sexta-feira, 17 de março de 2017

CAIXA DOIS É CRIME

   por Emanuel Medeiros Vieira
   O lugar-comum da maioria dos políticos quando dizem que os recursos de suas campanhas foram “registrados na Justiça eleitoral” não tem mais sentido.

   Antes mesmo da “lista do Janot”, a decisão do Supremo de abrir inquérito contra o senador Valdir Raupp (PMDB-RO), como avaliou Eliane Catanhêde, “cria um precedente e atinge em cheio a maior trincheira dos políticos para se defender: recibos e valores declarados oficialmente à Justiça Eleitoral não valem mais nada, ou valem muito pouco, (...), pois não atestam nem a licitude do dinheiro nem a idoneidade do candidato”(...).

   Caixa Dois - é preciso insistir - é crime, é corrupção.

   É claro que as oligarquias, as classes dirigentes, os partidos políticos, enfim, os velhos donos do país não vão ficar quietos esperando a degola.

   A moralização e a ética não interessam a eles.

   “A principal estridência desse coro ocorre quando se vê que se planeja uma anistia para delinquentes que se recusam a confessar. Todos operam no caixa dois, diz o coro, mas eu nunca operei, responde cada um dos cantores”, escreveu Elio Gaspari.

   Para ele, só a rua salva a Lava–Jato.

   A Lava-Jato “foi na jugular da oligarquia política e de boa parte da oligarquia empresarial do país”. E articulam-se tenebrosas transações para que a pele da classe dominante seja salva.

   O Procurador-Geral, Rodrigo Janot, bem disse: há uma ameaça real à democracia no Brasil, pelo nível astronômico da corrupção (sistêmica). E que obriga aos brasileiros de boa vontade a tomarem posição firme em prol da igualdade e da justiça.

   É preciso lembrar, que o Brasil foi o último país independente das Américas a acabar com a escravidão.

   Complementa o jornalista Elio Gaspari (a caixa alta é minha): “SEM A RUA, A OLIGARQUIA UNIDA JAMAIS SERÁ VENCIDA”.

   E a grande pizza será assada.

   ADENDO SOBRE UM PROVÉRBIO POPULAR (“Pimenta nos olhos dos outros é refresco”):

   O “andar de cima”, na reforma da Previdência, quer que a aposentadoria só ocorra aos 65 anos. Temer aposentou-se aos 55 anos. Geddel aos 51. Padilha aos 53.
(Salvador, março de 2017)

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