E assim sucessivamente aos descendentes. Faz parte da natureza humana o ato do testamento. Seja sobre a coisa material ou imaterial.
O testamento é o ensinamento. Entre os animais é a alimentação, a lição da sobrevivência. Entre nós humanos perdura até a morte, a última cena como diz o artista.
Lord Acton, historiador inglês, em seu livro The History of Freedom, escreve:
“A liberdade não é um meio para um fim político mais elevado; ela é em si mesma o mais elevado fim político.”
A liberdade faz parte de todo e qualquer processo de aprendizagem. Inclusive contestar o mestre. É assim que a humanidade evolui. Somos educados a dizer a verdade e a praticar o comportamento honesto. A ética humana passa por estas duas dimensões: verdade e honestidade. Sem elas é difícil construir sociedades de quaisquer naturezas: conjugal, comercial, religiosa, intelectual e ou política. Basta ver as dificuldades do Papa Francisco no Vaticano e na Igreja.
O poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente, escreveu também Lord Acton.
Salvo em raras situações e países, para crescer numa determina área é preciso corromper-se, deixar-se corromper ou fechar os olhos para a corrupção.
Os que estão no topo das hierarquias corrompem seus preferidos porque foram corrompidos, um dia, quando eram preferidos. É exatamente isto que faz aspergir a corrupção. Isto elimina os realmente bons, capazes e íntegros. E o discurso político dos corruptos é exatamente o combate à corrupção. É a forma mais fácil e eficiente de enganar.
Dito isto, recomendo aos interessados, o filme “The professor and the mad man”, com Mel Gibson, em cartaz como “O GÊNIO E O LOUCO”.
Primeiro, pela maneira fantástica de “construir” o mais completo dicionário da língua inglesa patrocinado pela Oxford University.
Segundo, pela maneira óbvia de como se separa titulação acadêmica de autodidatismo, e as reações da academia ao saber obtido na solidão do estudo individual.
Terceiro, pela loucura do psiquiatra em levar o paciente a uma loucura mais aguda, fazendo dele cobaia para suas teses. Ao ponto de achar que a indução ao vômito poderia fazer vomitar as neuroses da guerra vivida e outras tantas.
Quarto, pela maneira prática com que o jovem Churchill decide resolver o problema do louco.
Quinto, pela dignidade do guarda da clínica médica em relação ao paciente.
Sexto, pela capacidade de compreensão da viúva que se apaixona pelo louco. If love... Then love.
Sétimo, pela determinação da esposa do gênio ou professor que escora a obra de sua vida.
O filme, apesar da crueldade, nos faz acreditar no ser humano. Pelo menos em alguns deles, apesar de todos os imprevistos.
E aí, mais uma vez, Shakespeare, resume a imprevisibilidade da vida, em uma de suas obras clássicas, assim:
“Horácio: Se o teu espírito rejeita alguma coisa, obedece-lhe; eu evitarei que venham para cá, dizendo que não estás disposto.”
“Hamlet: De modo algum; nós desafiamos o agouro; há uma providência especial na queda de um pardal. Se tiver que ser agora, não está para vir; se não estiver para vir, será agora; e se não for agora, mesmo assim virá. O estar pronto é tudo: se ninguém conhece aquilo que aqui deixa, que importa deixá-lo um pouco antes? Seja o que for!”
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