sexta-feira, 13 de agosto de 2021

“O Cerco, uma guerra contra o império”

Ilustração: Debret

 Brasil, 1836 - A guerra civil chega aos portões da capital da província do Rio Grande do Sul. Republicanos e monarquistas disputam a ferro e fogo o controle de Porto Alegre, um dos mais dramáticos episódios da Revolução Farroupilha (1835-1845), a maior das revoltas nacionais do período monárquico. Os revolucionários defende o governo republicano e um sistema federativo com autonomia às províncias.

   “A República é centralizada como o Império era centralizado. A crise política no Brasil decorre do fato de não sermos uma federação.” A frase do historiador Moacyr Flores, no documentário “O Cerco, uma guerra contra o Império”, embora referente ao Brasil do século XIX, guarda uma impressionante atualidade diante do conflito federativo a que assistimos no país ainda nos dias de hoje.
 
   Moacyr Flores é um dos historiadores, escritores, jornalistas e especialistas entrevistados no documentário dirigido pelo jornalista Luiz Fonseca (Chuvisco). Está disponível na plataforma Youtube com legendas em português, espanhol, inglês, francês e alemão. 

   Além de Moacyr, também participam Hilda Flores, Sergio da Costa Franco, Telmo Fortes, Claudio Moreira Bento, Elmar Bones, Euclides Torres, Vitor Ortiz, Alex Sandro da Silva, Giovanni Mesquita do Estreito e Letícia Wierzchowski.
 
   República
- O filme apresenta uma abordagem diferenciada da Revolução Farroupilha, com destaque para o cerco farrapo à Porto Alegre, a capital do Rio Grande do Sul. Destaca o papel da imprensa – a primeira vítima da guerra foi um jornalista -  a participação vigorosa das mulheres e a presença estrangeira no movimento que foi responsável pela primeira república criada de fato no Brasil, a República Rio-grandense.
 
 

 Novo documentário dirigido pelo jornalista Luis Fonseca sobre a Revolução Farroupilha. Veja o filme aqui.

 Assessoria de Comunicação
OutubroFilmes:  (51) 99764.4443 (Whatsapp)

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Una broma papal

La Mappa dell’ Inferno – Sandro Botticelli 
por Carlos Nina*

O Papa Francisco, do alto de sua Santidade, respondendo ao apelo que um sacerdote brasileiro lhe fez, publicamente, para que rezasse pelos brasileiros, respondeu, no ato, dizendo que não tinham salvação. E justificou: muita cachaça e pouca oração.
    Sorte de o Papa não ser presidente dos brasileiros, pois, se fosse, as manchetes da mídia órfã das verbas públicas seriam mais ou menos assim, pelo diálogo e suas consequências no Supremo:
   Presidente Francisco não esconde origem argentina e nega salvação a brasileiros.
   Supremo obriga presidente Francisco a rezar pelos argentinos.
   Presidente Francisco chama brasileiros de cachaceiros.
   Supremo obriga presidente Francisco a financiar alambiques.
   Presidente Francisco ameaça cachaceiros com excomunhão.
   Supremo inclui cachaça no bolsa família.
   Presidente Francisco incentiva conflito entre cachaceiros e devotos.
   Supremo proíbe presidente Francisco de dar auxílio emergencial a abstêmios.
   Presidente Francisco cria embaraços diplomáticos com Vaticano.
   Supremo manda Governo liberar verbas para aquisição de indulgências para cachaceiros.
   Presidente Francisco proíbe cachaceiros de oferecer a dose do santo.
   Supremo adota a dose do santo para os vinhos importados que consome.
   Romeiros de Aparecida e do Círio de Belém pedem impeachment do presidente Francisco.
   Supremo afasta presidente Francisco e coloca Santo Onofre no cargo.

   Contudo, quem falou foi o Papa, logo, a mesma mídia que atacaria o presidente Francisco porque este lhe teria fechado o “ladrão” do cofre, por onde escoava a verba pública, tem outra manchete:

- Es una broma papal.

   É claro que é direito de Sua Santidade mandar os brasileiros para o pior dos cenários de Dante, o convívio maternal de algum representante popular, ou até fazer inveja a Fausto e entregar suas almas a Mefistófeles.

   Sendo Papa e não presidente dos brasileiros, escapa até da CPI que seria inevitável, para apurar, não por que os brasileiros não têm salvação, mas, quem falou para Sua Santidade da cachaça. Afinal, se forem mexer na cachaça vão descobrir as verbas desviadas desde os tempos da SUDAM e SUDENE para as usinas de cana-de-açúcar e descobrir que a corrupção é coisa de DNA.
   Seria um vexame. Ia ter gente se recusando até a fazer exame de sangue com medo de encontrarem dólar nos nucleotídeos do DNA perdidos nas suas ceroulas.
   De qualquer maneira, o Papa, com a força de sua infalibilidade, já decretou: os brasileiros não têm salvação. Só o interlocutor da broma, que fez questão de informar a mídia: “Depois de brincar ele fez o sinal da cruz na minha testa".
   Por que o Papa teria brincado com a salvação do País? Será por que é argentino e alimenta a suposta rivalidade com os brasileiros? Ou será por que o Santos venceu por 3 x 1 seu time, o San Lorenzo, em Buenos Aires?

   Não importa. Salvação e oração são temas de sua alçada. Mesmo assim es una broma equivocada. Não quanto à cachaça, que há muita, mesmo. Mas quanto à oração, pois há muita, também. Talvez quem tenha passado as informações para o Papa sobre as orações seja a mesma pessoa que informou sobre a cachaça. Alguém que conhece muito de cachaça e pouco ou nada de oração.

   Bromas à parte, deve-se levar a sério o recado do Papa, pois os cachaceiros que ele parece prestigiar não querem a salvação dos brasileiros. Só poder, inclusive para acabar com a religião.

   Que Deus, a despeito da broma pontifícia, proteja os brasileiros, especialmente o abençoado pelo Papa, de quem ganhou um sorriso afetuoso, porque, no Brasil, pelas regras de CPI, sorrisos são ameaçadores e irritantes.

*Advogado e jornalista 
 

segunda-feira, 7 de junho de 2021

De escorpiões e hienas

por Carlos Nina*
Se um novelista dos mais talentosos - ainda que inspirado pelas visões estéticas de Salvador Dali e estimulado pelos alucinógenos mais eficientes - quisesse descrever o presente, jamais imaginaria uma obra em que corruptos contumazes fossem investigadores oficiais para apurar fatos de interesse da sociedade.

    Se tivesse tal capacidade, não chegaria ao desplante de retirar do foco da investigação desvios de recursos públicos, para atacar opiniões divergentes. Quem, porém, conhecesse a história e assistisse a tal enredo, não diria que isso seria coisa de novela; nem se surpreenderia, diante do tamanho da desfaçatez daqueles que se valem de brechas do ordenamento jurídico que eles mesmos constroem e de relações promíscuas com que se mantêm no Poder, protegendo-se uns aos outros.

    Nenhum escritor criaria uma história de corrupção como essa porque teria de referir-se a incontáveis tipos penais, pois os personagens trafegam com desenvoltura no vasto leque da previsão legal, com predileção para aqueles que conceituam desvios de verbas públicas. Como se não bastasse apenas corromper e corromper-se, têm necessidade de ir além. Trocar de posição. De bandido, virar mocinho. Tentar transformar pessoas decentes em réus. Seria inacreditável se não fosse onde é e se fossem outras as pessoas.

    Aristóteles não fez do homem um animal (ser) social. Apenas constatou isso. A evolução dessa necessidade e realidade gregárias culminou na idealização do estado, tratado por Maquiavel, Bodin, Hobbes, Rousseau, Locke, Kant, Kelsen, dentre outros, com a finalidade de que as pessoas pudessem se organizar e administrar-se. Para tanto, Montesquieu contribuiu com sua proposta de tripartição dos poderes: Legislativo, pelo qual o “povo”, por seus “representantes”, elaborariam as leis da própria convivência; o Executivo, para gerenciar o Estado; o Judiciário, para dirimir os conflitos entre as pessoas.

    A presunção era de que aqueles que viessem a exercer as funções de tais poderes se pautassem pelas normas vigentes. Se as violassem, deveriam ser punidos, obviamente, pois a lei deve ser para todos, assim diziam os doutrinadores. Se, porém, os criminosos tomam conta dos poderes, os inimigos passam a ser os cidadãos de bem, aqueles que não se deixam cooptar ou seduzir pelos esquemas de corrupção dominantes.

    Por coerência, portanto, o Estado não pode, para punir, violar ele próprio as normas do ordenamento jurídico nas quais está supostamente enquadrando alguém. Ou seja, delegado de polícia, promotor de justiça, juiz de direito, advogado, parlamentar, no exercício do direito de interrogar alguém, não deveriam, eles próprios, em razão desse direito, violar o direito alheio, quer seja na oitiva de perito, testemunha ou mesmo acusado.

    Num Estado, porém, em que o crime organizado é quem elabora as normas e quem as interpreta, não deveriam causar surpresa os delírios da estupidez dos malfeitores. Esperar que agissem de forma diferente é pensar como o sapo, que acreditou no escorpião quando este lhe pediu carona para atravessar o lago e prometeu não o ferroar, pois morreria também. No meio do lago, o escorpião ferroou o sapo e esclareceu, diante da surpresa assustadora de que foi acometido o batráquio – É da minha natureza!

    Não se tem notícia de que na fábula o escorpião sorri. No mundo real, o escorpião parece uma hiena, rindo de sua própria maldade, em êxtase desrespeitoso, não só para com aqueles a quem deveria interrogar com respeito, mas para com todas as pessoas decentes, pois presenciam atitudes destituídas do mínimo de educação por parte de quem deveria ter conduta revestida de dignidade e honra.

   Isso, porém, é absolutamente impossível, pois não têm nenhum pudor. Sua natureza é avessa a valores morais, éticos e legais. Se alhures ser pego com a mão no cofre público é vergonhoso, na terra das hienas isso é mérito, revigora a audácia e confere até poderes para intimidar e ameaçar pessoas decentes. Tentar humilhá-las. Mas não conseguem. Não têm estatura moral para isso. Sua qualificação é a da sordidez e da canalhice. Tentam desqualificar aqueles aos quais não alcançam, com interrupções indevidas, ofensas e agressões gratuitas, sem se darem conta, no lamaçal da impunidade em que vivem, do papel ridículo que fazem.

   Reagem irritados à voz serena do equilíbrio, com os únicos “argumentos” que têm: gritaria e ofensa. Mal-educados, desinformados, autoritários e – pior - covardes, excitam-se provocando náuseas e nojo. Só não conseguem é mudar a realidade da qual eles não têm nenhuma dúvida: são corruptos, criminosos. Tentam destruir a boa reputação de quem a tem, por que a única que possuem é a de ladrões. Sabem que não adianta tentar parecer mocinhos. São bandidos. E assim morrerão. É o legado que optaram por deixar para seus filhos.

*Advogado e jornalista

terça-feira, 11 de maio de 2021

Em 09 de Maio de 2020

                                   por Marcos Bayer
   O governador escreve no jornal de sua preferência um artigo posando de vítima, indignado e inocente, em sua desastrada administração.
   Diz que é vítima e que não existe mais clima "para servir aos interesses de grupos historicamente arraigados nas estruturas de poder do Estado de Santa Catarina".  
   Foi o governador que recebeu 71% dos votos dos catarinenses, inclusive o meu, que não entendeu o que aconteceu.
   No início da eleição, ele e um poste eram a mesma coisa. Mas, uma onda popular que clamava, e clama, por honestidade na vida pública, elegeu a ele e ao atual presidente da República. Apenas isto.
   Dispensem qualquer teoria política dos cientistas habituais pois foi apenas isto o que aconteceu.
   Eleito, encastelou-se no palácio e nem seu telefone celular era conhecido de seus assessores imediatos. Isto ficou claro na CPI dos Respiradores Chineses. Fazia cerveja artesanal e tocava um sambinha. Era seu passatempo predileto. Montou um grupo gestor com medo de decidir sozinho. É assim sua personalidade.  Tipo somebody loves, do personagem da Escolinha do Professor Raimundo.
   Não encontrou, ainda, os R$ 33 milhões de reais dos tais equipamentos não entregues, porque pagou em BITCOINS. 
   É A ÚNICA EXPLICAÇÃO MONETÁRIA PLAUSÍVEL.
   Quando mais de trinta deputados das forças retrógradas pediram sua cabeça, por duas vezes, foi correndo como um poodle ao presidente da Augusta Casa pedir socorro.Seria esta uma manobra não republicana?
   Sem o apoio do presidente da Augusta Casa teria voltado à vida reformada.
   Não é digno, nem lícito, tentar confundir a opinião pública com este discurso de inocente embrulhado em papel celofane.
Livrou-se do impeachment por circunstâncias não publicáveis, ainda.
   Está na hora de reconhecer suas falhas, a falta de empenho e apetite para o poder de governar.
   Está na hora de trabalhar e deixar de lado este discurso de carteiro de fazer entregas que não chegam porque não têm o CEP.
   O povo que o elegeu está de olho mais aberto do que nunca.
Não pense que se trata de uma batalha entre vocês e eles.
   Não, entre vocês e eles, estamos nós que somos mais numerosos, mais eficientes, mais produtivos e mais catarinenses.
   Tenha em mente que seus gastos publicitários revelarão parte do que está no escuro.
   Acorde mais cedo e vá cuidar de Santa Catarina para fazer jus ao seu juramento.
 
 

terça-feira, 27 de abril de 2021

BRIOS

    por Marcos Bayer

Estamos próximos da votação final do segundo pedido de Impeachment do governador de Santa Catarina. Fato inédito.
Enquanto isto, o Supremo Tribunal Federal, por 8x3 anula processos contra o ex- presidente Lula, por entender incompetente o foro do julgamento. Semana próxima discutirão se em Brasília ou São Paulo, instala-se a competência.
É como um sujeito matar e esquartejar dois ou três indivíduos, enterrar os corpos e ser julgado e condenado em São José.
Mas, alguém levanta a dúvida. Os crimes ocorreram na Palhoça.
Depois de quatro anos anulam-se as penas e os processos são remetidos para a sede do novo foro, a cidade limítrofe.
Assim é a Lei.
Mas, neste caso, dada a relevância, não seria melhor julgar na ONU?
Um ministro do STF, de preferência a alguém que fale inglês ou alemão, determinaria a abertura de uma filial internacional do STF em Nova York e em prazo e celeridade anglo-saxão, far-se-ia o novo julgamento. Pelo menos para aproveitar a instrução processual. Enquanto isto, o réu, ex-réu, diz que finalmente provou sua inocência.
Provou nada. Apenas recomeçam as ações judiciais. E aí final, haverá condenação ou absolvição.
Isto deixa a nação perplexa. A elasticidade do rito processual brasileiro.
O mesmo, sob outra ótica, em Santa Catarina.
Não houve acusação formal contra o governador por apropriação indevida.
Não houve alegação de que furtou.
Mas, sob sua governança, desapareceram R$ 33 milhões. Pior, dizem ter recuperado R$ 14 milhões.
Então, validam o desvio.
A Augusta Casa recomenda por duas vezes a abertura do processo, por mais de 30 deputados.
Crime de responsabilidade, omissão, descuido, falta de interesse, contradições...
O governador veste o jaleco laranja e vai para a TV assumir o controle do caos sanitário. Fala como se fosse infectologista.
É infectado pelo CORONA vírus. Fica na moita. Não diz como se tratou.
No meio desta sarabandaia, o STJ, a Polícia Federal, a Polícia Civil, o Tribunal de Contas e outros dizem: Ele não embolsou.
Aí a turma da torcida organizada sai dizendo: Moisés é inocente.
Não, ele apenas não embolsou no dizer de tais instituições.
Mas, e sua responsabilidade onde fica?

Onde ficam os BRIOS?

sexta-feira, 16 de abril de 2021

A posse do desembargador Carioni

 por Carlos Nina*

Toma posse hoje, 16 de abril de 2021, no cargo de presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Santa Catarina, o desembargador Fernando Carioni, atualmente Corregedor e Vice-presidente do TRE-SC.

   Catarinense de Florianópolis, onde se graduou em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina, Fernando Carioni foi advogado militante de 1981 a 2002. Presidiu a Ordem dos Advogados do Brasil-SC (1995-1997), seccional da qual foi representante no Conselho Federal da OAB.

Como advogado, já havia integrado o TRE-SC, como juiz substituto (1996-1998). Em 20 de fevereiro de 2002 foi nomeado para o Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, em vaga do quinto constitucional.

Na advocacia e na OAB deixou a marca de sua personalidade atuante. Para o Poder Judiciário levou sua experiência de advogado conhecedor das dificuldades da profissão e da importância que deve ser dada aos advogados pelo Judiciário, pois sem o advogado não é possível viabilizar-se a prestação jurisdicional, sendo necessário, portanto, que todos que integram a estrutura da administração dos conflitos na sociedade tenham consciência de suas responsabilidades.

O desembargador Fernando Carioni tem essa noção e todos tivemos a oportunidade de tomar conhecimento de um fato emblemático dessa concepção, quando da passagem de um ciclone no Estado de Santa Catarina, no dia 30 de junho de 2020, deixando a região central de Florianópolis sem energia.

Na ocasião, o desembargador Fernando Carioni relatava um dos processos que estavam sob sua responsabilidade. A sessão realizava-se por videoconferência e foi perdida a conexão. Carioni, então, com o celular, restabeleceu o contato com a sessão e, sem outros recursos – lâmpadas de emergência, guardadas, não estavam carregadas -, recorreu à luz das velas que já iluminaram o texto de grande número de escritores do passado.

Como registra o site do TJ-SC, “Apesar do imprevisto, o magistrado não desistiu da missão. Com o celular em mãos, Carioni restabeleceu contato com a sessão de julgamento a partir do próprio aparelho, relatando o processo com as páginas que havia impresso anteriormente. (…) O comprometimento não foi em vão. Tratava-se da primeira sessão por videoconferência da 3ª Câmara Civil, com mais de 30 sustentações orais marcadas para o dia e quase 200 casos a serem julgados. Também participavam da sessão os desembargadores Marcus Tulio Sartorato, Saul Steil e Maria do Rocio Luz Santa Rita, além do procurador de Justiça Américo Bigaton. A energia na casa de Carioni só foi reativada cerca de três horas mais tarde, ainda com muito trabalho pela frente. Em razão do volume de processos e da quantidade de sustentações orais, a sessão de julgamento, que começou pela manhã, só terminou por volta das 22h30. Com a sensação de dever cumprido, Carioni celebrou a conclusão dos trabalhos e a compreensão de todos durante as adversidades.”

 Disse Carioni naquela oportunidade: “Tudo isto se deve à valorização da magistratura, ao esforço da magistratura catarinense para fazer a prestação jurisdicional ao nosso povo. Não fizemos nada mais do que a nossa obrigação, essa é a grande verdade. Fico satisfeito pelos meus pares terem aceitado a situação, além da minha satisfação pessoal em poder continuar a sessão sem interromper e levar prejuízo aos meus pares, bem como aos advogados e às partes".

É, portanto, um registro que deve ser feito por dever de justiça quando Fernando Carioni assume o comando da Justiça Eleitoral catarinense, cargo que conquistou pelos méritos de sua competência, de sua responsabilidade,  da confiança de seus pares e de sua lealdade, acima de tudo, aos deveres inerentes às atribuições dos cargos que exerce.

É com a admiração e o respeito que sua conduta sempre me inspirou que o parabenizo e aos catarinenses, aos quais devoto singular carinho pelos amigos que dentre eles tenho, desejando ao novo presidente do TRE-SC sucesso em mais esse desafio de sua exitosa carreira, assegurando ao povo de seu Estado a confiança de que todo eleitor precisa nessa área movediça onde interesses partidários, republicanos, uns, e estranhos à República, outros, se entrechocam.

Trajetórias como essa do desembargador Fernando Carioni é que constroem a sociedade que queremos para nossos filhos, netos e sua descendência.

*Advogado

terça-feira, 23 de março de 2021

Inspetor Clouseau e o Lock Down

- Bom dia Inspetor. Como está o senhor?

- Bem, relativamente bem, minha cara.

Tenente Lucrécia - O senhor ficou mais velho com a barba. Até parece um primo do Toni Ramos.

Inspetor Clouseau - É foi necessário. A situação ficou cabeluda. Ainda falta o segundo pedido de Impeachment. Eles querem o meu couro. Graças ao Júlio estou salvo, parcialmente.

- Veja só. Logo meu principal adversário, tornou - se meu principal salvador.

Tenente Lucrécia - Em troca do que Inspetor?

Inspetor Clouseau - Apenas a barba. Pediu - me para deixar crescer a barba.

Tenente Lucrécia - E o senhor vai ter que pôr a barba de molho?

Inspetor Clouseau - Ainda não sei. O Júlio vai aos poucos, diferente do Raimundo que diz que eu vivo dentro de uma bolha .
- Logo eu que vivo atrás das bolhas de oxigênio.
- Passei anos atrás destas bolhas...
- Preciso descansar um pouco depois do Carnaval.

- Pulei como nunca. Não sabia que a minha Laguna era tão apreciada pelos foliões.

- Agora, vamos voltar a governar. Entregar obras.

- Já entreguei a Ponte Hercílio Luz que era obra do Colombo. Acho que ele não gostou. Ele gosta da serra. Eu do mar. Se nós fossemos aliados, eu proporia uma aliança política inédita. Com apoio do Júlio. Seria a COWCOROCA.

- COW de vaca e COCOROCA do peixe.

- Imbatível. Seria a soma do 55 + 17 igual a 72. Partido Rural do Mar.

- Íamos organizar fazendas marinhas. Cultivar novas espécies.

- Ovebalo (ovelha com robalo). Burroupa (burro com garoupa). A siribrita (o siri com a cabrita). Poderíamos ficar ricos.

- MOLOMBO PRODUTOS E PROTEÍNAS LTDA.
- MOLOMBO é a associação de Moisés com Colombo.

- Mas, até o dia 26 estou na bolha cuidando do Lock Down.


segunda-feira, 15 de março de 2021

O Circo Mágico da Alesc

 por Marcos Bayer

Hoje tem marmelada? Tem sim senhor.
Hoje tem goiabada? Tem sim senhor.
E o palhaço o que é? É ladrão de mulher...
  
   Era mais ou menos assim que começava o espetáculo do circo.
   Palhaços no picadeiro. Trapezistas e mágicos ilusionistas.
   Domadores de leões e motociclistas do globo da morte.
Por um ingresso barato, a cidade do interior se divertia.

   Dia 26 tem circo na Augusta Casa. O segundo pedido de Impeachment contra Moisés, o breve.
   Breve porque acabou em dois anos. Desmantelou-se.Veio com aquela conversa fiada da compra dos respiradores chineses. Usava aquele colete alaranjado de salva - vidas.
   Dizia, com cara de sofrência, que Santa Catarina estava preparada para combater o vírus letal.
   Abusou da paciência dos catarinenses. Caiu em contradição.  Culpou auxiliares. Hoje pessoas morrem nas filas dos hospitais por falta de vagas. Hoje os 200 respiradores fazem muita falta. O dinheiro também.
   Os deputados, por mais de 75% dos membros da ALESC, votaram pelo pedido de Impeachment. No primeiro e no segundo.
   Mas, como no circo, entre mágicos e palhaços, mudaram subitamente de posição.
   Não se sabe ainda em troca do que. Na última sexta-feira de    Março, através da TVAL, assistiremos ao julgamento do espetáculo.
   Os deputados estarão com seus narizes pintados de normal e nós com nossos narizes de bolas vermelhas.
   Mas, no dia das próximas eleições, em 22, o povo fará seu acerto de contas.
 

sábado, 13 de março de 2021

Recebi do amigo Les Paul

 Escrito por Regina Brett, que assina uma coluna no The Plain Dealer, Cleveland, Ohio.


"Para celebrar o meu envelhecimento, certo dia eu escrevi as 45 lições que a vida me ensinou. É a coluna mais solicitada que eu já escrevi."

1. A vida não é justa, mas ainda é boa.
2. Quando estiver em dúvida, dê somente o próximo passo, pequeno.
3. A vida é muito curta para desperdiçá-la odiando alguém.
4. Seu trabalho não cuidará de você quando você ficar doente. Seus amigos e familiares cuidarão. Permaneça em contato.
5. Pague mensalmente seus cartões de crédito.
6. Você não tem que ganhar todas as vezes. Concorde em discordar.
7. Chore com alguém. Cura melhor do que chorar sozinho.
8. É bom ficar bravo com Deus. Ele pode suportar isso.
9. Economize para a aposentadoria começando com seu primeiro salário.
10. Quanto a chocolate, é inútil resistir.
11. Faça as pazes com seu passado, assim ele não atrapalha o presente.
12. É bom deixar suas crianças verem que você chora.
13. Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem idéia do que é a jornada deles.
14. Se um relacionamento tiver que ser um segredo, você não deveria entrar nele.
15. Tudo pode mudar num piscar de olhos. Mas não se preocupe; Deus nunca pisca.
16. Respire fundo. Isso acalma a mente.
17. Livre-se de qualquer coisa que não seja útil, bonito ou alegre.
18. Qualquer coisa que não o matar o tornará realmente mais forte.
19. Nunca é muito tarde para ter uma infância feliz. Mas a segunda vez é por sua conta e ninguém mais.
20. Quando se trata do que você ama na vida, não aceite um não como resposta.
21. Acenda as velas, use os lençóis bonitos, use roupa chic.  Não guarde isto para uma ocasião especial. Hoje é especial.
22. Prepare-se mais do que o necessário, depois siga com o fluxo.
23. Seja excêntrico agora. Não espere pela velhice para vestir  roxo.
24. O órgão sexual mais importante é o cérebro.
25. Ninguém mais é responsável pela sua felicidade, somente você.
26. Enquadre todos os assim chamados "desastres" com estas palavras 'Em cinco anos, isto importará?'
27. Sempre escolha a vida.
28. Perdoe tudo de todo mundo.
29. O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta.
30. O tempo cura quase tudo. Dê tempo ao tempo.
31. Não importa quão boa ou ruim é uma situação, ela mudará.
32. Não se leve muito a sério. Ninguém faz isso.
33. Acredite em milagres.
34. Deus ama você porque ele é Deus, não por causa de qualquer coisa que você fez ou não fez.
35. Não faça auditoria na vida. Destaque-se e aproveite-a ao máximo agora.
36. Envelhecer ganha da alternativa -- morrer jovem.
37. Suas crianças têm apenas uma infância.
38. Tudo que verdadeiramente importa no final é que você amou.
39. Saia de casa todos os dias. Os milagres estão esperando em todos os lugares.
40. Se todos nós colocássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos todos os outros como eles são, nós pegaríamos  nossos mesmos problemas de volta.
41. A inveja é uma perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa.
42. O melhor ainda está por vir.
43. Não importa como você se sente, levante-se, vista-se bem e apareça.
44. Produza!
45. A vida não está amarrada com um laço, mas ainda é um presente.

quarta-feira, 3 de março de 2021

O dia D na hora H

 por Marcos Bayer

A Constituição Estadual: ART. 196. Aos procuradores dos poderes do Estado e aos delegados de polícia é assegurado o tratamento isonômico previsto no artigo 26 parágrafos 1 e 2, aplucando-se-lhes o disposto no artigo 100, I a III.

   Foi assim que começou o pedido de Impeachment do atual governador. Mas, como a Constituição esclarece os fatos, o impeachment não vingou.
   E não vingou, principalmente, porque o deputado sargento Lima acabou com o golpe que pretendia derrubar o governador e a vice governadora.
   Desarmado o golpe, com a vice governadora garantida no cargo, encomendaram outro pedido de impeachment. Agora baseado no pagamento dos R$ 33 milhões de reais aos respiradores invisíveis.
   Este assunto foi objeto de uma CPI na Augusta Casa.
Mas, como não seria mais possível o golpe inteiro, pois a vice governadora estava blindada, os membros da Augusta Casa mudaram de ideia. Raros mantiveram a posição.
   Alguns signatários do pedido retiraram suas assinaturas e pediram o arquivamento do feito.
 
   Santa Catarina de Alexandria. Quanta coerência!
 
   Tudo começou no inverno passado. Atravessou a primavera, o verão e terminará no outono.
   O mais longo impeachment da História. Lembra as assembleias soviéticas e as mudanças de posições e votos até o consenso compulsório.
   Os signatários retirantes alegam ao pedir o arquivamento do feito, a volta da estabilidade política. Mas, nunca se discutiu tal estabilidade. Discutiu-se o sumiço dos R$ 33 milhões. Discutiu-se o hospital de campanha. A cerveja artesanal e o pagode na residência oficial da Agronômica.
   Discutiu-se o isolamento daquele que não entendeu o recado das urnas e foi encilhado por seus adversários, hoje aliados montados.
   Ordenador primário de despesa. Quem é?
   Crime de responsabilidade quem cometeu?
   O presidente do Tribunal Especial de Julgamento marcou para 26 de Março às 0900 h o evento.
 
   Será o dia D na hora H.
 
   Como o desembarque na Normandia das forças aliadas na Segunda Guerra Mundial.
   Lá, o êxito dependeria da neblina e da maré.
   Aqui, dependerá dos mortos, dos leitos hospitalares e dos respiradores chineses.
   Certamente alguém lembrará aos deputados estes aspectos.
E o povo catarinense verá ou não a maior lambança da nossa História.
 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

O Bloco do Júlio

 por Fátima Forthuna

   Rufam os tambores. Tamboretes e baquetas encontram tons e notas musicais. Trompetes, clarinetas, saxofones e oboés alinhados.
   O Clube Blondin está lotado em Laguna. Terra de Anita Garibaldi, o único herói da História de Santa Catarina.
   Entra em cena Tim Maia, a voz mais soul do Brasil.
   Ouvido absoluto, Tim Maia é o Brasil. Em todos os sentidos.   Genial e atrasado.
   Maestro Pitanga dispara com a Banda Vitória Régia, VALE TUDO, na voz do gênio carioca.
   A primeira ala é das mulheres. A deputada Paulinha vem fantasiada de EVA. Antes de comer a maçã sugerida pela serpente. Nua e coberta de serpentina. A galera delira.
   Depois vem a deputada ADA e uma colega do PT carregando o estandarte: A LUTA CONTINUA. Ela usa esta bandeira desde 1946 quando estudava no Colégio das Freiras, como interna. A galera aplaude e pergunta pelo Delúbio. E elas respondem: - Só ares. Só ares.
 
   Surge a ala do meio. Júlio e Moisés abraçados. Ambos de tanga e camiseta regata bordadas com lantejoulas.
   É o time do 55. No jogo do bicho é o grupo do gato.
   Vem o Eduardo, diretores da CELESC e da Monreal.
   Vem muita gente fina.
   A platéia surta.
   Vereadores da Laguna ficam alerta.
 
   No BLOCO DO JÚLIO todos ganham um KIT ALEGRIA.
- Mochila com etiqueta da ALESC
- Dois tubos de lança perfume argentina (Universitário)
- Mil reais em notas de 100
- Uma garrafa de whiskey Jonnhy Walker
- Um envelope de Engov
- Cinco tubos de Epocler
- Cigarros Ministe
- Uma garrafinha de água mineral
- Batom e blush
- Um HABEAS FOLIA, em branco,  assinado pelo ministro Gregório Lima Mendes (basta preencher o nome) e um Manual da Publicidade da Augusta Casa.
 
   Deputado Romildo veio fantasiado de poço artesiano. Padre Baldissera acompanhou Donald Trump já livre do impeachment. Melânia, a esposa, vem fantasiada de Tratado de Tordesilhas. Metade portuguesa, metade espanhola. Meio bigode, portanto.
   Deputado Vampiro só desfila a noite. Depois das 20.30 horas, quando o Júlio se recolhe.
   Sargento Lima vem de general da banda. 
   Deputado Cobalchini não veio. Mudou de ideia.
   Deputado Naatz veio fantasiado de VADEMECUM.
   Deputado Kennedy veio de Torquemada e carregava uma caixa de fósforos no bolso. 
   Outros deputados formaram a ala DATA VENIA.
 
   Houve transmissão direta pelas TVs com patrocínio da ALESC.
   A ala mais aplaudida foi a Turma do Impeachment. Vieram fantasiados de invisíveis. Só se via uma tira de esparadrapo a 1,60m do chão. Eram 11 tiras brancas. A galera urrava!!!
   Moisés sorria, pulava e entregava beijos para o público.
Muita gente se jogou no canal da Laguna para ser resgatada por ele. Muitos se afogaram. Ele dizia: - Primeiro minha pele. E Trump ajudava: - Yes, First your skin.
 
   Clóvis Bornay fechou o desfile abraçado no prefeito e disse:
 - Ano prrróximo eu volto...


domingo, 14 de fevereiro de 2021

Grande Baile Municipal

 
por Fátima Forthuna

   Sirenes ligadas, giroflex iluminados, pipoqueiros, amendoim caramelizado, vendedores de água mineral gelada.
  A Avenida Hercílio Luz estava interditada desde o Tribunal de Contas até o Oscar Palace Hotel.
   Só passavam os convidados do Baile Municipal.
   O Clube Doze estava lotado. Mais de cinco mil pessoas.   Homens de black tie ou summer jacket. Mulheres de vestidos longos e multicolorido.
   Algumas de mini saia.
   Carlos Muller veio de Blumenau, Celso Pamplona, Moacir Benvenutti e Zury Machado cobrindo a festa para os jornais da Capital. A TV Cultura com Fenelon Damiani e Marisa Ramos.
O speaker anuncia Emilinha Borba, Neide Maria Rosa e a Nega Tide.
   Aplausos, gritos, sorrisos e muita animação. Os garçons servindo whiskey e baldes de gelo. Para as senhoras Guaraná Antártica e uma pingada de vodka.   
  E lança perfume para todos.
Confete, serpentina e música maestro.

   Mamãe eu quero, mamãe eu quero, mamãe eu quero mamar...

   Os deputados riam e pediam a chupeta.

   O maestro toca: "Eu não posso ficar mais um minuto sem você, sinto muito amor, mas não pode ser... Moro em Jaçanã, se eu perder este trem que sai agora às 12 horas... Só amanhã de manhã".

Senhoras e senhores vamos apreciar as fantasias.

Categoria Originalidade:

O Canguru Pererê
O Pescador de Miraguaia
O Vendedor de Rosca
As Tainhas Afogadas
O Linguado de Óculos
A Mobilidade Urbana

Em seguida são chamadas as fantasias de luxo:

As chagas do Corona vírus
Pétalas das Rosas das Chuvas de Janeiro
O Sol do Egito nas Areias de Canasvieiras
A Grande Potência do Oriente
As Guerras Púnicas e a Degola de Aníbal
Os Viadutos de Duas Mãos e Três Pistas da Ilha
O Petróleo na Lagoa da Conceição

E o maestro toca: "Olha a cabeleira do Zezé, será?"

   Clóvis Bornay é o convidado de honra do júri.
Jornalista Pear Tree, cantora Bidú Saião, Márcia de Windsor, costureiro Lenzi, Seixas Neto, Constanza Pascolato, Elizabeth Taylor e seu sobrinho James. Frank Sinatra e Jane Fonda.

   Entra a Philarmonica Desterrense e a platéia delira.

   O desfile transcorre com muita alegria, expectativa e admiração.
   Finalmente o vencedor da categoria luxo:
"A Grande Potência do Oriente".

   Repórter da TV Cultura pergunta ao vencedor:
- uma alusão à Maçonaria?

- Não, responde o premiado.
- É homenagem à China, este povo maravilhoso.
   A repórter diz: - O povo dos respiradores?

   - Sim, minha filha. Nós compramos bilhões por ano na secretaria da saúde. E vocês ficam enchendo o saco por causa de uma merreca de R$ 33 milhões?
- Já foram ver quanto gastam na ALESC com combustível e diárias? E, ainda, a publicidade?
- Já foram ver os jornalistas pendurados na folha do Tribunal de Contas?
- Será que vocês não podem esquecer deste probleminha?
Eu fui enganado pelo Douglas. Ele foi enganado pela Fátima. Ela foi enganada pela Júlia. Foi uma cadeia de enganação.

 
- E por que pagaram, perguntou a repórter:
Ele disse: - Porque alguém perde, mas alguém sempre ganha.
E encerrou a entrevista.

Clóvis Bornay chocado disse ao Júri: - Que horror!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

O Bloco do Galo que bota ovo e choca!

por Fátima Forthuna

Có có có ró có e o galo tem saudade da galinha carijó.

    As pressões eram insuportáveis. O comércio de diversão, hotéis, restaurantes e muito mais.
   Mosche, o governador, resolveu liberar mais um bloco. Financiados pelo agro- negócio, o AGRO é tudo, ou quase tudo em Santa Catarina.

O Bloco do Galo que bota ovo e choca! 

   Trata-se de um galo do meio oeste catarinense que espantosamente bota ovo.
   E choca!!!

Mosche subiu no caminhão do som, pegou o microfone e lascou: 

- Meu governo vai entregar ovos para todos os catarinenses. A Epagri já cadastrou os endereços. Todas as manhãs haverá um ovo na porta de cada um. No meu governo o galo vai trabalhar. Vou acabar com esta mamata de só namorar as galinhas e cantar no alvorecer. No meu governo o galo botará ovos, vai choca-los e cuidará dos pintos até que fiquem frangos. E além de cantar na madrugada, vai cantar de hora em hora para orientar a população.

 - O galo terá a função de relógio orgânico no meu governo.
Não terei pena dos cidadãos. Vou distribuir as penas dos galos e galinhas abatidos para que todos possam fazer um cocar.
 

- Quero um governo de caciques. Chega de índios na administração. Só permitirei o Índio Condá.

- Vou transformar SC numa fritada. O galo bota e choca e eu entrego. A única coisa que não vou poder entregar são os respiradores da China. Paciência!
   E a galera cantava: Có có có ri có, o galo tem saudade da galinha carijó...

 Finalizou afirmando: 

- Nós já produzimos peito de Chester e agora faremos Sandwich de Peito de Galo.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Um livro contra as fake news

por Carlos Nina*

   Em 2020, pela Editora JusPodium (Salvador,BA), o juiz estadual do Maranhão, Paulo Roberto Brasil Teles de Menezes, publicou um livro que, como informa no Prefácio Francisco Balaguer Callejón (Catedrádico de Direito Constitucional da Universidade de Granada), “é uma versão desenvolvida e ampliada da dissertação de mestrado” apresentada por Menezes perante a banca presidida por Callejón e que “obteve o conceito máximo por decisão unânime da comissão examinadora”, no Curso de Mestrado Oficial em Direitos Fundamentais em Perspectiva Nacional, Supranacional e Global, da Universidade de Granada

    O título do livro manteve o da dissertação: Fake News: modernidade, metodologia e regulação.

    A abordagem do Autor tem um referencial eminentemente constitucional. Sua preocupação: a democracia. Nem por isso deixa de analisar o fenômeno em si, fazendo-o notadamente no segundo capítulo de seu livro, quando responde às questões sobre o que são, como são, modalidades, formas e finalidades.

    No capítulo seguinte sua análise volta-se para o conflito fake news e liberdade de expressão. Entra, então, na polêmica que o mundo vivencia, desdobrando esse embate abordando a liberdade de informar e ser informado, a liberdade e a vigilância da internet, censura pública, estatal e privada, regulação e intervenção do Estado no espaço cibernético, a importância das instituições e da sociedade civil.

    Paulo Brasil Menezes enfrentou com inequívoca segurança um tema difícil, infinito (teórica e matematicamente mesmo), apresentando um resultado relevante não só para quem quer estudar ou conhecer o que são e avaliar as consequências das fake news, mas para quem quer conhecer a realidade em que vivemos hoje, ao que estão sujeitas as pessoas de bem, que passam pela vida sem saber que estão sendo manipuladas, usadas, vigiadas.

    É inevitável ler esse livro de PBM (ele lançou outro, Diálogos Judiciais entre Cortes Constitucionais, pela Lumen Juris, Rio, 2020), sem trazer à mente, ao longo de toda a leitura, as câmeras do Grande Irmão com as quais George Orwell prenunciaria, com um livro escrito antes de 1949, ano de sua publicação, o célebre Nineteen Eighty-Four, publicado no Brasil sob o título 1984.

    Nesse livro, Goerge Orvell (fake news de seu nome verdadeiro, Eric Arthur Blair) trata também sobre a liberdade e a vigilância estatal, que acabou se consolidando, tanto que já não se discute se estamos ou não sendo espionados, mas quem está fazendo isso e quanto invasiva tem sido essa vigilância, pois é ampla, total e descontrolada.

    Apesar do alerta de Orwell, há 70 anos, e até de Bill Gattes, Nathan Myhrvold e Peter Rinearson, em The Road Ahead, publicado nos Estados Unidos em 1995 (traduzido no Brasil para A Estrada do Futuro), só em 23 de abril de 2014 o Brasil teve sua lei (12.965) tratando de um marco civil da internet. Norma essa alterada pela Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, que dispunha sobre a proteção de dados pessoais e foi alterada pela Lei 13.853, de 8 de julho de 2019, tratando sobre a proteção de dados pessoais e a criação de uma Autoridade Nacional de Proteção de Dados. Há pendente, no Congresso Nacional, o Projeto de Lei 2630/2020, de autoria do Senador Alessandro Vieira, que institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet. Antes de encerrar seu livro, Paulo Menezes analisa esse PL, que é um dentre dezenas de outros que tratam das notícias fraudulentas. E o faz com a inteligência, o bom senso e o equilíbrio com que desenvolveu sua dissertação.

    As fake news, porém, como as entendo, ganharam apenas um novo nome, sofisticado como gostam os intelectuais, contra os quais Orwell se insurge no seu terceiro romance (1984 foi o sexto e último), publicado no Brasil sob o título Mantenha o sistema (São Paulo, Hemus), conclamando para um lugar “lá embaixo”, onde “você não tinha contato nem com o dinheiro, nem com a cultura. Nenhum cliente, do tipo intelectual, para quem você tivesse de bancar o intelectual.”

    Paulo Menezes sabe disso: “A disseminação de fake news, por certo, não é uma atividade exclusiva dos tempos modernos, tampouco é privilégio da sociedade contemporânea. (…) As fake news já despontam de ‘outros carnavais’”, (…) já vem ocorrendo desde os tempos das civilizações antigas …”, afirma (p.49). O privilégio do ineditismo pertence à serpente, que enganou Eva, no Paraíso.

   A própria Constituição tem suas fake news. Tanto que o presidente José Sarney sentenciou que aquela Carta tornaria o Brasil ingovernável.

    As FN, portanto, não foram criadas pela web. Nela apenas ganharam mais velocidade e puderam ser utilizadas de forma mais eficaz, para a desinformação.

    É contra isso a bela dissertação de Paulo Brasil Menezes. É contra a propaganda do Big Brother que a mídia poderosa propaga, para desinformar a população, instigar o ódio, deteriorar os valores da decência e da moralidade, da honestidade e da responsabilidade, proclamando como o Grande Irmão: Guerra é Paz. Liberdade é Escravidão. Ignorância é Força.

    Sua esperança, com certeza, está nos versos de Mary Ann Pietzker publicados em 1872 e com os quais o Autor abre seu livro, citando-a na sua Introdução (p. 39) e nas Considerações Finais (p. 287), acreditando que as pessoas, antes de falar, devem fazer-se as seguintes perguntas: É verdadeiro? É necessário? É gentil?

    Mas o ser humano (para evitar o patrulhamento de gênero) é bom e a sociedade é que o corrompe, como disse Rousseau, ou é o lobo de seu semelhante, como preferiu Hobbes?

*Advogado e jornalista. Ex-Promotor de Justiça. Juiz de Direito aposentado.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Bloco do Siri Gay

        por Fátima Forthuna
 
   Saiu, finalmente saiu!
 
   Depois de muita negociação entre o governo estadual, a prefeitura, a Igreja, a ALESC e a comunidade alegre, decidiram pelo sim.
   Sim, irão para fora!
   Ninguém aguenta mais o calor, a Pandemia e o armário fechado.
   E como não tem vacina, o negócio é usar a seringa com lança perfume para picar.
   O Bloco do Siri Gay, saiu em Jurerê Internacional, para arregimentar os turistas ricos e do jet set. Os de jet sky também.
   O governador foi vestido de bombeiro para prestigiar a comunidade. Ele está vivendo uma fase de lua de mel com a sociedade e com os políticos.
   Vários membros do governo e políticos participaram da festa.
   Todos de máscaras, estilos variados, como o Fantasma da Ópera até o lenço de John Wayne, um ícone da facção YMCA.
   O governador foi muito aplaudido pela comunidade e mais ainda pela confraria.
   De tanga e camiseta regata, o governador gritava: - He Man! He Man!
   E a galera delirava.
   Perguntado sobre a atitude imprevista e improvável, ele disse: - Rasga coração!
   E cantarolava EU TÔ QUE TÔ da Simone.
   A galera urrava. Bandeiras do Arco Íris, potes de ouro, batom e serpentina.
   Perguntado sobre os gastos com o bloco, ele disse: 
- Sei lá. O publicitário disse que garante a despesa. E o Tribunal de Contas fica de fora.
   Como Jurerê Internacional é ponto de encontro de gente fina, subitamente aparecem o Raimundo, o Gelson, o Paulo e o Júlio.
   Aí foi aqueeela confraternização! Abraços e sorrisos e gritos de vitória: 
   Hurra, hurra, hurra!
   Nós somos a rádio patrulha
 
   Ao cair da tarde, exaustos, bandeiras tremulando, muita folia, foram todos para a Boite Milk Shake.
   Lá dentro, acomodados no Camarote VIP Banana Split, beberam e comemoravam. 
   O bombeiro gritava:
 - Que coisa linda. Que experiência maravilhosa!
Entregamos ao povo um pouco de alegria!



sábado, 6 de fevereiro de 2021

 Urgente: Cangablog obtém informações confidenciais.

 

por Fátima Forthuna*

   Recebi o diálogo criptografado da reunião do alto comando do governo estadual.
   Leiam as opiniões:
Secretário da Administração
- Governador vamos ter Carnaval? Preciso de orientação para o funcionalismo.

Mosche: - Sim, teremos apenas dois eventos com força total.

Secretário do Desenvolvimento Economico:
- O senhor pode dar detalhes para nossa preparação?

Mosche: - Sim. Mas, apenas os tópicos.

- E quais são?  perguntou o Chefe de Detran

- Teremos um Baile a Fantasias na capital com transmissão via TV para todo o Brasil pelas emissoras abertas.

- E o outro evento? perguntou o Tenente Lasca.

Mosche: - Será o Carnaval de Rua, numa cidade do sul catarinense, com os blocos de sujo.

- E o senhor participará? perguntou o secretário da saúde preocupado com o Corona vírus.
 
Mosche: - Sim. Decididamente sim. Tanto do Baile de Fantasias, como do bloco de rua.

- E já mandei fazer meus trajes de folia

*Repórter especial da Rede Global por 15 anos em Moscow.

domingo, 31 de janeiro de 2021

A Ilha da Fantasia no Sul Maravilha

 “A Laguna, de tanto de ser esquecida, aprendeu a não esquecer”.

  por Marcos Bayer

Frase de Armando Calil Bulos, pensador e político catarinense.
Homem de visão, disse nos anos setenta do século XX, que Florianópolis ainda sofreria um "merdamoto". Sua premonição decorria da ausência de um sistema de tratamento de esgoto adequado na Ilha. O sistema existente era projetado para uma cidade de 50 mil habitantes. E Floripa já abrigava muito mais gente.
    O que ele não previu foi que o "merdamoto" seria na Lagoa da Conceição.
   A CASAN presidida por ilustres excelências já viu de tudo. Inclusive fraudes de múltiplas formas.
    Dito isto, vamos ao verão sem sol.
    Começa com a festa recreativa na Costa da Lagoa. Um festival de ministros de tribunais superiores, empresários estatais, radialistas contratados, o bombeiro e seu algoz e muito mais. Tudo pago com o seu dinheirinho, caro leitor.
    O impeachment entra em férias escolares, a juíza de primeiro grau manda prender o presidente da ALESC e esta revoga o ato. Uma segunda ordem é decretada, e a AUGUSTA reclama ao STF.
    Rosa Weber garante a decisão da Juíza Janaína Cassol. Alcatraz não é mais só o filme do Clint Eastwood.
    Surge a primeira grande contradição: veículos de comunicação e alguns jornalistas denunciam os gastos excessivos dos parlamentos e tribunais. No entanto, recebem ávidos os dinheiros das propagandas da ALESC, a Assembleia que faz de tudo, inclusive leis.
    No meio do turbilhão, chuvas e Pandemia, mortes e lixo no chão.
    O prefeito da Ilha da Fantasia não leu Napoleão. Começa uma guerra em pleno verão com a população dobrada.
    Põe em votação a Câmara Municipal o tema da COMCAP.
Não tomam medidas preventivas, não preparam a coleta de lixo com força alternativa e não abrem os números para a população.
    Apenas o custo da tonelada recolhida.
    Assim como o médico cuida do corpo humano, o lixeiro cuida da saúde da cidade. Deve ganhar salário digno.
   Mas, sem saber das contas, difícil julgar.
   O chefe da Casa Civil do bombeiro é o mesmo chefe de gabinete do presidente preso da ALESC. O mesmo, compreenderam? Nem Tomasi di Lampedusa seria capaz de imaginar tamanha reengenharia.
    Apesar desta loucura toda, Santa Catarina arrecada R$ 3 bilhões de reais em tributos no mês de janeiro de 2021.
    Mais aqueles R$ 33 milhões que sumiram com a compra dos respiradores chineses e o recorde seria R$ 3.033.000.000,00.
    A grande vantagem de morar aqui na Ilha, é não precisar de roteiro. Todos os dias há algo de novo no ar!

sábado, 23 de janeiro de 2021

Diálogo

   Barrabás estava na cruz, com as mãos pregadas. Chegou,
então, Jesus. Nas mesmas e até piores condições.

- O que fizeste?, perguntou Barrabás.

Jesus disse:

 - Sou um revolucionário. E tu Barrabás?

  - Sou ladrão. Apenas ladrão. 

 Então, Jesus em sua sabedoria disse: 

- Irei primeiro. Tu serás poupado.

- Por que? Perguntou Barrabás.

Jesus completou: 

- Eles sempre aceitam os ladrões. Não punem seus irmãos. Se punissem ficariam constrangidos! 

 por Marcos Bayer.

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

PF prende Julio Garcia por suspeita de corrupção que envolve mais de R$ 500 milhões


Série de denúncias - exclusivas do Cangablog - culmina com prisões de políticos, empresários e funcionários públicos e com o desmantelamento de quadrilha que dilapidava os cofres do Estado.

Durante 11 anos as denúncias do Cangablog nunca tiveram repercussão na imprensa local. Calaram vergonhosamente por envolvimento com "autoridades" que operavam o assalto ao Estado.

Deputado Julio Garcia, presidente da Alesc, é preso pela Polícia Federal na 2ª fase da Operação Alcatraz  

A casa (legislativa?) caiu
A Informação foi confirmada pelo advogado dele nesta manhã de terça-feira. Deputado foi até a sede da Polícia Federal prestar esclarecimentos e o mandado prevê prisão domiciliar.

por Anderson Silva, Caroline Borges, Guilherme Simon e Juliana Gomes, G1 SC e NSC TV

    O presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), Júlio Garcia (PSD), foi preso na manhã desta terça-feira (19) em Florianópolis, na segunda fase da Operação Alcatraz. A informação foi confirmada pelo advogado do deputado, Cesar Abreu, que afirmou que o mandado que prevê a prisão domiciliar do político foi cumprido.

No total, a segunda fase da Alcatraz cumpre 34 mandados de busca e apreensão, 11 mandados de prisão preventiva e nove de prisão temporária. As ações acontecem em Florianópolis, Joinville e Xanxerê.

Até as 11h, 10 mandados de prisão preventiva e oito de prisão temporária haviam sido cumpridos. A Polícia Federal, em coletiva nesta manhã, não informou o nome dos detidos ou investigados. O caso está em sigilo, disse o órgão.

Garcia prestou esclarecimentos na sede da Polícia Federal e voltou para casa. Além do deputado, Jefferson Colombo, dono da empresa Apporti Soluções, foi preso preventivamente. A defesa do empresário confirmou a informação.

A investigação apura a suspeita de fraudes que ultrapassam R$ 500 milhões. A segunda fase da operação, chamada de "Hemorragia", tem como alvo uma suposta organização criminosa suspeita de corrupção, fraude em procedimentos licitatórios e lavagem de dinheiro em Santa Catarina. 

Eduardo Pinho Moreira também é alvo da Operação Alcatraz

     Polícia Federal interrogou o líder político durante operação Hemorragia, segunda fase da Alcatraz

   O ex-governador Eduardo Pinho Moreira, do MDB, também foi alvo da operação Hemorragia, segunda fase da Operação Alcatraz, deflagrada nesta terça-feira (19) pela Polícia Federal.

   O envolvimento do ex-governador foi informado por delegado federal que conduz a operação, na entrevista coletiva desta manhã.

MPF, Polícia Federal, Receita Federal e MP de Contas/SC deflagram 2ª fase da Operação Alcatraz   

 Medidas de busca e apreensão, prisão e sequestro de bens estão sendo cumpridas em investigação que apura crimes de fraude em licitação, peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa

   Desde o começo da manhã desta terça-feira (19) equipes da Polícia Federal, com apoio de auditores da Receita Federal e de servidores do Ministério Público de Contas (MPC) de Santa Catarina, estão cumprindo 11 mandados de prisão preventiva, nove de prisão temporária e 34 mandados de busca e apreensão em Florianópolis, Joinville, Biguaçu e Xanxerê, expedidos pela Justiça Federal de Florianópolis, em investigação conduzida na denominada Operação Hemorragia, que investiga crimes conexos àqueles apurados no âmbito da Operação Alcatraz.

   Ainda para assegurar a reparação do dano ao erário e a perda dos vultosos valores auferidos ilicitamente pelos investigados, decisão do juízo substituto da 1ª Vara Federal de Florianópolis também determinou o bloqueio de valores via sistema Sisbajud e a indisponibilidade de bens imóveis via sistema CNIB de 17 pessoas investigadas e 14 empresas supostamente envolvidas nas fraudes e desvios; além do sequestro de 7 imóveis (apartamentos, terrenos, casa e vagas de garagem) em nome de familiares ou empresas relacionadas a um dos investigados e de dois veículos por ele utilizados. Também foi determinado o sequestro, apreensão e restrição de circulação de 14 veículos de investigados e empresas envolvidas, entre esses, vários que podem ser considerados como "veículos de luxo".

   A investigação teve início em julho de 2018, a partir de representação da Receita Federal, que noticiava, além da sonegação de tributos federais, indícios de elevado desvio de recursos públicos em contratos do governo estadual, envolvendo a empresa responsável pela gestão do plano de saúde dos servidores estaduais (SC Saúde) e empresas da área de tecnologia da informação (TI).

   A partir da análise de diversas licitações e contratos realizada por técnicos do MPC de Santa Catarina, dados bancários e fiscais das pessoas e empresas envolvidas e de elementos obtidos na Operação Alcatraz, a investigação revelou inúmeras irregularidades em diversas dessas contratações, ocorridas nas gestões anteriores do governo estadual (entre 2006 e 2018), firmadas por várias secretarias estaduais - em especial pela Secretaria de Estado da Saúde, com fortes indícios de vultosos prejuízos ao SUS - por empresas estatais (Casan, Celesc e Epagri) e até mesmo pela Assembleia Legislativa do Estado.

   Conforme o apurado, os procedimentos licitatórios eram reiteradamente fraudados e direcionados para as empresas envolvidas no esquema criminoso, sendo as contratações com essas empresas prorrogadas indevidamente, também para beneficiar os integrantes da organização criminosa.

   Os contratos envolvendo a empresa responsável pela gestão do SC Saúde resultaram em pagamentos, entre julho de 2011 e junho 2019, de mais de R$ 400 milhões, com possível desvio e pagamento de propina a agentes públicos de ao menos R$ 66,5 milhões. Com relação às empresas de TI, somente uma delas manteve contratações com a Secretaria de Estado da Saúde que importaram em pagamentos de mais de R$ 76,4 milhões, entre 2009 e 2019. Os possíveis desvios e pagamentos de propina nessas contratações de empresas de TI perfazem o montante de pelo menos R$ 26 milhões.

   De acordo com as investigações, os procedimentos licitatórios e contratações eram fraudados mediante a ação direta dos agentes políticos que lideravam o esquema criminoso e/ou por meio da atuação de servidores públicos envolvidos ou de apadrinhados, que ocupavam cargos na administração pública, a partir da indicação dos agentes políticos que comandavam a organização criminosa. Empresas de fachada, contratações fictícias e volumosos saques em espécie eram empregados para o desvio dos recursos públicos.

   Os membros do Ministério Público Federal que integram a força tarefa da Operação Alcatraz destacam que os resultados obtidos até o momento nas investigações e ações penais em curso, que sem dúvida alguma representam o maior esforço de combate à corrupção já ocorrido no âmbito de Santa Catarina, somente estão sendo possíveis a partir de uma atuação estritamente técnica e impessoal, conduzida de forma coordenada e articulada entre todas as instituições públicas envolvidas.


Assessoria de Comunicação Social
Ministério Público Federal em SC