sábado, 22 de setembro de 2018

Corrida de Ratos na Província Catarina

por Eduardo Guerini
“Minha terra tem palmeiras, onde canta o tico-tico,.
Enquanto isso o sabiá, vive comendo o meu fubá. (Jogos Florais. Poeta Cacaso).
   
A corrida eleitoral na província catarinense é emocionante. Aqui na terra dos casos e acasos raros, as famílias se sucedem no poder, passando da situação à oposição sem nenhum rubor. O temor é o eleitor confundir e anular os votos, diante de tanta “cruza de jacaré com cobra d´água”.
   Os postulantes ao governo da província catarinense, muitos dos quais já estiveram no poder, seja como secretário, ou, base de apoio parlamentar, sofrem de amnésia coletiva, esnobando o atual inquilino em exercício que afirma que a situação dos cofres estaduais é periclitante. As alianças eleitoreiras são pragmáticas, incluem fiéis e infiéis, comunistas de araque e liberais, progressistas e conservadores, evangélicos e católicos, todos irmanados em conquistar um lugar no secretariado barriga-verde. Tal apetite garantirá alguns cargos comissionados para alimentar a máquina reeleitoral, mesmo que tentem extinguir as Agências de Desenvolvimento Regional.

   Os slogans para a campanha majoritária na província Catarina virginal são sugestivos, um misto de ufanismo com histeria, todos devidamente criados nos laboratórios do marqueteiro-mor da capitania hereditária. Uma candidatura diz que “Santa Catarina quer MAIS”, outra candidatura aponta que no território catarinense “Aqui é TRABALHO”, um terceiro postulante outsider, orientado pelo capitão apresenta a singela ideia “Santa Catarina em Primeiro Lugar”. 

   Tem candidato profissional de oposição que aproveita o embalo para dizer que deseja fazer um governo para os catarinenses, tudo para fazer feliz de novo o povo. As promessas são surreais: “salvar a saúde da UTI”, “a educação será integral para todos”, “a segurança será de primeiro mundo”, “o saneamento tornará balneável todo o litoral catarinense”. Neste compasso seguiremos o lema eleitoral da rede de comunicação monopólica com seus comentaristas “chapa-branca”, SC ficará ainda melhor!!(sic)

   Os candidatos ao Senado Federal são egressos da velha tradição oligarca-partidária, famílias e políticos profissionais, da direita para o centro, do centro para esquerda. Tem ex-governador, ex-senador, deputado, todos elaborando propostas para salvar a saúde, o emprego, reduzir a carga tributária, etc. Tem candidato optando por espectros de governador para garantir alguma transferência de voto. Tem candidata que resolveu mudar o modelito de governo para radical do povão, num retorno oportunista que dói a vista do eleitor atento para esperteza política. No fundo, todos os candidatos ao Senado Federal desejam um regalo maior ou benesse vitalícia, e, claro, um salário sem muito esforço.

   As sabatinas, debates na rádio e televisão, são momentos de alarido sonolento de uma turma de profissionais da política que insiste em engambelar gerações e gerações de eleitores. As promessas são de prosperidade, de um novo ciclo de crescimento, de um jeito catarinense, de um Estado diferente. Acontece que, na atualidade, a governança da província Catarina virginal afunda num mar de dividas presentes e futuras incontroláveis para uma receita que cresce em ritmo menor que as despesas. Nas palavras espinhosas do governador provincial, os candidatos estão prometendo algo que não conseguirão cumprir, devido à herança maldita que o vencedor legará.

   O importante é buscar na arvore genealógica da política catarinense quem controla o poder, definindo suas prioridades eleitorais, com impactos nas campanhas familiares. As famílias unidas em compadrio e favorecimento, seguem o lema máximo: “Onde se ganha o pão, não se divide a carne”. Assim, a corrida de ratos no processo eleitoral é uma saborosa disputa pelo apetitoso naco de queijo que o poder provincial garantirá nos próximos quatro anos. Como diz aquele velho sorrateiro do brejo: umas famílias tropicam, outras caem, outras tantas se levantam!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário