domingo, 1 de setembro de 2019

...irmãos Arns

LV390967por Paulo Medeiros Vieira
 
   “Doutora Zilda Arns distinguiu-se pelo grande amor aos pobres, tendo desenvolvido pastorais que repercutiram pelo mundo afora, dentre elas a Pastoral do Povo de Rua, - em favor da população literalmente “sem-teto” e a Pastoral do Menor, voltada para menores carentes, em situação de risco, infratores e abandonados. Por imperativo de justiça, creio não se poder falar em D. Paulo e Dom Luciano e na Pastoral do Menor, sem associar a seus nomes o da Dra. ZILDA ARNS, grafado em maiúsculas, por não poder graválo em ouro. Doutora ZILDA ARNS criou a Pastoral da Criança e do Idoso, que repercutiu em todo país e no exterior, atraindo o concurso de milhares de voluntários em diversos países.  Dra. Zilda merece muito mais uma biografia que uma simples referência. Tive o prazer e a honra de conhecê-la pessoalmente e conversar com ela a sós demoradamente. 
   Dra. Zilda veio a Florianópolis como convidada, quando seu irmão D. Paulo Evaristo Arns recebeu do Governador Casildo Maldaner, por sugestão deste escriba, - então Procurador Geral do Estado, - a Medalha Anita Garibaldi, a mais alta comenda outorgada pelo Governo Catarinense. Não podia imaginar que estivesse fisicamente tão próximo de alguém que alguns anos depois iria morrer pela causa a que literalmente entregou a vida. Dra. Zilda foi vítima da tragédia do Haití onde se encontrava cumprindo missão de “Anjo da Guarda” de milhares de crianças enfermas e famintas! 
   O reconhecimento unânime do seu fecundo apostolado resultou logo de saída num abaixo-assinado com mais de trezentas mil assinaturas reivindicando a instauração do processo de sua beatificação.” (Pg. 24ss) (...) “Falando em D. Helder, não se pode esquecer de Frei Tito, Dom Tomás Balduíno, D. Pedro Casaldáliga. Perseguidos pela ditadura militar, ameaçados, não recuaram, não se acovardaram, não se intimidaram. Denunciavam a tortura e os torturadores e juntaram sua voz à de D. PAULO EVARISTO ARNS, o primeiro a denunciar ao mundo o assassinato do jornalista WLADIMIR HERZOG nas dependências do DOI-Codi! E a audácia  de enfrentar a fúria da repressão ao franquear a Catedral de S. Paulo ao Rabino Sobel, para realizarem juntos um culto ecumênico em sufrágio do jornalista assassinado.  A coragem  heróica do povo paulistano transformou o acontecimento numa das maiores concentrações jamais vistas na Praça da Sé, considerado por muitos o marco inicial do processo de redemocratização do Brasil.” 
 
(do livro PEREGRINOS DO ABSOLUTO – Minhas Memórias dos Outros. DOIS POR QUATRO Editora. Fpolis, SC, 2015, pg. 24ss). 
 

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