quinta-feira, 13 de junho de 2019

Lord Bertrand Russel e a política Macunaíma

por Marcos Bayer
   Perguntado sobre que legado gostaria de deixar para seus sucessores, respondeu: Duas coisas. Uma de ordem Intelectual e outra de ordem moral. Intelectualmente, sugeriu: Quando estiverem estudando algum assunto perguntem a si quais são os fatos e o que eles revelam. Nada mais. Não se deixe arrastar para fora dos fatos.
   O Congresso Nacional acaba de aprovar com pompa e circunstância um crédito de R$ 250 bilhões de reais para o governo Bolsonaro. Onde o governo vai buscar este dinheiro? No mercado, supõe-se. Qual será o prêmio para a captação e qual a taxa de juros para a remuneração?
   Quem faz a operação? O BACEN diretamente ou através de corretoras de valores? Quem são os donos das corretoras?
   A imprensa em geral, por descuido ou má fé, sequer analisa que mais três operações destas, em 2020, 2021 e 2022, somarão R$ 1 trilhão de reais.
   A mesma quantia que o ministro Paulo Guedes quer poupar com a reforma da providência em 10 anos.
   Afora isto, temos um comprometimento do Orçamento Nacional com a dívida pública muito interessante. O valor dela, para 2019, soma R$ 1,424 trilhão de reais. Sendo que o refinanciamento é da ordem de R$ 758,7 bilhões, amortização efetiva de R$ 287,3 bilhões e pagamento de juros no total de R$ 378,9 bilhões. Ou seja, os R$ 250 bilhões aprovados nesta semana não são suficientes nem para pagar os juros da dívida pública.
   O PIB nacional, Produto Interno Bruto, a soma do que os brasileiros produzem no ano, está estimado em R$ 7,43 trilhões de reais.
   Os números mostram: Produziremos 7,43 unidades monetárias e devemos 1,42 unidades monetárias. Devemos 20% do que produzimos.
   No orçamento de 2018, executado e pago, gastamos 40,66% com a amortização e juros da dívida. E com a previdência social gastamos 24,48%.
   Na agricultura, só para comparar, gastamos 0,61% do Orçamento Nacional.
   É como alguém que ganha um salário de R$ 1.000,00 reais e gasta R$ 400,00 reais com dívidas. Isto é o povo brasileiro. E na classe média, quem ganhasse R$ 10 mil reais e gastasse R$ 4 mil com juros.
   A segunda lição de Lord Russel, é: Love is wise and hate is foolish. O amor é sábio e o ódio é tolo. No mundo interconectado temos que aprender a tolerar uns aos outros.
   Mas, a pergunta de devemos fazer é: Como conviver com uma classe política que governa para si e não para o povo?
   Se com Juscelino Kubitschek – nosso JK – amigo de Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Tom Jobim, Vinicius de Morais, com um ministério de gala, com um plano de fazer 50 anos em 5, com Brasília e muito mais, já foi difícil, imaginem agora. Até os CIEPS do Brizola conseguiram sabotar.
   Vocês verão na aprovação da reforma da previdência, mais um engodo nacional.
   As corporações manterão seus “direitos” e o povo continuará pagando a conta. O Brasil não se constrói como nação, porque é mal educado, mal tratado e mal representado. Os que chegam lá no topo, corrompidos ou não, com raras exceções, trabalham para o país. O resto faz figuração... 


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