quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O fundo do poço


   Por Marcos Bayer

   Em que pese uma isonomia pretendida pelo Ministério Público catarinense, a título de abono natalino, no valor de R$ 4.000,00, e o auxílio moradia para os que moram em residência fixa na capital, auxílio que se estende aos desembargadores, deputados e conselheiros do operante Tribunal de Contas, parece que as coisas vão bem.
   O Diário Catarinense, jornal de circulação estadual apresenta matéria sobre aproximadamente meia centena de funcionários públicos, advogados, empresários, prefeitos da região oeste e um deputado, vice-presidente da Assembleia Legislativa, futuro presidente da Augusta Casa, todos aparentemente envolvidos em licitações fraudulentas na perfuração de poços artesianos.
   É possível que seja um breve engano, uma escorregadela jurídica ou até uma injustiça. O Tribunal de Justiça em breve deverá dar conhecimento da sua manifestação, tendo em vista o foro privilegiado de parte dos suspeitos. Vamos aguardar.
   Mas, se fundada a denúncia teremos chegado ao fundo do poço na política catarinense, a começar pela divisão do mandato da presidência do Legislativo Estadual em dois quinhões, demonstrando que o poder político passou a ser um negócio pecuniário na sociedade corrupta e globalizada em que vivemos.
   Houve um tempo, na casa de meus avós paternos e maternos, em que nós meninos escutávamos sobre a atividade política como manifestação honrada e solidária dos eleitos de então. Com orgulho e bravura as pessoas defendiam seus partidos políticos e seus expoentes. Homens de envergadura intelectual, profissionais de diversas áreas com respeitabilidade pública, cidadãos eloquentes em suas posturas representavam a vontade popular. Gente decente, usuários de dois ou três ternos de corte formal.
   Uns mais humildes outros mais ricos encontravam na causa pública uma boa razão para viver. Hoje, quando assistimos os telejornais no Brasil vemos que a canalha tomou conta e é majoritária.
   Restam poucos homens de bem para a atividade política nacional. Aqui em Santa Catarina estamos assistindo, com a complacência da mídia comprada e bem paga, a formação de um bloco político composto por quatro ou cinco partidos, ainda não sabemos quais, o PMDB, o PSD, o PP, o PT e o PSB. Irmãos siameses desde o nascedouro, eles trabalham para a união de uma chapa que disputará contra o povo e vencerá. Vencida a chapa dos gatos siameses, leiam gatos em todos os sentidos, o poder político será consorciado e o orçamento das verbas públicas, fatiado como muzzarela em padaria.
   Haverá para todos.
   O povo enganado continuará a trabalhar e a pagar os corvos que lutam diuturnamente por seus interesses e pelo aumento de suas fortunas.
   Imbecis, pretensamente letrados, atestam sua inutilidade e despreparo a cada vez que abrem a boca. Salvo as exceções que existem, Santa Catarina precisa resgatar seus homens de valor, e eles existem, e que estão a altura da dignidade, do empenho e da labuta do cidadão que vive neste maravilhoso estado sub-representado por uma classe política cuja categoria não se pode classificar.
   Em Maktub: Quando se está no fundo do poço, a única alternativa é subir por suas paredes e voltar à tona.

3 comentários:

  1. Interessante, meados de novembro para cá não se vê mais nenhuma crítica ao atraso do contorno rodoviário e demais desmandos da Autopista Litoral Sul neste renomado grupo de comunicação ...

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  2. É relativamente fácil resolver esse problema. Basta o apocalipse e o surgimento de uma nova espécie humana. Ainda assim, não tem garantia que vá dar certo.

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  3. A Autopista Litoral Sul passou a anunciar diariamente.. .no jornal.

    É possível sermos melhor... sempre.

    MB

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