade "bebendo" o amigo na caixa. Kibelândia foi a primeira parada, depois o Ressaka e daí em diante perdemos a ordem das coisas e outras coisas mais. A caixa ía para Quaraí.
Mas aí a história é outra e conto outro dia.
Vale a pena visitar o blog do Nei Duclós, Outubro, e ler a matéria sobre a foto.
Truculência policial
Além de obrigarem os militantes progressista a tirar o número 11 de suas camisas, um policial civil puxou um revólver - o que a polícia militar parecia não tomar conhecimento. Os parlamentares, por sua vez, foram empurrados para dentro de uma garagem. Os militantes da outra candidatura, do PMDB, por sua vez não foram molestados pela polícia “e circulavam leves e soltos ostentado o 15 no peito”, contou Ponticelli. Adiantou que está sendo tomada providência para denunciar à Corregedoria de Polícia o policial que comandou aquela operação.
Ramlow rolando o lero no batalhão
Muita gente está acreditando que alguma coisa vai acontecer com o tenente-coronel da PM Newton Ramlow depois desta denúncia (veja vídeo abaixo) do deputado Sagento Soares na asembléia Legislativa. A barbaridade e o descaramento do militar frente aos seus comandados configura crime. Fazer campanha política dentro do batalhão e pedir votos para o seu candidato a prefeito dizendo que se for eleito chegará também a governador e aí ele, Ramlow, será comandante da PM é uma barbaridade. Depois desssa: sonha Nicolau! Certo? Errado!!!!
Com a tiurma do partido corrupto (PMDB) que está instalada no poder, tanto municipal quanto estadual, nada acontecerá ao coronel. Embora a denúncia do Sargento Soares tenha deixados todos na Alesc de boca-aberta é apenas uma mostra dos absurdos que essa gente comete e sinal de que a máfia de São José já tomou conta de Florianópolis. Fazem o que querem e bem entendem sem que nada a conteça. Tem apoio e conivência do governo estadual e do governador, quando aparece aqui por santa catarina.
11 Março 2009
BBB$$$
Diretor da Folha assume que termo "ditabranda" foi um erro
O diretor de Redação da Folha de S. Paulo, Otavio Frias Filho, assumiu que o jornal errou ao utilizar, em editorial publicado no dia 17/02, o termo “ditabranda” em referência ao regime militar brasileiro. A declaração foi publicada na edição de domingo (08/02), um dia após manifestação em frente à sede do diário.
"O uso da expressão 'ditabranda' em editorial de 17/02 passado foi um erro. O termo tem uma conotação leviana que não se presta à gravidade do assunto. Todas as ditaduras são igualmente abomináveis”, afirmou. Leia mais. Beba na fonte.
09 Março 2009
STALIN, O ETERNO
Stalinismo, para mim, é um fenômeno eterno. Josiph Vissarionovitch Djugatchivili é apenas uma de suas manifestações, certamente a mais bem sucedida. Por stalinismo entendo aquele desejo de poder absoluto, que não admite contestações. Uma visão de mundo inflexível, que não dá lugar a nenhuma outra. Neste sentido, a meu ver, o primeiro stalinista da História foi Paulo. Exato, aquele de Tarso, em verdade o criador do cristianismo. Cristo morreu como uma mosca tonta, sem saber muito bem o que estava acontecendo. É Paulo, com sua visão de mundo inflexível e intolerante, com suas viagens para a difusão da nova doutrina, quem de fato cria o cristianismo. Que melhor seria entendido se fosse chamado de paulismo. Sem Paulo, as palavras do Cristo sequer teriam atravessado o Jordão.
Stalin matou com gosto e quanto mais matava mais admirado e poderoso se tornava. (Paulo, para felicidade de seus contemporâneos, jamais teve o poder em suas mãos). Seu mínimo desejo era uma ordem. Foi endeusado por boa parte dos escritores do século passado e, mesmo após a revelação de todos seus crimes – coisa de 20 milhões de cadáveres – ainda hoje há quem o venere. Sem ir mais longe, ficando cá entre nós, sumidades como Oscar Niemeyer e Ariano Suassuna. A lista de intelectuais que o incensaram demandaria páginas e páginas. Alguns nomes, entre milhares: Nikos Kazantzakis, André Gide, Bertold Brecht, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Annie Kriegel, Louis Aragon, Henry Barbusse, Romain Rolland, Heinrich Mann, Paul Eluard, Vaillant-Couturier, Roger Garaudy, Henri Léfebvre, Rafael Alberti. Na América Latina, sem querer esticar muito a relação: Pablo Neruda, Otávio Paz, Jorge Amado e Graciliano Ramos.
Leia mais. Beba na fonte.
08 Março 2009
Uma mulher
Conhecendo Flora Tristan
A história oficial pouco ou nada se ocupa de rebeldias indomáveis, de pensamentos audazes e de mulheres livres, muito menos de alguém que reuna essas três condições. esse o caso dessa extraordinária mulher, cujas idéias lúcidas, propostas de ação e exemplo de vida seguem tendo pleno valor para aqueles/as que aspiram à liberdade e à igualdade.
O relato da vida de Flora Tristán ( 1803 - 1844) está cheio de circunstâncias que parecem ter sido arrancadas das novelas românticas tão ao gosto daquela época. Nasceu em Paris, filha de um aristocrata peruano e de uma plebéia francesa que havia imigrado para a Espanha. Com as guerras napoleônicas e a morte do pai, em 1808, a família de Flora inicia uma etapa de pobreza, mitigada pela ilusão do futuro acesso a fortuna paterna, quando pudessem viajar para a América.
Em 1820, as necessidades se impõem e Flora vai trabalhar como operária de uma oficina de litografia, cujo jovem proprietário - André Chazal - se apaixona por ela. Para fugir da miséria e submetida à pressão materna, Flora casa-se em 1821, gerando dois filhos e uma filha – Aline - que veio a ser mãe do famoso pintor Paul Gauguin. Em 1826, Flora já não suporta aquela união sem amor e convencional, abandonando o lar e iniciando uma dura disputa legal e pessoal, que se prolongará por 12 anos, até que Chazal quase a mata, sendo condenado a 20 anos de trabalhos forçados. Essa vivência será um estímulo para que aflore um pensamento e uma ação que serão referências importantes para o movimento feminista. Flora foi uma figura única, que denunciou com a mais sentida sensibilidade os padecimentos da mulher de seu tempo, planteando reivindicações que continuam sendo atuais.
Em 1833-34, Flora viaja ao Peru para buscar a herança de seu pai, sendo recebida friamente pelos parentes, que lhe concedem somente uma modesta pensão anual. Retorna a Europa reafirmando suas convicções igualitárias radicais, que vem amadurecendo desde 1825, com a leitura de autores como Saint-Simon, Aurora Dupin, Fourier, Considerant e Owen, além de seus contatos diretos com o movimento operário na França e na Inglaterra.
Em 1835, publica seu primeiro folheto, dedicado à situação das mulheres estrangeiras pobres na França; em 1837, sai o segundo, em prol do divórcio; em 1838, são publicados os dois volumes de seu diário de viagem a América, sob o título de Peregrinações de uma Pária. Esta obra dá a Flora grande renome nos meios literários parisienses, reafirmado meses depois com a novela Mephis ou O Proletariado, que a eleva a categoria de rival da célebre George Sand. Ao mesmo tempo, Flora aprofunda seu compromisso ativo com as lutas sociais mais radicais de então. Primeiramente, pela emancipação da mulher e da classe operária, mas também contra a pena de morte, o obscurantismo religioso e a escravidão.
Como que pressentindo a morte próxima, os anos posteriores a 1840 encontram Flora Tristán na plenitude de seu trabalho e pensamento. É então que escreve A União Operária (1843) e A Emancipação da Mulher(inédito até 1846), obras que marcam sua maturidade intelectual e política. Realiza por toda a França a tarefa de organizar essa União Operária, que recorria à experiência inglesa das Trade Unions, ainda que com ênfase internacionalista e socialista radical. Tais ações justificam a apreciação de quem vê em Flora a esquecida e grande precursora da I Internacional, como seu biógrafo peruano L. A. Sánchez, que afirma: "Aquela Associação Internacional dos Trabalhadores era a velha União Operária, ampliada, ecumênica e viril (...) Ninguém lembrou da precurssora na célebre assembléia de Albert Hall. Mas ela, com seu pensamento e exemplo, a esteve presidindo desde longe, desde a eternidade. Talvez, se com alguém se identificava mais seu espírito, era com o de um certo homem de barbas revoltas e verbo ardente, que costumava discordar vigorosamente de Marx: Miguel Bakunin".
Sofia Comuniello
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