sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Os delirios de Luiz Henrique da Silveira


   O senador Luiz Henrique da Silveira, na tentativa de elogiar o mais recente trabalho do jornalista e escritor lageano, Paulo Ramos Derengoski, comete um texto - distribuido à imprensa catarinense - transbordando "erudição" e erros históricos. (Leia aqui)
   Numa exibição de seu "conhecimento", LHS mergulha em estórias dos generais espartanos e vai tirar a cabeça mais adiante com citações tipo: "Quem se recorda do nome de algum daqueles generais espartanos que Ciro, o Jovem, contratou a peso de ouro para combater seu irmão, Artaxerxes II, e tomar-lhe o trono, no ano de 401 antes de Cristo?
   Mas, se eu citar o nome de Xenofonte, não faltará quem se lembre do historiador que escreveu “A Anábase de Ciro”, narrando os detalhes daquela malfadada guerra fraticida, na qual foram mortos tanto Ciro quanto os generais do exército espartano mercenário".

- Mas como lê esse home!!! Oigaletê home letrado!!! Me exclamou o Tio Bruda depois de tentar acolherar as letras e o pensamento do senador.

   Mas de tudo isso o que mais chama a atenção é o descuido com informações históricas sobre o conflito catarinense, objeto do livro “A sangrenta Guerra do Contestado”. Na tentativa de comparar Euclides da Cunha com Paulo Derengoski, se equivoca ao registrar a origem "paulista" do autor de Os Sertões, que na verdade nasceu em Cantagalo, interior do Rio de Janeiro.
   Mas a coisa não para por aí. Provavelmente com a ajuda de algumas doses de poire, Luiz Henrique consegue ressuscitar o lider "maragato" Gumercindo Saraiva, morto numa tocaia no Arroio de Nhã Capetum no interior do estado Sul Riograndense em 10 de agosto de 1894. Como sabemos, a Guerra do Contestado aconteceu de 1912 a 1916, impossível então de contar com os préstimos de Gumercindo na peleia. 

O finado Ulysses Guimarães, com quem LHS afirma conversar em noites de poire, ao ler o texto teria exclamado:
- Mas o que é isso Capivara!!! Apelido que Ulysses atribuia a LHS.

   Essas informações estão contidas m carta que o ilustre leitor Paulo Vendelino Kons, de Brusque, enviou ao senador LHS, esclarecendo os erros cometidos. Leia abaixo:

Brusque-SC, 8 de outubro de 2013.
   Ementa: artigo de opinião “Escritor do Contestado”
   Caro Senador Luiz Henrique,
   Com a satisfação de cumprimentá-lo e agradecer a deferência de vosso gabinete parlamentar em justificar vossa não participação na assembleia do Grupo deProteção da Infância e Adolescência – GRUPIA às 09h do dia 10 de outubro de 2013(quinta-feira), no salão de reuniões da Associação Empresarial de Brusque (ACIBr).
   Na oportunidade do contato disse às duas assessoras parlamentares que em vosso nome nos contataram de que o artigo de vossa autoria intitulado “Escritor do Contestado” publicado em vários jornais e localmente na edição nº. 675 do hebdomadário A Voz de Brusque (4 X 2013) continha um equívoco: é citado o general Gumercindo Saraiva como “líder guerreiro do lado das tropas governistas”.
   Como sabemos, caro Senador, a Guerra do Contestado foi um conflito armado entre a população cabocla e os representantes do poder estadual e federal brasileiro travado entre outubro de 1912 a agosto de 1916, numa região rica em erva-mate e madeira, disputada pelos estados brasileiros do Paraná e de Santa Catarina.
   Já o general Gumercindo Saraiva, um dos comandantes das tropas rebeldes (maragatos) durante a Revolução Federalista, nasceu em Arroio Grande, na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul, no dia 13 de janeiro do ano da graça do Senhor de 1852 e foi prostrado, numa tocaia, com dois tiros de espingarda que lhe dilaceraram os pulmões, no Arroio de Nhã Capetum, bem no interior do estado Sul Riograndense (atual município de Capão do Cipó) em 10 de agosto de 1894. Após dois dias seu corpo foi localizado no cemitério do capuchinhos de Santo Antônio por forças leais ao governador Júlio de Castilho e ao presidente Floriano Peixoto e degolado. Sua cabeça foi levada numa caixa de chapéus como um troféu para o governador do estado em Porto Alegre. Mas Júlio de Castilhos proibiu o oficial de aproximar-se do Palácio do Governador. Assim, por óbvio impossível de Gumercindo Saraiva participar da Guerra do Contestado.
   Observe-se que por detalhes o general Gumercindo Saraiva não alterou substancialmente a história de Brusque, pois condenara a morte por fuzilamento o empreendedor e líder político Carl Christin Renaux, depois conhecido como Cônsul Carlos Renaux.
   As tropas federalistas Sul Riograndenses - autodenominadas Exército Libertador - ao atingirem o Planalto catarinense se desdobraram para Laguna e Vale do Itajaí. Cerca de 1.600 homens, no comando do general Gumercindo Saraiva, depois de um combate com a Divisão Norte, desceu pelo Vale do Itajaí e ocuparam Blumenau em 29 de novembro de 1893. Renaux foi preso e em julgamento sumário condenado à morte por fuzilamento, acusado de ser partidário de Floriano Peixoto. Foi salvo pelo chefe federalista (maragato) de Blumenau, Elesbão Pinto da Luz (1860 — 1894, que após casar-se aos 18 anos com sua prima, Maria José, irmã do Dr. Hercílio Pedro daLuz passou a residir e trabalhar como servidor público nas colônias Itajahy e Príncipe Dom Pedro, formadoras do município de São Luiz Gonzaga – hoje Brusque – tendo aqui nascido sua primeira filha). Elesbão inclusive ofereceu-se para ser morto em lugar de Carlos Renaux. Com a derrota da Revolução Federalista, Elesbão foi fuzilado na fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim.

Com minhas renovadas expressões de reconhecimento e estima cristã,
Paulo Vendelino Kons

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