domingo, 11 de fevereiro de 2018

As Pontes e a Reforma EsPINHOsa na Província Catarinense

“Vou construir muitas igrejas? Não. Muitas capelas? Talvez. Mas vou deixar bases para grandes catedrais.” (Pinho Moreira. DC, 10 /02/2018)
 
Ponte construida pelo MDB. Decadência.
   por Eduardo Guerini

   O MDB, partido que governou Santa Catarina no período de 2003 a 2010 sob a liderança de Luiz Henrique da Silveira, volta a controlar a Casa d’Agronômica, costurando alianças e substituindo a estrutura de Raimundo Colombo (PSD/SC) atual governador, que se afastará para período de estudos, garantindo que Pinho Moreira (MDB/SC) faça as costuras políticas para um mandato tampão de dez meses.

   Na tentativa de construir pontes com o PSD, partido do governador em processo de afastamento, a tarefa espinhosa do vice-governador que exercerá em breve a chefia do executivo catarinense é criar um perfil técnico para sua equipe de secretários. Os partidos da base – PSDB e PP, com voos alternativos e liderança em oposição histórica ao MDB serão substituídos por partidos alinhados a nova configuração política.

   Na conjuntura política nacional extremamente fragmentada, em que o governo de Michel Temer sofre uma rejeição unânime, o MDB passa por sucessivas denúncias de corrupção passiva e ativa, formação de quadrilha, descrevendo dificuldades para as principais lideranças regionais garantirem um descolamento da imagem negativa que se materializa junto ao eleitorado brasileiro e catarinense. No âmbito regional, os caciques microrregionais se digladiam para formação de uma chapa ao pleito eleitoral de 2018. Porém as pontes apresentam fissuras irremediáveis dada a histórica corrupção da sigla e perda de base ética na sua coalização.

   O presidente da sigla, Mauro Mariani – Deputado Federal (MDB), pretende herdar o espólio de Luiz Henrique da Silveira na Manchester Catarinense e Planalto Norte. O senador Dário Berger, oriundo de muitas passagens partidárias, atualmente no MDB, construiu sua liderança na região da Grande Florianópolis, porém sofreu um revés político em condenação na segunda instância recentemente. No caso de Pinho Moreira, sua liderança no sul do Estado de Santa Catarina é limitada e reduzida, embora alguns colunistas e lideranças da microrregião induzam a ideia que é candidato natural à disputa eleitoral ao governo. Na falta de alicerce fortes, a travessia curta e tortuosa será corroída por traições e dissensões. Existe uma clara falta de liderança e envergadura para os órfãos de Luiz Henrique da Silveira.

   A histórica perda de força política do MDB no plano estadual resulta dos embates internos e da crise fiscal do Estado catarinense, somada ao oportunismo das novas lideranças que esqueceram o legado histórico de um partido de oposição , que lutou contra a ditadura, arregimentando forças progressistas e centristas, um legado maldito que Pinho Moreira terá que administrar no intrincado cenário de forças políticas em orquestração para disputa majoritária de outubro próximo na província catarinense.

   Enquanto minimiza a dívida bilionária e déficit nas áreas de Saúde e Segurança Pública deixada por Raimundo Colombo, um político que conciliou oportunismo com pragmatismo, alicerçando uma gestão de “realismo fantástico”, sob a batuta das velhas lideranças políticas catarinenses. A tarefa de Pinho Moreira (MDB) em nomear técnicos para os principais cargos do secretariado, não passou de mais um arroubo, característica de políticos profissionais, da qual o vice-governador Pinho Moreira é notório representante no MDB catarinense.

   Não devemos esquecer que o “realismo fantástico” vendido com superlativas propagandas institucionais na gestão de Raimundo Colombo (PSD), foi referendado pelo PSDB, PMDB e PP, principais siglas da engenharia política que Luiz Henrique da Silveira e Jorge Bornhausem legaram para não perder o controle do aparato estatal barriga verde. O sucesso da máquina reeleitoral nas chamadas ADR´s, outrora, Secretarias de Desenvolvimento Regional, foram um profícuo laboratório e abrigo de lideranças municipais sem voto e sem lastro popular, muitas derrotadas politicamente. Os cabos eleitorais e militantes profissionais do coronelismo do voto se estabeleceram por “Toda Santa Catarina”, num “cabidário” de comissionados e empregos públicos indicados micrroregionalmente por lideranças da polialiança pragmática-oportunista (PSD,DEM, PSDB,PMDB,PP, PR, PSC). Todos sustentados pelo combalido cofre das finanças estaduais catarinenses, que consome anualmente aproximadamente R$ 400 milhões de reais.

   Como o MDB gosta de referendar seus programas como de transição, usando a metáfora da “ponte”, uma passagem segura para o futuro, nesta semana, viralizou nas redes sociais, as condições degradadas na conservação das pontes Colombo Salles e Pedro Ivo, embora noutro lado, o monumento histórico – a Ponte Hercílio Luz, continue em reformas intermináveis, sem previsão de tráfego de pedestres ou veículos.

   Realmente, a herança maldita de Raimundo Colombo, a crise fiscal com reflexos nos principais setores, quais sejam: saúde, educação e segurança pública, requer uma base de sustentação sólida diante das fissuras internas, dos partidos de apoio , e, principalmente, da degradação programática, ideológica e ética do MDB nacional e estadual.

   Eis a tarefa esPINHOsa para pontes políticas que se deterioram por ação do tempo e dos grupos de interesses que atuam nas secretarias, agências regionais e na própria Casa d´Agronômica.

   Talvez falte tempo hábil para decupar a estrutura diante de um solipsismo do vice-governador que assumirá o comando do Poder Executivo Catarinense. A pinguela insustentável do MDB sob um tráfego pesado de ações corporativas e partidárias numa província que vive o espectro da crise fiscal e falta de um projeto alternativo, pode ruir antes de outubro de 2018! 

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