Uma
pesquisa da revista científica “Science” revelou que muita gente prefere levar
choques a enfrentar alguns minutos a sós com os próprios pensamentos.
Conforme
informa Juliana Vines – autora da matéria –, o estudo surpreendeu o próprio
autor da pesquisa, o psicólogo Timothy Wilson, da Universidade da Virgínia
(EUA).
“Parece
que há uma dificuldade em se distrair com a própria mente. Suspeito que a
popularização da tecnologia e dos smartphones é ao mesmo tempo um sintoma e uma causa dessa
dificuldade. Hoje, temos menos oportunidade para refletir e desfrutar dos
nossos pensamentos”, reforça Wilson.
Para a
psicóloga Lívia Godinho Nery Gomes, a onipresença da tecnologia, “obriga” os
seres humanos a estarem sempre disponíveis.
“Há um
apelo muito grande para estar em rede, compartilhar. Quem está de fora sente
que está perdendo alguma coisa”, diz ela.
Para Luci
Helena Baraldo Mansur, da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo,
tentar ficar só sem se sentir sozinho é fundamental.
Diz ela:
“O tempo do silêncio e da quietude é um tempo que conduz à criatividade e não a
esse vazio tão temido. É quando podemos ouvir nossa voz interior”.
O
psicólogo Roberto Novaes Sá afirma que “nossa noção de realidade, de estabilidade
e de segurança é construída socialmente, através da relação com os outros e das
ocupações. Quando não estamos inseridos
em alguma atividade há um sentimento de não realização, fragilidade e
angústia”.
Isso não
quer dizer que as possibilidades de contacto instantâneo – como as redes
sociais permitem – não sejam valiosas–,
ainda mais num tempo em que a vida parece mais veloz, em que tudo parece
dissolver-se, e o contacto “real” entre
as pessoas fica mais difícil.
O importante é utilizar tais
instrumentos, sem perder o contacto “real” e a vivência com os com outros
seres humanos.
Não somos ilhas.
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