Por Eduardo Guerini
Embriagado de tanto samba-enredo de exaltação.
Com sua fantasia de classe média decadente
ajustando o modelito para a crise que atinge
todos na republiqueta bruzundanga.
O carnaval embriaga todos com suas alegorias e fantasias. Na sua origem, era um festa de máscaras em que nobres que adoravam a diversão para não se confundir com o “povão” utilizavam de tal artifício. Na tradição cristã, o carnaval marcava o período que antecedia a quaresma – dando “adeus à carne”, inaugurava um período de jejum e privações para conversão pascal.
Na republiqueta tupiniquim, os bruzundangas transformaram a festa de carnaval em acontecimento popular, com blocos de foliões desfilando nas ruas, ora organizados, noutra vez desorganizados – designados como “blocos de sujos”, onde homens e mulheres promovem a transgressão de identidades de gênero e normas geralmente aceitas pela sociedade.
Na atualidade, a transformação de um festejo popular em negócio promotor do turismo em cidades e regiões, a mídia – principalmente televisiva, se apropriou de imagens , massificando e ordenando ligas e escolas de samba em “mercadoria imagética”, exaltando a capacidade do “morro e suas comunidades” em produzir uma festa de “primeiro-mundo”.
Com o auxílio e patrocínio direto e indireto do poder público, cidades se destacam na produção “hollywoodiana”, com sambas-enredo exaltando regiões e personagens da história brasileira e mundial. Nesse festejo pagão, a conciliação entre “pobres e ricos”, resulta da embriaguez momentânea e desnudamento de corpos nas passarelas, avenidas, ruas e praças.
Neste momento de crise fiscal, com falta de recursos para serviços essenciais à população que festeja nas ruas, autoridades desfilam no abre-alas do oportunismo político e cai a máscara da hipocrisia cívica, todos acumpliciados pela distribuição de verbas sem controle social , terão uma longa “quaresma” tributária , resultante dos pacotaços que foram lançados no lombo da população brasileira, do Planalto Central à Planície dos Estados e Munícipios.
Assistimos embriagados, a decadência da republiqueta corrompida, sambando e cantando “...tanto riso, oh quanta alegria . Mais de mil palhaços no salão...”.
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