sábado, 7 de março de 2015
Não cabem todos na mesma barca...
Por Marcos Bayer
Os jornais de Santa Catarina dão conta de um governo estadual sem oposição. É assim mesmo. Quando a inteligência se omite, quando o brilho fica opaco, quando a voz se cala... Os medíocres se juntam.
Estamos assistindo a um fenômeno raro na história política catarinense: A união da Arena Jovem com o PC do B, envolvendo PMDB, PSD (PFL, DEM), PP, PSDB e possivelmente o PSB. Todos na mesma barca. Um acinte ao eleitor. Eleitos e refugados, juntos, abrigam-se nas marquises do poder e bem remunerados riem da população que votou pensando em oposição, fiscalização, eficiência e decência. Fazem negócios de diferentes montas. Publicidade enganosa, consultorias inúteis, obras de engenharia capengas, licitações marcadas.
Há muito tempo que Santa Catarina não tem uma voz consistente de oposição nos cenários nacional e estadual. Jaison Barreto deve ter sido o último. Por isto, talvez, tenhamos que viver das migalhas da República tão choradas pelos nossos falsos profetas-representantes.
O preço que a sociedade catarinense pagará por este consórcio de vários lances, muitos fraudulentos, será quantificado nas próximas gerações.
Além da baixa densidade moral que permeia a administração pública, a inutilidade de algumas ações empobrecerá a prática política necessária aos homens.
O Estado virou uma fonte de negócios. Algum “brazilianista” logo cunhará a expressão “statebusiness” para diferenciar de “privatebusiness”.
Como citei um político para ilustrar um comportamento de oposição à corrupção e à ditadura, devo citar outro para dar feição ao momento que estamos vivendo na política local. Vem à lembrança o nome do vereador Içuriti Pereira, do velho MDB, que saiu da posição de telefonista de hotel, passou pelo legislativo municipal, virou membro do clube dos gourmets e terminou como diretor de rede de emissora de televisão. Ainda bem que Içuriti é nome indígena. Porque Pereira é nome de novo rico português...
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