por Eduardo Guerini
No primeiro aniversário da “onda conservadora
neopentecostal verde-oliva” que guindou o novo Presidente da República, com
surfistas de plantão na Província Catarina Virginal, a velha oligarquia e seus
“testas de ferro” foi substituída por um novato na política tradicional. O
Comandante Moisés, de fala mansa, com um partido fraco, o PSL ganhou o
Executivo, mas ficou devendo maioria no Legislativo. Os parlamentares eleitos,
com a insígnia da “nova política”, se arrastaram nas asas da “raiva destilada”
nas urnas eletrônicas. A mídia monopólica e conservadora, festejou a devastação
das forças tradicionais e progressistas, tudo em prol da velha cantilena
interesseira de servir aos governantes de plantão.
O resultado surpreendente da eleição de um
candidato desconhecido, sem partido, é sintoma da bílis político-ideológica
destilada na urna eletrônica. O “colunismo político” dócil, tratou de falar em
onda arrasadora, de novos tempos para a província e seus provincianos. Uma nova
era seria construída sem indicações políticas, sem traficâncias de influência,
destronando as oligarquias corporativas, os partidos tradicionais morreriam na minguante,
no crepúsculo do fim das Agências de Desenvolvimento Regional, outrora, Secretarias,
que descentralizariam a administração pública, com o ufanismo do finado mentor
Luiz Henrique da Silveira.
Na esfera legislativa, o Partido que nasceu do
pleito de 2018, trouxe novas figuras para política, via PSL – um ajuntamento de
proeminentes conservadores, neopentecostais, bastardos das elites tradicionais
na província. Afinal, o voto popular se espraiou e garantiu voz a patuleia
desencantada com os representantes anteriores. Entre neopentecostais, militares
e conservadores paranoicos, o partido elegeu uma bancada de somente seis
deputados, não garantindo a maioria no parlamento catarinense. O governador
tratou de se acorrentar as velhas raposas que suportam tempos de escassez –
MDB, PDT, PSDB, PSD, PRB, PR, PP, para garantir sua reforma administrativa com
extinção dos “cabides de cargos comissionados” tradicionais, remontando a
máquina reeleitoral ao seu favor, com novos cabides da política da refundação
cívica.
O problema é que os incendiários radicais do
PSL, montados na cavalgadura do neopentecostalismo conservador, tratam o
governador eleito majoritariamente, como fiel depositário das suas sandices. Em
determinado momento, pretendem impor um “teste toxicológico” para os
professores e funcionários públicos. Noutro atacam a “doutrinação ideológica” e
o marxismo cultural no Plano Estadual de Educação. Nas alucinações e paranoias,
nenhum projeto mais vigoroso quer manter os velhos costumes e tradições de uma
política corriqueira. No comando da casa legislativa, uma velha raposa usa da
habilidade para continuar ditando a pauta legislativa e o garrote político,
para controlar o galope do novo governo no cabresto dos interesses da velha
oligarquia e seus coronéis.
Os pragmáticos são mais astutos, fingem tratar
dos temas emergentes da “onda bolsonarista”, no fundo, articulam em convescotes
e conspirações para não perder os dedos, visto que, perderam temporariamente os
anéis. Os partidos representando os pragmáticos sabem que uma oposição radical
na lua de mel do Comandante Moisés, destroçaria suas bases instáveis e
incontroláveis sem cargos de confiança e emendas parlamentares. Por enquanto, o
pragmatismo da velha política vence de goleada os incendiários de ocasião, com
alguns solavancos na débil governabilidade estadual. O importante para
manutenção da base é que a chave do cofre da Fazenda continua nas mãos do MDB,
e, a chave política nas mãos do PSD. O governador entendeu que é gestor
temporário de todos os catarinenses, e, necessita atuar como bombeiro para
apagar o incêndio nas contas públicas estaduais, com déficit em todas as áreas
nevrálgicas – saúde, segurança, educação, infraestrutura. Quanto mais é atacado
pelos incendiários de seu partido, mais dependente dos parlamentares
pragmáticos, lugar em que aparece sua característica maior, ser um bombeiro das
vaidades políticas que inflaram num processo eleitoral atípico.
A grande mídia monopólica sofreu os reveses da
“nova política” provinciana. As verbas fáceis para vender o “realismo
fantástico catarinense”, o modo de ser e as habilidades superdimensionadas em
estatísticas nada confiáveis, secaram. Os colunistas políticos, alimentados por
regabofes, por furos jornalísticos e “releases inéditos”, viagens de
acompanhamento das autoridades, perderam a vez e as caronas. Agora tentam
sobreviver, com colunas dóceis e enfadonhas, não conseguindo empolgar o leitor,
muito menos, a crítica.
O desempenho econômico tão venerado para o
modelo catarinense, quando não é pífio, é desgraçadamente ofuscado por
declarações bombásticas do Quasímodo Verdolengo de Brusque. Ele pensa que é
time e torcida, que sua rede suprimirá a massa de desempregados pela força do
otimismo e pelo fim das amarras burocráticas que impede o crescimento
econômico. Falta um pouco de macroeconomia básica para compreender que política
monetária e fiscal ortodoxa, não alavancam o crescimento. O empresariado
catarinense continua lutando encarniçadamente para manter suas renúncias e
subsídios, enquanto que, reverbera a necessidade de sacrifícios nas reformas
estruturais, essencialmente, as que retiram direitos sociais – a reforma
trabalhista em segunda geração e reforma previdenciária. Quando chamados a contribuir,
a gritaria com seus colunistas “boca alugados” e parlamentares financiados é
muito estridente. No final todos sabem quem pagará a conta da crise fiscal
catarinense e brasileira.
Na esperança do ano seguinte melhor, depois de
arrumada a Casa d´Agronômica, o governo Moisés, tomando consciência do susto
inicial de sua vitória eleitoral contra velhas oligarquias, estruturas
políticas viciadas, coronéis partidários envelhecidos, se adapta ao pragmatismo,
apagando incêndios produzidos nos idos da dupla Raimundo Colombo e Pinho
Moreira.
Afinal, depois do carnaval conservador, a
manutenção do poder é o desejo duradouro para manter os privilégios no “governo
dos coronéis”. Os incendiários continuam
a saga contra os inimigos construídos no esteio das paranoias, neuroses e
loucuras, desejando o afastamento de Moisés de sua hoste partidária, vendendo a
Casa d´Agronômica como vingança em virtude de seu afastamento do Capitão
Bolsonaro e sua pauta liberal na economia e conservadora nos costumes. Os
pragmáticos seguem o curso natural da política, na falta de base para
governabilidade, eles garantem a agenda governista em troca de alguns favores
pontuais, a liberação de algumas emendas e indicações de seus apaniguados. Os bombeiros da política catarinense, apagam o
fogo alheio para não destruir a casa governamental com toda sua hospitalidade.
Neste cenário prospectivo, todos se acomodaram
ao vendaval da “nova política”, mantendo os velhos costumes, costurando
alianças e coligações em prol do interesse maior, a perpetuação e manutenção do
poder político. A província catarinense segue com serenidade para a pasmaceira
política e reveses econômicos, sem muito alarde, pois os grandes jornais
somente poderão sacudir a tranquilidade com matérias investigativas
aprofundadas, nos cadernos de final de semana.
Durante a semana, os telejornais e jornais
microrregionais, colocam as notícias da alcova em dia, com alguma pitada de
entusiasmo, decifrando o tempo, o trânsito e problemas particularistas de troca
de fraldas a carreiras de sucesso, para quem quer sabe, tudo assessorado por
especialistas de ocasião. Entre a
pasmaceira e alcovitagem, o governador continua tocando a viola, tomando bons
vinhos acompanhado de sua fiel base parlamentar, e, preparando alguma nova
cerveja artesanal. Governar uma
província liberal-conservadora que se apoia nos cofres do Estado, não é fácil!!!
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