(Prosa
Poética do Cotidiano)
Por Emanuel Medeiros Vieira
“Querido Philip, uma alma muito, muito bonita.
O barulho pode ser demais para os mais sensíveis entre nós”.
(Jim Carrey, ator, sobre o também ator Philip Seymour Hoffman,
encontrado morto, aos 46 anos, em 2 de fevereiro de 2104)
A memória me
mantém à deriva?
No epicentro
do vulcão.
Estou longe
dessa “agitação”,
Não são esses
os meus “valores” (valores?).
Para isso não fomos feitos.
E ninguém vê
(poucos enxergam?).
Ninguém?
Rezar, lavar
o rosto, escutar o canto de um pássaro, olhar a lua.
Se for tudo
magia, ainda valerá a pena.
Valores? –
indago novamente.
Todo mundo
querendo ficar jovem o tempo todo.
A vida mesmo
fica longe disso tudo.
Só agitação e
individualismo?
Sinto-me como
um personagem de outra época –
sobra arqueológica.
(Não, não é
autopiedade.)
Os velhos
descartados – como celular inútil.
Mas um menino me contempla,
olho o mar, lembro da mãe,
pedaço de pão
com gostinho de fraternidade, “eternidade” feita a
cada dia – um
dia igual e não igual, repetitivo e novo, e a outra
margem do rio
esperando-nos.
E todos
inelutavelmente finitos: os fúteis, os deslumbrados,
os sábios.
“Ela” estará
sempre na soleira da porta.
Enquanto dura:
um boné, um cheiro de grama molhada,
um menino
correndo e sorrindo –
esta vida, e vivê-la.
(Brasília,
fevereiro de 204)
Nenhum comentário:
Postar um comentário