domingo, 12 de março de 2017

Um país de deserdados sob desígnio da recessão profunda

por Eduardo Guerini
“Existe uma euforia meio carnavalesca no Brasil nas últimas semanas, mas os indicadores são muito turvos ainda. Não dá para dizer que há sinais de virada. É exagero carnavalesco." (Mônica de Bolle, Economista, 26/02/2017)
  
   Na semana que antecedeu o Carnaval, o COPOM – Comitê de Política Monetária se reuniu e decretou o corte de 0,75% na Taxa SELIC. O governo de Michel Temer em conjunto com o empresariado entoou o “mantra” em torno da retomada do crescimento, e, melhoria no ambiente dos negócios.

   Na sequência a mídia “chapa branca”, festejou sem rubores a ancoragem das expectativas inflacionárias para o centro da meta (target inflation), dos principais índices de preços (IPCA, IGP-DI, IGP-M, IPC-FIPE) para o ano de 2017, no intervalo entre 4,56% - 4,88% , segundo Relatório Focus de 03/03/2017. Estranhamente, os analistas econômicos, sequer tocam no descalabro entre níveis inflacionários e Taxa SELIC, comparado com as taxas praticadas pelas principais instituições financeiras e operadoras de cartão de crédito, com taxas girando em torno de 14,18% ao mês, 401,76% ao ano, um roubo institucionalizado (Fonte: CEF).

   No início das águas de março de 2017, com atraso incomum, o Ministério do Trabalho (ou melhor, do desemprego), com Ministro que defende a “precarização via terceirização” , as mudanças nas regras trabalhistas, em tempo de desemprego nas alturas, algo em torno de 13% da massa da PEA – População Econômica Ativa, em desemprego aberto, e, aproximadamente 20,1% em condição de desemprego aberto somado ao desemprego oculto. Pelo 22º mês consecutivo, o CAGED apresenta um saldo negativo entre admitidos e demitidos, uma flutuação que se agrava de norte ao sul do Brasil. A deterioração é alarmante, com chefes de famílias sendo desempregados mensalmente, e, 20% dos desocupados sem trabalho há pelo menos 2 anos.

   A política ortodoxa e monetarista levada às profundezas da maior recessão da história brasileira, com queda de 3,6% , e, expectativas de crescimento lento , gradual e fraco para 2017. A previsão do Relatório Focus apresenta uma expectativa de apenas 0,5% para o crescimento do PIB neste terrível período pós-carnavalesco.

   A distensão da política monetária é apenas uma decorrência da falta de alternativas propostas por um governo afundando na incerteza dos agentes econômicos, do empresariado, e, finalmente, trabalhadores deserdados de uma sociedade excludente e marginalizadora. Noutra ponta, o Governo Federal já apresenta a alternativa para incapacidade da política monetária continuar agindo no horizonte dos economistas palacianos, o redirecionamento para a política fiscal, apostando nas reformas estruturais, principalmente, a Reforma da Previdência e Trabalhista.

   Na ausência de um projeto alternativo proposto por economistas ortodoxos e políticos conservadores, a suposta melhoria no ambiente de negócios e retomada do crescimento se afasta no horizonte. O crescimento pífio, lento e gradual, gerando uma república de deserdados e desamparados, é a triste sina para um País que um dia sonhou “ser uma potência”!!! Esperar o que de um República governada por uma canalha política em consórcio com empresários corruptos.

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