terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Carta ao ministro Paulo Guedes

 
por Marcos Bayer


   Ministro,
 
parece que a área econômica começa a acertar o passo, mesmo com a prova de que são as chuvas de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro que devastam o meio ambiente e não os pobres.
   O trabalho do presidente da Caixa Econômica é elogiável. Até os funcionários mudaram de humor. Já não atendem o cliente como se estivessem fazendo um favor. 
 
   As três correntes econômicas que moldaram o mundo moderno, após a Revolução Francesa que dividiu o poder monárquico em também três pilares, são: O liberalismo de Adam Smith, o centralismo de Karl Marx e o intervencionismo de John Maynard Keynes. O senhor, é sabido, pode discorrer fluentemente sobre as três. Nenhuma dúvida sobre sua capacidade intelectual.
   Porém, deve o ministro lembrar, caso tenha esquecido, o liberalismo econômico que movimentou os EEUU, a Inglaterra e outros lugares no mundo, como a Suíça, especialmente ao longo do século 20, não apenas teve ajuda de Keynes (The New Deal) no caso americano, como foi lastreado em dois aspectos fundamentais.
(1) Uma sólida base educacional - os meninos estudam das 07.30 horas às 15.30 h. O sistema forma no ensino fundamental gente pronta para empreender. 
(2) Taxas de juros menores do que 10% anuais, a fim de encorajar o não empregado, desempregado e o sem experiência a arriscar-se no mundo empresarial.
 
   As taxas práticadas no Brasil, na ponta da linha do crédito, desaconselham o homem sensato a empreender. Os juros devoram os sonhos.
   Assim, para dar algum alívio aos milhões de desempregados, só através da redução da taxa de juros na ponta do tomador.
   E, sempre bom lembrar, a ideia não é emprestar aos pobres, mas transforma-los em ricos, como pregam Adam Smith e Milton Friedman. Só a título de ilustração, a família Leal Roubão - sabendo que não existe almoço grátis - apenas janta. Por tradição.
   Na educação está clara a necessidade de substituir um Weintraub por um ministro com perfil de um Konrad Adenauer. Ou em 20 anos seremos uma nação de analfabetos.
   Na área econômica o time está completo. Temos que ver como fará Salim Mattar na privatização. Na Justiça e Segurança Pública, estamos avançando.
   Compete então ao senhor, ministro de maior intimidade com o presidente, ajudar na substituição dos ministros inoperantes. O Brasil não pode perder mais uma chance. Intensificar as relações com os membros dos BRICS, ajustar as trocas com Canadá, EEUU e Argentina, aumentar o comércio com os países do Golfo Arábico e União Européia, é o que deve orientar o Itamaraty.
   Por razões que desconhecemos, o senhor é o porta-voz do sonho brasileiro. Esperamos sua determinação.

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