A matéria abaixo foi publicada em 2011 quando a mãe estava com 90 anos. Morreu, agora, no dia 11 de janeiro aos 96 anos. Inteira, alegre, lúcida, consciente, adoeceu num dia e morreu no outro, sem dor ou sofrimento. Chamou os filhos, agradeceu a Deus pela vida maravilhosa e família querida que teve. Dormiu e morreu!
Detalhe: a chave do carro na mão |
Publicado em 7 de maio de 2011.
Assisti ontem o Globo Repórter sobre o tempo, das pessoas, e não tive como não lembrar da minha mãe.
Aos 89 anos, internauta, ativa, cheia de conversa, leituras, humor e alegria. Acho que o segredo da longevidade está na vontade e no prazer de viver.
No seu cotidiano coleciona amizades de todas as idades e não passa um
dia de sua vida sem organizar um almoço, uma visita ou um passeio de
carro com alguém.
Fala que não pode perder muito tempo dormindo. Dorme invariavelmente
depois da 1 da manhã. Entre as suas diversões preferidas estão as
viagens, dirigir seu Honda Fit e convidar amigas para um chá e assistir
DVD de grandes óperas.
Recentemente estive de viagem à fronteira. Eu e meu irmão passamos por
Porto Alegre para levá-la para casa, em Quaraí. Chegamos à noite na
capital do RS e nem fomos visitá-la. Saimos direto para a esbórnia com o
nosso grande amigo, o músico Leonardo Ribeiro.
Foi uma noite arrasadora, já descrita aqui em um post chamado Conseguindo sair de Porto Alegre. Como
a "correrias" se arrastou até às 8 da manhã, dei uma descansada básica e
resolvi sair de Porto alegre o mais rápido possível. Peguei um avião
para Rivera no Uruguai e nem fui ver a mãe. O meu irmão iria levá-la
para Quaraí no domingo, de auto.
Chegando à noite em Quaraí encontrei a casa fechada e não quis acordar o
vizinho para pegar a chave. Fui direto para Artigas, no Uruguai e, após
uma noitadinha básica, me hospedei na casa de um amigo.
No outro dia bem cedo rumei para a minha antiga moradia, onde me criei.
Peguei a chave, abri a casa e já comecei a procurar a chave do auto,
porque Quaraí é pequeno mas sem auto não dá!
Revirei a casa e nada da chave. Não tive outra alternativa a não ser telefonar para a mãe em Porto Alegre.
- Oi mãezinha, tudo bem?
-Oi meu filho, por onde andas?
-Estou aqui em casa mãe.
- Ah! Que bom, dá um beijo em todo o mundo aí! (Já sabia que eu estava em Quaraí).
- Não mãe, estou aqui em casa em Quaraí!
- Mas meu filho, essa aí é a minha casa. A tua casa é em Florianópolis com a tua família há muito tempo.
Troquei de assunto rapidamente e perguntei:
- Mãe, não achei a chave do carro, a senhora pode me dizer onde está?
-
Pois é meu filho, se tu tivesse passado aqui para dar um beijinho na
mãe agora estarias de carro. A chave do carro anda sempre comigo.
Fiquei diapé!
Encontrei-a no domingo e rimos muito da história. Essa é a Dna. Noé que completa 90 anos no dia 13 de agosto.
Gran fiesta!!!!!!
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