domingo, 27 de outubro de 2019

A corte dos bobos



por Marcos Bayer
   
   Estranho povo, o brasileiro, que se rebela contra os ladrões vermelhos e se entrega aos de verde amarelo. Desgraçado povo, o brasileiro, que dá o poder a chamada esquerda, depois o entrega a chamada direita e por fim espera por uma intervenção qualquer para receber o que não consegue
pela via democrática.
    Este misto de ignorância e esperteza, atributos da nossa assim chamada cordialidade, tem uma explicação sociológica se quiserem. O povo brasileiro não conhece a Lei, o Direito e seus direitos. Mas, não é apenas desconhecer o enunciado legal, é pior. O brasileiro não conhece o Direito aplicado, funcionando e sentenciado em prazo curto e razoável. Mesmo
os mais privilegiados sabem e dizem: Ah! Na Justiça vai demorar.
    Onde não há prazo, não há tempo. Sem prazo é a inércia que comanda o processo. Qualquer processo. Até o sapateiro quando pega o serviço, dá um papelzinho ao freguês: Fica pronto dia tal. Este papelzinho é o prazo, o direito para reclamar. No cartório do fórum é só silêncio.
    E não é porque os juízes não queiram trabalhar. Mas, pelo excesso de processos para o número de juízes, dizem.   Contratem mais, digo. Há que se fazer uma legislação fixando prazos, um ano no primeiro grau e até dois no segundo grau, para o cidadão ter uma sentença em mãos.
    Mas, nem na AOB, nem no Congresso Nacional vemos interesse para a matéria. Nem o deputado federal LFG (Luís Flávio Gomes) que já foi promotor, juiz e dono de escolas preparatórias para concursos jurídicos, nem ele, tratou da matéria.
    Então, o Brasil é uma democracia manca. Temos dois poderes que funcionam, bem ou mal funcionam, e o terceiro manca. As nações só evoluem onde a Justiça é parte corriqueira da vida do cidadão. Caso contrário, a desgraça se amplia e toma conta.
    Afora esta ausência absurda da aplicação corriqueira da Lei aos que dela precisam, vivemos um período de mais incertezas.

    Quem é aquele ministro que quando fala de meio ambiente fica mais confuso do que quando mudo? Quem é ele que no meio de uma reunião com mais de 20 homens vestidos com camisas brancas e azuis, aparece com um colete verde limão, fluorescente, para ser visto a mais de 1 km de distância, com cara de desavisado?
    Quem é aquele, o da educação, cuja meta nem ele a conhece? Não teria a direita, alguém mais próximo da área, fosse pela capacidade de falar o idioma português, fosse pela capacidade intelectual do ensino superior?
    Quem é aquele barbudinho, trêmulo e inseguro que não consegue falar de relações exteriores, mas que baba ao lado do chefe e do chefinho?
    Damares: Salvai-nos todos!
 

   Pobreza e Poder derretem como gelo tal qual no poema medieval alemão FORTUNA IMPERATRIX MUNDI.
    E aqui na Província, a notícia de desaparecimento do DC. O jornal que veio para tomar conta do mercado e que resolveu praticar o suicídio. Acho que a família fundadora não chegaria a tanto. Neste final de semana, apareceram três revistas com a mesma capa. Nosso tenista maior deve ser
sempre lembrado e homenageado, mas não como peça publicitária de velhos produtos.
    Parabéns ao concorrente, Notícias do Dia, que manteve o jornal impresso e ampliou a tiragem, contratando mais gente para trabalhar.
    A última nota que fiz para o DC, não saiu. Dizia: Nós perdemos um instrumento de leitura diária. Estaremos perdidos no turbilhão de notícias de relativa importância, divulgadas via Internet.
    A liturgia da posição de leitor impõem o jornal e o livro como tal.
    O cachorro ficará sem referência na sua educação higiênica. O peixe virá do mercado ao apartamento sem a tradicional embalagem.
    O lavador de automóveis não terá o que colocar sobre os tapetes de borracha. As janelas que vibram sob o efeito dos ventos perdem seus amortecedores de papel.
     Fogueiras domésticas terão outras fórmulas iniciais. Os pobres ficarão sem cobertor no inverno. Fundos de gaiola ficarão sem folhas de coleta ou proteção.

    Uma nova era se inaugura. Acabou a impressão. A vaidade humana perde uma vitrine. Empresas de comunicação morrem.
    O jornal, esta escola diária, desaparece sem deixar sucessor.


EXTRA! EXTRA! EXTRA! Grita o menino! ACABOU O JORNAL...

Nenhum comentário:

Postar um comentário