O cangaceiro virou réu |
por Marcos Bayer
O
Brasil vive a fase mais interessante do seu amadurecimento político pós 64.
Depois dos atentados contra as liberdades e as garantias individuais, depois da
reorganização da vida partidária que acabou em mais de trinta partidos, em
grande parte, criados para exercerem a função de marionetes bem pagas com dinheiro
público e sustentar meia dúzia de dirigentes safados, depois da chegada do Gabeira,
do irmão do Henfil, do Brizola, do Arraes, depois da amizade de Glauber Rocha
com Ernesto Geisel, depois da admiração de Golbery do Couto e Silva por gente
da esquerda inteligente, depois do Pasquim, depois do Ivan Lessa, depois do
Jornal do Brasil com a Coluna do Castelo e da Coluna
do Zózimo, depois da Rádio Mundial e do Big Boy, depois da Tropicália,
do Plínio Marcos e sua Navalha na Carne, depois de José
Celso Martinez e seu TEATRO OFICINA, depois do Milton
Nascimento e dos TAMBORES DE MINAS, depois do Chico Buarque e depois do Cazuza,
nosso último iluminado, surge agora um jovem juiz que botou o Congresso
Nacional e o Supremo Tribunal Federal para trabalharem.
Sergio
Moro, no primeiro dia de Dezembro de 2016, em sessão de debates sobre
legislação que trata de abuso de autoridade, no plenário do Senado Federal, deu
um show de humildade, inteligência e perspicácia ao sugerir um pequeno adendo
ao projeto de lei, na interpretação que um juízo pode ter em relação ao outro.
Com esta simples salvaguarda, se adotada pelos senadores, ele satisfaz a classe
da qual faz parte, todos os operadores do Direito, e fulmina o golpe pretendido
por Renan Calheiros e mais quatorze membros da Casa.
Enquanto o senador
cara pintada, Lindbergh Farias, falava ofegantemente da tribuna, argumentando
sobre as arbitrariedades da condução coercitiva de Lula ao aeroporto de
Congonhas em São Paulo, achando que sua verborragia desestabilizaria a placidez
do jovem Juiz, qual não foi minha surpresa ao ver Sergio Moro responder às
provocações do orador dando-lhe as costas.
Lasier Martins,
advogado jornalista, senador brizolista do PDT gaúcho e autêntico foi monumental
quando, dirigindo-se ao ministro Gilmar Mendes perguntou-lhe por que os juízes
do STF não julgam com a mesma celeridade do juiz federal de primeiro grau do
Paraná, o Dr. Sergio Moro.
Ao final do dia,
outras duas notícias: Emilio Odebrecht resolveu assinar a delação premiada e o
presidente do Senado da República, Renan Calheiros, foi colocado na condição de
réu, por desvio de dinheiro público, pelo Supremo Tribunal Federal, por oito
votos contra três. Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, o
inocentaram! Tem ainda mais alguns processos em tramitação na Suprema Corte.
Finalmente começa a
nascer um novo Brasil.
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