sexta-feira, 28 de junho de 2019
Espiã das antigas estreia no blog
Nessas épocas de hackers das coisas ou nas coisas, recomendo as pessoas andarem mais arrumadas, cuidarem com as caretas, nada de colocar mão no nariz, limpar a boca na toalha...essas coisas que humanos fazem quando acham que ninguém está olhando. Porque sim! sempre tem alguém olhando.
Televisores te assistem, então um pijaminha de seda já dá um charme, celular te filma e te grava. Cuidado quando for contar aquele segredo do marido pra melhor amiga.
Falar mal do chefe?.... nem pensamento alto, isso da demissão por justa causa.
Seu carro te filma, te grava, te mapeia, atende o telefone pra vc, fala com seus colegas e lê suas mensagens do WhatsApp enquanto vc dirige, olha que fofo prestativo gente! Amassos nos veículos são proibidos, (Ah, esses acho que já eram mesmo... tá).
Pode apostar num modelito chofer descolada e nada de saias, possíveis câmeras abaixo do volante.
Bem importante também é a Alimentação... tem que cuidar pra não se sujar comendo. Cada respingo de molho seu, vira um meme daqueles que te deixa girando no espaço sideral com alguma música dos anos 80.
Muita coisa pra acostumar nessa nova vida big, mas já vem a pior parte. Câmeras engordam, então nada mudou na verdade. Continuamos a pagar conta e tentar emagrecer.
Então se vazar alguma coisa, relaxe e tente melhorar na próxima, porque isso não vai parar.
* Denise Mega Spy - Ex agente da CIA, ex agente KGB, atualmente trabalha no BOPI - Batalhão de Operações Incógnitas. Sediado em Sevilla - Espanha.
quarta-feira, 26 de junho de 2019
O PODER
Roma, o Império, cujo apogeu foi em 117 D.C. com
Trajano, construiu mais estradas que a malha rodoviária norte americana na era
moderna. Exército forte composto de várias legiões, Senado forte como
formulador das leis e poder político (SPQR) e sistema Judiciário eficaz. A
figura do advogado público aparece aí. Era recrutado entre os presentes ao
julgamento, alguém que se sentisse preparado para defender o acusado desvalido.
Exército – Senado – Justiça. O triunvirato do poder.
Londres, capital do Reino Unido, repete a proeza. O Império
de sol a sol. Uma esquadra naval poderosa, um parlamento forte e um sistema
judiciário eficiente. Os britânicos aperfeiçoam a democracia grega com o
instituto do impeachment em 1376 para punir os poderosos infratores de seu
sistema político.
My vote and my taxes. Meu voto e meus tributos. O cidadão, ao
longo da História, adquire a exata noção do valor do voto e do pagamento dos
impostos. Aprendem a escolher seus representantes e a fiscalizar a aplicação de
seus dinheiros. Robin Wood e o Rei Arthur de Camelot, lendas ou não, são
elementos constitutivos da cidadania britânica por causa destes dois conceitos:
Meu voto e meu imposto.
Washington D.C. na América do Norte repete a fórmula.
Após a Segunda Grande Guerra (1945), os americanos constroem suas forças
armadas poderosíssimas – exército, marinha e aeronáutica – um Congresso
bicameral atuante e fiscalizador e um sistema judiciário rápido, eficiente e
implacável. Eles aperfeiçoam a democracia direta grega, criando os colégios
eleitorais estaduais, filtros primários das candidaturas presidenciais, mantém
o instituto do impeachment e criam o “recall”.
Sempre a trilogia: Exército (Forças Armadas) – Senado
– Sistema Judiciário. Dentro de um sistema democrático pleno.
No Brasil estamos aprendendo a votar. As eleições
presidenciais de Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, Fernando Collor, FHC,
Lula e Bolsonaro são movimentos políticos radicais da população buscando saídas
para as crises de sempre.
Temos outros dois movimentos na esfera do Senado que
devem ser registrados: Nereu Ramos, seu presidente, quando garantiu a posse de
JK em 1956 e a eleição dos 16 senadores do MDB em 1974, um aviso aos militares
no poder de que as eleições diretas estavam a caminho, como de fato, dez anos
depois, em 1984, os brasileiros foram às ruas lutar por elas.
Teotônio Vilela, Marcos Freire, Jaison Barreto, Paulo
Brossard, Mário Covas, Franco Montoro entre outros foram fundamentais na
redemocratização do país.
Hoje, na estabilidade democrática, o Senado Federal
deve à nação muito trabalho. Deve o estabelecimento de prazos para julgar, deve
diretrizes para as taxas de juros, deve a fixação de limites ao gerenciamento
da divida pública, deve definições mais claras na política externa.
Por enquanto, neste semestre, o Senado conseguiu aprovar
matéria relativa à apreciação das Medidas Provisórias, através da PEC 91/2019,
onde obtém pelo menos 30 dias para discuti-las e deliberá-las. E comemorou
efusivamente em plenário.
Rui Barbosa, observador atento, ainda que sob a forma
de estátua, deve estar apreensivo.
Sobre o exército, falamos noutro dia.
terça-feira, 25 de junho de 2019
“NEVER FORGET” (“NUNCA ESQUEÇA”)
por Emanuel Medeiros Vieira
Neste dia em que o inverno começa, não queria pedir indulgência pela emoção.
Escuto “Never Forget”, com Michelle Pfeiffer, e lembro-me do morango com nata que mamãe fez para mim quando passei no Exame de Admissão (não existe mais) no “Colégio Catarinense”, na Ilha, e iria para o Ginasial (também não existe mais).
Da letra: “Você está em casa”.
Nasci tarde demais.
“Diga que vai me entender”.
Revi mais uma vez “Meia Noite em Paris”(“Midnight in Paris”), de Woody Allen..
O tempo melhor de nossas vidas será sempre o que não vivemos: o outro – além.
Recordei-me de um diálogo de um filme em que um personagem, ironicamente, pergunta a outro se ele é um “suicida”.
O interlocutor responde de bate-pronto: “Só de manhã”. E era o horário do dia que eu mais amava – havia um ritual, abria as cortinas do quarto e dizia: “Bom dia, dia”.
Bom dia, dia.
Querem saber (relevem o vitimismo) o que é um câncer doloroso e incurável:
A Velha Companheira, a Indesejada das Gentes na soleira da porta para me dar o bote, e eu espero, vivo esperando, vivo achando que sempre falta alguma coisa.
Afinal, o que é o câncer incurável? É isso. Ser suicida de manhã (a gente não se mata não), para mim a hora que mais dói (literalmente, não é dor metafórica ).
Meu (hipotético) Pai: Poupe-me das dores físicas, que das morais eu mesmo cuido.
“Amor e saudade estão estáveis”.
Recordei-me de uma discussão sobre a Misericórdia Divina e a Raiz do sofrimento e do Mal entre dois padres jesuítas cultos no início da década de 60, no “Colégio Anchieta” – onde fiz o antigo Curso Clássico, também estudei com Bolsa de Estudos (como no “Catarinense” em Florianópolis), em Porto Alegre.
O Sofrimento é um Mistério? É. Mas a constatação não me satisfaz.
Por que Deus teria feito os homens tão imperfeitos?
E a raiz do Mal? – insisto.
Vi aos 20 anos uma criancinha numa cadeira de rodas e aquilo nunca me saiu da cabeça.
Penso em Franz Kafka e Albert Camus – santos de minha imensa devoção – e constato: O Absurdo é a evidência que desperta.
Quando eu tocava no assunto, todos retrucavam: “Esqueces do Livre Arbítrio”.
Resta-me escutar de novo “Never Forget.
Uma voz mais forte me adverte: “Não seja chorão”.
Um homem de verdade enfrenta a morte de frente, olha nos seus olhos, bem lá dentro e deverá dizer: em frente.
Michelle canta pungente e suavemente. Por favor, escutem (a letra e a música).
O morango com nata, com um suco de maracujá, uma regata, o rosto de minha mãe, ela no fogão de lenha, posta de tainha frita, pirão d’água, e essa emoção que inunda esta manhã – ria, sem lágrimas.
Rio, com lágrimas...
Sentimental demais.
Estou segurando este meu Inimigo Íntimo há quatro anos, cinco meses e vinte e um dia.
Alfredo David, meu sobrinho e amigo, tão iluminado e amado, faria hoje 60 e foi-se com 28 anos.
Os mais brilhantes de uma geração carregam nas mãos uma vela que queima mais rápido?
Alguém me perguntou se minha geração – a de 1945, do final da guerra, fracassou.
Se quiser ser sincero, diria que internamente meus companheiros, meus melhores amigos, fizeram o que amaram: foram professores, editores, escritores, cineastas, cientistas políticos, engenheiros, jornalistas, advogados, médicos, arqueólogos, enfermeiros, servidores públicos, dramaturgos etc.
Deu para o gasto – não sei se para o gosto...
No outro sentido, sim, fracassamos.
A injustiça que combatemos nos nossos eternos 20 anos, cresceu, como a brutalidade, a morte na tortura, a vitória (provisória?) novamente da ignorância, da xenofobia, do preconceito, do ressentimento, do horror à inteligência, do neopentecostalismo mais reacionário, das redes antissociais fundamentalistas, do individualismo feroz, e do que mais deplorei e deploro, até o último momento da minha vida: a desigualdade torpe e obscena.
VIVEMOS NO BRASIL E NO MUNDO UM PROCESSO DE REGRESSÃO CIVILIZATÓRIA.
Tomo os remédios, cuidam de mim, ainda como tainha frita, nata raramente encontro, e minha memória parece uma alameda de mortos – amigos tão amados.
E Michelle canta: “Jamais te esqueceremos”.
Ela proclama: “Você vai voltar para casa”.
Casa. Casa.
“Lembrei de todos os dias do sol de verão antes do inverno chegar”.
“Jamais vamos te esquecer.”
UM DIA VOLTAREMOS TODOS PARA CASA.
(Admiro muito os que creem autenticamente).
“Todas as imagens serão calcinadas pelo tempo. No máximo, nas conversas em volta de uma mesa de festa, pode ser que alguém se lembre de uma parenta morta. Seremos apenas um nome, cujo rosto vai se desvanecer até desaparecer na massa anônima de uma geração distante”. (Annie Ernaux).
E alguém acrescenta: “Nada restará de ninguém. Mas até lá, até o fim, até o nada, dará para compartilhar gestos, cidades, sentimentos, raciocínios, lágrimas, o mundo. Será possível sentir o que é comum a todos, a solidão. Viver em conjunto o isolamento individual e social só é possível na literatura”.
Já foi dito muitas vezes – e está internalizado em muitos: só a Arte nos salva – nos legitima.
E – CLARO – A ÉTICA PESSOAL COMO IMPERATIVO CATEGÓRICO.
(Já vislumbro na percepção de alguns (muitos dos poucos, mas fiéis leitores?): “Novamente um texto triste e pessimista”. Será? É fundamental ser sempre fiel a si mesmo, aos nossos valores, ao que acreditamos.)
Recordo-me do grande escritor negro norte americano James Baldwin (1924-1987): ”O riso e o amor vêm do mesmo lugar, mas pouca gente vai lá”. (Brasília, junho de 2019)
Comentário do amigo Márcio Dison:
POEMANUEL
Entre os caminhos, escolho o do riso
Rio descortina água de lágrimas cristalinas
Querido afluente do humor de siso
Que rido tenho à farta, gargalhadas meninas.
Entre as escolhas, caminho na corda bamba
Oceano infestado de peixes palhaços
Ao ingênuo olhar o mais frio descamba
Espasmos misturam-se a plenos estardalhaços.
Alvejado, infeliz, sob escombros, sorria à ideia
Ranja os dentes, metáfora da cura
Em todas as bulas a risada é panaceia.
E perdido de riso, sob o mel da catarse ou em apneia
Franza o cenho à vida, hipérbole da censura
Um sorriso de rainha contagia qualquer colmeia.
MÁRCIO DISON
Paulo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "“NEVER FORGET” (“NUNCA ESQUEÇA”)":
É querido tio. Temos conversado muito menos do que gostaria eu. Porém, cada leitura de tuas linhas te trás pra perto, muito perto, como na ultima passagem por 'tua' trilha para Ponta do Rapa, em que teus olhos eram meus guias e fiz de tuas memórias, meus passos pela mata, cujo silêncio era interrompido, de vez em quando, ritmadamente pelo mar da Lagoinha e do costão para Brava. Andamos juntos.
Bjo Paulinho
quarta-feira, 19 de junho de 2019
Inspetor Clouseau e o “chabu” nacional, estadual e local
- Bom Dia Inspetor,
como vão as coisas?
- Bom dia meu caro Ajudante
de Ordens! Já estamos chegando a Julho, seis meses de governo e com a nova
política em curso.
Ajudante de Ordens – Prenderam o Gean. O senhor soube?
Inspetor – Quem? O Jean Wyllys? Ele não está
no exterior?
Ajudante de ordens – Não, não é este Jean é o outro
Gean...
Inspetor – Já soltaram, nem prenderam, só
interrogaram. O Leonel Pavan é que ficou assustado. Parece que até gravou um vídeo
para dizer que estava solto. Pessoal engraçado: Gravar vídeo para dizer que
está solto.
Ajudante de Ordens – O senhor sabia que o Gean foi
eleito com apoio da Maçonaria? Ou que, pelo menos, anunciaram o apoio dela.
Inspetor – Nunca se sabe meu caro. A Maçonaria
é uma força oculta e não se envolve em política...
Ajudante de Ordens – Só em nomeações, escolhas e
indicações?
Inspetor – Nada se sabe sobre ela.
Ajudante de Ordens – Parabéns pela inauguração do
acostamento da Via Expressa, na saída de Florianópolis. Agora temos três
pistas. É a nova política em ação, não é? Compensa um eventual atraso no
pagamento parcial do décimo terceiro salário!
Inspetor - Nova política é outra coisa, meu
caro! Nova política é o Paulo Bauer, articulador do presidente no Senado
Federal, na comitiva do ministro da infraestrutura em Santa Catarina, enquanto
o governo perdeu por 47 x 28 votos na matéria que trata dos dois decretos sobre
o uso de armas de fogo.
Ajudante de Ordens – Estranho Inspetor, o Gean Loureiro
e o Julio Garcia são os dois “chabus” da Polícia Federal em Santa
Catarina?
domingo, 16 de junho de 2019
AVES DE RAPINA

por Emanuel Medeiros Vieira Em memória do poeta
Juan Gelman*
Os shoppings são a antiga Ágora grega – o coração da cidade.
Globalização? Da indiferença?
Cabeças decapitadas, império do tráfico.
Um menino me indaga; “O mal está vencendo?”
Olho fixamente nos seus olhos: “Está”.
Consolo-o: “Mas não será para sempre.”
Sociedade do
espetáculo, e o templo é de consumo – não para orar.
O que significa isso tudo?
Desejo do tênis de marca?
Ou de proclamar: “também existimos”. Grito contra a
exclusão, voz dos que não têm voz – a periferia berrando? Não sei. Sei que a
baixar o cacete não resolverá. A medida de valor ainda é o dinheiro, a cor da
pele.
Desigualdade? Sim. Viramos apenas consumidores. Não
cidadãos.
Fim de tudo? De sonhos, ilusões, projetos? Ou não é nada
disso.
Será necessária uma funda reflexão sobre o rebaixamento da
política no Brasil, onde imperam as manadas, seitas e torcidas organizadas, que
não atuam – como já detectaram vários observadores – não em
função de suas propostas e de seus projetos, mas apenas para a
desqualificação dos que pensam de forma divergente.
“As manadas funcionam
como seitas messiânicas submissas às redes sociais”.
Ou redes antissociais?).
E um mundo dessacralizado – sem fé.
“O presente é tudo o que tens como tua possessão. Como Jacó
fez com o anjo: retém-no até que ele te abençoe”. (John Greenleaf Whittier.)
*Juan Gelman morreu no México, em 14 de janeiro de 2014, o
poeta e jornalista argentino Juan Gelman. Durante a ditadura militar argentina
(1976-1983), Gelman teve o seu filho ((Marcelo) assassinado. Sua nora, Maria
Cláudia, foi sequestrada enquanto estava grávida e levada ao Uruguai pela
“Operação Condor”. Nesse país, deu à luz e desapareceu. A filha do casal
(Macarena) foi entregue a um policial uruguaio e só teve a identidade revelada em
2000.
Grande parte da vida deste grande poeta e humanista foi
dedicada (com comovente paixão e intensidade) a esclarecer o que havia ocorrido
(com sua família e com o seu país), naqueles tempos tão sinistros e sombrios.
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