por Emanuel Medeiros Vieira
para Célia, Clarice e Miriam
Afago, doçura, ânsia, inquietude, espera, lágrima – e
olhavas o mar num dia de outono.
Eu queria te entender.
Eras muitas, e na multiplicidade eu queria encontrar – em ti
– o paraíso (finito).
Paixões, dores de cada dia, o rosto liso na juventude – e o
tempo escoando, passando por cima de todos nós, invernos, verões, outonos,
primaveras – sempre em frente, até a Terceira Margem do Rio.
Serenamente bela na maturidade.
Antes, muito te
procurara.
E encontrara
labirintos, pedaços de enigmas.
Carregamos dúvidas,
como pianos pesados.
Onde estás?
E lembrava-me de Jean Anouilh (1910–1987):
“Há o amor, claro. E
há a vida, sua inimiga (...).
No mais pleno exílio interior, não estava em Paris,
E sim no Brasil, “com uma luneta virada para o Atlântico.”
Freud perguntou: “O que querem as mulheres?”
O querem todos os seres humanos.
Amor para todos.
(Eis a minha terrestre reivindicação.)
Eis que posso proclamar: Viva o teu dia!
E repito o bardo inglês: “E por amor de ti, em guerra o
tempo enfrento: Quanto ele te em ti suprime, é quanto te acrescento”.
(Salvador, fevereiro e março de 2017)
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